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terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Rapper militante que enfrenta o sistema nas rimas e nas ruas lança nova música

Imagem: Divulgação.
By Hitchcock

por Joice Souza

Enxergar a vida como um filme do “mestre dos suspenses” é a realidade dos meninos das quebradas de nossa cidade, onde o racismo institucional, a PM, a própria universidade, os “mal-entendidos” os colocam o tempo todo na condição de vilões inocentes (os personagens acusados injustamente que precisam provar sua inocência encontrando os verdadeiros culpados). 

Imagem: Divulgação.
Daniel ADR  já encontrou o verdadeiro vilão e apontou suas armas para o sistema capitalista: é militante trotskista e rapper que faz de sua música uma denúncia constante ao extermínio da juventude negra nas periferias.

Suas letras cortam e sangram, transbordam a sensibilidade nem sempre tão perceptível no dia-a-dia com esse leonino chato com quem eu milito e passo boa parte do tempo.

O roteiro do filme de sua vida é ousado: o menino do Guamá que decidiu mudar o mundo ao invés de virar estatística. 

Essa espectadora aqui torce pelo final feliz. 

***
Daniel ADR no Instagram: @_daniel_adr

Joice Souza é jornalista.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

PSOL: Pré candidato a Presidência da República faz debate em Belém


Na próxima quarta-feira, 07/02/2018, o professor de economia da Unicamp e pré candidato a Presidência da República pelo PSOL, Plinio Jr., estará em Belém para debater com a militância e simpatizantes do partido a necessidade de a organização ter uma candidatura radical e coerente, longe do lulopetismo, que represente os anseios da classe trabalhadora, juventude e povo pobre.
O evento ocorrerá no auditório do Hotel Sagres, a partir das 18h. Todos e todas convidados!
Abaixo você lerá o Manifesto da pré candidatura do psolista.

É tempo de ser exigente, Plinio presidente!

A guerra aberta da burguesia contra os trabalhadores coloca o PSOL numa encruzilhada histórica. Após treze anos de existência, o partido tem de decidir se será apenas uma legenda eleitoral ou se terá coragem de disputar a consciência e os corações dos/as trabalhadores/as e colocar na ordem do dia a urgência da superação das relações sociais, políticas e culturais responsáveis pelas mazelas do povo, pelo machismo, pelo racismo, pela LGBTfobia e pela destruição da natureza.

A eleição é um momento importante de diálogo com os/as trabalhadores/as. A burguesia não perde tempo e procura por todos os meios enquadrar o debate nacional na agenda reacionária do ajuste econômico que vem sendo aplicado pelo governo de Michel Temer/Henrique Meirelles. Em nome dos imperativos dos negócios, coloca o rebaixamento progressivo das condições de vida das classes subalternas e o fim das liberdades democráticas como única solução para a grave crise que abala a vida nacional. A PEC 55 (que congela por 20 anos os investimentos nas áreas sociais), a Reforma Trabalhista, a Lei da Terceirização, a Reforma da Previdência e os ataques aos direitos das mulheres e da população LGBT, são algumas das medidas em curso que fazem parte da agenda de austeridade fiscal.

Para que nós não fiquemos condenados às escolhas da agenda reacionária, que se circunscreve à discussão do ritmo e da intensidade do ataque contra o povo, a esquerda socialista precisa entrar em campo. O tempo urge! Não podemos mais permanecer sem um/a candidato/a! Sob o risco de ser tragado pela crise política e moral que soterra o sistema político corrupto brasileiro e de ser confundido como linha auxiliar do PT, o PSOL está obrigado a apresentar-se na eleição de 2018 com personalidade própria. A grave crise econômica, social, política, moral e ecológica em curso não pode ser dissociada da estratégia catastrófica do PT na Presidência da República.

Ao trair os anseios populares de que a esperança venceria o medo, os governos de Lula e Dilma reproduziram as relações sociais e políticas responsáveis pela perpetuação da segregação social, da dependência externa e da destruição ambiental, o que fortaleceu o capitalismo brasileiro e abriu caminho para sua ofensiva atual. Em resposta à ofensiva do capital, os trabalhadores e trabalhadoras, com seus métodos de luta, entram em cena.

O maior exemplo foi a jornada de luta do primeiro semestre, que culminou com a greve geral do dia 28 de abril e a Marcha a Brasília com 150 mil pessoas. E os novos processos das lutas em curso demonstram que a força das bases tectônicas segue se movimentando. O desafio do PSOL é definir uma agenda, um programa e um candidato inequivocamente comprometido com uma alternativa socialista ao ajuste neoliberal e uma radicalização da democracia diante da crise da Nova República. Ao contrário do que ocorre nos partidos burgueses, imersos no cretinismo parlamentar, tais definições não podem ficar nas mãos de uma oligarquia dirigente.

Os militantes do partido não abrem mão de debater política e de dirigir os destinos do partido. A definição do conteúdo e da forma da candidatura à Presidência da República em 2018 deve ser adotada em fóruns democráticos, amplos, capazes de debater os problemas fundamentais dos/as trabalhadores/as e suas possíveis soluções. A agenda e o programa que apresentaremos à população brasileira devem ser a síntese desse debate. Entretanto, temos a convicção de que os seguintes eixos devem servir de referência para tais formulações:

> Rejeitar tanto as alternativas reacionárias e conservadoras quanto as apresentadas pelo PT e pelos demais partidos que deram sustentação aos governos de Lula e de Dilma. O “menos pior” não nos contempla e apenas pavimenta o caminho de novas derrotas.

> Dar conteúdo político à agenda de transformação social levantada pela juventude que protagonizou as Jornadas de Junho de 2013 – “direitos já”;

> Tirar suas consequências práticas inescapáveis – “fim dos privilégios do capital e das desigualdades sociais”. Lutar pela revogação de todas as leis promulgadas pelo governo Temer e contra toda as amarras econômicas que servem aos interesses do capital, a começar por desmontar o Sistema da Dívida Pública, que desvia boa parte dos recursos públicos para o bolso dos mais ricos.

> Rejeitar o grande acordo nacional que envolve o executivo, legislativo e o STF que tem o objetivo de salvar os corruptos e aplicar a agenda neoliberal, apostando na refundação da república com base no poder popular.

> Construir as condições necessárias para a formação de uma aliança política estratégica – que não pode se esgotar nas eleições de 2018 – com os partidos da esquerda socialista – PCB e PSTU –, bem como com os movimentos sociais combativos, que bravamente resistem ao avanço galopante da barbárie capitalista.

> Ser parte do apoio a todas as lutas e mobilizações em curso. É dentro dessa perspectiva que diversas organizações e militantes decidiram lançar a pré-candidatura de Plínio de Arruda Sampaio Jr. para a Presidência da República e conclamam os/as militantes do PSOL a lutar pela unidade da esquerda socialista em torno de uma alternativa radical para o Brasil.

Quem é Plínio?

Plínio de Arruda Sampaio Júnior é professor livre-docente do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (IE/UNICAMP). Com pesquisas na área de história econômica do Brasil e teoria do desenvolvimento, dedica-se ao estudo do impacto da globalização capitalista sobre a economia brasileira. Membro do conselho editorial de diversas revistas acadêmicas, entre as quais Novos Temas e Marxismo XXI, possui dezenas de artigos, publicados no Brasil e no exterior.

É autor de Entre a nação e a barbárie: dilemas do capitalismo dependente (Vozes, 1999) e de Crônica de uma crise anunciada: Crítica à economia política de Lula e Dilma (SG-Amarante, 2017); e organizador dos livros Capitalismo em crise: a natureza e dinâmica da crise econômica mundial (Sunderman, 2009); e Jornadas de Junho: a revolta popular em debate (ICP, 2014).

Filiado ao PT, participou da elaboração dos programas econômicos do partido até 1990, quando coordenou a elaboração do programa da candidatura de Plínio de Arruda Sampaio a governador de São Paulo. Nesse período, colaborou ativamente como assessor econômico da legenda, tendo sido o responsável pela crítica ao Plano Collor no programa nacional do PT.

Em 1991, muda-se para França em viagem de estudo, onde fica até 1994. Neste período, Plinio consolida sua visão crítica sobre a sociedade brasileira, afasta-se politicamente da direção do partido que acelerava sua guinada conservadora de acomodação à ordem e reforça sua convicção na organização popular como único meio de superar as mazelas do povo. De volta ao Brasil, passa a colaborar ativamente com os movimentos sociais, assessorando e organizando cursos de formação junto ao Movimento dos Sem Terra, Movimento dos Pequenos Agricultores, Movimento dos Atingidos por Barragens, Pastoral Operária, Grito dos Excluídos, Pastorais Sociais, Central dos Movimentos Populares e Movimento dos Trabalhadores Sem Teto.

Em 2000 e 2002, participa ativamente das Campanhas pelo Plebiscito da Dívida Externa e pelo Plebiscito da Alca. Crítico dos rumos do governo Lula, foi um dos organizadores do Manifesto dos Economistas e do Tribunal Aberto em Defesa dos Radicais e um militante da campanha contra a Reforma da Previdência, tendo corrido o país afora debatendo com estudantes e trabalhadores os desvios neoliberais da gestão petista.

No Fórum Social Mundial de 2005, rompeu com o PT, junto com centenas de militantes históricos. No mesmo ano, ingressou no PSOL. Em 2010, colaborou ativamente com a campanha de Plínio de Arruda Sampaio para a Presidência da República. Nos últimos anos, tem se dedicado à tarefa de reorganização partidária da esquerda socialista.

Subscrevem a pré-candidatura para Presidente da República de Plínio Jr:
Luciana Genro – Fundadora do PSOL e candidata à Presidência da República em 2014 Babá – Fundador do PSOL Renato Cinco – Vereador PSOL Rio de Janeiro/RJ Roberto Robaina – Vereador PSOL Porto Alegre/RS Ricardo Antunes – Sociólogo e Professor da Unicamp Paulo Arantes – Filósofo e professor da USP Pedro Ruas – Deputado Estadual – Porto Alegre Alex Fraga – Vereador Porto Alegre – Porto Alegre Fernanda Melchionna – Vereadora Porto Alegre – Porto Alegre Fernanda Miranda – Vereadora Pelotas – Pelotas Sandro Pimentel – Vereador de Natal/ RN Robério Paulino – Professor da UFRN, ex-candidato à Prefeitura de Natal e ao Governo do RN Henrique Carneiro – Professor da USP/SP Jorge Luis Martins (Jorginho) Advogado – Franca/SP João Machado Borges Neto – Dirigente do PSOL – São Paulo/SP Silvia Santos – Coordenou a campanha de legalização do PSOL Carlos Gianazzi – Deputado Estadual PSOL/SP Sâmia Bonfim – Vereadora PSOL São Paulo/SP Álvaro Bianchi – Professor da Unicamp/SP Eric Toussaint – Membro do CADTM (Comitê para a Abolição das Dívidas Ilegítimas) Ruy Braga – Professor da USP/SP Rosi Messias – Executiva Nacional do PSOL Marino Mondek – Florianópolis/ SC Liliana Maiques – Tesoureira do PSOL Carioca e Setorial de mulheres do PSOL Aldo Santos – Presidente da Associação dos Professores de Filosofia do Brasil Bárbara Sinedino – Coordenadora Geral do SEPE/RJ Michel Lima – Diretório Nacional do PSOL Ana Carolina Andrade – Setorial de Mulheres do PSOL -São Paulo/SP Douglas Diniz – Diretório Nacional do PSOL Sônia Godeiro – Médica – Dirigente da Oposição SINDSAÚDE/RN Santino Arruda – Dirigente do SINAI-RN, Intersindical – Avançar PSOL/RN Silvana Soares de Assis – Oposição APEOESP – São Paulo/SP Tiago Mateus de Azevedo – Secretário Geral PSOL SC – Rio do Sul/SC Organizações: Alternativa Socialista Nova Práxis Coletivo do PSOL Governador Dix-Rosado (RN) Coletivo do PSOL Angicos (RN) Comuna Comunismo e Liberdade – CL Corrente Socialista dos Trabalhadores – CST Frente de Oposição Socialista – FOS Grupo de Ação Socialista – GAS Luta Socialista – LS Movimento Esquerda Socialista – MES

domingo, 16 de abril de 2017

A Senhorita Andreza e nós


por Carlos Mendes

Nem heroína, nem mártir. Apenas uma jovem nascida num bairro pobre de Belém e igual a tantas outras que passou pela vida sem que a vida tivesse passado por ela. É fácil apontar o dedo falsamente moralista e dizer que ela não estudou porque não quis, que poderia ter se espelhado em alguém da vizinhança, focado em outro caminho na vida. 

Não falta quem diga também que estaria viva se não tivesse frequentado ambientes perigosos, onde as pessoas se drogam ou se reunem para praticar crimes. Andreza Ariani Castro, aos 22 anos, seguiu um caminho que poderia ter volta, mas não teve. Nessa idade, é mais fácil errar do que acertar e ela errou e pagou por isto, como dizem alguns donos da verdade, nas redes sociais. 

No Facebook, no Twitter, nos programas policialescos de rádio e de TV, a morte de Andreza é o assunto da hora. "Ela teve o que mereceu", sentenciou um desses julgadores cheio de virtudes e razões. "A senhorita Andreza levou o farelo", bradou outro moralista. Também há os que lamentam pelas duas crianças, filhas de Andreza, que agora não terão a mãe por perto, como antes já não tinham o pai, também assassinado.

Não importa se foi alguém de motocicleta, carro prata, carro cinza, carro preto, se foi milícia militar ou paramilitar, se foi "acerto de contas entre bandidos", o que importa é que a jovem da Cabanagem deixou de ser um problema, não se sabe se para a polícia, para o tráfico ou para os que comemoram a morte dela, inclusive compartilhando a fotografia com a cabeça coberta de sangue. Um sadismo escancarado.

Haverá inquérito ou investigação para saber quem matou Andreza? Parece que é pedir demais num Estado onde a impunidade de "justiceiros" mata jovens a toda hora, inocentes ou com ficha policial. Os governantes precisam dormir em paz, cercados de seguranças armados, cães de guarda e câmeras de vigilância. Isto é o bastante.

Nós, os que por omissão mantemos a inércia oficial, também corremos o risco de ser as próximas vítimas. Sem heroismo ou martírio. Aliás, nem precisamos de rótulos para virar estatística fúnebre. Afinal, já fizemos as nossas escolhas. Assim, podemos morrer de susto, de bala ou de vício, como na música de Caetano.

Pouco interessa que sejamos cidadãos "do bem", porque estudamos, temos profissão definida, a geladeira abastecida e bons amigos. Ou "do mal", porque somos iletrados, rebeldes, desempregados, com amigos "perdidos", a pele negra ou sexualidade diferente.

Somos iguais no abandono e na insegurança. Se culpados ou não por nossas escolhas, como Andreza Ariani Castro, pouco importa. Ela "pagou" pelo que fez ou deixou de fazer. 

E nós, também, devemos "pagar".
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Carlos Mendes é jornalista e editor do blog Ver-o-Fato.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Belém afunda no lixo enquanto Zenaldo curte férias em Ibiza

A imagem é de janeiro, mas retrata a realidade atual de quem vive em Belém. Foto: Ary Souza
por Helena Palmquist

As informações são desencontradas, mas tentei um resumo da ópera que vivemos atualmente na capital paraense, dirigida pelos maiores entendidos em ópera dessas paragens amazônicas. 

- É fato que a coleta de lixo está paralisada na Região Metropolitana de Belém, uma das 15 maiores do país, há 3 dias. 

- É fato também que a instalação de um aterro sanitário no município de Marituba, um dos sete da região metropolitana, provoca protestos há pelo menos dois anos e nessa semana moradores fecharam, não se sabe ao certo por quanto tempo, o acesso ao aterro. 

- As prefeituras de Belém e Ananindeua, os dois maiores municípios da metrópole, ambas administradas pelo PSDB, culpam o protesto dos moradores de Marituba pela paralisação da coleta.

- O colunista Mauro Bonna, ligado ao PMDB, disse em seu perfil no twitter que o problema é no pagamento das empresas que realizam a coleta. 

- Enquanto as versões se desencontram, outros fatos são muito preocupantes.

- Apenas Belém, todos os dias, produz 1100 toneladas de lixo domiciliar. Soma simples até para mim, são 3300 toneladas de lixo, portanto, abandonadas nesse momento pelas ruas da cidade. 

- Estamos em março, mês das maiores chuvas do inverno amazônico. Lixo acumulado nas ruas, mais chuvas torrenciais, outra soma simples: doenças.

- Mesmo que o problema se resolva amanhã, poderemos já ter que lidar nos próximos dias com consequências graves de saúde pública. Estou falando de leptospirose e demais doenças potencialmente mortais.

- Enquanto isso, o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, publicou um comunicado na internet aconselhando os moradores a estocarem o lixo em suas casas. 

- Estamos aceitando ideias para o que fazer com nossos estoques residenciais de lixo.

EXTRA: Enquanto a gente afunda no lixo, o prefeito está de férias em Ibiza, na Espanha.
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Helena Palmquist é jornalista e assessora de imprensa do Ministério Público Federal do Pará.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

A matança não para no Pará. Jatene é o grande culpado

Chacina de Belém: movimentos sociais e familiares de vítimas protestaram em 2014 pedindo justiça. Foto: Mário Quadros
Esses dias o povo de Belém viu a "maior chacina" do último período: 29 mortes, com a vítima que acaba de falecer no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência. Mortes ocorridas em menos de 24h, num movimento que sucedeu imediatamente a morte do soldado da Ronda Tática Metropolitana (ROTAM), Rafael da Silva Costa, 29 anos.

Ontem vi o triste e revoltante relato do estudante da Universidade Federal do Pará (UFPA) e militante do PSOL, Adriano Mendes, dando conta da dor pela qual passa sua família: em menos de cinco meses, ele perde seu 2° primo assassinado por criminosos que agem impunemente no estado. Quadrilhas perigososas que envolvem policiais e que comandam milícias e grupos de extermínio, principalmente na Região Metropolitana de Belém (RMB).

As chacinas, o genocídio, a matança ocorrem todos os dias. Dezenas, centenas de mortes. Gente trabalhadora, honesta, estudante. Os únicos crimes que cometeram são os de viverem na periferia, serem pobres e pretos.

Semana passada uma amiga querida me relatou com o coração partido que seu irmão, igualmente jovem, negro, trabalhador, morador do Riacho Doce, bairro do Guamá, havia sido brutalmente morto por homens encapuzados, que atiram com técnicas de quem recebeu treitamento militar e que estavam no tenebroso carro preto. Já famoso por fazer matança impunemente nos bairros pobres da capital.

O fato é que essa situação já fogiu, há muito, ao controle. O Sistema de Seguranca Pública é ineficiente. As investigações são morosas. Só para exemplificar o nível da barbárie, praticamente ninguém foi punido em decorrência da chacina de 4 de novembro de 2014, quando mais de dez pessoas foram mortas a esmo  nas horas que se seguiram ao assassinato do Cabo Pet (que estava afastado de suas funções na PM), que segundo a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias e Grupos de Extermínio no Pará da Assembleia Legislativa do Estado, tinha envolvimento com esses grupos criminosos.

O governador Simão Robson Jatene (PSDB), o secretário de estado de segurança pública, o comandante geral do estado maior da PM e o delegado deral de policícia civil são os grandes responsáveis por essa onda de crimes e violências que ocorrem na Região Metropolitana de Belém (RMB). Mas não os únicos. As corregedorias das polícias, o Ministério Público Militar e do Estado, assim como a Justiça também contribuem para esse quadro, quando a gente vê a impunidade seguir firme no Pará.

A sociedade anda apavorada com esse genocídio diário. Mas é necessário passar do medo a luta. Tomar as ruas, fazer protestos e marchar contra os responsáveis por essa matança. Não podemos ficar contando nossos mortos e sofrer com a notícia de quem foi o próximo. É preciso ir à luta!

Editado às 11h43, 01/02/2017.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Crônica de uma cidade arrasada II


Belém do Pará é uma cidade sitiada. Carro preto, carro prata. Homens encapuzados. Não adianta correr. Como dizem na quebrada, "é sal colorau". Expressão para o fim. Neste caso, de vidas. Dezenas e dezenas delas. Ano passado, segundo levantamento de matéria nesta semana do jornalista Carlos Méndes para O Estado de São Paulo, no Pará foram quase duas mortes por dia. O quinto estado mais violento do país. Na matéria, o promotor de justiça militar, Armando Brasil, falou que o povo está com medo. Óbvio ululante...

O povo está com medo e revoltado. Ninguém aguenta mais tanto abandono e descaso. A segurança pública é de responsabilidade, em primeira instância, do governador Simão Jatene (PSDB). Mas isso não isenta de responsabilidade o mandatário mor do país, do presidente da República fraco e ilegítimo, Michel Temer (PMDB). Contudo, o prefeito pode contribuir (e muito!) para reduzir o índice de violência e sofrimento físico, psíquico e social da população do município. Mas éo que nem de longe se presencia em Belém, no Pará e no Brasil.

A foto acima, do sofá e do lixo, fiz hoje de manhã na Conselheiro Furtado com Guerra Passos. É mais uma prova da violência a que o povo de Belém está submetido. Cotidianamente. 
Um sofá ainda em aparente bom estado. Quantas histórias guardaria? Não foi parar a toa ali. Quem deixaria ele quase no meio de uma avenida da capital? 

Acertou quem disse a chuva. Mas a chuva só não explica. A chuva sempre caiu. Como é comum a gente ver os mais velhos dizerem: "aqui não enchia". E se enche é porque tem um responsável. Ou vários. O povo e a chuva são vítimas.

Zenado Coutinho (PSDB), prefeito de Belém,  violenta a população quando faz propaganda eleitoral enganosa, um verdadeiro estelionato eleitoral. Violenta quando tem pedido definitivo de cassação de seu mandato por parte do Ministério Público Eleitoral do Estado. Violenta quando deixa de manter as coletas regulares de lixo, quando não oferece formas sustentáveis de coleta e destinação adequada dos resíduos sólidos. 
Zenaldo, Jatene, Temer, violentam o povo de todas as formas. 

Poderia ser a foto de um presídio tomado pelas facções. Poderia ser a imagem de mais um corpo estendido. Mas é de um sofá e seus amigos entulgos. Um sofá que deveria estar descansando o corpo de algum trabalhador. Que recebeu visitas. De tantas histórias para contar. Quem sabe? Hoje é mais um grande candidato a ser casa de parasitas. Ou, de repente, pega carona na próxima enxurrada até o canal mais próximo. De repente rola entupir o esgoto. Ser parte decadente de mais caos e violência para o povo.

Povo esse que não deve ficar assitindo a banda e o sofá passando, o carro preto e prata mantando, a polícia comandando milícia e o político desviando dinheiro público da saúde, educação, saneamento e segurança. As eleições passadas, com o inédito e surpreendente número de abstenções, votos nulos e brancos em todo o país, são a expressão do descontentamento dos brasileiros. 

Eles já cansaram desse velho Regime Político. As Jornadas de Junho de 2013 estão na história para corroborar com isso.
É a cara de um povo que aos poucos descobre que, como diria Fagner, "Pra ser feliz no lugar / Pra sorrir e cantar / Tanta coisa a gente inventama / Mas o dia que a poesia se arrebenta / É que as pedras vão rolar". 
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Editado às 22h25 de 25/01/2017.

Crônica de uma cidade arrasada

Postei o texto abaixo hoje cedo no facebook. Em seguida três pessoas comentaram. Inclusive o estudante de letras da UEPA, Eduardo Protázio, que colocou uma estrofe de um poema de Milton Nascimento. Canção do Clube da Esquina. Uma bela resposta para conseguirmos uma saída para os graves problemas que a gente enfrenta na Região Metropolitana de Belém, bem como em todo o país. 

Choveu, choveu. A esquina encheu. A rua encheu. As baratas e os ratos saíram de galera dos esgotos. Com eles a leptospirose, febre tifóide, rota vírus e tudo quanto é doença do trópico úmido subdesenvolvido.
A água empossada e o lixo que abunda pela cidade são o prato cheio para a barbárie da febre amarela (que volta forte matando pelo país) e para a dengue, chikungunya e zika vírus.
Com uma cidade desgovernada, com um prefeito cassado e ilegítimo, sob o qual pairam denúncias graves de improbidade administrativa e de crime de responsabilidade, não temos como esperar melhores dias para os belenenses. A não ser que a gente faça muito protesto e tome as ruas da capital para exigir mudanças e melhorias urgentes.

"E o rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio-fio
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente, gente
Gente, gente, gente, gente, gente..."

domingo, 22 de janeiro de 2017

Belém registra nova chacina

No mínimo 30 execuções da tarde de sexta a manhã de sábado (21). Tudo após um PM ser lamentavelmente morto por bandidos.
A resposta a morte do soldado foi uma carnificina nos bairros de Belém.

Segundo os jornais, chacina comandada por milícias, que contam com a participação de policiais.

A resposnsabilidade dessa barbárie é do governador do estado Simão Jatene (PSDB) e do presidente ilegítimo Michel Temer (PMDB).
Basta de mortes do povo pobre e de nossa juventude negra!

A legalização das drogas e a desmilitarização da PM são os caminhos para se por fim aos tenebrosos eventos que marcam o sistema penitenciário brasileiro e o genocídio diário de nossa população.
#BastaDeChacinas
#QueremosNossosJovensVivos

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Belém amanhece com protesto contra o aumento

Vai ter protesto nesta sexta-feira, 20/01, contra o absurdo aumento da passagem de ônibus Belém.
Confira no vídeo gravado em um coletivo, o recado de Samia, estudante secundarista e militande do Coletivo Vamos à Luta e da Corrente Socialista dos Trabalhadores/PSOL.


quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Zenaldo envolvido em mais uma denúncia de crime eleitoral

Na última terça-feira, 03/01, a Prefeitura Municipal de Belém (PMB), através do prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho/PSDB e, segundo o deputado federal Edmilson Rodrigues/PSOL, seu irmão Guto Coutinho, exoneraram de uma vez só mais de mil pessoas dos quadros da prefeitura. Todos ocupavam o chamado DAS (cargo de livre nomeação/exoneração). 

Segundo o parlamentar do PSOL, a decisão do prefeito "Não foi para poupar recursos públicos". Edmilson fez um comentário em uma postagem no Facebook do jornalista Carlos Mendes acerca dessas exonerações. Ele relata que questionou uma dirigente do PSDB acerca do fato. De acordo com Rodrigues, a explicação da tucana foi assim: "os partidos da base de apoio e os políticos com mandato que apoiaram o prefeito ainda cassado, mais os vereadores que passarão ou estão na bancada governista estão fazendo uma pressão muito grande por secretarias ou cargos na prefeitura. Alguns, inclusive, chantageando com ameaça de ir para a oposição se não tiverem seus pleitos atendidos". 

Ou seja, seria mais um caso de troca de favores e do já manjado toma lá, dá cá. Em troca de apoio, prefeituras, governos e parlamentares conseguem empregos temporários ou distribuem benefícios como o Cheque Moradia (estadual e municipal) para cabos eleitorais. O fato é que o pleito passou e rearranjos necessitam ser tomados, como bem expôs Rodrigues em seu comentário. Segundo ele, "ninguém reconhece que já tem seus apadrinhados na estrutura da prefeitura. Por isso, o prefeito Guto, digo Zenaldo decidiu exonerar a fim de que apareçam os "pais das crianças" e ele possa fatiar a prefeitura entre os que não têm ou não querem manter seus traquinos nos antigos cargos." 

A coisa é muito grave e demonstra a podridão do nosso sistema político. Talvez por isso, a maioria da população tenha se abstido, votado nulo ou branco no último pleito eleitoral. As pessoas já estão enojadas com tanta podridão e não se sentem mais representadas por esses velhos políticos. 

Fica simples perceber porque tanto o governo do estado, como prefeituras e demais órgãos da administração direta e indireta não fazem concursos públicos. A justificativa deles é de que não há recursos para a realização do certame, mas só neste início de ano vários órgãos do estado, como a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) e a Universidade do Estado do Pará (UEPA) abriram Processo Seletivo Simplificado de Contratação Temporária para centenas de cargos. 

Um verdadeiro crime contra a moralidade pública, contra o erário do estado e a dignidade das pessoas, as quais são obrigadas a se sujeitar a uma relação clientelista, paternalista, coronelista, conservadora e de trabalho precarizado. Como é o caso dos recentes distratados da PMB. Edmilson Rodrigues diz ainda que “Muitos, certamente, não retornarão aos cargos, apesar do bronzeamento e das muitas roupas molhadas pelas chuvas durante a campanha, quando lhes era afirmado que os que não fossem fazer bandeiradas nas ruas seriam exonerados”. 

Profissão perigo

Dentre os exonerados da Prefeitura Municipal de Belém, fato curioso e surpreendente: aparece na lista (abaixo) o nome da atriz Marília Carla Araújo (foto). A mesma que aparecia na propaganda de rádio e TV de Zenaldo nas eleições de 2016, que falava com jeitão paraense e geralmente atacava o principal adversário do tucano. Isso tudo segundo denúncias que estão rolando nas redes sociais. 

Caso se confirme o fato, trata-se de flagrante crime eleitoral, o que exige do Ministério Público Eleitoral do Estado uma resposta contundente. Esperamos que a justiça eleitoral e o próprio MPE in vestigue essa farra com recursos públicos, ponha um ponto final nessas contratações imorais através de processo seletivo e se exija concurso público para acabar de uma vez por todas com essa farra e o clientelismo imperante na nossa política.
Crime eleitoral? Nas redes e WhatsApp a lista corre solta.

Marília Carla Araújo aparece entre os exonerados da PMB.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Lixo e sujeira: a cara de uma cidade (des)governada por Zenaldo Coutinho/PSDB



Hoje tomou posse para mais 4 anos de mandato, o prefeito reeleito de Belém do Pará, Zenaldo Coutinho (PSDB).

A foto escolhida para representar este dia não foi da solenidade pompoza, onde também tomou posse o vice, ex vereador Orlando Reis (PTB). Preferimos uma esquina que não é excessão e sim regra geral.

De todos os cantos da capital paraense, principalmente da periferia, nos chegam relatos, imagens e notícias do abandono pelo qual passa a cidade. Desde o segundo turno das eleições passadas que não se vê a cara de uma equipe da Secretaria de Saneamento Municipal (SESAN) ou das empresas prestadoras de serviços de limpeza urbana. Eis o caso da esquina da rua Francisco Monteiro com avenida Conselheiro Furtado (foto) no bairro do Guamá.

Morador do bairro há quase 15 anos, o senhor Mario Lobato (74 anos) já não aguenta mais esperar pela prefeitura. "Tive que empurrar o lixo com um pau mais pra cima, para poder liberar a valeta para a passagem da água", desabafou o aposentado. Segundo ele, nos dias que antecederam as eleições municipais de 2016, haviam garis e trabalhadores limpando, capinando e pintando até o meio fio. "Fato inédito por estas bandas", reclamou.

Com medo de que as águas da chuva, que já alagam "a Teófilo Condurú e a Gentil [Bittencout], também invada a minha casa", seu Mario improvisou uma ferramenta, limpou a boca de lobo e tirou terra acumulada das valetas.
Revoltado, ele diz "que esse é o resultado de uma cidade governada por um prefeito acusado e condenado pelo abuso do poder econômico e pela compra de voto. Duas vezes".

Vergonhoso.

O Além da Frase tentou contato com a SESAN, mas não obtivemos sucesso.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Caixa dois: Zenaldo Coutinho está na Lava Jato

Honoráveis bandidos do PSDB: senadores Flexa Ribeiro, Aécio Neves e o prefeito Zenaldo Coutinho. 
O nome do prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho (PSDB), aparece envolvido em esquema fraudulento de financiamento de campanha em 2012. A denúncia foi feita dia 17 de outubro de 2014 pelo jornalista Paulo Henrique Amorim em seu site Conversa Afiada. O mesmo a encaminhou na época ao Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ministro Dias Toffoli, com a seguinte pergunta: "se for verdade, que Democracia e que eleições são essas?".

A denúncia é extensa e o esquema teve origem no governo de Minas Gerais. O provável operador era o Secretário de Estado de Governo, Danilo Costa, o qual enviou os documentos aqui publicados para o senador Aécio Neves (PSDB), o qual teria se encarregado da partilha do milionário recurso aos seus correligionários, dentre eles o prefeito Zenaldo.

O fato é que até hoje nem o ex presidente do TSE e tampouco o Ministério Público do Estado do Pará e Ministério Público Federal responderam acerca dessas graves denúncias. Elas precisam ser apuradas de forma enérgica. Principalmente porque Belém, o estado e o país vivem uma profunda crise política e econômica, as quais resultam das administrações e ações corruptas desses governantes. 

O esquecimento é o que alimenta, muitas das vezes, a impunidade. O blog Além da Frase está atento a esses desmandos e aberto a sociedade para impulsionar suas demandas. Seguiremos cobrando de forma enérgica a punição e a saída de todos os corruptos, tenham foro privilegiado ou não! Pois lugar de bandido é na cadeia!

Acompanhem abaixo a matéria completa e os documentos comprobatórios do esquema de caixa dois.

Foi assim que Aécio levantou R$ 166 milhões para 2012-2014?


Conversa Afiada tem a informação de que o promotor Morato Fonseca encaminhou a documentação à Procuradoria Geral da República, já que entre os suspeitos estão políticos com direito a foro privilegiado.

No documento, onde se lê “consórcio” é possível entender que dele façam parte operações à margem da legislação eleitoral.

O arquivo teria sido enviado ao candidato a Presidente Aécio Neves (PSDB), em 4 de setembro de 2012, por Danilo de Castro, à época Secretário de Estado de Governo de Minas e possível operador do esquema. Nessas eleições, Castro coordenou a campanha de Pimenta da Veiga (PSDB) ao Governo de Minas.

A movimentação financeira teria beneficiado partidos e políticos - principalmente prefeitos e vereadores – nas eleições de 2012. Entre eles, o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que faleceu este ano em acidente de avião. Teriam sido destinados R$ 2 milhões e 500 mil a Campos, conforme teria determinado Aécio Neves, como mostra o documento, o que mostra uma suposta ligação entre ambos há, pelos menos, dois anos.

Ao todo, 19 siglas teriam o caixa abastecido com o esquema, como PSDB, PSB, DEM, PPS, PSD, PV, PP, PRB. Entre os políticos citados, estão José Serra (PSDB), então candidato a prefeito em São Paulo, que teria recebido R$ 3 milhões e 600 mil, o prefeito de Belo Horizonte (MG), Marcio Lacerda (PSB), R$ 7 milhões, Arthur Virgilio (PSDB), prefeito de Manaus (AM), R$ 600 mil, Geraldo Julio (PSB), prefeito de Recife (PE) R$ 550 mil e o senador José Agripino Maia (DEM), R$ 2 milhões e 300 mil “por intermédio” do deputado Gustavo Correia (DEM-MG), de acordo com o documento.

Os recursos podem ter saído de mais de 150 empresas dos mais diversos setores, como alimentação, construção civil, bancos, associações e sindicatos. Algumas foram citadas recentemente pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em seu depoimento à Justiça Federal: Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão e Camargo Correa.

Chamam a atenção supostas doações de grupos como Conselho Federal de Medicina, que se envolveu na polêmica do programa Mais Médicos, que teria cedido R$ 40 mil, Federação Mineira dos Hospitais R$ 45 mil, Federação das Santas Casas de MG com R$ 100 mil, Associação Espírita o Consolador com R$ 160 mil, Associação dos cuidadores de idosos de MG, com R$ 200 mil, UGT (União Geral dos Trabalhadores) R$ 50 mil e Sindicato dos ferroviários R$ 55 mil. Além de bancos como o BMG, BGT Pactual, Santander, Itaú e Mercantil do Brasil.

Outras que aparecem são empresas ligadas a governos, como a CEMIG, companhia de energia de Minas, que teria doado R$ 6 milhões, a CODEMIG (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais) R$ 3 milhões e a Fundep (Fundação de desenvolvimento da Pesquisa) instituição que realiza a gestão de projetos de ensino, pesquisa e extensão da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

Alguns dos doadores já são denunciados por participar de esquemas polêmicos. Um deles é o dono da Stillus Alimentação Ldta, Alvimar Perrela, ex-presidente do Cruzeiro e irmão do deputado Zezé Perrela. Segundo matéria de O Globo, "ele é acusado de liderar um esquema de fraudes que o fez vencedor em 32 licitações com o governo de Minas para o fornecimento de quentinhas para presídios do estado. No período de janeiro de 2009 a agosto de 2011, o grupo de empresas ligadas a Stillus Alimentação recebeu cerca R$ 80 milhões em contratos firmados com a Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas".
Construtora Cowan, uma das responsáveis pela construção do viaduto que caiu em Belo Horizonte, de acordo com os documentos, teria cedido ao esquema R$ 650 mil.

Consta ainda a quantia de R$ 36 milhões e 800 mil que teria vindo de “outras fontes”, não esclarecidas.

O dinheiro arrecado teria irrigado, principalmente, as campanhas de PSDB, DEM e PSB.
Abaixo, o documento na íntegra:
Zena Zenaldo aqui!












Em tempo: membros da oposição na Assembleia Legislativa de Minas chegaram a convocar uma coletiva para divulgar esse documento. Mas cancelaram, sobretudo, porque ele menciona  nomes que fazem parte de um grupo que pode vir a apoiar o Governo de Fernando Pimentel.
Em tempo2: Na ilustração do alto, o amigo navegante pode observar que o documento com o timbre do 7o ofício de notas de Belo Horizonte, situado à Rua dos Goytacases, número 43, centro,  datado de 04/09/2012, teve a assinatura de Danilo de Castro reconhecida no dia 02/10/2012, pelo escrevente Gustavo Correia Eunapio Borges no 7o ofício de notas de Belo Horizonte.

Filiado ao PSDB-MG, foi Secretário de Estado do Governo de Minas Gerais e Deputado Federal, eleito por três vezes consecutivas.

Em tempo3: O Conversa Afiada encaminhou este post ao Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ministro Dias Toffoli, com a pergunta: se for verdade, que Democracia e que eleições são essas?

Em tempo4: atento amigo navegante liga para observar que à cidade de Cláudio teriam sido destinados R$ 300 mil , possivelmente ao Titio, e, talvez, antes de ele manter a guarda da chave do aeroporto....

Paulo Henrique Amorim com Alisson Matos.

terça-feira, 8 de março de 2016

Incêndio no Colégio Universo: tragédia anunciada


O que se viveu hoje no Colégio Universo "Kids" em Belém do Pará é a expressão do que melhor a ganância capitalista produz: destruição e tragédia.

Por volta das 09h da manhã desta terça-feira, 08 de março, Dia Internacional da Mulher, pais e responsáveis chegavam desesperados de todos as partes da Região Metropolitana de Belém para apanhar seus filhos. Um incêndio de grandes proporções, conforme comprova o vídeo conseguido pelo blog, atingiu a cantina da escola.

Ao ver o desespero das crianças e adolescentes no vídeo, a gente tem ideia da gravidade do sinistro e mais, do tamanho da irresponsabilidade e crimes cometidos pelos mantenedores do Colégio Universo. 

1) Crianças e adolescentes do ensino fundamental, bem como os funcionários, correm apavorados e aos berros por todos os pátios e dependências da escola na tentativa de fugir das imensas labaredas. A falta de qualquer preparo da equipe de funcionários é evidente.

2) As crianças do pré escolar e da creche, assim como seus professores, na impossibilidade e na ausência de saídas de emergências, foram obrigados a recorrer a um portão (que estava fechado) que fica por trás da escola e dá acesso à Igreja Presbiteriana. Felizmente um funcionário da Igreja, ao ouvir gritos de socorro e choro de crianças, correu para ver o que era e prontamente abriu o portão.

Uma mãe nos informou que a escola precariza muito as condições de trabalho dos funcionários e que explora sobremaneira seus professores. Uma sala de aula tem dezenas de crianaças e apenas dois profissionais. Encontramos na porta da escola um professor chorando ao entregar um aluno para sua mãe. Chorava porque ficou desesperado ao ver muitas crianças em condição de vulnerabilidade e poucos profissionais para orientá-los, ajudá-los e protegê-los.

Tragédia anunciada

Enviado pelo WhatsApp/DOL
Essa não foi a primeira vez que isso aconteceu. Segundo pais, professores e responsáveis ouvidos pelo blog, ano passado a tragédia poderia ter sido maior, na ocasião em que toda a escola ficou impregnada de gás butano que vazava da mesma cantina que hoje fora consumida pelo fogo.

Segundo um professor, que por motivos óbvios vamos preservar a identidade, "a escola nunca criou um plano de contenção ou de evacuação da escola em caso de tragédias como essa". Na escola, que têm centenas de alunos de diversas séries da educação básica e ensino fundamental, não existem bombeiros civis e até hoje nenhum funcionário fora treinado em caso de sinistros como o ocorrido.

Nas imagens (que tem a duração de pouco mais de um minuto), que são revoltantes e fortes, fica claro que, se haviam equipamentos para fazer o combate das chamas, nenhuma extintor fora usado. Na verdade o que se vê é o desespero humano que faz a gente lembrar imediamente do bárbaro incêndio que vitimou quase trezentos jovens na boate Kiss, em Santa Maria, interior do Rio Grande do Sul.

Relação promíscua, sede de lucro, morte

O ano passado assistimos estupefatos as tenebrosas cenas de pacientes sendo retirados em macas pelas janelas do maior  Hospital de Pronto Socorro Municipal da região Norte do país, o PSM Mário Pinotti, em decorrência de um  incêndio, que também era uma tragédia anunciada.

O prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) tinha conhecimento das péssimas condições de infraestrutura e segurança do prédio do PSM. Inclusive, em virtude de denúncias feitas pela Associação dos Servidores da Saúde do Município de Belém (ASSESMUB), o Ministério Público Federal, através de uma de suas promotorias, havia feito Termo de Ajustamento de Conduta obrigando a Prefeitura de Belém a promover reformas e garantir condições mínimas que impedissem que um sinistro se precipitasse ali.

Ciente dos problemas e em vez de resolvê-los, Zenaldo Coutinho fraudou junto a três bombeiros militares uma inspeção do PSM e liberaram o uso do espaço de forma irresponsável. Por conta do incêndio, das 3 mortes e das fraudes, Zenaldo e os militares respondem criminalmente na Justiça (civil e Militar).

Novamente um incêndio acomete um estabelecimento que já mativera próximas relações com o tucanato paraense. O ano passado, foi necessário o Ministério Público do Estado agir para impedir que o governador Simão Jatene (PSDB), através da Secretaria de Estado de Educação (SEDUC), contratasse o Grupo Universo para a oferta de aulas de reforço para alunos das escolas públicas. Essa nada idônea atividade levaria dos cofres públicos a estratosférica soma de cerca de R$ 15 milhões de reais.

Como o lucro é o que define as atitudes/ações do empresário da educação, a ética, o denodo, o zelo e o respeito para com a coisa pública e para com a vida das pessoas ficam em segundo e terceiro planos.

Omissão e crime

 O Além da Frase esteve na escola e um funcionário da equipe técnico-pedagógica nos informou que um Boletim de Ocorrência foi feito e que uma equipe do Corpo de Bombeiros Militares do Pará se encontra no estabelecimento fazendo perícia das dependências da escola que foram consumidas pelo incêndio. As aulas foram suspensas por tempo indeterminado ou até que se conclua a reforma do espaço e se tenha uma resposta das autoridades.

Acreditamos que pais e responsáveis exijam todos os esclarecimentos possíveis, realizem assembleias, mas acima de tudo cobrem na justiça a criminalização dos diretores (donos) do Grupo Universo, que desde o ano passado, sabedores do vazamento de gás butano na cantina que hoje ardeu em chamas, nada ou pouco fizeram para evitar que esse terror se abatesse sobre a vida de familiares e alunos que viveram um terrível trauma.

Das autoridades, esperamos rigor nas apurações, mas que acima de tudo o Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e demais órgãos competentes façam seus trabalhos e um verdadeiro mutirão de averiguação das condições de segurança dos estabelecimentos de ensino ou não de todo o estado, sejam eles, públicos ou particulares. Só assim, as famílias terão tranquilidade e as pessoas poderão desenvolver seus ofícios sem o medo de uma tragédia desse porte.

CUIDADOS

Toda a atenção dos pais e responsáveis nesse momento é fundamental. Como se vê das imagens, o incêndio produziu muita fumaça, e certamente, com a queima de produtos tóxicos. A fumaça é altamente nociva para o corpo humano. Nas crianças pode produzir efeitos devastadores.

As autoridades médicas indicam que em casos como esse, que se redobre os cuidados e a atenção junto às vítimas, pois os problemas advindos da inalação da fumaça só se manifestam em cerca de 2 a 3 dias depois.