quarta-feira, 30 de agosto de 2017

O liberalismo da privação

por Eduardo Protázio

Está lá: nos co-LE-ti-VOS metropolitanos manifestam-se altas doses do individualismo
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Chega à parada, para!
Em meio a outros tantos, aguarda
Espera... O tráfego cessa. Nada.
O sol nessa hora já pela
o suor já mela aquela bela blusa social
"água!!!!", alguém apela em voz baixa.
Avista-se de longe o grande quilópode do reino dos metais vir d'encontro
Se aproxima. Todos que pela espera espreitam-se, também, apertam-se
Alguém vislumbra uma fila (que é pra melhor organizar a subida)
Outros não pensam assim
Empurrar, espremer, lhes parece ser parte de uma disputa necessária
Tudo a despeito do tempo. Espaço. Salário. Do ponto, a não-falta.
Enfim, da parada sobem todas.
Pelo interior o calor afaga
O espaço comprime
E a Dona Generosa dessa vez não veio - ficou de ir à missa e por lá quedou-se -
Uns se entreolham
Buscam ajuda... 
com as compras do mercado, quiçá
com a bolsa de pesados valores
Uma pasta ou a criança que cansa.
Outros, no entanto, estes por ora sentados, fogem as suas retinas
escondem em cortinas
de cinismo ou na vergonha de apenas ajudar.
Ao que consta: se conta que o liberalismo as tornou privadas de noção
impedidas de razão
à ração e ao repetido maquinário fadadas estão
Liberou serotonina de solidão, o desapego se fez
privou da compaixão, sensatez
assim, lhes acumulou egoísmo e a dita-liberdade - apenas dita - se esvaiu, em vão...
Então, no âmago da competição esquecem: o único que não vai no busão, o patrão, lhes faz acreditar nessa falácia-ilusão.
De fato, o modelo atual - vendido e liberado nas bancas de revista, na tevê e nuvens do mercado - provou e (des)incorporou dos dias-a-dias até o "e aí, como vão?"
Transformou-se, portanto, num belo e asqueroso: liberalismo da privação.
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Eduardo Protázio é estudante, membro do coletivo Vamos à Luta e militante da Corrente Socialista dos Trabalhadores, tendência interna do PSOL.

Amor e silêncio no velório de minha avó

por Ericson Aires

Eu nunca fui de não gostar das pessoas, mas quando eu morava em Igarapé-Miri, ainda adolescente, tinha uma senhora que eu não suportava, e ela,  idem.  Antes da minha vó morrer, descobrir que  ambas trabalharam juntas e, por um motivo qualquer, também não se davam bem.

No dia do velório da minha vó, essa senhora apareceu em casa, de longe eu fitava-a. Não a queria ali.

Em cidade pequena velório é aquela coisa, às vezes mais parece festa. Já vi vezes que se mata boi inteiro para dar de comer para os que vão chorar o morto. Lá em casa, enquanto todo mundo chorava a morta, essa senhora apenas  trabalhava.

Fez comida, café, arrumou a casa e tudo mais que ela podia fazer. Trabalhou por mais de dez. No decorrer do dia esqueci-me dela. Já na madrugada, quando as coisas estavam mais calmas, fui à cozinha e ela estava lá, exausta, dormindo em uma cadeira. 

Muitas das minhas lembranças viraram pó, mas essa, essa não. Aquilo ali, para mim, foi uma das coisas mais marcantes da minha vida.

Sem uma só palavra, aquela senhora, me diz até hoje: a voz do silêncio ainda é a melhor forma de falar de amor.
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Ericson Aires é livreiro, vive em Santarém, oeste do Pará e é idealizador de diversos projetos, como o Sebo Porão Cultural, que ajudam a despertar o interesse das pessoas pela leitura.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Dia da Visibilidade Lésbica - Mulheres na luta contra o machismo e a lesbofobia!


Nota da juventude Vamos à Luta

Dia 29 de agosto é comemorado o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. Criado em 1996, no primeiro Seminário Nacional de Lésbicas, o dia é um marco na luta pela vida e pelos direitos das mulheres lésbicas. Hoje, mais de 20 anos após a criação da data, ainda temos que avançar muito pra que nossas vidas, desejos e demandas sejam visibilizadas e respeitadas.
Na nossa sociedade, o machismo, a lesbofobia e o racismo andam juntos subjugando e oprimindo as mulheres. A sociedade patriarcal e heteronormativa nos determina lugares, fazendo com que sejamos constantemente inferiorizadas, responsabilizadas pelo cuidado da casa e dos filhos, violentadas por familiares e companheiros, trabalhemos em condições mais precárias e ganhando salários inferiores. A relação afetiva entre mulheres foge do padrão imposto socialmente, o que nos faz sermos ainda mais oprimidas. Muitas vezes, precisamos esconder e negar nossa sexualidade e afetos, somos constantemente fetichizadas por homens, e inferiorizadas e agredidas.
A lesbofobia é uma realidade que atinge às mulheres lésbicas em todo o país. Entretanto, sabemos que a violência LGBTfóbica atinge mais intensamente áreas periféricas e marginalizadas. Assim, mulheres pobres e negras são as mais atingidas, revelando um grande descaso com sua segurança e saúde.
Como a violência contra a população LGBT não é considerada crime no Brasil, os números dessa violência são difíceis de serem computados. Segundo o Ministério da Saúde, a população LGBT é mais vulnerável a violência física e psicológica. Além disso, as mulheres lésbicas sofrem com os chamados “estupros corretivos”, práticas de violência sexual que teriam como objetivo “corrigir” a sexualidade da mulher e que são, em geral, praticados por pessoas próximas a essas mulheres.
Além disso, há um grande descaso com a saúde das mulheres que se relacionam sexualmente com outras mulheres. Por medo do preconceito, acessam menos os serviços de saúde e, quando acessam, os profissionais de saúde não são capacitados para atender essa população, não podendo intervir sobre as situações de vulnerabilidade das mulheres. Ainda acredita-se que a prática sexual entre mulheres não representa risco de transmissão de Infecções Sexualmente Transmissíveis e, com isso, muitas mulheres deixam de ser examinadas, rastreadas e medicadas, tendo maiores chances de desenvolver doenças, como câncer de cólo de útero. Além disso, o enfrentamento do preconceito, do machismo e da lesbofobia tem efeitos nocivos sobre a saúde mental das mulheres lésbicas, sendo muitos os casos de suicídio entre essa população.
Embora tenhamos conquistados alguns avanços nos últimos anos, como a união estável entre pessoas do mesmo sexo e a possibilidade de adoção entre casais homoafetivos, estes foram fruto de muita luta e ainda são poucos frente a realidade que vivemos. Os últimos governos não estiveram comprometidos com políticas que ampliassem os direitos da população LGBT ou que combatessem a violência que sofremos. Enquanto a bancada conservadora cresce nas casas legislativas, nossos direitos servem como moeda de troca para garantia de apoio aos governos. O kit anti-homofobia foi vetado pela ex-presidente Dilma em 2011, assim como a campanha de prevenção no carnaval voltado a população LGBT em 2012. Em 2013, foi eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos o pastor Marco Feliciano, figura machista, misógina, LGBTfóbica e racista, que tentou aprovar um projeto de “cura gay”.
Assim, o dia da Visibilidade Lésbica é um dia de luta! A pauta LGBT precisa ser cada vez mais incorporada pela esquerda, mobilizando a população por uma forte luta que retire as mulheres lésbicas da marginalidade e construa saídas para dar fim a opressão que sofremos. Precisamos avançar na luta contra o machismo, o racismo e a LGBTfobia, em conjunto com a luta da classe trabalhadora e da juventude contra a retirada de direitos!
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Extraído da página da juventude Vamos à Luta.

domingo, 27 de agosto de 2017

Por que não VAMOS?

A Frente Povo Sem Medo lança neste sábado 26 de agosto, em São Paulo, o primeiro debate da plataforma VAMOS! O objetivo, segundo Guilherme Boulos, um dos principais dirigentes dessa iniciativa, é construir um projeto para tirar o Brasil da crise. Os temas em debate serão: a democratização da economia; da política e do poder; da cultura e das comunicações; dos territórios e meio ambiente; e um programa negro, feminista e LGBT. Entre os principais debatedores e, portanto, proponentes estarão o próprio Boulos, Marcelo Freixo, Tarso Genro, a presidente do PT Gleisi Hoffman e o presidente da CUT Vagner Freitas, entre outros.
Não VAMOS! com o PT
Em recente matéria publicada na Carta Capital, anunciando o lançamento da plataforma VAMOS! Boulos afirma: “O Brasil está afundado numa de suas maiores crises […] na qual os remédios da austeridade levaram o País à UTI […] é também uma crise de representação política, com o Congresso desmoralizado, um governo ilegítimo e, sobretudo, um sistema falido e sem credibilidade. Um diagnóstico até correto, porém, ao não analisar a gêneses desta catástrofe, que tenta remediar, acaba buscando caminhos para sair do labirinto nas mãos daqueles que nos introduziram nele. Não vamos nos enganar, Gleisi Hoffman, Lindbergh Farias e Vagner Freitas, impulsionadores do VAMOS! são do time que quer ver Lula presidente em 2018. Gleisi Hoffman é a cara de Lula na plataforma VAMOS! Trabalha estritamente para o projeto de Lula 2018 e seu papel será levar esse debate a um pântano.
Sem romper, clara e publicamente, com o lulopetismo, não existe nenhuma possibilidade de iniciar um debate serio para construir um projeto de esquerda para o Brasil. Na última década, as propostas da maioria da esquerda bateram de frente com as políticas defendidas pelo PT. A crise econômica profunda é parte da crise gerada pelos governos petistas encabeçados por Lula e Dilma. Prova disso é Henrique Meirelles, um homem do mercado financeiro internacional, figura protagônica da área econômica durante o governo Lula, que hoje é o timoneiro das políticas de ajuste e das reformas contra a classe trabalhadora. Não por acaso, em recente entrevista no rádio, Lula declarou: “… devo muita gratidão ao Meirelles. Muita. […] Acho que o Meirelles teria contribuído para a Dilma”. Salvando a brutalidade para aprovar algumas medidas do atual ajuste, não houve uma ruptura da estrutura econômica na transição de Dilma/PT para Temer/Meirelles.
Não é crível que um dos setores responsáveis pela miséria e pelo “inédito nível de regressão social e dos direitos” de nossa classe possa nos ajudar a sair da crise. Mas, a plataforma do VAMOS! faz questão de contar com a presença dos petistas para discutir esse programa. O PT, que surfou por longos anos nos altos preços das commodities, não teve nenhuma política para reverter essa crise nem mudar a estrutura econômica do país a serviço dos banqueiros, do agronegócio, das empreiteiras e das multinacionais. Os excedentes econômicos dessa época de “vacas gordas” não serviram para promover a reforma agrária e urbana, desenvolver tecnologia, investir na saúde e educação pública ou em projetos sociais duradouros, sua principal preocupação foi manter um elevado superávit primário para pagar a dívida pública.
Tampouco este Congresso e este sistema são radicalmente diferentes dos que governaram, por longos anos, com Lula e Dilma, como diz Boulos. São os mesmos picaretas que Lula denunciava em 1993 e que renderam uma música popularizada por “Os Paralamas do Sucesso”. Porém, ao chegar ao governo, 10 anos depois, Lula e o PT adotaram esses picaretas que, de Sarney a Jader Barbalho e de Renan Calheiros a Temer, se integraram numa grande família para compartilhar o banquete do mensalão e de tantos outros atos escusos, que os manteve unidos por longos anos, os anos que o PT ainda detinha o controle do movimento de massas e era útil ao grande capital. Para tanto teve de atacar direitos e conquistas democráticas da classe como aconteceu com a reforma da previdência, a mudança no seguro desemprego, a criminalização do protesto, a lei anti terrorista, e privilegiou as relações com o agronegócio e as empreiteiras sobre os interesses dos povos indígenas para a construção de hidroelétricas e na demarcação de terras, entre outras medidas exigidas pelo mercado.
Não VAMOS acreditar que se pode construir com o PT um programa para democratizar a economia, as comunicações ou o meio ambiente. Por mais de uma década a direção desse partido se manteve unido governando para os mercados, promovendo privatizações e entregando parte de nossas riquezas como aconteceu nos leilões do pré-sal; negou-se a aprovar a auditoria da dívida pública; nunca questionou os interesses da Globo e provocou um dos maiores desmatamentos que se tem conhecimento, sob a condução de uma liderança do agronegócio chefiando o Ministério da Agricultura. Que poderia aportar a direção petista num programa para os negros, as feministas ou os grupos LGBT? O maior símbolo de discriminação racial hoje, a injustificável prisão do companheiro Rafael Braga, é da época do governo Dilma. Deu as costas às reivindicações feministas, principalmente à legalização do aborto e enquanto as comunidades LGBT sofriam brutais ataques, o governo petista cedia à pressão da bancada evangélica retirando projetos de educação sexual nas escolas.
Não VAMOS! com um programa sem identidade de classe
Mas, além da inviabilidade de debater um programa de esquerda para tirar o Brasil da crise com o PT, a plataforma do VAMOS! não tem identificação de classe. Para que interesses a esquerda se propõe a debater um programa?“A idéia é realizar uma discussão ampla, nas redes e nas praças, que contemple a diversidade de representações e de posicionamentos políticos […] Todos poderão apresentar propostas pela plataforma colaborativa e participar dos debates públicos” escreve Boulos, deixando aberta a velha política petista de “governar para todos”. A esquerda deve construir um programa que contemple os interesses da classe trabalhadora e os setores oprimidos. Fazemos um programa para governar para um setor determinado, a classe trabalhadora e seus aliados, contrariando os interesses dos de cima. Não é isso que propõe o VAMOS!
Não VAMOS! com a candidatura de Lula porque não representa os interesses da classe trabalhadora. “Nós, particularmente no MTST, temos profundo respeito pelo ex-presidente e por sua trajetória. É inegavelmente a maior liderança social deste País”, continua Boulos, com exagerada admiraçãoCom todo o respeito que temos com a opinião dos companheiros do MTST, não coincidimos com essa apreciação. Como outros setores da esquerda, deixamos de ter respeito pela trajetória de Lula faz muitos anos, desde que “atravessou o Rubicão” para governar com e para o grande capital, traindo a confiança de nossa classe. A trajetória de Lula, não é uma linha reta, está cheia de meandros, nos quais foi se afastando da classe trabalhadora para se abraçar com seus inimigos. É o que faz agora nessa caravana eleitoreira, montando palanque com os Calheiros em Pernambuco e com o governador de Sergipe Jackson Barreto (PMDB), criando tanto constrangimento que um setor do PT e os dirigentes locais da CUT se retiraram do ato. A esquerda deve questionar, não enaltecer “…a maior liderança social deste País” Muitos inimigos dos interesses da classe foram por anos lideranças eleitorais de massas e ganharam eleições a fio, mas não o fizeram para favorecer os explorados.
Tampouco é correto o argumento de que a esquerda faz anos que não debate ou não tem propostas programáticas, como expressam alguns. Temos debatido muito com o PT, dentro e fora dele. O primeiro grande debate que fizemos, desde a esquerda, foi quando o PT chegou ao governo e defendeu Sarney para presidir o senado e Henrique Meirelles para presidir o Banco Central com status de Ministro. Foi um debate sobre o caráter de classe do governo, ao qual Lula fez ouvidos moucos. Mas a “mãe das batalhas” político/programáticas, foi contra a proposta de reforma da previdência no ano de 2003. Qual foi o debate que fez a cúpula do PT com as dezenas de milhares de funcionários públicos que se mobilizaram Brasil afora? Nenhum! Pior ainda, expulsou sumariamente os parlamentares rebeldes Heloísa Helena, Luciana Genro, Babá e João Fontes por ficar do lado dos trabalhadores e contra as exigências do mercado.
Em todos estes anos fizemos inúmeros debates programáticos contra as políticas da direção do PT. Pela auditoria e suspensão dos pagamentos da dívida pública; por não avançar na reforma agrária e urbana; por uma Petrobras 100% estatal, contra as privatizações de portos aeroportos e os leilões do pré-sal; pela legalização das drogas, pela legalização do aborto para proteger a vida das mulheres; contra a criminalização dos protestos; por aumento de salários e contra as demissões; por verbas para educação, saúde e transporte público e não para a Copa e as Olimpíadas, só para lembrar de alguns grandes debates que foram colocados nestes anos sob o silêncio cúmplice do PT e suas direções satélites. Porque, o que é um programa, senão as tarefas que a classe trabalhadora se propõe para superar seus problemas, vinculado aos seus interesses históricos?
Na verdade, os que nunca promoveram o debate são alguns dos que hoje se alistam para debater um projeto, que depois vão querer apresentar, ainda que seja de fachada, defendendo a candidatura de Lula com o filho do falecido mega empresário José Alencar como vice. Mas, que debates fizeram a direção do PT e da CUT, quando os trabalhadores necessitavam derrotar as políticas do lulopetismo quando esta era governo e o ajuste e as contra reformas de Temer/Meirelles na atualidade? Março, abril, maio e junho foram meses de grandes mobilizações, lutas e protestos, mas a classe trabalhadora ficou praticamente órfã e sem possibilidades de debater um verdadeiro plano de lutas com essas direções para derrotar Temer. Em dezembro de 2016 deixaram passar MPs com brutais ataques aos trabalhadores do serviço público, o mesmo aconteceu em março deste ano com o projeto das terceirizações no qual brilharam pela sua ausência, nunca fizeram assembléias de base para discutir a luta, se acovardaram durante a vitoriosa Marcha a Brasília e desmontaram a greve geral marcada para 30 de junho.
São essas direções, que ainda tem o controle dos grandes aparatos, atuando como satélites das políticas petistas, que impedem o avanço da classe trabalhadora e seus aliados. O que explica que, depois da maior greve geral do Brasil em dezenas de anos, quando cruzaram os braços mais de 40 milhões de trabalhadores, depois da vitoriosa Marcha a Brasília, onde os manifestantes conseguiram quebrar a barreira policial apesar do recuo das direções burocráticas, não tenha acontecido a greve geral de 30 de junho, onde os trabalhadores aspiravam nocautear o governo Temer? A única explicação é a política nefasta das direções petistas. A política do lulopetismo não foi nem é derrubar Temer. É parte de um acórdão com os tucanos, o PMDB e setores do STF para chegar com menos conflitos às eleições de 2018. Para isso desmontam as lutas, frustrando as aspirações de milhões de trabalhadores, na tentativa de quebrar o impulso da mobilização. O centro dessas direções é investir na caravana de Lula 2018 e não na derrota do governo. Infelizmente, a plataforma VAMOS! acabará sendo parte desse contexto eleitoreiro e de conciliação de classes.
Não é possível “ampliar a mobilização popular e construir uma massa crítica pela esquerda” com essas direções. Nem fazer “Uma discussão sintonizada com o trabalho de base dos movimentos das periferias, com ativismos de redes e ruas, que seja capaz de reencontrar um fio de esperança”. Não há saída para a crise do país com essas cúpulas colaboracionistas que já traíram a confiança dos explorados. A crise é grave! Não há tempo a perder com quem não tem os mesmos objetivos e só quer amarrar a esquerda à um programa de conciliação de classes para 2018. O MTST e os dirigentes do PSOL que impulsionam o VAMOS! devem romper com a direção do PT e da CUT e chamar à unidade com o PSTU, o PCB, a CSP-Conlutas, os trabalhadores em luta, os sindicatos combativos, os movimentos das periferias, os setores que se organizam contra as opressões, a juventude e os ativistas das redes e das ruas para impulsionar a luta para derrotar o governo Temer e seu plano de ajuste. Nesse processo iremos construindo o programa. Há suficiente acúmulo em nosso partido e em outros setores da esquerda para elaborar um verdadeiro programa de esquerda, anticapitalista, socialista, que defenda os interesses dos explorados e que reveja as medidas econômicas, políticas e sociais votadas contra os de baixo. Só assim, longe das direções que foram responsáveis pelo atual desastre que vive nosso país, poderemos começar a reencontrar um fio de esperança.
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A CST ajudou a fundar o PSOL após o PT expulsar Babá, Luciana Genro, Heloisa Helena e João Fontes em 2003. Foram punidos por manterem a coerencia e votarem contra a criminosa Reforma da Previdência de Lula.

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

A feminização da pobreza é parte do legado do Chavismo

por Adriana Cantaura

Muito têm se falado sobre as sequelas nefastas das políticas governamentais do finado Presidente Hugo Chávez, as mais relevantes são a escassez de comida e remédios. Porém, até agora, pouco têm se falado acerca da agressão e dos prejuízos que essas políticas têm provocado em um setor social tão particular como o nosso, de mulheres.  A atual crise que atravessa o país afeta a todos, disso não temos dúvida, mas se fizéssemos o exercício de humanizar a pobreza, se pudéssemos personificar a crise, se estampássemos um rosto e um nome, lhes asseguro:  este rosto seria o de uma mulher, esse nome seria o de uma mulher.

As filas para adquirir os produtos regulados e as de comprar pão, estão repletas de mulheres; as intermináveis jornadas para buscar os remédios dos avós, pais, filhos, são feitas por mulheres. Nesta sociedade profundamente machista e patriarcal, que por aprendizagem cultural delega maior parte das responsabilidades familiares às mulheres –  o que limita consideravelmente nosso desenvolvimento profissional e de trabalho -, e na qual já está estabelecida a nossa vulnerabilidade, traz conseqüências específicas do ajuste aplicado pela via do corte de importações e do corte de gastos em saúde. Até alguns meses atrás, conseguir um absorvente já era uma proeza, a alternativa do copo menstrual era impagável para muitas, incluindo-me, em um país onde o salário mínimo ronda os 50 dólares mensais. Fazer um exame médico de rotina (citologia, ultra-som, mamografia) é um luxo nesse país, e não somente pela questão econômica, mas também pela falta de insumos médicos, e nisso nem as clínicas privadas se salvam. Mas nada se compara a situação das que se tornam mães, e me desculpo pelo tom trágico, porque não é contra a maternidade que aponto esta flecha, mas contra o Estado venezuelano que pouco ou nada faz para resguardar a integridade das mulheres, e menos ainda a das mães.

Bem, comecemos por nosso direito ao controle de natalidade. Entre as muitas coisas que faltam estão os contraceptivos (pílulas, implantes, DIU, anéis e preservativos). A angustiante situação que vivemos as mulheres venezuelanas nos últimos 3 anos, para ter acesso aos contraceptivos “disponíveis” no mercado e nas redes ambulatoriais públicas e privadas é, sem dúvida alguma, uma forma de violência de gênero orquestrada pelo mesmíssimo Estado venezuelano. O que torna essa escassez ainda mais perversa, diante da falta de contraceptivos e um iminente risco de uma gravidez indesejada, é o fato de que neste país o aborto é criminalizado. Com ou sem criminalização os abortos ocorrem clandestinamente e as histórias a respeito são aterradoras, pois é uma experiência verdadeiramente traumática em condições pouco seguras e sem nenhuma garantia de atenção médica adequada. O certo é que apesar do discurso “feminista” do governo, este segue reproduzindo a lógica patriarcal e impondo estas posturas conservadoras.

Por outro lado, aproveito para esclarecer que não promovo o aborto, mas acredito que é necessário descriminalizar sua prática, porque até agora o resultado da criminalização é que algumas poucas o façam de maneira segura, enquanto a muitas outras pode custar a vida, já que a penalização do aborto é uma outra forma de segregação social devido ao gênero, e é nesse sentido que faço a minha crítica.

Agora veja, se a mulher decidir seguir com esta gravidez não desejada, esta mulher enfrentará mais uma vez, os perversos alcances desta crise, pois não terá acesso às vitaminas pré-natais, pela simples razão de que não tem; tampouco contará com um pré-natal adequado, já que a história de cada hospital público deste país é “não estamos fazendo  ultra-som, pois a máquina não serve”, ou então “não temos reagentes para realizar os exames laboratoriais” e a crise é tão profunda que já atinge algumas clínicas particulares. A escassez e seus “não tem”, “não serve” e “não se consegue” atingiu a todas.

Essas conseqüências políticas, econômicas e sociais que nos deixou 18 anos de chavismo, representam um ataque sistemático às mulheres, e, por favor, peço às companheiras chavistas que guardem os discursos de livreto e as referências às leis promulgadas nos últimos anos, porque reconheço que algumas representam uma reivindicação simbólica, mas na prática, minhas irmãs, na prática só vemos ataques aos nossos direitos mais elementares, como é o controle sobre os nossos corpos. Por favor, guardem também as referências às práticas ancestrais de anticoncepção, como conhecer nosso ciclo e identificar as datas da ovulação. Adotá-los deve ser uma decisão pessoal de cada mulher, porque ainda que eu respeite e adote os citados métodos, e faço com convicção, é uma decisão individual que cabe a cada uma e que vai depender de muitos fatores, entre eles o conhecimento e o acesso a informação sobre estes métodos, e vocês sabem que desta pata manca seu governo.

As sistemáticas agressões que o gênero feminino vem sofrendo neste país é algo como um produto de “Tele Compra”, desses que passam à noite depois do noticiário: quando você acha que não pode agregar mais nada à oferta, surge um novo elemento que te deixa boquiaberta. Bom, o mesmo acontece com as mulheres venezuelanas, não é apenas o fato do estado não garantir acesso aos contraceptivos, de penalizar o aborto, de não prover vitaminas pré-natais às gestantes, ou não garantir tampouco o controle pré-natal, mas também, quando a mulher mãe e a criatura que gerou conseguem passar por todas essas vicissitudes, ocorre que não há fraldas, nem vacinas e se esta mulher com muito esforço pôde se alimentar bem e trazer ao mundo um bebê saudável, agora deve continuar a batalha por uma boa alimentação que a permita amamentar sem ficar desnutrida. Não é qualquer coisa o que digo, basta ver as estatísticas de desnutrição de mulheres gestantes e bebês recém nascidos que divulgou aquela Ministra de Saúde (Antonieta Caporale) que logo foi destituída.

As companheiras chavistas poderão responder que “as fraldas ecológicas são uma solução”, mas há que se levar em conta a realidade, como por exemplo que o serviço de distribuição de água (também competência do Estado) é uma verdadeira calamidade, e que há setores em La Guaira-Estado Vargas, onde moro, que passam 45 dias sem água. Que mãe vai acumular 45 dias de fraldas sujas? Então me digam: há ou não há uma sistemática agressão à mulher? Não é verdade que o chavismo trocou as esperanças e sonhos da luta feministas por migalhas? Cabe destacar também que ao fato de ser mulher, se adiciona o fato de ser pobre – aí sim, você jogou todos os números da rifa! Porque afinal de contas o que vai marcar a diferença entre ter acesso ou não aos contraceptivos, contar ou não com aborto seguro, ingerir ou não vitaminas pré-natais, gozar ou não de controle pré-natal, ter ou não fraldas descartáveis ou ecológicas, alimentar-se bem ou não para amamentar, é o poder aquisitivo da mulher. A isso se resume o “legado de Chávez”, à demagogia de um governo com discurso inclusivo e práticas excludentes que têm aumentado o fosso entre as classes e aprofundado as desigualdades de gênero, atacando implacavelmente a todas nós.

Fonte: CST/PSOL

sábado, 5 de agosto de 2017

Do rádio à Irituia. Wladimir Costa em nove minutos


Alguns perfis nas redes sociais repercutiram esta semana um evento social que contaria com a participação do deputado federal Wladimir Costa (SD-PA). Oportunidade para testar sua popularidade na ressaca de ter sido um dos mais bizarros protagonistas da sessão ao vivo que salvou Michel Temer de ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal.

O fato é que muitos desses perfis passaram a dizer que era a "hora de dar o troco." De que "ninguém tem que ir na festa" promovida pelo deputado. Concordamos com eles. É necessário repudiar Costa. E o povo de Irituia, cidade do nordeste do estado, cerca de 160 KM de Belém, está muito certo.

Wladimir Costa é uma figura de sangue real. A real quadrilha de vorazes aves de rapina. Sangue de assaltante de cofre público.

Hoje é um dos donos de grande sistema de rádio e televisão no Pará. Aprendeu muito bem com seu professor, Jader Fontenelle Barbalho (ex governador e atual senador pelo PMDB- PA), quando foi eleito pela primeira vez em 2002. Pelo PMDB. Cargo que ocupa até hoje, mesmo que cassado.

Começou sua carreira na rádio Rauland FM, capital paraense, sede no largo do Centro Arquitetônico de Nazaré. Apresentava um programa que tinha grande audiência. O Chamada Geral acordava com a cidade. Das 5 às 7h. Utilizava esse gogó instridente e parecia falar grosso com políticos e todo mundo.

Por várias vezes ele reperia no radio que nunca entraria na política. Que tinha nojo. Falou mal de Jader. De deus e todo mundo. Até que lhe calassem. Há várias histórias sobre isso. Tem deputado federal que o processa até hoje, por denúncias supostamente infundadas do período em que foi perfeito de Belém. Trata-se de Edmilson Rodrigues (PSOL-PA).

O Edmilson, na época tinha (1997-2004), como dizia o povo, tinha língua presa. Mas falava e fala por horas esquecidas. Contudo quem queimou a língua foi Wladimir Costa. Caiu no colo do líder do PMDB no estado.

Aproveitaram-se mutuamente. Embarcaram na onda. Wlad surfo na audiência e começou a fazer o que muitos fazem: extorsão. E assim foi se fazendo como radialista. No lado A e lado B.

Como deputado, executou o que de melhor sabe fazer: politicagem, assistencialismo, tráfico de influência. Tudo embalado, já nesse tempo, pelo seu primeiro grande empreendimento: a Banda Wlad e um complexo de trios elétricos.

Vários trios, galpões e propriedades espalhadas por todo estado.  De concessionária a restaurante, passando por um motel que em breve será inaugurado na Perimetral, Marco, Belém. O radialista sabe que o povo até aumenta, mas nunca inventa. Onde tem fogo, tem fumaça.

Banda Wlad. Merengue. Lavagem de dinheiro, poderia deduzir-se?
Não importa. Wlad arrastava povo.
Bordão de sua primeira campanha era "vai ter muita onda em Brasília".
Um pingo d'água incomoda mais do que ele.

Campeão de faltas. Sumiu 80% das vezes do "trabalho". Um cínico, propriamente.
Cortejado, se fez.

Dançou com todo mundo. PMDB dos Barbalhos, quando então deu um loop na sua vida e nas comunicações. Com o governo do PT de Ana Júlia Carepa, Cláudio Puty e Paulo Rocha, de empregado virou patrão. Nas redações dono e doutor. Imagine.

Quem dá mais? Abandonou o padrinho, deixou o PMDB e foi para o SD do arque corrupto, "meu presidente", escarrou em horario nobre naquela fatídica sessão. Foi apoiar o candidato do PSDB. Outro dr. Economista, professor da UFPA, prof. Simão Robson Jatene. Ser que como ninguém sabe fazer uma negociata. Foi com Jader que ele aprendeu.

E então o músico Simão impediu a reeleição de Ana Júlia. Estave ele a fazer discursos por todo o estado em cima de trios do Wlad, no tempo que podia, regado a banda Wlad. Churrasquinho. Por baixo dos panos 50 reais, gasolina no posto do filho e amigos, cesta basica. A fome com a vontade de comer.

Até hoje o asno oferece festas de graça, regada a churrasquinho de gato, em eventos, como o programado para esta noite em Irituia/PA. Onde pretende comemorar o aniversário de uma de suas rádios, a Nativa FM.

Eleito pelo Solidariedade para o 4° mandato em 2014, Wladimir Costa descobriu cedo a fórmula do sucesso. Panis et circenses. Mas nem na Roma Antiga e nem em lugar algum se faz uma farra dessas sem verba pública "legal", imoral, e/ou sem roubar e desviar muita grana dos cofres públicos.

Para isso se conta com empresas, governo do estado, prefeituras e o governo Federal (exemplo são as fartas emendas de junho/julho passados).

Mas a máscara caiu. O que parecia uma tatuagem para o resto da vida: a certeza da impunidade e arroubo, se acabou.
Ao ir ao fundo do poço nas últimas semanas, exagerado de escárnio, ao ajudar a salvar Temer, Wlad pode ter declarado o fim de seu rebolado.

Depende do povo. A força hoje está com Iriruia/PA! Mas precisa ir além. Wlad tem que ser definitivamente cassado, investigado, suas empresas estatizadas e ele severamentr punido por todos os crimes que já cometeu!
Força, Irituia!

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Pela unidade das lutas: derrotar a ofensiva de Trump e do imperialismo contra os trabalhadores e os povos!


Chamado internacional da Unidade Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional 

A ascensão de Donald Trump à presidência dos EUA constitui uma ameaça grave para os oprimidos e explorados. Trump é o comandante do imperialismo mundial e expressão de um setor do imperialismo que pretende lançar uma nova ofensiva contra os trabalhadores e os povos, precarizar ainda mais o trabalho, especialmente dos jovens, intensificar a depredação da natureza e atacar os direitos básicos das mulheres, dos povos oprimidos e dos imigrantes pobres, com o único objetivo de preservar o sistema imperialista e os lucros das multinacionais e grandes empresas capitalistas. Esta ofensiva é econômica e pode traduzir-se também em ações militares, diretas ou indiretas, e impulsionar uma escalada repressiva dos regimes burgueses contra seus povos.
Trump está apoiando o endurecimento da política genocida de Israel contra os palestinos. Na Grécia, Brasil, França e dezenas de países, atacam-se brutalmente as conquistas sociais dos trabalhadores. As multinacionais e os bancos continuam afundando as nações, com o valor cada vez maior da dívida externa, para seguir saqueando-as e explorando seus povos. Volta a aumentar a fome em vários países, enquanto uns poucos multimilionários controlam grande parte da riqueza mundial. Está enraizada no próprio capitalismo imperialista, nesta sua fase de decadência e putrefação, a crise que se agrava, sem cessar a miséria das massas e ameaça a sobrevivência da espécie humana.
Cem anos depois da Revolução Russa, a humanidade continua, mais do que nunca, ante a necessidade imediata da luta por libertar a humanidade do capitalismo imperialista e pela implantação do socialismo com democracia para os trabalhadores. É urgente e imperioso expropriar as multinacionais e os bancos, nos EUA, Europa, Reino Unido e Japão, transformando-os em propriedade social e coletiva. O mesmo se deverá fazer com as grandes empresas e latifúndios de todos os países. Para consegui-lo, os trabalhadores, a juventude, as mulheres e os setores populares devem lutar por governos dos trabalhadores em cada país. É nesta perspectiva que se deve enfrentar a nova contraofensiva imperialista. A rebelião dos trabalhadores, dos povos oprimidos, das mulheres e da juventude é a resposta à política reacionária dos Trump, Merkel, Macron & Cia. Em que pese a derrota da revolução síria, pelo massacre de Alepo, continua viva a rebelião dos povos árabes, hoje com as mobilizações em Rif no Marrocos e a heroica resistência do povo palestino, enquanto na Grécia e França as greves operárias enfrentam os planos de austeridade e as reformas trabalhistas da burguesia.
Na América Latina, por falta de apoio popular, caiu o governo petista de Dilma Rousseff e está cambaleante o governo de Temer, enquanto na Venezuela cresce a rebelião popular contra o ajuste e as intenções ditatoriais de Maduro. Grandes greves, especialmente dos docentes, eclodiram na Colômbia, Peru, Argentina e outros países. Outro fenômeno que se observa em todo o mundo são as grandes mobilizações de mulheres contra o feminicídio e a violência patriarcal, pela igualdade de direitos e o direito ao aborto. São, também, expressão deste processo de rebelião dos povos e de luta por autodeterminação, movimentos independentistas como o da Catalunha.
Estas lutas têm sido boicotadas pelas direções reformistas e pelas burocracias sindicais, e a traição aberta aos reclamos populares de responsabilidade dessas direções, juntamente com os partidos e governos socialdemocratas e os reformistas de esquerda, como Syriza e Podemos ou os governos ditos progressistas da América Latina, confunde politicamente setores operários e populares, que passam a votar em alternativas de direita. Este é o caso do fracasso do “socialismo do século XXI” de Chávez e Maduro, mas também de Lula-Dilma no Brasil e Evo Morales na Bolívia, que governaram pactuando com as multinacionais e impondo ajustes a seus povos.
Frente a esta situação, chamamos a uma ampla e urgente unidade de ação das lutas para enfrentar Trump e os governos imperialistas e capitalistas. Unidade de ação internacional contra o ajuste que prejudica os trabalhadores e setores populares, contra a criminalização do protesto e a degradação da natureza, pelo não-pagamento da dívida externa e os direitos democráticos das mulheres, por alimento, saúde e educação acessíveis ao povo, pela preservação do emprego e garantia de futuro para os trabalhadores, contra a fome, a repressão e os desastres climáticos. Unidade em apoio à luta da resistência palestina e à rebelião popular na Venezuela contra os ajustes e o totalitarismo de Maduro.
Hoje, o que as massas mais necessitam é superar a crise de direção revolucionária. Diante da traição dos aparelhos reformistas, necessitamos construir fortes partidos revolucionários que lutem pela independência de classe e o internacionalismo, retomando a via revolucionária que nos legaram Lênin e Trotsky.
O VI Congresso da UIT-CI ratifica o chamado a unir os revolucionários de cada país e de todo o mundo numa organização internacional revolucionária para a reconstrução da Quarta Internacional. Neste caminho, a UIT-CI repudia todo tipo de sectarismo e auto-proclamação. Por isto, fazemos um novo chamado a todas as organizações que reivindicam a vigência da luta pela revolução socialista mundial e por governos dos trabalhadores a trabalhar em comum e dar passos com vistas à unidade dos revolucionários em cada país e no mundo.
Pela unidade das lutas contra os ajustes econômicos e a repressão antipopular! 
Pela unidade dos revolucionários para a reconstrução da Quarta Internacional na luta por derrotar o capitalismo e por governos dos trabalhadores verdadeiramente socialistas!
VI Congresso da Unidade Internacional dos Trabalhadores-Quarta Internacional 
(UIT-CI)
Julho de 2017

Wladimir Costa monopoliza a bizarrice na Câmara na votação sobre denúncia de Temer

Deputado do Solidariedade, que tatuou nome de Temer no ombro, protagoniza espetáculo de exibicionismo e joga a seriedade de uma votação dessa magnitude no lixo


por Felipe Betim, para o El País

Foto: Evaristo Sá (AFP)
A inédita votação da denúncia de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer (PMDB) na Câmara dos Deputados já tem um triste protagonista: o deputado Wladimir Costa, do Solidariedade. O protagonismo, neste caso, se deve às cenas bizarras que brasileiras e brasileiros, que se chocaram com os discursos vazios dos parlamentares durante a votação do impeachment de Dilma Rousseff no ano passado, voltaram a assistir nesta quarta-feira pela televisão, mesmo antes da votação da denúncia.
Em alguns momentos, Costa monopolizou a bizarrice. Ao proferir um exaltado discurso para orientar a bancada de seu partido, o deputado do Pará defendeu a rejeição da denúncia contra Temer exclamando: "Nós, deputados da base do Governo Temer, temos moral para derrubar esses falsos moralistas e incompetentes (...) Tenham vergonha na cara! O Temer é um homem ético, transparente, tem preparo e hombridade. Vocês podem se preparar para chorar hoje no muro das lamentações", gritou e gesticulou, diante de um Jean Wyllys (PSOL) às gargalhadas. Costa também bateu no ombro ao defender o presidente. "Quem é Temer mostra a cara e até tatua o nome aqui no ombro", gritou Costa, que garante que no Pará o mandatário tem "80% de popularidade". Ao retomar o microfone para proferir seu voto, mais uma vez gritou: "Abaixo o Datafolha, abaixo o Ibope! Temer é um homem decente, preparado, honesto! Meu voto é sim!"
A tatuagem mencionada por Costa foi exibida no começo desta semana por ele mesmo: uma bandeira do Brasil e palavra "Temer" em seu ombro. Ele garante que gastou 1.200 reais e que o desenho é definitivo, mas já há tatuadores experientes dizendo que é temporário. Seja como for, utilizou as redes sociais para se justificar: "Eu não sou hipócrita". Nesta quarta, deputados da oposição foram ao microfone durante a fala de Costa para pedir que mostrasse o desenho. Ele foi inspiração inclusive para os adesivos que parlamentares colaram seus ombros com a frase "Fora Temer".
Sobre esses deputados da oposição, de partidos como o PT, PC do B, REDE e PSOL, Costa disse, como de costume, que formam parte de "organizações criminosas" — até que levou uma bronca do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Depois de seu discurso, o deputado do Solidariedade se comportou como aluno de primário, enchendo dois pixulecos do ex-presidente Lula para, durante os discursos da oposição, bater um no outro e fazer barulho. Até que os deputados petistas Valmir Prascidelli e Carlos Zarattini o empurraram e rasgaram, a dentadas, um dos bonecos. Nesse momento, com a confusão instalada na Câmara, a oposição começou a jogar dinheiro falso para o alto — as cédulas foram levadas em uma mala de dinheiro, em referência a Rodrigo Rocha Loures, ex-parlamentar e homem de confiança de Temer acusado de receber 500.000 reais em nome do presidente.
Costa acusa os partidos da oposição mas também tem telhado de vidro. Ele foi julgado pelo Tribunal Regional do Pará por abuso de poder econômico, devido à suspeita de arrecadação e gastos ilícitos em sua campanha de 2014. Em julho de 2016 teve seu mandato cassado, uma vez que a Corte concluiu que o parlamentar não registrou mais de 400.000 reais de gastos. A decisão final precisa ser confirmada agora pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Meses antes da decisão, Costa já havia protagonizado na Câmara outro show de horrores em uma sessão decisiva: a votação sobre a abertura de processo de impeachment contra Dilma Rousseff (PT). Na ocasião, também comparou os políticos petistas com os chefes do crime organizado e, em seguida, soltou uma frase de efeito: “O que Lula e Dilma fazem é um verdadeiro tiro de morte no coração, na alma do povo brasileiro”, gritou. De repente, disparou uma pistola de confetes coloridos.
O parlamentar está longe de ser alguém exemplar. Foi um dos que mais faltou a sessões em 2015, segundo o jornal Extra: de 125, compareceu a apenas 20. Quando aparece, puxa os holofotes para si e protagoniza momentos patéticos. Costa sintetiza toda a bizarrice que tomou o Congresso Nacional depois que a máscara de muitos de seus representantes corruptos caiu.

Picaretagem


Câmara salva Temer e revolta o país


O Brasil acordou indignado com a podridão na política. Os picaretas do Congresso são convictos da impunidade e acreditam que enganam a população, por isso impediram o presidente de ser investigado por corrupção passiva pelo Supremo Tribunal Federal (STF)

Salvaram o corrupto Michel Temer (PMDB) com uma esfarrapada desculpa de que importa mais a "estabilidade econômica" do que um país governado por gente honesta. Onde já se viu?! A "estabilidade" deles foi o perdão da dívida multibilionária com a Previdência concedida para a bancada ruralista por Temer na noite anterior a votação da Câmara. Um toma lá, dá cá repugnante. 

A imoralidade na política foi zerada nos últimos dias no Brasil. Ontem teve de tudo no Congresso. De deputado engasgando na hora de votar a deputada (Simone Morgado -PMDB/PA) que disse ter se enganado. Antes era o "rouba, mas faz". Agora é o "rouba, mas investiga só Dia de São Nunca".  

O PT, PCdoB, MST e MTST, que dirigem a CUT, CTB, Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo são os principais responsáveis por essa catástrofe, pois liderados por Lula, nada fizeram pra impedir a impunidade. Não chamaram e nem construíram nenhum ato e nenhuma paralisação no país. 

Lula e seus aliados fizeram um grande acordão com os corruptos do PMDB, PSDB e DEM para salvar todo mundo, enterrar a Lava Jato, deixar Temer sangrando até 2018 e colocar o nefasto Lula lá nas próximas eleições. Não Passarão!

Basta de roubalheira e impunidade! Cadeia pra todos eles! O que só será possível com uma poderosa Jornada de lutas nesse país, a exemlo de março/abril de 2017, e com o povo mobilizado na rua.

Para barrar o aumento dos impostos, derrotar as Reforma da Previdência e revogar as já aprovadas é necesario colocar pra #ForaTemer e todos os corruptos!

Wlad é uma vergonha: Deputado é flagrado pedindo para uma mulher ‘mostrar a bunda’ durante votação

O fotógrafo Lula Marques registrou conversas de Whatsapp do deputado que tatuou o nome de Temer no braço direito.

por Rafael Bruza, para o Independente


O deputado federal Wladimir Costa (SD-PA) teve conversas de Whatsapp registradas e divulgadas pelo fotógrafo Lula Marques nesta quarta-feira (02). Segundo o fotógrafo, que compartilhou as imagens no Facebook, o deputado conversou no Whatsapp durante “boa parte da sessão” em que se discutia a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) na Câmara dos Deputados. O parlamentar apareceu na imprensa essa semana por tatuar o nome de Michel Temer no braço direito, em sinal de apoio ao presidente. Em uma das conversas divulgadas, Wladimir Costa deixa uma mulher constrangida ao pedir que ela “mostre a bunda”.
“Mostra a bunda, mostra. Afinal, não são suas profissões que a destacam como mulher, é sua bunda. Vai lá, põe aí garota”, disse o deputado para um perfil de Whatsapp chamado M. Melo.
A interlocutora manda emojis de resposta e diz: “sem graça”.


O deputado insiste em outra mensagem.
“Fátima Bernardes, Sonia Abrão, Marília Gabriela, Mariza Godói são elogiadas, respeitadas e até desejadas pelas suas capacidades técnicas e não por um par de bunda, já bastante banalizada por todo o Tapajós do decano shortinho preto, que reveza com o vermelhinho, já bastante desbotado pelos anos”, diz o deputado.
A mulher responde: “Você poderia perder seu valioso tempo com coisas mais interessantes. rs #sóAcho”.
O fotógrafo Lula Marques já flagrou conversa do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) com o filho, Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) em fevereiro.

Em outro momento da conversa, M. Melo tem postura diferente com o deputado.
“Teria sido bem melhor se eu tivesse ficado quieta. #desculpas Esquece isso! Fica bem”, afirma em mensagem.
“Tá”, responde o Wladimir Costa. “Boa noite para vocês, afinal ele mora quase dentro da tua casa”.
Wladimir Costa votou a favor de Michel Temer nesta quarta-feira (02). Durante a tarde, na sessão, ele fez um discurso que gerou confusão entre os parlamentares.
Outra conversa
Falando com outra mulher, ainda durante a sessão dedicada à denúncia da PGR contra Michel Temer, o deputado recebe a seguinte mensagem: “Então vá lá tirar onda com outra. Não tenho estômago para isso. #Chato!”, escreve a uma mulher identificada como “Aneissa Show”.
“Suas ausências e várias invenções pra me abandonar ai, hoje sei de tudo com provas, mas enfim, se estás mais feliz com eles siga em frente, prefiro ser ultra-seletivo e modelo como um ser monogâmico”, escreve o deputado.

Deputado da tatuagem
Wladimir Costa apareceu na imprensa esta semana ao dizer que fez uma tatuagem definitiva do presidente Michel Temer no braço direito. Um tatuador de Brasília, que trabalha no estúdio citado inicialmente pelo deputado, disse que não fez a tatuagem e contrariou o parlamentar ao afirmar que a arte era de hena – provisória, não permanente como Costa havia declarado.
O deputado prometeu expor a tatuagem durante seu voto sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), mas não mostrou o braço.
Em junho Wladimir Costa ficou conhecido por relatar como costuma pedir cargos e verbas ao presidente da República com “cara de coitadinho”.
Ele é alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), desde 2010, por supostamente abrigar funcionários fantasma em seu gabinete em julho do ano passado.
O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Pará também chegou a determinar, por decisão unânime, a cassação de seu mandato. O parlamentar foi condenado por uso de caixa 2 e por ter omitido o gasto de R$ 410 mil na prestação de contas de sua campanha eleitoral em 2014.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

O PSOL-RJ está com o povo da Venezuela, não com o governo Maduro!

A juventude do PSL, partido irmão da CST/PSOL na Venezuela, chama a seguir a rebelião não votando na Constituinte fraudulenta. Abstenção e continuar a mobilização! 

A Executiva estadual do PSOL-RJ recebeu com grande surpresa uma nota emitida ontem pela Secretaria (nacional) de Relações Internacionais do partido em apoio ao governo da Venezuela, de Nicolás Maduro.

É absurdo que, sem nunca haver incentivado o debate sobre a situação do país vizinho, a direção majoritária do partido emita posição de um setor em nome do conjunto do PSOL. Este método não é o que tem pautado a existência e funcionamento do nosso partido, pelo menos no Rio de Janeiro.

O drama vivido pela Venezuela e seu povo trabalhador é complexo o suficiente para exigir muita seriedade: o desfecho daquela situação terá impacto decisivo sobre como a esquerda é e será vista no mundo inteiro, em particular na América Latina.
Afinal, Nicolás Maduro leva adiante uma política econômica desastrosa e nada “esquerdista”, que cria uma tragédia humanitária em que o povo trabalhador sofre pela falta de alimentos e remédios. Maduro comete, ao mesmo tempo, cada vez mais atrocidades autoritárias, como suspender eleições, impedir legalização de partidos, prender oposicionistas, ordenar repressão brutal de manifestações, com mais de 100 mortos nas ruas desde o início do ano.

Nosso partido não pode apoiar Maduro, assim como tampouco apoia a oposição de direita representada pela Mesa de Unidade Democrática (o MUD), com a qual temos profundas diferenças ideológicas. Somos solidários com a oposição de esquerda da Venezuela que há tempos luta contra um regime autoritário e corrupto, por uma saída verdadeiramente popular e democrática.

Por todas essas razões, o PSOL-RJ se diferencia da direção nacional e sua nota e pretende promover o quanto antes um amplo debate, com movimentos, personalidades e partidos aliados dos trabalhadores, sobre o que se passa na Venezuela.

Rio, 1/8/2017
Executiva Estadual do PSOL-RJ