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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

A escala 6x1 e a luta histórica da classe trabalhadora por direitos

Nunca foi fácil para a os trabalhadores no Brasil conquistar algum benefício social, econômico ou trabalhista. Desde os combates e resistências dos negros pelo fim da escravidão, passando pelas greves gerais e mobilizações no início do século XX, até as Jornadas de junho e mobilizações da juventude contra o aumento das tarifas e pelo passe livre, em todos esses eventos foi necessário muito espírito de luta, organização e enfrentamento. A burguesia rural e urbana, bem como os meios de comunicação invariavelmente elitistas, sempre fizeram questão de condenar as pautas do proletariado (urbano e rural) e se valer do controle do estado, fosse no Brasil Colônia, Império, Velha e Nova República, para reprimir violentamente e/ou mesmo dar fim a vida de lideranças e ativistas que ousassem mobilizar o conjunto da classe que se levantasse em defesa de seus direitos.


Novamente a história se repete: no início do XX, parafraseando Karl Marx, podemos dizer que foi tragédia; agora no caso da luta pelo fim da jornada de trabalho de 6 dias por 1 de descanso semanal, como farsa. Pois os argumentos se repetem, mas a classe, em que pese ameças do empregador, parece estar mais vacinada. 

É o que você verá nesse vídeo do professor, poeta e historiador Eduardo Protázio.
 

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Sindicato inicia mobilização contra ataques de Bolsonaro aos direitos dos trabalhadores

O Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado do Pará (SINTSEP-PA), estará realizando assembleia geral dos filiados dia 24/01/2019 contra mais um ataque do governo Jair Bolsonaro (PSL-PRTB-DEM). Trata-se de portaria do governo que corta o adicional de insalubridade de várias categorias do funcionalismo público federal.

Em 22 dias de novo governo, o que temos visto são medidas que contrariam a expectativa de milhões de eleitores que apostaram na mudança e no combate à corrupção. Pelo contrário, além das denúncias de envolvimento de familiares do presidente em esquemas de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito, os atos do governo ultrarreacionário de Bolsonaro têm sido criminosos, como o Decreto que tira da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) a prerrogativa de demarcação de terras indígenas e as transfere para as mãos de rapina do agronegócio (Ministério da Agricultura); o absurdo Decreto que facilita a posse de armas; a ameça de nomeação de 11 reitores biônicos de universidades federais, atacando o preceito constitucional da autonomia universitária, assim como a proposta ultra liberal da Reforma da Previdência.

A luta contra a Reforma da Previdência e o fim da insalubridade já movimentam os servidores federais e diversas categorias da iniciativa privada e servidores públicos. A promessa das centrais sindicais, que se reuniram no último dia 15/01/2019 em São Paulo, é de organização de plenária nacional, estaduais e o idicativo de lutas, greves e paralisações para combater os ataques de Bolsonaro e Paulo Guedes, seu super ministro da Economia.

Serviço:
Assembleia Geral dos filiados do SINTSEP-PA contra a retirada do adicional de Insalubridade. Dia 24/01, às 17h30. Local: sede estadual da entidade. Endereço: Tv. Mauriti, 2239, Marco, Belém-PA.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Navegar é preciso!

por Marcus Benedito

Fim de 2018 chegando. E quase eu coloco 2019. É o “vaaai tempo!”. E quando a gente quer que o tempo voe é porque não vivemos tempos bons. É o caso deste blog nos últimos doze meses. 2018 foi um ano que demos pouco as caras por aqui. E tem uma série de fatores. Principalmente as condições físico-químicas, materiais, políticas e sociais de seu editor. 

Ainda assim, mantivemos discreta regularidade nas opiniões e debates imersos nas principais redes (ou mídias) sociais. O que não é tudo, muito menos suficiente. Porque navegar é preciso! Falar, amar, pintar, colorir e desconstruir; tingir, fingir, desconcretizar, descolonizar, despoluir, ruir, criar e erigir, bem como uma infinidade de infinitivos podem e devem ser explorados em todos os meios que a capacidade e a inventividade da natureza humana demandar.

Pelo sistema hipertextual que opera através da internet, ou simplesmente a www (World Wide Web), isso adquiri muita coisa. A internet é vulcânica, oceânica. Parece uma trovoada de madrugada num popopo atravessando a baía do Arrozal no rio Pará. Parece que não tem fim. E pode ser o fim. E nela tem de tudo. Pau, pedra, início e fim de caminho. A internet disponibiliza de forma quase gratuita o que parecia imponderável: o direito à fala, à liberdade de expressão, à comunicação. Porque, como diriam as erveiras do Ver-o-Peso, tu vens com bit, eu vou com byte. E foi por isso que nasceu o Além da Frase em junho de 2009. Porque combater é preciso. E nascemos na luta contra a barbárie.

Os tempos são de reflexão, indignação e resistência. Mas sobretudo de muita paciência, debate e unidade na luta. Em 2018 eles ousaram matar Marielle Franco (PSOL), nossa aguerrida vereadora do Rio de Janeiro. Pensaram que iriam calar as vozes de milhões de rosas negras. Marias, Maras, Marins, Dandaras, cunhantãs como era a Marielle. Batalhadoras como Anderson Gomes. Mas eles se enganaram. Atiçaram os formigueiros. A mulherada foi para a rua e disse #EleNão. Duas vezes. Em dezenas de lugares, shows e arquibancadas. Como vai ser daqui para a frente. Porque lutar é preciso. E vida com dignidade e justiça social também são necessárias.

O que nos move é a convicção calcada no pensamento do socialismo científico, de que tudo que é sólido desmancha no ar, e de que, conforme Marx e Engels escreveram no Manifesto Comunista: a história da humanidade é a história da luta de classes. Portanto, nada poderá nos impedir no caminho de construção de dias melhores e mais dignos para a classe trabalhadora a nível internacional. Nada! O Além da Frase já presenciou eventos que confirmam essa assertiva: Primavera Árabe, Jornadas de Junho de 2013, Greve Geral de 2017, dia mundial contra Trump, rebeliões na Nicarágua, II Intifada Palestina, explosões sociais na França com os Coletes Amarelos e as convulsões recentes nas ruas da Hungria contra a moderna escravidão proposta pelo governo de ultra direita. 

Nascemos acreditando que Belo Monte iria cair. Foi esta aberração criada e inaugurada por Lula da Silva e Dilma Rousseff, respectivamente, que nos impulsionou a criar este espaço de opinião e informação pública em defesa da Amazônia e de toda a sua sócio biodiversidade. Infelizmente Belo Monte está aí. É doloroso olhar esse monumento à destruição fruto da nefasta traição do PT. Ajudou a matar o rio Xingu, a Volta Grande, seu povo.

Mas a luta não parou e não para. Segue viva na região. Agora contra a pá de cal, a mineradora canadense Belo Sun, que quer roubar ouro, acabar de poluir os rios e enterrar os povos. Exatamente como fazem a Hydro Alunorte e CIA Ltda., em Barcarena, e a Vale contra o rio e os índios xikrin em processo de extermínio, etnocídio e extinção, em Redenção, região sul do estado.

O Pará é um caldeirão que fervilha há mais de 500 anos. Falar da Amazônia, na Amazônia, sendo amazônida, caboclo e ribeirinho é preciso. Prometo que vou me esforçar para continuar mais perto neste espaço, contudo, uma coisa não precisa de promessa: vamos permanecer na luta, nas ruas, nos bits e bytes, em defesa da democracia, contra os corruptos de turno e seus lacaios.

Vamos precisar de todo mundo e da máxima unidade dos movimentos sociais, partidos de esquerda e centrais sindicais para nos defender das ameaças de retiradas de direitos e ataques vindos de Zenaldos, Barbalhos, Bolsonaros. Vamos enfrentar, nas mobilizações, as políticas higienistas socialmente, o genocídio do povo negro, a violência contra indígenas e as comunidades quilombolas. Organizar greves e piquetes em defesa do serviço públicos, gratuitos e de qualidade. Combater a corrupção, as privatizações e o desmonte dos investimentos nas áreas sociais.

Não vai ser fácil, mas unidos somos mais e mais fortes. Uma coisa já se sabe: nada pode parecer impossível de mudar, porque bem disse o velho barbudo de Trier; “antes a frase ia além do conteúdo; agora é o conteúdo que vai além da frase”. Vamos à luta!

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Dia da Visibilidade Lésbica - Mulheres na luta contra o machismo e a lesbofobia!


Nota da juventude Vamos à Luta

Dia 29 de agosto é comemorado o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. Criado em 1996, no primeiro Seminário Nacional de Lésbicas, o dia é um marco na luta pela vida e pelos direitos das mulheres lésbicas. Hoje, mais de 20 anos após a criação da data, ainda temos que avançar muito pra que nossas vidas, desejos e demandas sejam visibilizadas e respeitadas.
Na nossa sociedade, o machismo, a lesbofobia e o racismo andam juntos subjugando e oprimindo as mulheres. A sociedade patriarcal e heteronormativa nos determina lugares, fazendo com que sejamos constantemente inferiorizadas, responsabilizadas pelo cuidado da casa e dos filhos, violentadas por familiares e companheiros, trabalhemos em condições mais precárias e ganhando salários inferiores. A relação afetiva entre mulheres foge do padrão imposto socialmente, o que nos faz sermos ainda mais oprimidas. Muitas vezes, precisamos esconder e negar nossa sexualidade e afetos, somos constantemente fetichizadas por homens, e inferiorizadas e agredidas.
A lesbofobia é uma realidade que atinge às mulheres lésbicas em todo o país. Entretanto, sabemos que a violência LGBTfóbica atinge mais intensamente áreas periféricas e marginalizadas. Assim, mulheres pobres e negras são as mais atingidas, revelando um grande descaso com sua segurança e saúde.
Como a violência contra a população LGBT não é considerada crime no Brasil, os números dessa violência são difíceis de serem computados. Segundo o Ministério da Saúde, a população LGBT é mais vulnerável a violência física e psicológica. Além disso, as mulheres lésbicas sofrem com os chamados “estupros corretivos”, práticas de violência sexual que teriam como objetivo “corrigir” a sexualidade da mulher e que são, em geral, praticados por pessoas próximas a essas mulheres.
Além disso, há um grande descaso com a saúde das mulheres que se relacionam sexualmente com outras mulheres. Por medo do preconceito, acessam menos os serviços de saúde e, quando acessam, os profissionais de saúde não são capacitados para atender essa população, não podendo intervir sobre as situações de vulnerabilidade das mulheres. Ainda acredita-se que a prática sexual entre mulheres não representa risco de transmissão de Infecções Sexualmente Transmissíveis e, com isso, muitas mulheres deixam de ser examinadas, rastreadas e medicadas, tendo maiores chances de desenvolver doenças, como câncer de cólo de útero. Além disso, o enfrentamento do preconceito, do machismo e da lesbofobia tem efeitos nocivos sobre a saúde mental das mulheres lésbicas, sendo muitos os casos de suicídio entre essa população.
Embora tenhamos conquistados alguns avanços nos últimos anos, como a união estável entre pessoas do mesmo sexo e a possibilidade de adoção entre casais homoafetivos, estes foram fruto de muita luta e ainda são poucos frente a realidade que vivemos. Os últimos governos não estiveram comprometidos com políticas que ampliassem os direitos da população LGBT ou que combatessem a violência que sofremos. Enquanto a bancada conservadora cresce nas casas legislativas, nossos direitos servem como moeda de troca para garantia de apoio aos governos. O kit anti-homofobia foi vetado pela ex-presidente Dilma em 2011, assim como a campanha de prevenção no carnaval voltado a população LGBT em 2012. Em 2013, foi eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos o pastor Marco Feliciano, figura machista, misógina, LGBTfóbica e racista, que tentou aprovar um projeto de “cura gay”.
Assim, o dia da Visibilidade Lésbica é um dia de luta! A pauta LGBT precisa ser cada vez mais incorporada pela esquerda, mobilizando a população por uma forte luta que retire as mulheres lésbicas da marginalidade e construa saídas para dar fim a opressão que sofremos. Precisamos avançar na luta contra o machismo, o racismo e a LGBTfobia, em conjunto com a luta da classe trabalhadora e da juventude contra a retirada de direitos!
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Extraído da página da juventude Vamos à Luta.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Sobre a difícil tarefa de "ganhar na mega sena"

Há três anos, a amiga e companheira de lutas, sonhos e conquistas, Samantha Caldas, escreveu esse texto sobre oo vestibular e sua relação (ou falta) com os jovens da periferia. 
Só hoje ele apareceu na minha linha do tempo no Facebook. Como a conheço, percebi que não era atual. Mas na verdade é atualíssimo. Desgraçadamente atual. Porque as mazelas, a crise social, política e econômica permanecem. Como permanecem o anseio de mudanças e de se vencer os obstáculos da vida, como o vestibular.
Novamente a juventude, principalmente, espera ansiosa a saída do listão. Novamente estamos na torcida.
Assim, decido abrir os trabalhos do Além da Frase de 2016 com este lindo e vivaz texto.
Boa leitura!

O jovem de periferia e a luta do vestibular
por Samantha Caldas

"Para eles, passar no vestibular é como ganhar na mega-sena" diz pesquisa feita com jovens da periferia de belém.
Eu não sabia o que escrever, ainda não sei.
Não é fácil lhe dar com essa mistura de sentimentos. Estou muito Feliz pelos que passaram. E muito triste pelos que não conseguiram. Me lembro bem do post que fiz no dia da prova do enem, alertei que não seria fácil, não pelo grau de dificuldade, mas pelo papel que cumpre o vestibular. Esse método vergonhoso de avaliação e segregação, um perfeito funil social. Quero dizer que ao longo dos meus 2 anos militando em secundaristas acompanhei muito de perto todo o sofrimento e batalha desses meninos e meninas que lutam por mais essa oportunidade, e que nem sempre conseguem.
Aos que passaram, quero dar os meus parabéns, pela sorte que tiveram e pela grande vitória, e dizer que a luta continua, que é apenas o início, ainda temos muitas batalhas a travar.
Aos que não passaram, parabenizo por terem lutado, e pela vitória de não serem parte do percentual alarmante de jovens que se quer conseguem chegar ao ensino médio. A esses eu deixo o forte abraço. Não vou dizer "ano que vem tem mais", mas sim: A luta continua! Por que isso que vocês fazem todos os dias: acordar cedo (tomar ou não café da manhã), pegar ônibus lotado, ir pra uma escola que na maioria das vezes não oferece as minimas condições para uma educação de qualidade, ficar direto, nem sempre comer, correr para o cursinho, passar a noite estudando e nas horas vagas ainda pensar "Preciso ajudar financeiramente meus pais em casa" Isso tudo, é uma grande batalha, uma batalha não só por um vestibular, mas por perspectivas, enfrentando não só os concorrentes, mas a logica dessa sociedade. Sociedade que é suja, desigual, injusta. O vestibular não divide vencedores e perdedores, inteligentes e burros. Não! Ele apenas divide, por que é impossível avaliar em um dia se as pessoas são capazes ou não .Todos vocês deveriam ter acesso a uma universidade pública e de qualidade. Todos deveriam ter essa oportunidade! E nós devemos continuar lutar por isso, por uma universidade realmente para todos.
Então, meus caros, para quem passou e para quem não passou, é hora de lutar, seja dentro ou fora da universidade.
Aos meus meninos e meninas do Vamos à Luta, deixo o meu abraço, e eu vou estar com vocês seja qual for a batalha. O importante é não desistir e lutar.
Vamos à Luta!
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Samantha Caldas é enfermeira e mestranda do CCBS/UEPA.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

A aula dos "secundas"


por Jorge Luiz Souto Maior, publicado originalmente no Viomundo
O Brasil vive um momento bastante complexo, que nos dificulta a compreensão dos fatos, também porque muito do que se sabe pela grande mídia não são os fatos propriamente ditos, mas versões, tantas vezes deturpadas, sentimental ou propositalmente construídas.
O resultado é o imobilismo, porque fica bem difícil saber para onde ir, o que e a quem defender.
Em meio a tudo isso, eis que os estudantes secundaristas, pessoas de 13 a 16 de idade – alguns com 17 ou 18 –, resolvem mostrar que é possível ter boas e certeiras causas pelas quais lutar e saem às ruas em defesa das escolas públicas nas quais estudam.
E não o fazem por mera farra. Agem com convicção, com consciência em torno da importância do ensino público. Defendem as escolas não apenas para si, mas por princípio. Sabem bem do descaso em que, estruturalmente, foi deixada a coisa pública. Sofrem, em inúmeras situações, com a precariedade das acomodações e com a redução de material. Mas não acolhem, de forma radical, ou seja, sem titubear, a ideia do governo do Estado de fechar escolas, de aumentar o número de alunos por sala, de separar o ensino fundamental do ensino médio e, consequentemente, de transferir de forma arbitrária estudantes de uma escola para outra, dificultando o acesso à educação.
Os estudantes, ao saírem em defesa de “suas escolas”, demonstram, para todo o país, que o Brasil não é só corrupção, não é só desmandos administrativos, não é só favoritismo, não é só egoísmo, individualismo e busca de sucesso pessoal por meio de ganhos financeiros e de “status”, como a grande mídia insiste em divulgar. Aliás, para essa gente destruidora da moral da população brasileira todas as pessoas são iguais a ela e, segundo tenta difundir, os jovens são alienados, drogados, descomprometidos, preguiçosos e, consequentemente, ignorantes.
Mas o que se tem em concreto na mobilização dos “secundas”, como se intitulam, são jovens levantando a bandeira da defesa da educação pública de qualidade. São jovens, portanto, que querem estudar, mas que também se preocupam em defender a instituição responsável por isso, mesmo reconhecendo as deficiências estruturais das escolas, sendo que isso, ao mesmo tempo, representa o reconhecimento da qualidade de ensino que os professores e professoras, com todas as dificuldades, ainda conseguem lhes transmitir.
Então, era para que todas as pessoas sérias e que se consideram minimamente preocupadas com a melhora do país estivessem na frente das escolas aplaudindo os estudantes, porque, afinal, estão dando uma aula, que, inclusive, serve à redenção de todos nós. Os estudantes estão dando uma aula de cidadania, de compreensão, de comprometimento, de consciência, de organização e de luta. Uma aula que deixa uma grande e essencial mensagem: o Brasil tem jeito!
No entanto, bem ao contrário, o que se vê é um esforço midiático muito grande para desconsiderar a importância “revolucionária” do movimento, que está refletido em ocupações em 20 (vinte) escolas, mas que, obviamente, não se reduz a isso. De fato, a defesa coletiva e consciente das escolas públicas reflete a situação de que os estudantes compreendem bem a sociedade em que vivem e que não pretendem ficar ali parados, seguindo um destino que lhes foi traçado de serem, no futuro, força de mão-de-obra desqualificada para alimentar um sistema que reforça as desigualdades.
Aliás, é bem isso, ou seja, o risco da perda da mão-de-obra desqualificada, para a realização de serviços que, embora dignos, foram socialmente reduzidos a uma condição subalterna e impregnados de submissão, que incomoda tanto à classe economicamente dominante, que vai às ruas defender um Brasil melhor, mas que olha com desdém a mobilização dos secundaristas.
É também por isso, aliás, que o governo do Estado não apenas tenta implementar uma política para a escola pública que visa punir os professores e as professoras pela sua atuação politicamente consciente, como também trata os estudantes, não como adolescentes, que de fato são, mas como rebeldes que não querem seguir os seus desígnios, chegando a enxergá-los como “operários” que se recusam a trabalhar, sendo por essa razão, ademais, que se interligam as pautas dos estudantes, dos professores e dos trabalhadores.
E a cena extremamente deprimente que se vê é a da escola pública transformada em uma prisão, cercada de policiais, fortemente armados e cegamente preparados, fazendo parecer que os estudantes que ocupam a escola, em ato político, já estão presos e sob a ameaça de males ainda maiores, chegando a situações de gravidade e dramaticidade como se verifica na EE José Lins do Rego, na zona sul, e na EE Salvador Allende, na zona leste de São Paulo, e na EE CEFAM, em Diadema.
E alguém pode se perguntar: que Estado é esse que enfrenta com força bruta estudantes adolescentes de escolas públicas que defendem a sua escola e o seu direito constitucional de estudar?
A resposta é simples: é um Estado que protege interesses do poder econômico e que não quer permitir a ocorrência das transformações sociais possibilitadas pela melhora do ensino que, provoca, inclusive, a diminuição das diferenças de oportunidades. Um Estado que é capaz de transformar o ato político de adolescentes que querem estudar em caso de polícia, sob o falso argumento da defesa do patrimônio público, afinal, estamos falando de um patrimônio que o Estado nunca cuidou e que, portanto, se fosse para punir juridicamente a depredação do patrimônio público das escolas os governantes já deveriam estar presos há muito tempo.
Estado que, ao mesmo tempo, é totalmente incapaz de tratar com o mínimo rigor, no que se refere ao menos ao cumprimento das leis, grandes empresas, que, a cada dia, poluem, exploram, quando não matam, como se viu, agora, na região de Mariana/MG, e como está impregnado em tantos monumentos, da transamazônica aos estádios da Copa, passando por usinas, hidroelétricas e pontes.
É um Estado, portanto, que quer manter a ocupação de doméstica para a filha da doméstica.
Mas a brutalidade não vence a consciência e, portanto, o que os governantes de plantão pretendem é, de fato, uma grande ilusão, pois as mudanças sociais no Brasil, sobretudo a partir de junho de 2013, já estão em curso irreversível, até porque a mudança em termos de compreensão de mundo não é um fenômeno exclusivo do ensino público.
Também no ensino privado, nas consideradas melhores escolas do país, por obra de competentes gestores e valorosos professores e professoras, o economicismo cede espaço ao humanismo, à solidariedade, à naturalização quanto à equiparação das oportunidades e a repartição da riqueza, à tolerância, à condenação aos preconceitos, sobretudo, de raça e de etnia, ao respeito às diversidades, às opções de sexualidade e à igualdade de gênero, fazendo com que a distância de mentalidade entre os jovens de classes sociais diversas seja cada vez menor, o que favorece à superação de um conflito tão estimulado em gerações passadas.
Essa mudança é tão sentida que adeptos do “status quo”, impregnados pelo escravismo, pelo racismo, pelo machismo, pela discriminação e pela intolerância, financiam campanhas contra o que chamam de “doutrinação marxista” nas escolas. Gente que nunca leu as obras de Marx e que nem de longe sabe o que é marxismo. Gente que despreza, inclusive, os Direitos Humanos e que, no fundo, tem medo do conhecimento, porque conhecer a realidade das coisas pode ser doloroso e incômodo.
Outro dia li em uma mensagem de Facebook: “São esses Direitos Humanos que impede (SIC) o desenvolvimento do país”. Mas como já dizia o personagem de Mário Tupinambá, na Escolinha do Professor Raimundo, “a ignorança é que astravanca o progréssio!”
Fato é que a escola, pública e privada, não pode deixar de cumprir o seu papel essencial de transmitir o conhecimento, não se reduzindo, pois, a formar mão-de-obra para o mercado, sendo inevitável, por conseguinte, que assumamos o “risco” de sermos seres humanos dotados de consciência e conhecimento.
E que ninguém se iluda, esse não é um caminho fácil e a reação policial aos jovens estudantes demonstra bem isso, assim como as diversas formas de opressão, criadas nos regimes ditatoriais brasileiros, que ainda estão vigentes, sobressaindo a reprimenda moral e jurídica às greves dos trabalhadores, sendo que se alia a tudo isso, para conter os avanços, a forte campanha que se tem difundido “a favor” da crise econômica, cuja função é a de instaurar o medo e, com isso, inibir as lutas políticas pela consagração e efetivação de direitos sociais.
Ainda assim as mudanças em torno da diminuição das desigualdades sociais, políticas e econômicas estão ocorrendo e continuarão em curso e se os políticos e governantes não sabem disso seria de todo conveniente que aproveitassem o momento em que os estudantes os chamam para o diálogo e se dignassem de ir às escolas não só para conversar com os secundaristas, mas para aprender com eles, como, aliás, de forma exemplar, fez o membro do Ministério Público, João Paulo Faustinoni e Silva, que, após comparecer à ocupação da EE Fernão Dias e compreender o que estava de fato acontecendo no local, pediu a revogação da liminar de reintegração de posse e conseguiu, com o reforço argumentativo da APEOESP, que o juiz da causa, Luis Felipe Ferrari Bedendi, da 5ª Vara de Fazenda Pública, adotasse a grandiosa postura de rever seu posicionamento e proferisse belíssima e importantíssima decisão sobre o caso (Processo n. 1045195-07.2015.8.26.0053).
Eu também fui ao local, onde passei toda a tarde e o início da noite de sexta-feira, dia 13, e posso garantir que se aprende muito com os estudantes, notadamente quanto à sua capacidade de organização e à sua compreensão de mundo.
Ou seja, uma boa forma para acelerar o processo de mudanças, tornando-o menos traumático, seria a de uma espécie de retorno dos políticos e governantes à escola, para terem uma aula de cidadania com os estudantes.
Enfim, quero deixar consignado aqui um manifesto de apoio à defesa das escolas públicas, contra, portanto, o projeto de reestruturação apresentado pelo governo do Estado de São Paulo, transmitindo toda a força aos “secundas” e aos professores e professoras pela sua luta, não porque, de fato, precisem de mim, mas porque todos nós, cidadãs e cidadãos brasileiros, precisamos muito de uma aula como essa!
São Paulo, 15 de novembro de 2015.
*Jorge Luiz Souto Maior é professor da Faculdade de Direito da USP.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Quadro nacional do 12º dia da greve nacional petroleira nas bases da FNP

A cada dia que passa, a greve dos petroleiros se fortalece, recebe apoios e solidariedade da sociedade e de diversas categorias profissionais e já é a maior greve desde 1995, quando Lula, PT e a CUT traíram os petroleiros e capitularam ao governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), derrotando a grandiosa mobilização. 

Foto: FNP
por Jean Oliveira, para a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP)

Alagoas/Sergipe
Na base do Sindipetro AL/SE, as unidades de Pilar, Furado e Transpetro Alagoas, em Alagoas continuam paralisadas. A categoria fez carreata para visitar as sondas de Alagoas com o objetivo de reforçar a paralisação nessas áreas, principalmente junto aos terceirizados. O movimento também conta com a paralisação de 90% do efetivo Petrobrás e TRANSPETRO TA e 100% de adesão da Transpetro Dutos.
Em Carmópolis, por mais que haja pressão, por parte da empresa, para que os petroleiros voltem à unidade, a greve continua forte, com adesão de 80% do ADM e 90% dos operadores, envolvendo todas as estações, exceto Coqueiro e Riachuelo. Três estações estão completamente paradas: Entre Rios, Nova Magalhães e Jericó.
Na FAFEN, muitos petroleiros ouviram a convocação do Sindipetro AL/SE e compareceram na porta da fábrica para participar de uma assembleia. Ficou deliberado pela continuidade do movimento grevista. A produção continua sendo mantida de forma irresponsável por uma equipe de turno e o grupo de contingência formado pela empresa desde o dia 31 de outubro.
Na Sede, a mobilização continua forte, com adesão superior a 90% do adm.  No Tecarmo, mesmo com a “Judicialização”, via interdito proibitório, os trabalhadores seguem fortes na luta, com adesão de 80% da operação. Um grupo grande de operadores da Transpetro que estavam confinados em hotel próximo como equipe de contingência, aderiram ao movimento, fortalecendo a luta.
Litoral Paulista
Na RPBC, em Cubatão, mais de 30 petroleiros de base compareceram à refinaria e ajudaram o Sindicato a organizar durante a manhã um forte operativo nas portarias da unidade, fechando inclusive a entrada do CEAD e do SMS. A adesão à greve é de 100% no turno e 90% no ADM.
Na Alemoa, em Santos, trabalhadores e diretores do Sindicato fecharam as principais entradas para o terminal. Com a denúncia de que o grupo de contingência estaria entrando na unidade utilizando uma passagem não autorizada na Codesp, parte dos manifestantes se dirigiram ao local, por onde ninguém passou. A greve no terminal tem adesão de 100% do turno e administrativo. Houve atraso de uma hora na entrada dos terceirizados.
No Litoral Norte, com 100% de adesão operação e de supervisão, 90% da manutenção e 80% do ADM, a greve dos petroleiros segue no Tebar. A produção da unidade já despencou em 40%. Mais de 40 trabalhadores madrugaram na entrada principal do terminal. Outros grupos, com cerca de 10 petroleiros, também ficaram nas outras três portarias da companhia com faixas de protesto, desde às 4h30 da manhã.
Na Unidade de Tratamento de Gás Monteiro Lobato (UTGCA), em Caraguatatuba, mesmo após o ato de repressão orquestrado pela gerência da UTGCA, que acionou a justiça para acabar com o piquete na frente da unidade, o movimento segue forte. A adesão é de 100% da operação, 100% dos técnicos de manutenção sobreaviso e 70% adm (manutenção e SMS). Os trabalhadores em greve continuam se revezando para manter a escala (12 horas) que fariam se estivessem trabalhando mesmo com o clima de tensão imposto pela empresa. Muitos companheiros têm recebido telegramas com aviso de demissão com a justificativa de “abandono de emprego”. No Terminal de Pilões, em Cubatão, segue a greve com adesão de 80% no turno e 90% no ADM.
Pará/Amazonas/Maranhão/Amapá
No Sindipetro PA/AM/MA/AP hoje teve um trancaço no Maranhão Terminal de Itaqui com forte 100% de adesão da operação. Na sede da UO-AM, a adesão é de a greve tá forte a maioria ficou % dos trabalhadores mesmo após o interdito proibitório instaurado pela justiça.
Em Urucu (AM), a gerência está recuperando a produção através do trabalho da contingência. Os petroleiros que deveriam embarcar em Urucu cruzaram os braços. Os trabalhadores que estão sem embarcar estão engrossando a greve na porta do Prédio de Manaus. Na Transpetro Miranar, em Belém, os trabalhadores continuam em greve, que foi aprovada, em assembleia, por ampla maioria.
Rio de Janeiro
Os petroleiros estão desde às 8h da manhã desta segunda (9) em vigília na frente do Edifício Sede da Petrobrás, no Centro do Rio. O protesto irá continuar por todo o dia como forma de pressão sobre a direção da empresa que hoje retomou o diálogo com os sindicatos e federações. O Sindipetro-RJ também realizou um ato no TBG, na Praia do Flamengo, como forma de fortalecer a mobilização da greve nacional da categoria.
No TABG, a greve está forte. Houve um acordo com a gerência proposto pelo Sindipetro-RJ e os trabalhadores assumiram o controle e acompanhamento das atividades. No TBIG, em Angra dos Reis, a greve está forte com adesão de 80% no turno, quase 100% na manutenção e muito apoio no administrativo. O terminal está operando de forma irregular e insegura, com 2 grupos se revezando de 12 horas, utilizando pessoas em desvio de função e sem habilitação para desenvolver as atividades em curso. Em condições normais, o trabalho é desenvolvido por 5 grupos com escala de 8 horas. No Cenpes, vão ser realizadas reuniões setoriais nesta noite para avaliar se haverá corte de rendição de turno.
São José dos Campos

Na Revap, em São José dos Campos, os operadores continuam fazendo corte de rendição e no dia de hoje seguem mobilizados na porta da unidade.
Fonte: http://fnpetroleiros.org.br/?p=9575

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Demissões e revolta nas ORM


O clima é sinistro. Toda vez que o telefone toca na redação é uma tortura. Ninguém consegue trabalhar. Fica naquela tensão: Quem será o próximo?!

Até nisso a patronal é sádica. 6 demitidos de manhã. Depois de chegarem. Ponto batido. Tudo normal. Pauta na mão. Preste a sair, a ligação. Vai lá ao DRH. 20, 15, 25 anos de casa.

De súbito, sem justificativa: "você está dispensado. A empresa agradece seus serviços". Seco. Novamente a ligação. Para quem será?!

Mais tensão. O Repórter vai ao DRH. As mesmas palavras. Sem justificativas. Secas. Destruidoras. A avassaladora sensação de ouvir, e nestes termos assediadores e violentos: "você está demitido!".

Volta à redação. Se abraça com os que ficam. Algumas palavras. Pega as coisas. Vai embora.

A tarde passa. A tensão segue. O estresse aumenta. Sem vontade de comer. Vazia passa. O DRH não ligou.

A noite chega. Um ar de esperança pela tarde de sofreguidão dos trabalhadores de O Liberal e Amazônia que comemoraram algumas horas de silêncio por parte da patronal.

Mas com a noite veio a mesma sanha. Da mesma forma. Um a um. Ligação após ligação. Ao DRH. Desempregado. Abraço nos que ficam. Solidariedade mútuas.

Aos não demitidos pesa a precarização e o aumento de exploração e horas de trabalho. Aos que ficam pesa a tortura das ligações da patronal. Se reclamar demito de novo. Mas acima de tudo, aos trabalhadores criminosamente demitidos e torturados pelas Organizações Rômulo Maiorana (afiliada da Rede Globo) e aos não demitidos, resta a possibilidade de se levantar e lutar contra todos esses abusos.

É preciso que os jornalistas se juntem a outras organizações da sociedade e façam manifestações publicas. Nas portas das ORM. É necessário denunciar as covardes demissões e os diários abusos cometidos pela patronal no estado.

Dia 18 vai ter uma grande marcha em São Paulo e um protesto em Belém do Pará contra os ajustes de Dilma, governadores e prefeitos, e contra os cortes de verbas, a carestia, demissões e políticas de arrocho dos governos e patrões.

A hora é de unificar as lutas e mobilizações!
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O texto faz referência a primeira "onda" de demissões nas Organizações Rômulo Maiorana em abril de 2015. Em agosto, os trabalhadores fizeram protesto e paralisações, dentre outras pautas, pelo pagamento devido das horas extras (foto/ fonte: Adufpa). 
Esta semana o grupo demitiu mais de 100 profissionais da imprensa. 
Os trabalhadores não podem pagar pela crise!

Desemprego e racismo no Brasil


por Makaíba

Segundo o IBGE, existem hoje quase 8 milhões de desempregados no Brasil. As demissões acontecem em alguns setores importantes da economia como na indústria (montadoras de automóveis), construção civil (empreiteiras ligadas as obras da Petrobras) e no comércio. E com o plano de ajuste econômico de Dilma e Levy tirando os direitos da maioria do povo trabalhador a serviço dos interesses do grande capital, a situação só tende a piorar, por mais que partidos da base governista, como PT e PC do B, insistam em afirmar o contrário.

O que de verdade esses partidos não dizem, sobre a onda de desemprego atual e o ajuste econômico do governo federal, é que as duas coisas são uma só: ou seja, é o custo da crise econômica capitalista mundial que cabe ao Brasil, colocado nas costas do trabalhador brasileiro. Da mesma forma como fazem os governos e partidos a serviço da burguesia grega, italiana, espanhola, etc., contra os trabalhadores daquelas nações europeias.

Mas, como estamos falando de Brasil, para sabermos mesmo quem são os mais prejudicados com a onda de desemprego atual e os que sofrerão diretamente com as drásticas consequências do plano de ajuste econômico da dupla Dilma/Levy, temos que levar em conta outros dados estatísticos do IBGE que dizem respeito ao percentual e as condições de trabalho dos “não-brancos” na população brasileira. E, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, não estamos falando de “minoria”, mas, da maioria da população. É que, quanto mais próximo do topo da pirâmide social brasileira, mais clara é a pele. Quanto mais próximo da base da pirâmide, mais a pele é escura. Nesse sentido, os negros (parcela da população que inclui pretos e pardos) são a maioria em 56,8% dos municípios brasileiros. E o maior número de trabalhadores negros está concentrada na indústria e no comércio.

Então, juntando os dados sobre o desemprego e os dados sobre o perfil da população brasileira, mais as consequências do plano de ajuste de Dilma/Levy, não é difícil de concluir que os mais prejudicados serão, mais uma vez, os negros e negras desse país. É, realmente a história por aqui continua se repetindo como uma farsa. A tal “democracia racial” nesse país não serve apenas para encobrir a tragédia do racismo made-in-brazil. Ela é útil também para “democratizar”, entre a maioria da população que é negra, os prejuízos na economia nacional produzidos pelo capitalismo brasileiro, administrado por uma minoria branca burguesa dominante, no meio de uma crise mundial.

Ao afirmarmos que a maioria negra da população será a mais prejudicada com a onda de desemprego e os ajustes na economia promovida pelo governo federal, não estamos desprezando a parcela de trabalhadores brancos que também será prejudicada. Com certeza trabalhadores brancos serão demitidos de acordo com as conveniências dos patrões. Só que numa sociedade, como a brasileira, que há diferenças étnicas além da divisão de classes, o racismo não é apenas um instrumento de dominação étnico, mas, também ideológico e político: ou seja, o racismo é uma ideologia a serviço dos interesses hegemônicos de uma classe dominante burguesa que também se vê como uma raça superior a maioria do povo. Que para se manter dominante, procura sempre ganhar aliados brancos nas classes subalternas com falsa similaridade racial.

E por que, além de classe, a elite dominante também se diferencia enquanto raça?

Porque o Brasil foi colonizado por brancos cristãos europeus que desde o início no século XVI, para ocupar as terras do “novo mundo”, não titubearam em massacrar, explorar, oprimir e impor a aculturação dos povos nativos (índios). Esses mesmos brancos cristãos europeus, também não hesitaram em traficar milhares de homens e mulheres negras da África por quatro séculos, para que, sob o terror da tortura e do assassinato, fossem explorados como força de trabalho escravo.

Para justificar a expansão do antigo sistema colonial europeu e o tráfico de mão de obra escrava, o racismo se desenvolveu na história moderna como uma ideologia da “superioridade” das “nações civilizadas” e sua importante missão de “civilizarem” as regiões do planeta consideradas “inferiores”, “primitivas” e “bárbaras”. Com essa justificativa, territórios inteiros foram ocupados e populações foram dizimadas pelos “povos superiores”.

Essa era a ideologia dos colonizadores e senhores de escravos no “Novo Mundo”. Essa era a ideologia dos colonizadores e senhores de escravos no Brasil. Tudo isso com o único intuito de acumular riquezas que deram a base material para formação de uma classe dominante, predominantemente branca e cristã, da qual descendem grande parte dos indivíduos que pertencem a contemporânea classe capitalista dos grandes comerciantes, industriais, empresários do agronegócio e banqueiros nacionais. E a classe dominante atual, além do legado genético e econômico, também herdou a ideologia racista de “superioridade” de seus antepassados.

E é com essa visão de raça e classe que a elite dominante e seu governo de plantão, com Dilma e Levy na condução do trabalho sujo, não vão titubear, como não titubearam seus tataravós colonizadores e senhores de escravos, em sacrificar a vida das negras e negros desse país, mais uma vez e quantas vezes forem preciso, para salvar seus lucros e a própria pele branca da catástrofe econômica mundial.

Diante disso, a única saída que resta para as negras e negros desse país é agirem como maioria que são dos trabalhadores e dos pobres brasileiros e juntos com a parcela dos trabalhadores brancos, como uma só classe, lutarem por seus direitos imediatos contra o desemprego e, a partir daí, organizarem uma mobilização permanente até derrotarem de vez a minoria branca de capitalistas e racistas que dominam esse país. Só dessa forma derrotaremos o poder e o racismo da classe dominante, a qual está submetido a grande parcela do povo brasileiro.
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Makaíba é militante da CST/PSOL-RJ

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Greve - Servidores do Evandro Chagas fortalecem luta nacional


por Gerson Lima

Cerca de 100 servidores do Instituto Evandro Chagas paralisam suas atividades nesta quarta-feira, 05.  primeiro dia de greve.

Localizado em Ananindeua, Região Metropolitana de Belém (RMB), o Instituto Evandro Chagas (IEC), órgão de pesquisa e diagnóstico vinculado ao Ministério da Saúde e reconhecido internacionalmente por seu trabalho na área de endemias e doenças tropicais, amanheceu hoje com todas as atividades paralisadas, cumprindo decisão da última assembleia.

A radicalização é uma resposta à intransigência do governo federal, que oferece reajuste de apenas 21,3% parcelado em 4 anos, abaixo dos 27,3% exigido nacionalmente pelos servidores públicos federais.

Em nova assembleia realizada no final da manhã, os servidores aprovaram a manutenção da greve.

Além do reajuste, os servidores denunciam o forte assédio moral que impera no IEC, a redução do valor das insalumbridades e as péssimas condições de trabalho.

A greve é por tempo indeterminado e fortalece a luta do conjunto dos servidores públicos federais. Iniciativa fundamental para se reverter os cortes de verbas das áreas sociais e para se impor uma derrota ao plano criminoso de ajuste neoliberal de Dilma-Levy.
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Gerson Lima é membro da direção do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Pará (SINTSEP-PA) e membro da coordenação da Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST/PSOL)

domingo, 12 de julho de 2015

Thiago, presente!

Para a posteridade, para a humanidade, Thiago Araújo

De longe, Thiago, te vi perto...

Sinto a perda, mas vivo o encontro.
E de encontro tu soubestes falar como ninguém!

Com tuas argutas lentes, foste, como disse Ruy Paranatinga Barata, no raso e no fundo da leitura, literatura e interpretação de nossa gente molhada.

Deixas e prossegues como inestimável contribuição em nossas vidas!

Thiago da Greve, do cinema, do Ver-O-Peso,.
O Thiago Araújo da lente ferina e sensível.

Meus sentimentos profundos à família, amigos e admiradores deste gênio do jornalismo fotográfico, este click ousado, que disparou para a eternidade.

(Foto: Thiago Araújo)

terça-feira, 14 de abril de 2015

15 de abril é Dia Nacional de Paralisação


Em defesa do Emprego e do Salário!

Ir à luta, porque o governo Dilma (PT/PMDB) e os empresários promovem ataques sem precedentes na história aos trabalhadores.

Diante do aprofundamento da crise econômica, o governo Dilma Rousseff (PT/PMDB) lançou um ajuste fiscal que ataca conquistas da classe trabalhadora. As medidas provisórias (MP’s) 664 e 665 dificultam e atacam o acesso ao seguro desemprego; reduzem e retiram o direito à pensão vitalícia por morte; mudam as regras de seguro em caso de doenças ou acidentes no trabalho; do seguro defeso para pescadores e do abono salarial (direito ao PIS). 

Para piorar, no último dia 08/03, a Câmara dos Deputados - com o aval do principal ministro do governo Dilma, o banqueiro e ministro da fazenda Joaquim Levy - aprovou o Projeto de Lei (PL) 4330. Esse PL permite a terceirização de todos os setores da economia e coloca em risco todos os direitos da classe trabalhadora, conquistados por meio de muitas lutas. A aplicação desse projeto reduzirá, ainda mais, os salários dos trabalhadores, piorará as condições de trabalho provocando mais acidentes, doenças e mortes. O projeto afetará os servidores e os serviços públicos. Querem precarizar, ainda mais, os serviços como saúde, educação, aposentadoria e previdência, etc. Ao invés de melhorar a qualidade desses serviços, investindo recursos em hospitais e escolas, o dinheiro público vai parar diretamente nas mãos de empresários que superexploram trabalhadores e não têm o menor interesse em atender à população.


Medidas favorecem patrões e banqueiros

Além disso, o governo decretou o aumento e a reedição de impostos, impôs o aumento de combustíveis e da energia elétrica (que poderá alcançar até 70% no estado do Rio de Janeiro); vetou a correção da tabela do Imposto de Renda (IR); aumentou os juros bancários para 12,75% com impacto no endividamento das famílias brasileiras e que terá forte repercussão no aumento da dívida pública, retirando ainda mais recursos da saúde e educação para o pagamento de juros das dívidas interna e externa. No serviço público, Dilma determinou a diminuição de verbas em todas as áreas e só a educação sofreu corte de R$ 7 bilhões em 2015. O mesmo governo que remeteu 45,11% de todo o orçamento federal de 2014 para pagamento de juros aos agiotas nacionais e internacionais, prevê a destinação de 47% dos recursos de 2015 para o mesmo objetivo. 

Essas medidas em favor dos banqueiros e demais patrões provocarão ainda mais retração econômica, precarização do trabalho, degradação e privatização dos serviços públicos, combinadas com a alta do custo de vida. 


Saída para os trabalhadores é unificar as lutas, enfrentar os ataques e construir a Greve Geral

Contra esses ataques, os trabalhadores colocaram-se em movimento. Assim fizeram os metalúrgicos da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, que resistiram com 11 dias de greve à imposição de 800 demissões e, por meio da luta e da solidariedade de classe, mantiveram os empregos. O mesmo caminho foi trilhado pelos metalúrgicos da General Motors (GM) de São José dos Campos que, depois de 8 dias de greve, reverteram em torno de 800 demissões. Os servidores do DF enfrentaram com greves e manifestações os atrasos de pagamento de salários. No Paraná, o governador Beto Richa (PSDB) teve que recuar, diante de uma poderosa greve e manifestações de rua, do pacote que ataca o plano de cargos e salários e a previdência de diversas áreas do funcionalismo público estadual. Agora estão em greve os professores de São Paulo e de diversos outros estados.

No Rio de Janeiro, os garis e os trabalhadores desempregados no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) deram um exemplo: Organizaram –se contra as direções pelegas dos seus sindicatos e contra os planos dos governos e disseram: Os garis e desempregados do ALUSA/ ALUMINI / Comperj não vão pagar pela crise! 

No dia 15 organizaremos paralisações, atividades em nossas categorias e uma manifestação de rua em conjunto com várias centrais sindicais. Trata-se do primeiro passo visando um plano de mobilização que unifique as campanhas salariais, as categorias em luta e os movimentos sociais para resistir aos ataques e para construir uma efetiva greve geral. Nesse sentido, exigimos que a CUT, CTB, NCST abandonem a defesa do governo Dilma e convoquem juntamente com os setores combativos a continuidade da mobilização unificada para construir uma poderosa greve geral que derrote o conjunto das medidas do ajuste fiscal de Dilma/Levy.


Nem Dilma (PT/PMDB), Nem Aécio Neves (PSDB/DEM): construir uma alternativa dos trabalhadores!

Diante do desafio imposto pelo governo e as classes dominantes, é preciso intensificar a organização e a unificação da nossa classe de forma democrática e independente para derrotar governos e empresários.

O programa de Dilma Rousseff (PT/PMDB) não difere em nada do projeto de Aécio Neves (PSDB), tanto que aplica as mesmas medidas anunciadas pelo tucano. Tanto o governo conservador de Dilma (PT/PMDB) quanto a oposição de direita, capitaneada por Aécio Neves (PSDB) estão de acordo em atacar e retirar os direitos da nossa classe. Aos trabalhadores e ao movimento sindical classista, ao movimento popular combativo e a verdadeira esquerda resta apenas construir uma alternativa que atenda aos interesses dos trabalhadores, distante de Dilma (PT) e de Aécio Neves (PSDB). Para isso precisamos forjar, nas lutas e nas ruas, um plano econômico alternativo e um governo dos trabalhadores.

•Barrar o ajuste fiscal de Dilma/Levy! Em direito não se mexe: Não ao PL 4330/04 das terceirizações! Revogação das MP’s 664 e 665! Unificar as lutas da classe trabalhadora para enfrentar os ataques e assegurar direitos e construir a Greve Geral contra o pacote do governo!

•Suspensão do pagamento das dívidas externa e interna para ter recursos para saúde, previdência e educação públicas e de qualidade. 

•Petrobras 100% estatal e sob controle dos trabalhadores: confisco e estatização das empresas envolvidas em corrupção, manutenção dos empregos e plano de obras públicas para atender aos interesses da classe trabalhadora.

•Reforma agrária e moradia popular sob o controle dos trabalhadores. Reforma urbana, direito à habitação, a transportes públicos, estatais e de qualidade.

•Os trabalhadores não vão pagar pela crise: Que os ricos paguem pela crise, imposto progressivo sobre as grandes fortunas, heranças e sobre a remessa de lucros. 

•Todo apoio às greves! Reajuste dos salários de acordo com a inflação! Por melhores condições de trabalho! Fim das perseguições aos lutadores!

•Defesa dos serviços públicos e estabilidade no emprego. Contra as privatizações dos hospitais federais, da previdência pública, das empresas estatais (Petrobras, Caixa Econômica Federal, etc).


•Suspenção dos aumentos e congelamento das tarifas de energia, água e gás.

15 de Abril, Dia Nacional de Paralisações. Ato público unificado. Concentração às 16 horas – Trajeto, Candelária – Federação das Indústrias do RJ (Firjan), Av. Graça Aranha, 112.


Assinam: CSP-Conlutas, Unidade Classista, Unidos Pra Lutar, Andes-SN, SR RJ, Sinasefe, Sintuff, Sintufrj Vermelho, Comissão de trabalhadores do Comperj – Movimento S.O.S Emprego, MTST, Vamos à Luta.


Fonte: http://www.cstpsol.com/viewnoticia.asp?ID=704

terça-feira, 7 de abril de 2015

GREVE – Professores cobram acordos desrespeitados

Professores diante do CIG, cobrando o cumprimento dos acordos...
...que o governo celebrou, mas não cumpre, sucateando a educação.

por Augusto Barata, em seu blog

“Ressaltamos, primeiro, que exigimos que o governo Jatene cumpra todos os acordos da última greve, ocorrida em 2013. Naquela ocasião nosso movimento chegou ao TJE, que buscou estabelecer uma conciliação para a suspensão da greve, que já chegava a 53 dias. Depois de horas de negociação, chegamos a um documento que estabelecia tudo o que o governo se comprometia a fazer no pós-greve. Dentre estas obrigações estavam: 1) as regulamentações da jornada e das aulas suplementares; 2) a criação da lei que disciplina a eleição direta para direções de escolas; 3) a lei do Sistema Modular de Ensino, o Some; 4) reforma das escolas e do prédio sede da Seduc, 5) a lei que unifica o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração dos Trabalhadores em Educação, o PCCR Unificado, incluindo os servidores administrativos e operacionais, visto que hoje apenas professores e especialistas (os pedagogos) são englobados no atual PCCR; e 6) realização de concurso público. Ocorre que apenas os três primeiros itens foram cumpridos. Para agravar a situação, o Sintepp teve que acionar a justiça para garantir as eleições diretas nas escolas, visto que o governo havia suspendido o processo, desrespeitando a lei que foi negociada e aprovada por unanimidade na Alepa, com a participação das lideranças do próprio governo naquela Casa.”


A declaração, feita ao Blog do Barata, é de Alberto Andrade, o Beto, 37, há 16 anos atuando no ensino público e que é secretário-geral do Sintepp, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará, a entidade que lidera a greve dos professores da rede estadual de ensino, um contingente que reúne 23 mil profissionais, 80% dos quais servidores públicos efetivos. O movimento tem como cláusulas pétreas, no elenco de reivindicações, garantia da jornada sem redução na remuneração; pagamento do piso salarial e do retroativo desde janeiro; reformas nas escolas, com acompanhamento da comunidade escolar; e o PCCR unificado, incluindo os servidores administrativos e operacionais, e não apenas professores e especialistas, no caso, pedagogos.