Helder Barbalho terá apoio do PT ao governo do Pará. (Cristino Martins/O Liberal) |
POR FERNANDA KRAKOVICS
BRASÍLIA
— Em jantar marcado por críticas à ausência de uma coordenação política efetiva
do Palácio do Planalto, as cúpulas do PT e do PMDB discutiram, na noite de
segunda-feira, as divergências entre os dois partidos nas eleições estaduais do
ano que vem. Um dos poucos resultados concretos do encontro foi o compromisso
do presidente nacional do PT, Rui Falcão, de enquadrar seu partido no Pará e
apoiar a candidatura de Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho
(PMDB-PA), ao governo do estado. Falcão também afirmou que o PT apoiará a
candidatura do presidente do Senado, Renan Calheiros, para governador de
Alagoas.
A
prioridade da direção nacional do PT é a reeleição da presidente Dilma
Rousseff. Por isso, o compromisso com dois importantes líderes regionais do
PMDB. Em segundo lugar, a cúpula petista quer aumentar suas bancadas na Câmara
e no Senado para não ficar tão refém dos aliados, como do próprio PMDB. Assim,
o comando do PT exigirá sacrifícios de sua base nas disputas para governador e
dará a palavra final sobre as candidaturas. O jantar de anteontem ocorreu no
Palácio do Jaburu, residência oficial do vice Michel Temer.
Apesar
da garantia dada por Rui Falcão, a relação com o PMDB continua ruim no Pará.
Isso porque a ala do PT ligada à ex-governadora Ana Júlia Carepa insiste no
lançamento de candidatura própria. No jantar, Jader Barbalho foi o mais
contundente nas críticas à articulação política e à comunicação do governo
Dilma.
Esse,
aliás, foi um dos pontos de convergência entre PMDB e PT na reunião. Até o
líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), reclamou da falta de
divulgação das obras e programas da administração Dilma, que acabam sendo
apropriados pela oposição.
No
encontro, os peemedebistas cobraram apoio do PT para seus candidatos e
ameaçaram não apoiar a reeleição de Dilma em estados como o Rio de Janeiro e o
Ceará. O Rio é o estado que tem o maior peso (maior número de delegados) na
convenção nacional do PMDB, que decidirá o rumo da sigla na eleição
presidencial do ano que vem. O Ceará é o terceiro em número de votos na
convenção.
O
líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), cobrou dos petistas apoio à
candidatura do atual vice-governador, Luiz Fernando Pezão. Lembrou que o Rio
tem cerca de 20% dos votos na convenção nacional do partido e exibiu uma tabela
com a diferença de votos entre Dilma e José Serra (PSDB), por estado, nas
eleições de 2010, para mostrar que o apoio do PMDB pode ser decisivo para a
reeleição da petista — Dilma teve no Rio a maior votação do centro-sul do país.
Após
ouvir Eduardo Cunha, o presidente do PT disse que o Rio é o principal problema
a ser resolvido, mas afirmou que, na conjuntura atual, de alta rejeição ao
governo Sérgio Cabral, a candidatura do senador Lindbergh Farias (PT) é uma
alternativa, e que o partido trabalha com esse cenário.
Outro
momento de tensão foi a avaliação do quadro no Ceará. O líder do PMDB no
Senado, Eunício Oliveira (CE), pré-candidato a governador, afirmou, segundo
relatos, que não aceita dois palanques de Dilma no estado — o outro seria do
PSB. E que, se isso acontecer, ele vai para a oposição. Eunício tem negociado
com o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB).
O
governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), e seu irmão, Ciro, têm mantido conversas
com o PT para ceder o palanque no Ceará a Dilma. Ontem, ao ser questionado,
Eunício negou o ultimato:
— O
Ceará, a gente combinou de discutir mais para a frente. Não tenho angústia e
espero que os aliados estejam todos juntos. Eu, sozinho, tenho seis minutos de
propaganda na televisão — afirmou Eunício.
Fonte:
O Globo
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