sábado, 28 de outubro de 2017

Uma prosa sobre Manaus

por Marcus Benedito

Cheiro de pipoca. Fila pra entrar no Teatro. Sino da igreja de São Sebastião. No boteco, lá embaixo, o cara canta em inglês. Entre aqui e lá, fileiras de bancos de praça. Conservados. Tudo ocupado. Crianças. Responsáveis. Casais de jovens. Crianças.

Tem até uma obra de arte em forma de bola que elas adoram se pendurar. Tipo globo da morte. Pequenozinhos ainda bem gititos. Nem falam como a gente, mas seus buan, buãns, correndo, apontando, famoso toquinho de amarrar onça, sabe conquistar. Quem não chora?... Ora senão...

Gente pra lá e prá cá. De todo tipo e qualidade. Da desqualidade, por exemplo, de Amazonino. Ele é 12. Partido de Ciro, o Gomes. Slogan desse velho safado era "Ama" acompanhado de um coração. Só se for a sujeirada. A roubalheira. A sacanagem. Tá explicado.

O bom é que a gente daqui, o povo mesmo, esse tem cor de chuva. Ainda que o vento esteja parado. Sensação de breado. A tal da cara de pupunha. O cheiro da pipoca... Minérios delas. Lá embaixo e em cima. Perto da fila do Teatro Amazonas. Que aumentou. Curioso por saber quem se apresenta aqui. Mas a vista quer apreender tudo. Nos encanta o não visto. O desconhecido.

O bom é que aqui quase não tem esses horrorosos espigões que arranham o meio ambiente, estressando a gente, atravancando a paisagem. Aqui tem um mundo cercado de água. Tem também gente de todo o mundo. É gringo pra todo lado. Hotéis sempre ocupados. Gente bonita e feia. Como em qualquer canto. Mas pessoas que gostam de viver a poesia. Da dor, olor, sofrimento. Se vive com certa calma. Até pras ondas mais bravas. Mas uma hora esse rio, de raivas, como o Teatro, vira Amazonas. Pororoca de energia e mudança. De vida que se renova. Rebenta lá pras bandas do Amapá com Pará.

Como diria Chico de Holanda, enchente amazônica. Explosão atlântica. E com uma hora adiantado.

sábado, 21 de outubro de 2017

Helder Barbalho leva ovada em Cametá

Foto da solenidade minutos antes da ovada. Fonte: Facebook.
Na manhã deste sábado (21/10), quando o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho (PMDB), assinava convênio com a prefeitura de Cametá/PA, dirigida pelo prefeito igualmente denunciado e condenado por falcatruas na justiça,  Waldoli Valente (DEM), para a suposta construção do cais da cidade, uma ativista do movimento estudantil conhecida como Ana Paula, atirou dois ovos certeiros no nefasto ministro. Um pegou no rosto e outro no peito. Pelo ato, Ana Paula foi detida pelos seguranças e está presa na delegacia de polícia.

A atitude da manifestante é mais do que justificada. É reflexo de uma população que não aguenta mais tanto fisiologismo e politicagem de dirigentes rodeados de suspeitas e denúncias de corrupção.
Rapidamente a informação do protesto tomou as redes sociais.

Ainda não conseguimos fotos do valoroso instante em que o facínora foi alvejado. Mas temos o texto (divulgado no Facebook) do professor Dr. da Universidade Federal do Pará (campus de Cametá), Marcel Padinha, que fala muito sobre a revolta desse povo indignado com a podridão das instituições, com a corrupção generalizada, bem como da solidariedade correta que devemos ter pela coragem da jovem Ana Paula:

Não foi uma ovada na cara, foi um grito de indignação de milhões de brasileiros que não aguentam mais viver em um país onde a sociedade é quem come o resto dos ratos; Não foi um protesto isolado, foi um manifesto nacional de todos aqueles que têm vergonha na cara e que não mais aceitam serem governados por bandidos; Não foi um ato sem cabimento, mas sim uma resposta a um governo sem cabimento algum. Não foi só um FORA TEMER, foi um FORA fanáticos, FORA homofóbicos, um FORA  ruralistas sonegadores e assassinos, foi um FORA  rentistas, foi um FORA aos cortes de direitos sociais há muito conquistados, em síntese... foi um FORA Fascistas!!!

Obrigado Ana Paula 😊