quarta-feira, 28 de abril de 2010

Internacionais - A luta na América Latina e o mundo não param

Os propagandistas da mentira e os governos mantenedores da situação de caos e crise para a maioria da população na terra, não conseguem conter a força da realidade: muita luta ocorrendo contra esses governos do capital e da morte. Só a luta poderá libertar os povos de suas condições de semi colônia.
E nada melhor para aprender o espanhol, do que exercitá-lo conhecendo a fúria da classe contra nossos algozes. Tudo postado no excelente la clase.info.
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Por: Prensa C-CURA
Basta de asesinatos y de impunidad
Orlando Chirino, dirigente nacional de la Corriente Clasista, Unitaria, Revolucionaria y Autónoma (CCURA), deploró este lunes en la mañana, el asesinato del dirigente sindical de Manpa (higiénico) Jerry Díaz, sucedido en Maracay. "Nos han asesinado a otro valioso dirigente sindical combativo, revolucionario y clasista. Ya son siete los compañeros que han caído bajo la modalidad del asesinato por encargo durante los últimos cuatro años y esta es la hora que ninguno de los responsables materiales e intelectuales está pagando por estos horrendos crímenes", dijo Chirino al ser consultado por varios medios noticiosos que le entrevistaron telefónicamente para conocer del hecho.
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No se entiende que un país que dice practica el socialismo se asesine a los dirigentes obreros
Por: Dirigentes sindicales colombianos
Como dirigentes y activistas sindicales y sociales, desde Colombia enviamos nuestra solidaridad a los hermanos obreros de la República Bolivariana de Venezuela. No se entiende cómo en un país que dice practicar el socialismo se están dando estas prácticas asesinas contra los obreros que se atreven a defender los intereses de sus bases. En Colombia, que sabemos cómo opera el sicariato y al servicio de quién, exigimos del gobierno chavista el desmantelamiento de las bandas emergentes de sicarios y castigo a los responsables de dichos asesinatos.
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Por: Cedla
La Paz, 20 de abril de 2010.- Los trabajadores denuncian que los derechos colectivos, conquistados y reconocidos en la Ley General de Trabajo (LGT) como la libre sindicalización y el derecho a la hue
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Avanza la clase obrera griega en el combate contra el ajuste

Por: Kaosenlared.net
La huelga de 48 horas que convocó el Frente Militante de Todos los Trabajadores (PAME) fue una escalada importante de la lucha de la clase obrera, de los sectores populares pobres y de la juventud. Se realizaron multitudinarias concentraciones en 69 ciudades de Grecia que contaron con la participación de decenas de miles de trabajadores y empleados, del sector privado y público, que respondieron a la convocatoria de PAME, es decir del frente de sindicatos, federaciones, Centrales de Trabajo y sindicalistas de orientación de clase en todo el país.
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Por: Agencias La clase trabajadora no acepta el ajuste contra el pueblo Los sindicatos griegos del sector privado (Gsee) y público (Adedy) convocaron a una huelga general contra las medidas de austeridad para el 5 de mayo próximo, dijeron a ANSA fuentes gremiales, mientras la Bolsa de Atenas caía 6% y el gobierno no excluyó un déficit del 14% del Producto Bruto Interno (PBI).
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EEUU: Miles de personas resisten ley antiinmigrantes en Arizona

Por: Agencias
Miles de personas resisten en Arizona el nuevo intento “legal” de criminalizar inmigrantes
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Contra el alza de precios
Una huelga general convocada por varios partidos de izquierda en protesta contra el alza de los precios de los alimentos y el combustible, mantiene hoy paralizada a gran parte de India.
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Este domingo 25 fue asesinado Jerry Díaz, dirigente sindical de la empresa Manpa (sector higiénico), en Maracay. El compañero formaba parte de la Junta Directiva sindical, quien a su vez era parte de la (UNETE) -Unión Nacional de Trabajadores del Estado Aragua-, promotores de la Corriente Clasista , Unitaria, Revolucionaria y Autónoma (C-CURA).
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Por: Prensa Izquierda Socialista/Laclase.info

Este miércoles, 28 de abril

Dirigentes políticos de izquierda se harán presente mañana miércoles ante la embajada de Venezuela en Argentina, a fin de entregar un petitorio reclamando el esclarecimiento del asesinato del dirigente sindical combativo Jerry Díaz, de la empresa Manpa (sector higiénico), así como castigo para los autores materiales e intelectuales del crimen. Díaz formaba parte de la Junta Directiva sindical, quien a su vez era parte de la (UNETE) -Unión Nacional de Trabajadores del Estado Aragua, y de la corriente CCURA.
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Freedom Socialist Party condena asesinato de dirigente obrero de Aragua Por: Laclase.info
Mediante un correo electrónico enviado a nuestra redacción, Guerry Hodersen, a nombre del partido Freedom Socialist Party de los EEUU, ha enviado su adhesión a la campaña de denuncia y exigencia de justicia ante el asesinato del dirigente sindical Jerry Díaz, de la empresa MANPA en Maracay.
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Por: Comité Obrero de Nicaragua

Estos crímenes continuados contra luchadores obreros están en la tónica del capitalismo tanto chavista como de las otras facciones burguesas que existen en Venezuela.
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Por: Agencias/ Laclase.info


Decenas de miles de personas se manifestaron en Madrid y en otras muchas ciudades de España contra la impunidad del franquismo, y en respuesta a la causa abierta por prevaricación contra el juez Baltasar Garzón, quien ha intentado reabrir expedientes pendientes por violaciones a los derechos humanos durante la dictadura fascista.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Twittadas sobre pouco mais de quinhentos anos

alemdafrase
Uma nova Independência do Brasil é urgente e necessária. O povo precisa ser libertado da moderna escravatura. Só a luta pode mudar a vida...

alemdafrase
Nossas riquezas continuam sendo saqueadas. Só os anos que passaram, mas a lógica perversa permanece a mesma: uma minoria concentra la plata.

alemdafrase
Frei João Daniel, no séc. XVIII já chamava a atenção para a infinitude de riquezas e potenciais desse "Império Verde". No Pará sossobramos..

alemdafrase
Mais de quinhentos anos nessa putaria. Chega! Chega de ser colônia. Aqui no PA a coisa é mais vergonhosa. A Amazônia há séculos é sugada...

alemdafrase
O Lula, obviamente que é o grande arquiteto dessa bandalheira infernal. E o Brasil completa quantos anos de invasão, hj, 22/04?
alemdafrase
A justiça vendida e corrupta desse país, libertou criminosamente Arruda e seus sócios, liberou o leilão de Belo Monte e não pune corruptos!
alemdafrase
O PSOL vem com Plínio, para desmascar a falsa polarização PT/PMDB X PSDB/DEM/PPS. Esses e a Marina (PV) são farinha podre do mesmo saco!
alemdafrase
O único candidato com moral nessas eleições é Plínio Arruda Sampaio. Por que a Globo, a Veja, a Bandeirantes, o SBT, a Folha etc. escondem isso?!
alemdafrase
Esse país é uma avacalhação geral: a mídia burguesa só fala de Dilma e Serra. A campanha há muito tá rolando criminosamente. Cadê a Justiça?

terça-feira, 20 de abril de 2010

Leilão de Belo Monte termina, mas nova liminar contrária é concedida pela Justiça do Pará

Demétrio Weber, Gustavo Paul, Mônica Tavares e Flávia Barbosa, com agências
BRASÍLIA - Em pouco menos de dez minutos, terminou o leilão da usina hidrelétrica de Belo Monte, que teve início às 13h20.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que o leilão foi encerrado na primeira fase nesta terça-feira, com uma diferença entre as ofertas dos dois consórcios participantes de mais de 5%. Caso a diferença de preço entre os lances fosse inferior a 5%, o leilão teria mais de uma fase.

Mas a Justiça Federal do Pará, em Altamira, concedeu nova liminar suspendendo o leilão. Apesar de ele já ter sido realizado, a assessoria do Ministério Público Federal no Pará informa que estarão suspensos os efeitos da licitação quando a notificação for feita.Trata-se da terceira liminar em seis dias decidida pelo juiz federal Antonio Carlos Almeida Campelo.

No entanto, a Advocacia-Geral da União (AGU) informou que já recorreu à presidência do Tribunal Regional Federal da 1a Região (TRF-1) contra esta terceira liminar. Para evitar um confronto com a Justiça, que poderá se sentir afrontada, a AGU decidiu mudar de estratégia e segurar a divulgação do resultado oficial do leilão da hidrelétrica de Belo Monte.

Por meio de comunicado da Comissão Especial de Licitação, a Aneel anunciou que a divulgação do resultado do leilão de Belo Monte e os atos subsequentes estão suspensos por causa da decisão de liminar concedida pela Justiça de Altamira, no Pará.

Os defensores da União informaram que o efeito prático da liminar - uma vez que a licitação já foi realizada - será suspender a homologação do resultado do certame.

No entanto, isso não representa um grande revés para a licitação porque a homologação do resultado está prevista apenas para o dia 1º de julho. Normalmente, existe um bom intervalo de tempo entre a data do leilão e a de confirmação final do resultado, prazo no qual são conferidos os documentos e depositadas as garantias do empreendimento, bem como fechada a formatação final dos sócios.

A expectativa da AGU é que até lá a liminar terá sido cassada, como as duas anteriores. Uma quarta ação civil pública ainda está para ser julgada em Altamira e pode render uma quarta liminar. A defesa da União está preparada para recorrer imediatamente se este cenário se confirmar.

Ação questiona diferença entre tamanhos dos reservatórios

A ação foi impetrada pelas organizações não governamentais (ONGs) Amigos da Terra Brasil e Associação de Defesa Etnoambiental Canindé. O questionamento feito na ação foi diferente dos encaminhados até então. A Amigos da Terra alegou diferença entre os tamanhos dos reservatórios da hidrelétrica que constam da licença prévia (LP) concedida pelo Ibama em janeiro e do edital da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), publicado há cerca de 15 dias.

No início da tarde desta terça-feira, o presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, desembargador Jirair Aram Meguerian, cassou a liminar que impedia a sua realização.

Adams informou que há duas ações civis públicas impetradas na Justiça federal em Altamira, no Pará, com pedidos de liminares para suspender o leilão de Belo Monte, mas que ainda não foram julgadas. Ele disse que uma ação coletiva em Brasília com o mesmo objetivo teve o pedido de liminar negado.

Desde as 9h30m, a agência mobilizava imprensa e representantes dos consórcios, para que todos ficassem a postos à espera da decisão da Justiça.
Vence a disputa o grupo que ofertar o menor lance, em reais por Megawatt-hora (R$/MWh) de energia. O preço-teto foi definido pelo Ministério de Minas e Energia em R$ 83 por MWh.
O governo recorreu ontem contra a liminar concedida pelo juiz de Altamira, Antonio Carlos Almeida Campelo. Na ação, era questionada a questão do licenciamento ambiental, além disso pedia a suspensão da licença concedida pelo Ibama. O leilão foi formalmente suspenso ontem à noite pela Aneel.

Vão disputar o leilão dois consórcios: o Norte Energia formando por 9 empresas (Chesf, com 49,98%; Construtora Queiroz Galvão S/A, com 10,02%; Galvão Engenharia S/A, com 3,75%; Mendes Junior Trading Engenharia S/A, com 3,75%; Serveng-Civilsan S/A, com 3,75%; J Malucelli Construtora de Obras S/A, com 9,98%; Contern Construções e Comércio Ltda, com 3,75%; Cetenco Engenharia S/A, com 5%; Gaia Energia e Participações, com 10,02%.

O outro é o Consórcio Belo Monte Energia formado por 6 empresas, Andrade Gutierrez Participações S/A, com 12,75%; Vale S/A, com 12,75%; Neoenergia S/A, com 12,75%; Companhia Brasileira de Alumínio, com 12,75%; Furnas Centrais Elétricas S/A, com 24,5%; Eletrosul Centrais Elétricas S/A, com 24,5% .

Manifestantes protestam desde cedo em frente ao prédio da Aneel, onde deverá ser realizado o leilão. Às 5h30m, um caminhão despejou três toneladas de estrume na entrada na agência. Seis ativistas do Greenpeace se acorrentaram em frente ao prédio e na lateral, prejudicando a entrada dos funcionários.

Cerca de 350 policiais militares e 100 seguranças contratados pela agência reguladora se espalham pela área externa para evitar incidentes.

O leilão da usina hidrelétrica, que será construída no rio Xingu, no Pará, foi suspenso por uma segunda liminar concedida na segunda-feira pela Justiça do Pará.

Belo Monte: leilão de mentiras

19.04.2010
Por Telma Monteiro
  • O leilão para concessão de energia de Belo Monte foi marcado para 20 de abril, apesar de todos os impactos econômicos, ambientais e sociais que atingirão aquela região do rio Xingu e que foram apontados por especialistas, ONGs, movimentos sociais, povos indígenas e pelo próprio Ibama. Para completar, a data, um dia depois do Dia do Índio (19) e antes do feriado nacional (21) é uma escolha com um quê de desrespeito e de autoritarismo rançoso.


O Ministério Público Federal (MPF), contrariando as ameaças feitas pela Advocacia Geral da União (AGU), ajuizou, em 08 de abril, duas Ações Civis Públicas (ACPs) contra a usina de Belo Monte e conseguiu liminar em uma delas (até agora) que suspendeu o leilão e anulou a Licença Prévia (LP), mas que já foi cassada.


A Agência de Energia Elétrica (ANEEL) chegou a cancelar o leilão dizendo que obedecia à ordem judicial do juiz de Altamira que concedeu a liminar. No mesmo dia, o presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região cassou a liminar em apenas três horas. A ANEEL, então, voltou atrás, desistiu do cancelamento e manteve o leilão para o dia 20.

Nos mais de 20 anos de luta contra Belo Monte, apenas mentiras encontraram eco na opinião pública. Belo Monte geraria uma energia barata e limpa, seria a terceira maior do mundo, a vazão reduzida seria suficiente para manter a biodiversidade da Volta Grande e as terras indígenas não seriam diretamente afetadas. Essas são apenas algumas das tantas mentiras que o governo e a Eletrobrás contam e que estão demonstradas nas ações do MPF.

Os movimentos sociais e povos indígenas têm lutado contra todas as inverdades sobre Belo Monte e em defesa do rio Xingu e sua biodiversidade. Graças aos protestos em todo o Brasil e no exterior, o assunto ganhou espaço nas televisões e nos grandes jornais nacionais e internacionais.
Encarregado da defesa do projeto, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, não tem conseguido expor com clareza nenhum dos argumentos que o embasam, principalmente porque eles carecem de consistência. Tolmasquim tem sido trucidado pelos representantes das organizações e movimentos sociais nos debates que tem participado.

Outro que tem levado a pior nesses debates é o diretor de licenciamento do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Pedro Bignelli, que não consegue falar tecnicamente do projeto de Belo Monte que está sob análise de sua equipe. Aliás, equipe que através de várias notas e pareceres técnicos, apontou a inviabilidade ambiental do projeto e as lacunas insanáveis do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e de suas complementações. Um verdadeiro desastre.

O presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz Lopes, chamou Belo Monte de “hidrelétrica sazonal” e de “grande esperança do setor elétrico". Ele deveria dizer isso diretamente para a índia Tu Ira, aquela mesma que exibiu o facão diante do seu olhar “eletrizante”, quando ainda era engenheiro da Eletrobrás.

Um representante da Vale disse que não estaria nem um pouco preocupado com a liminar que suspendeu o leilão e cassou a LP. Certeza que os interesses econômicos e políticos prevalecem sobre a justiça.

Enquanto isso, não se sabe como, o governo aprovou um desconto de 75% no imposto de renda por 10 anos para o vitorioso do leilão e de última hora autorizou uma operação complicada de troca de energia entre os subsistemas para favorecer e atrair um possível-talvez-futuro-vencedor.

O Banco Brasileiro de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também entrou no esquema de ressuscitar o leilão cianótico[1], ao anunciar o financiamento de 80% das obras e 30 anos para pagar. Mamata não disponível para os comuns dos mortais.

Até o presidente Lula mandou dois recados do tipo autoritário: o leilão aconteceria com ou sem candidatos e as ONGs estrangeiras estão dando palpite em assuntos internos brasileiros!

Em vésperas do leilão-cancelado-desmarcado-retomado dois consórcios se habilitaram, um deles laçado no último minuto do dia 16 de abril, data limite para depositar o 1% de garantia, algo como R$ 190 milhões. Nove empresas, das quais duas estatais, integram esse grupo suicida formado às pressas para validar o leilão, na falta de mais candidatos dispostos a enfrentar todas as incógnitas de um projeto fadado ao fracasso e comprar a briga com os movimentos sociais e os povos indígenas do Xingu.

O mega-projeto de Belo Monte precisa ser enterrado definitivamente.

O leilão ainda pode ser suspenso ou com liminar da outra ACP do MPF ou com o acolhimento do recurso do MPF contra a decisão do tribunal.
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[1] Coloração roxo-azulada em indivíduos anêmicos graves e nos enforcados.


Fonte: http://telmadmonteiro.blogspot.com/2010/04/belo-monte-leilao-de-mentiras.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+TelmaMonteiro+%28Telma+Monteiro%29

Movimentos sociais ocupam sede da Eletronorte, em Belém

Nesta manhã (20/4) cerca de 500 agricultores, ribeirinhos e indígenas ocuparam a sede da Eletronorte, em Belém (PA).

Eles realizam um protesto contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Participam do ato o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o MST, a Via Campesina e o Comitê Metropolitano do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, entre outras organizações.

Atingidos por barragens de 10 estados também participam de protestos em várias capitais do país. Em Brasília, o MAB e demais movimentos estão protestando em frente a Agência Nacional de Energia Elétrica, local onde seria realizado o leilão, que foi suspenso novamente nesta segunda-feira (19).
Se construída, a barragem atingirá aproximadamente 24 aldeias dos povos indígenas localizados na região do Xingu.
Desde a década de 80, quando o projeto inicial da obra foi lançado pelo governo da ditadura militar, a população local vem lutando e resistindo contra esse mega-empreendimento. “Agora, não é só o Pará que luta contra Belo Monte. A sociedade entendeu que Belo Monte significa a violação da nossa soberania, enquanto nação. Significa a exploração dos nossos bens naturais pelas multinacionais. Nós não vamos mais permitir isso”, afirmou Rogério Hohn, da coordenação do MAB.

Esta luta histórica culminou em um grande ato, na semana passada em Brasília, que contou com mais de mil pessoas organizadas em movimentos sociais e entidades – além de personalidades internacionais como o cineasta James Cameron - que lutam contra a apropriação dos bens naturais da Amazônia por grandes grupos econômicos nacionais e internacionais.

Entre as empresas multinacionais interessadas na construção deste mega- empreendimento está a empresa mineradora Vale; a construtora Andrade Gutierrez, e a empresa de energia Neoenergia.
Contatos: 94 9136 2422

Em Florianópolis, Via Campesina e sindicatos protestam contra Belo Monte

Hoje (20 de abril), integrantes da Via Campesina, sindicatos de trabalhadores do setor elétrico e demais trabalhadores urbanos de Santa Catarina estarão protestando em Florianópolis contra a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que acontece em Brasília. Os manifestantes farão uma audiência pública na Assembléia Legislativa do estado e depois seguirão em marcha para um ato simbólico em frente à sede da Eletrobrás no estado.

A usina está prevista para ser construída no estado do Pará, mas militantes de movimentos sociais, indígenas e ambientalistas, além de representantes de pastorais sociais e trabalhadores urbanos farão atos de protesto em sete capitais e na capital federal. Atingidos por barragens de 10 estados estarão mobilizados.

“Podem nos perguntar o que temos em comum com os atingidos por barragens do Pará? Dizemos que todos somos afetados pelo atual setor elétrico, pois tanto aqui como lá a energia está sendo gerada para movimentar as indústrias eletrointensivas, como a indústria de alumínio, celulose, a indústria automobilística. Temos o caso da usina de Campos Novos, Barra Grande e outras usinas da bacia do rio Uruguai que fazem parte da mesma estratégia de apropriação do território pelas empresas que dominam o setor elétrico. É o que acontecerá com Belo Monte e com a usina de Garibaldi, que estão querendo construir aqui perto de nós”, disse André Sartori, da coordenação do MAB.

O Movimento dos Atingidos por Barragens, em audiência com o presidente Lula realizada em fevereiro, reforçou sua posição contaria à construção dessa barragem. “Fazer ações contra Belo Monte é fazer ações contra esse modelo e a favor da soberania do povo brasileiro. A luta contra Belo Monte não é uma luta somente de quem vai sofrer os impactos diretos na região, é um problema de toda sociedade brasileira. Por isso, este debate da energia e de Belo Monte deve ser debatido por toda a sociedade”, concluiu Sartori.

Contato: 11 3392 2660 / 49 8815 6301
Fonte: http://www.mabnacional.org.br/noticias/200410_protesto_belomonte_flpa.html

Atingidos por barragens de 10 estados protestam contra Belo Monte


As manifestações serão mantidas, mesmo com a liminar que suspende o leilão

Hoje (20/4) atingidos por barragens de 10 estados protestam contra o leilão da usina hidrelétrica de Belo Monte. Militantes de movimentos sociais, indígenas e ambientalistas, além de trabalhadores urbanos e de pastorais sociais também participam dos protestos. O leilão estava marcado para acontecer neste dia, na sede da Aneel, em Brasília, mas pela segunda vez foi suspenso por uma liminar expedida pela Justiça Federal, que afirma que a obra fere os direitos indígenas.

Manifestações contrárias à obra estão marcadas em diversas capitais, entre elas Fortaleza, Florianópolis, Porto Alegre, Porto Velho, Belo Horizonte, Belém, além de Campina Grande, na Paraíba, e em Altamira, no Pará. Atingidos por barragens de Tocantins e Goiás estarão mobilizados em Brasília. “Nos manteremos alerta em todo o país. O problema de Belo Monte é um problema nacional e internacional, fere o direito à soberania dos povos, fere a dignidade dos indígenas e ribeirinhos e fere a todos os brasileiros que pagarão a conta dessa obra. Esta liminar pode cair a qualquer momento, pois existe muita pressão para a realização do leilão. Estaremos fazendo protestos em diversas capitais para dizer que, se esse leilão acontecer, será um crime de leza-patria”, afirmou Iury Charles, da coordenação do MAB.

Na semana passada, o diretor do filme Avatar, James Cameron, esteve participando de um protesto que aconteceu na capital federal. Cameron declarou ser totalmente contra a construção de Belo Monte e apresentou inúmeros argumentos para reforçar sua posição, desde a necessidade de um novo modelo energético para o Brasil e para o mundo, como também os imensuráveis impactos socioambientais e econômicos que serão causados na região, afetando severamente as comunidades locais.

Dois consórcios se inscreveram para o leilão. Um deles tem participação da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), da Construtora Queiroz Galvão, da Galvão Engenharia e de outras seis empresas. O segundo consórcio tem a construtora Andrade Gutierrez, a Vale, a Neoenergia. Nesse grupo estão duas subsidiárias da Eletrobras: Furnas e Eletrosul.

Sobre a suspensão do leilão, em nota o MAB afirmou que “para as grandes empresas interessadas, o cancelamento da obra significaria a perda de uma oportunidade de alcançar uma enorme taxa de lucro com a venda da energia gerada por Belo Monte. Significaria também deixar de explorar os bens naturais da Amazônia, bens estes que já estão alcançando o esgotamento nos países ricos e desenvolvidos. Portanto, sabendo que as empresas não vão desistir facilmente deste mega-empreendimento, devemos continuar alertas e mobilizados contra a construção de Belo Monte e em defesa da Amazônia”.

Greenpeace e ativistas do MAB protestam contra represa na Amazônia

Ativistas do MAB protestam contra represa na Amazônia

Brasília, 20 abr (EFE).- Ativistas do Greenpeace e movimentos sociais brasileiros protestaram nesta terça-feira contra a intenção do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva de construir uma represa na Amazônia, apesar do impacto ambiental estar sendo questionado na Justiça.

Os protestos se concentram em frente à sede da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em Brasília, onde nesta terça devia ocorrer a licitação das obras da represa que até agora está suspensa por uma decisão judicial de segunda à noite.

Apesar isso, os advogados do Governo ainda tentam revogar a decisão, com o objetivo de realizar o leilão da represa de Belo Monte nesta terça mesmo e iniciar um polêmico projeto que atingirá cerca de 50 mil índios e camponeses de Altamira, município rural situado no estado do Pará. Com a intenção de impedir a realização do leilão, um grupo de ativistas do Greenpeace chegou durante a madrugada à sede da Aneel e jogou com um caminhão carregado de excrementos de cavalo, cujo conteúdo foi jogado na porta do prédio.

Além disso, cinco deles se acorrentaram aos portões da Aneel, onde pretendem permanecer para impedir a entrada de funcionários no caso de o Governo conseguir a revogação da sentença que mantém em suspenso o leilão.

Os ativistas ainda afixaram cartazes com duras críticas e divulgaram um comunicado condenando "a herança maldita que o Governo Lula deixará ao Brasil por insistir nessa obra".
A ação do Greenpeace recebeu apoio de dezenas de índios e camponeses de Altamira, que também estão concentrados no lugar, onde foi anunciada para hoje um grande protesto de movimentos sociais contrários ao projeto.

Na segunda-feira à noite, a própria Aneel anunciou a suspensão do leilão, para o qual estão inscritos dois consórcios. A represa de Belo Monte custará US$ 10,6 bilhões, e gerará em média 4.571 megawatts/hora e no pico de geração de energia será capaz de produzir 11.233 megawatts nos períodos de cheia do rio Xingu, um dos principais afluentes do Amazonas.

Sua construção deve inundar cerca de 500 quilômetros de floresta amazônica, o que gerou duras críticas de grupos ambientalistas, índios, camponeses e até entre estrelas de Hollywood (Los Angeles, EUA), como o cineasta canadense James Cameron, diretor de "Avatar".
Na semana passada, Cameron, junto dos atores americanos Sigourney Weaver e Joel David Moore, dois dos protagonistas do filme, participaram de um protesto realizado por índios e camponeses em frente à sede da Aneel, em Brasília.

Conforme o Governo, Belo Monte é uma obra chave para assegurar o abastecimento de energia elétrica e atender a demanda crescente na próxima década. No entanto, até o próprio Ministério Público Federal denunciou o projeto diante da Justiça, por considerar que "colocará em risco a subsistência" de milhares de índios e camponeses, e porque viola normas constitucionais que regulam o desenvolvimento em terras indígenas.

Belo Monte: um crime contra os POVOS e contra a NATUREZA

O governo Lula pretende realizar o leilão para construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no estado do Pará.
Para saber a posição dos movimentos sociais a respeito desse tema, o Jornal Combate Socialista conversou com Dion Monteiro, um dos articuladores do Comitê Metropolitano do Movimento Xingu Vivo para Sempre, com sede em Belém. O companheiro destinou parte de seu tempo, tomado por atividades contra a construção da Usina, para responder nossas perguntas. A entrevista foi publicada parcialmente no jornal Combate Socialista por razões de espaço. Agora, aqui em nossa página, disponibilizamos a versão na íntegra.

COMBATE SOCIALISTA: Quais os impactos soiais e ambientais da Usina Hidrelétrica de Belo Monte?
Dion Monteiro:
São diversos os impactos, porém 02 chamam mais atenção, o primeiro deles refere-se à estimativa feita pelo governo federal de que aproximadamente 100 mil pessoas migrarão para a região, principalmente para a cidade de Altamira. Alguns especialistas falam que este número será de no mínimo 150 mil pessoas. A Eletrobrás observa no EIA/RIMA que 18 mil empregos diretos serão gerados no pico da obra, durante 02 anos (entre o 3º e o 4º ano), e 23 mil empregos indiretos serão obtidos, totalizando 41 mil postos de trabalho, ou seja, nas contas do próprio governo aproximadamente 60 mil pessoas que migrarão não terão emprego em nenhum momento. A obra está prevista para durar 10 anos. No final da construção a quantidade de empregos estimados é de apenas 700 diretos e 2.700 indiretos. O EIA/RIMA avalia que 32 mil migrantes deverão ficar na região após o termino da obra.
A outra situação refere-se a construção da barragem principal da usina de Belo Monte, pois com esse barramento, uma área de aproximadamente 100 Km da chamada Volta Grande do Xingu terá a sua vazão de água reduzida, ficando apenas em torno de 30% do que ocorre hoje. O parecer técnico nº114/2009, assinado por 06 analistas ambientais do IBAMA, e um dos documentos base para a emissão da Licença Prévia foi categórico em afirmar que “o estudo sobre o hidrograma de consenso não apresenta informações que concluam acerca da manutenção da biodiversidade, a navegabilidade e as condições de vida das populações do TVR [Trecho de Vazão Reduzida]”.

CS: Qual a avaliação do Comitê em relação aos outras Usinas construídas na Amazônia?
DM:
A experiência de todas essas décadas tem mostrado que a grande maioria dessas usinas não trouxe desenvolvimento para a região onde ela foi construída, pelo contrário, foram responsáveis pelo aumento da concentração urbana, violência, número de pessoas desempregadas, expulsas de suas terras, e aumento nas taxas de desmatamento, causada principalmente pela intensa migração. Tucuruí é um bom exemplo disso, pois mesmo já tendo se passado quase 30 anos da construção desta hidrelétrica, milhares de pessoas até hoje não receberam indenização, e outras milhares não conseguiram sequer ter energia em suas residências, mesmo morando em baixo do linhão, além da ausência de infra-estrutura que o município de Tucuruí, e municípios vizinhos, até hoje apresentam.

CS: Propaga-se a idéia que a Usina beneficiará o povo do Pará. Na visão do comitê quem será beneficiado?
DM:
O principal objetivo da UHE Belo Monte, é atender com energia barata as empresas do eixo centro-sul do país. Assim, aproximadamente 80% será para atender as empresas deste eixo, e até 20%, caso a negociação realizada entre o governo federal e o governo do Pará se concretizem, ficará para atender as empresas eletro-intensivas deste estado, principalmente as transnacionais VALE e ALCOA, gerando vantagens competitivas para estes grupos no cenário internacional, mas não prevendo nem 1 quilowatt (KW) para atender as comunidades amazônicas que até hoje não possuem energia elétrica.

CS: Há alguma relação com projetos para Amazônia, ao estilo da IIRSA (Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura Sulamericana)?
DM:
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) representa a própria IIRSA no Brasil, e a UHE Belo Monte é o maior investimento do PAC no país, fazendo assim parte de um projeto de integração energética Sulamericana. Esse é um dos motivos que faz com que essa obra receba atenção especial do governo do presidente Lula. Isto ficou particularmente evidente no fato ocorrido no mês de fevereiro de 2010, quando expressando uma ação de governo, defendida pelo próprio presidente, a Advocacia-Geral da União (AGU) ameaçou processar membros do MPF que se contraporem ao processo de licenciamento e construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, alegando que as ações do MPF são “sem fundamento, destinadas exclusivamente a tumultuar a consecução de políticas públicas relevantes para o país”.

CS: Recentemente foi liberada a licença prévia pelo IBAMA e a direção da Fundação Nacional do Índio (Funai) já havia dado um parecer positivo. Como tu vês a atuação do governo Lula?
DM:
Em uma reunião realizada no dia 22 de julho de 2009, com religiosos, representantes de movimentos e organizações sociais, Ministério Público, e pesquisadores, o presidente Lula afirmou categoricamente que Belo Monte não seria “enfiada goela abaixo de quem vive no Xingu”, porém de lá para cá é exatamente isso que tem ocorrido. Todas as questões apresentadas continuam sem respostas, o MPF foi ameaçado pela Advocacia Geral da União, a Licença Prévia foi dada, e já está marcado para o dia 20 de abril o leilão de Belo Monte. Esquecendo a sua própria experiência de retirante nordestino, o presidente Lula trata a Amazônia de forma autoritária, da mesma maneira como essa região historicamente vem sendo tratada, implementando um projeto pensado no período da ditadura militar, seguindo a mesma lógica que sempre oprimiu os povos amazônicos, e que está levando o planeta Terra ao seu declínio. Só por esses elementos o governo Lula já pode ser considerado uma das maiores decepções da história desse país.

CS: O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, declarou que para fazer a barragem os povos indígenas não precisam deixar seus territórios. Isso é verdade?
DM:
O EIA/RIMA apresentado pela Eletrobrás afirma que serão afetadas diretamente pela usina de Belo Monte a Terra Indígena Paquiçamba (do povo Juruna), Terra Indígena Arara da Volta Grande do Xingu (do povo Arara) e a Área Indígena Juruna do Quilômetro 17 (também do povo Juruna). O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) afirma que também será afetada diretamente a Terra Indígena Trincheira Bacajá (dos povos Kayapó e Xicrin). Porém, mesmo reconhecendo este impacto direto, o governo do Brasil se recusa a realizar as oitivas indígenas, conforme determina o artigo 231 da constituição brasileira, e a convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário. O governo federal alega que as terras indígenas não serão inundadas pelo lago, mas não fala que o rio irá secar nesses trechos, por conta do barramento do Xingu, submetendo os indígenas a uma situação que impedirá a sua permanência nestes territórios.

CS: Na tua avaliação, qual a postura do governo Ana Júlia?
DM:
A governadora Ana Júlia tem defendido de forma intransigente a UHE Belo Monte. Alega que ocorrerão muitos ganhos para o Estado do Pará. Porém a experiência histórica em relação a Tucuruí e Curuá-Una, ambas no Pará, ou mesmo Balbina no Amazonas, ou Samuel em Rondônia, para citar apenas algumas hidrelétricas, mostra exatamente o contrário. No caso de Belo Monte os maiores beneficiados serão as empresas eletro-intensivas, como já observado, que não geram tantos empregos, além de demandarem mão de obra especializada. Nem mesmos os royalties pagos tem se mostrado um instrumento que realmente compensem os problemas advindos destes grandes projetos. Dessa forma, a governadora continua beneficiando os grandes grupos econômicos que sempre foram privilegiados neste estado.

CS: Há setores do movimento popular que não são contrários a Belo Monte. Lutam apenas por mitigação dos impactos. Qual a visão do comitê a esse respeito?
DM:
O Comitê Metropolitano do Movimento Xingu Vivo, composto por quase trinta entidades, e o próprio Movimento Xingu vivo para Sempre, com aproximadamente uma centena e meia de entidades, tem a compreensão que o projeto da UHE Belo Monte está inserido em um modelo de desenvolvimento que não tem como ser mitigado, pois esse mesmo modelo já exauriu, só nos últimos 40 anos, mais de um terço de todos os recursos naturais do planeta. Porém, mesmo os setores que lutam por mitigação entendem que a forma como o projeto esta sendo implementado, “goela abaixo de quem vive no Xingu”, é equivocada, e tem desenvolvido ações conosco para que o processo de licenciamento não prossiga, pelo menos não dessa maneira. Nesse momento precisamos unir forças com quem temos algum tipo de convergência, pois lutamos contra oponentes muito poderosos.

CS: Como foi a organização para resistir ao longo das últimas décadas?
DM:
A mais de vinte anos os povos do Xingu resistem a construção da UHE Belo Monte. O projeto inicial previa a construção de sete barragens ao longo do rio Xingu, e um lago de 1.225 km², atingindo sete mil índios de 12 Terras Indígenas, além dos grupos isolados da região. O ano de 1989 foi um marco neste processo de resistência, é quando foi realizado o 1º Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, em Altamira (PA). Seu objetivo era protestar contra as decisões tomadas na Amazônia sem a participação dos índios e contra a construção do Complexo Hidrelétrico do Xingu. O encontro acaba ganhando imprevista notoriedade, com a maciça presença de grupos indígenas, movimentos e organizações sócias, mídia nacional, estrangeira, e ambientalistas. De lá para cá a resistência nunca mais parou de crescer, com a criação do Movimento Xingu Vivo para Sempre, em Altamira, ela se fortaleceu mais ainda, hoje ele conta com mais de 150 entidades, que se reúnem e deliberam coletivamente. Atualmente já existem vários comitês de apoio ao movimento, como na região metropolitana de Belém, no Rio de Janeiro, no Mato Grosso, e até fora do país.

CS: Qual sua avaliação sobre as iniciativas recentes do comitê?
DM: A mobilização das entidades que compõem o Comitê começou em setembro de 2009, por ocasião da audiência pública (privada) que aconteceu aqui em Belém. Houve muita repressão contra agricultores e indígenas, que foram impedidos de entrar no auditório onde estava ocorrendo a audiência pelos soldados da Força Nacional, chamada para garantir a segurança dos representantes do governo e das empresas. Em outubro o Comitê Metropolitano do Movimento Xingu Vivo para Sempre foi formalmente criado. Em dezembro nos fizemos uma manifestação que terminou com a ocupação da sede da Eletronorte, em fevereiro de 2010 fizemos uma vigília em frente ao IBAMA, e agora em março reunimos com o MPF para discutir algumas estratégias. Alem disso fazemos permanente debates em rádios comunitárias e educativas, televisão, nas universidades, e agora queremos fazer este trabalho nas escolas municipais e estaduais. Essas iniciativas mostram que o Comitê tem conseguido atingir seus objetivos, que é trazer o debate para a região metropolitana, sensibilizar as pessoas, e lutar contra Belo Monte e o modelo de desenvolvimento imposto para a Amazônia.

CS: Por fim, deixe uma mensagem aos nossos leitores.
DM:
O resultado dos séculos de autoritarismo e exploração dos recursos naturais na Amazônia brasileira, desde o final do século XVI, inicio do século XVII, ou em seu período de exploração mais recente, exploração “moderna”, a partir do final dos anos 30, início dos anos 40 do século XX, tem demonstrado a insustentabilidade do atual modelo de desenvolvimento, bem como a urgência de sua substituição por outras propostas, saídas que estejam pautadas na geração de uma energia verdadeira limpa, como por exemplo, a energia solar, energia eólica, e a energia a partir dos resíduos da biomassa, sem que para isso se desenvolvam monoculturas, entre outras possibilidades; a consolidação de relações concretamente sustentáveis, onde os elementos econômicos não se sobreponham aos elementos ambientais, sociais ou culturais; e finalmente a implementação de relações sócio-ambientais pautadas em paradigmas que totalizem a harmonia entre a natureza e os seres humanos, garantindo a existência primeira do planeta, em seu conjunto.
Esta deve ser a nossa busca. A insistência em padrões como esse expresso por Belo Monte, inevitavelmente levará a incrementação dos desastres climáticos e ambientais que já se encontram em estágio avançado, fazendo certamente com que a vida e o planeta Terra logo tenham o seu epitáfio.

Belo Monte: 12 questões sem respostas.

Por *Dion Márcio C. Monteiro

Encravado na Amazônia brasileira, o Xingu é um dos mais importantes rios da região. Dele dependem aproximadamente 14 mil indígenas do Mato Grosso e Pará, além de centenas de comunidades compostas por ribeirinhos, pescadores, extrativistas, quilombolas e agricultores familiares. Tiram sua alimentação das águas deste rio, e o utilizam como meio de transporte — não raro, o único. Antes das expedições holandesas, inglesas e portuguesas ao Xingu, ocorridas principalmente no século 17, a população indígena era muito maior, com aldeias que contabilizavam até 3 mil habitantes. Com o passar do tempo, a situação só tem se agravado para as comunidades originárias e tradicionais existentes na região.

Em 1975, sob o comando dos militares que governavam o Brasil desde o golpe de Estado de 1964, a Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A (Eletronorte) iniciou os estudos do Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu, primeiro passo no projeto de construção da Usina Hidrelétrica (UHE) de Belo Monte. Foi responsável por este levantamento o Consórcio Nacional de Engenheiros Consultores S.A (CNEC Engenharia), empresa naquele momento integrante do grupo Camargo Correa, um dos maiores interessados em participar do processo de construção de Belo Monte.

O ano de 1989 é um marco no processo de resistência ao então chamado Complexo Hidrelétrico do Xingu (o conjunto então proposto, sete barragens no curso do rio). Ralizou-se em Altamira, Pará, o 1º Encontro dos Povos Indígenas do Xingu. Reuniu aproximadamente 3 mil pessoas, entre lideranças indígenas como Raoni Metuktire (cacique Kayapó), Marcos Terena e Ailton Krenak; o então diretor da Eletronorte José Antônio Muniz Lopes (que se tornou presidente da Eletronorte no governo FHC e preside agora a Eletrobrás; o cantor inglês Sting; além de centenas de ambientalistas e jornalistas.

Aenorme indignação dos indígenas e demais povos da floresta, e sua intensa repercussão internacional, forçaram o governo a recuar, mudar de estratégia e refazer seu projeto. Porém a ponto de levar empresários e políticos influentes a desistir de suas intenções iniciais. Dezesseis anos depois, em agosto de 2005, a Eletrobrás firmou acordo de cooperação com as construtoras Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Correa para a conclusão dos Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental da UHE Belo Monte. Em maio de 2009 o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) foram entregues ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão brasileiro responsável pela análise destes documentos e posterior emissão das licenças para a realização do leilão e obras da hidrelétrica.

Em fevereiro de 2010, o governo brasileiro emitiu a chamada Licença Prévia (LP) que autoriza o leilão de Belo Monte. Além das empreiteiras já citadas, teve apoio do grupo francês GDF Suez; de importantes grupos eletro-intensivos e mineradores, como Votorantim, Vale e Alcoa; diversos empresários; governadores, prefeitos e parlamentares. Mas por que os povos do Xingu lutam, há mais de vinte anos, contra a construção desta hidrelétrica — apelidada de “Belo Monstro” pelos moradores e moradores da região? A resposta parece ser clara para quem conhece a floresta e o rio, mas aparentemente “incompreensível” para quem mora a milhares de quilômetros de distância, no centro-sul do Brasil.

O EIA/RIMA de Belo Monte foi elaborado pela Leme Engenharia, afiliada ao Grupo Tractebel Engineering, por sua vez vinculado ao grupo GDF Suez, um dos possíveis participantes do leilão para construção da UHE Belo Monte. Em outubro de 2009, cinco meses após a versão final do documento ter sido entregue ao Ibama, chegou ao mesmo órgão, e ao Ministério Público Federal (MPF), um relatório alternativo, de 230 páginas, intinulado “Analise Crítica do Estudo de Impacto Ambiental do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte”. Foi elaborado por mais de quarenta pesquisadores. Antropólogos, sociólogos, zoólogos, biólogos, etimólogos, doutores em energia e planejamento de sistemas energéticos, historiadores, cientistas políticos, economistas, engenheiros, hidrólogos, ictiólogos, entre outros, compõem um grupo denominado Painel de Especialistas. Ligados a universidades e centros de pesquisas nacionais e internacionais, eles fizeram uma análise detalhada dos estudos de Belo Monte.

Geração média será muito menor que a anunciada. Lago desalojará 20 mil famílias e custo da obra, financiado pelo BNDES, pode chegar a R$ 30 bi

Seu relatório levanta várias interrogações ainda sem respostas, além de diversas outras questões que foram abordadas de forma incorreta ou inconsistente no EIA elaborado pela empresa contratada pela Eletrobrás. Reúne uma grande quantidade de informações instigantes.

1. O primeiro fator a chamar atenção – e um dos menos destacados pelo governo federal – é a destinação da energia a ser gerada UHE Belo Monte. Aproximadamente 80% da eletricidade atenderá as empresas do Centro-Sul do país. Até 20%, caso a negociação realizada entre a União e o governo do Pará se concretize, ficarão para atender empresas eletro-intensivas deste estado, principalmente as Vale e Alcoa. Gerarão vantagens competitivas para estes grupos no cenário internacional, mas não proverão nem 1 quilowatt (KW) para as comunidades amazônicas que até hoje não possuem energia elétrica.

2. Também não é divulgado que a energia prometida (aproximadamente 11 mil megawatt (MW), só será entregue durante quatro meses no ano. Em outros quatro meses a usina funcionará apenas com 30% a 40% de sua capacidade máxima; nos quatro meses restantes, não gerará praticamente nenhuma energia. A média anual ficará em torno de 4,5 mil MW, segundo os dados da própria Eletrobrás – uma média muito baixa quando se faz a relação custo-benefício, podendo inclusive inviabilizar financeiramente o projeto.

3. O estudo entregue pela Eletrobrás ao IBAMA não informa que mais de 20 mil pessoas serão obrigatoriamente deslocadas das áreas onde vivem, deixando para trás suas relações sociais e econômicas, além de elementos materiais de suas memórias. Chama atenção que o EIA utiliza como parâmetro a média brasileira de componentes por grupo familiar, entre três e quatro pessoas. Na região amazônica, porém, a média é outra. A bibliografia disponível indica que o grupo familiar é composto, em média, por 5,5 a 7 pessoas. As conseqüências deste equivoco são graves, pois ao subestimar a população remanejada não é possível pensar corretamente as estruturas e equipamentos sociais necessários para atender quem precisará de moradia, escola, posto de saúde, estradas e outros equipamentos públicos. Problemas semelhantes já se manifestaram nas construções das hidrelétricas de Tucuruí (PA), Balbina (AM) e Samuel (RO).

4. O EIA de Belo Monte afirma que o reservatório, com 516 Km², atingirá diretamente três municípios: Altamira, Vitória do Xingu e Brasil Novo. Porém, especialistas afirmam que Anapu e Senador José Porfírio também serão afetados pelo lago. O estudo oficial diz que onze municípios sofrerão impactos sócio-econômicos e ambientais da hidrelétrica: Altamira, Senador José Porfírio, Anapu, Vitória do Xingu, Pacajá, Placas, Porto de Moz, Uruará, Brasil Novo, Gurupá e Medicilândia, perfazendo mais de 300 mil habitantes. Pautado nesta informação, o MPF tem apresentado uma das contestações ao processo de licenciamento. Se o próprio EIA informa que onze municípios sofrerão impactos, sustentam os procuradores do Ministério Público, então não são suficientes as quatro audiências públicas realizadas – em Belém, Altamira, Brasil Novo e Vitória do Xingu. Faltaram a participação, o amplo debate e os esclarecimentos à população afetada, razões de ser das audiências.

5. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), afirmou, em outubro de 2009, que o custo de Belo Monte seria 16 bilhões de reais. Cinco meses depois, e um mês após a emissão da LP, a EPE reavaliou este custo, estimando-o em aproximadamente R$ 20 bilhões. As empreiteiras, principais interessadas na construção da usina, avaliam que o valor final não será menor que R$ 30 bilhões. Esta indefinição sobre o custo total da obra impossibilita uma segura avaliação em relação ao custo-benefício e à viabilidade econômica. É importante frisar que não estão sendo consideradas a rede de transmissão de energia, subestações, e outras estruturas necessárias ao completo funcionamento do complexo hidrelétrico. Em março de 2010, a EPE também elevou, em mais de 20% (de R$ 68 para R$ 83), o preço-teto da energia vendida nos leilões da Usina de Belo Monte.

6. Os empreendedores estimam que aproximadamente 100 mil pessoas migrarão para a região, principalmente rumo à cidade de Altamira. Alguns especialistas falam que este número, como outros informados pelo governo, também está subestimado. Calculam, amparados no que ocorreu em obras semelhantes, um mínimo de 150 mil pessoas. A Eletrobrás observa no EIA/RIMA que 18 mil empregos diretos serão gerados no pico da obra, no terceiro e o quarto anos de construção. Somados os 23 mil empregos indiretos previstos, seriam 41 mil postos de trabalho. Nas contas do próprio governo, portanto, aproximadamente 60 mil pessoas que migrarão não terão emprego em nenhum momento. A obra deve durar dez anos. No final da construção, a quantidade de empregos estimados é de apenas 700 diretos e 2.700 indiretos. O EIA/RIMA avalia que 32 mil migrantes deverão ficar na região após o termino da obra, a maioria em Altamira.

Índios não foram ouvidos adequadamente. Emissõesde gases-estufa podem estar subestimadas. Certas condições doIbama só serão conferidas anos após conclusão da usina

7. De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) o metano (CH4) é um gás de efeito-estufa que causa um impacto 25 vezes maior no aquecimento global que o gás carbônico, por tonelada emitida. As hidrelétricas são responsáveis pela liberação de metano, pois a vegetação que fica submersa com a formação do lago (no caso de Belo Monte, com mais de 500 Km²), libera, ao se decompor, grandes quantidades do gás. A produção de CH4 também ocorre com o processo de passagem da água pelas turbinas e vertedouros da hidrelétrica, algo ignorado pelo EIA/RIMA. As grandes hidrelétricas agravam em especial esta situação, pois quanto maiores a área alagada, e a água movimentada, maior a emissão de metano.

8. O EIA/RIMA afirma que serão afetadas diretamente pela usina de Belo Monte as Terras Indígenas Paquiçamba (do povo Juruna), e Arara da Volta Grande do Xingu (do povo Arara), além da Área Indígena Juruna do Quilômetro 17 (também do povo Juruna). O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) afirma que também será afetada diretamente a Terra Indígena Trincheira Bacajá (dos povos Kayapó e Xicrin). Porém, mesmo reconhecendo este impacto direto, o governo recusa-se a realizar as oitivas indígenas, conforme determinam o artigo 231 da Constituição e a convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário. Este também é um dos principais questionamentos levantados pelo Ministério Público Federal.

9. Com a construção da barragem principal da usina de Belo Monte, uma área de aproximadamente 100 quilômetros, na chamada Volta Grande do Xingu, terá a sua vazão de água reduzida a algo em torno de 30% do fluxo atual. Sobre isso, o parecer técnico nº114/2009, assinado por seis analistas ambientais do Ibama, e um dos documentos básicos para a emissão da LP, é claro. Diz o parecer: “o estudo sobre o hidrograma de consenso não apresenta informações que concluam acerca da manutenção da biodiversidade, a navegabilidade e as condições de vida das populações do TVR [Trecho de Vazão Reduzida]”.

10. Para que as águas do rio Xingu possam fluir da barragem principal até as vinte turbinas que estão previstas para Belo Monte, serão abertos dois gigantescos canais no meio da floresta, o que movimentará aproximadamente 150 milhões de metros cúbicos de terra, e 60 milhões de metros cúbicos de rocha, equivalentes à movimentação de material realizada na abertura do Canal do Panamá. Os impactos não foram totalmente contabilizados no EIA/RIMA de Belo Monte, além de não ter sido fornecida informação clara sobre o local onde o material retirado será depositado, caso a obra avance.

11. O parecer técnico nº114/2009 também afirma que “tendo em vista o prazo estipulado pela Presidência [do IBAMA], esta equipe não concluiu sua analise a contento. Algumas questões não puderam ser analisadas na profundidade apropriada, dentre elas as questões indígenas e as contribuições das audiências públicas”. Porém, em relação ao que puderam identificar, os analistas ambientais destacam, além das questões referentes ao TVR, o não-dimensionamento a contento dos impactos decorrentes do afluxo populacional para a região. Em consequência, podem ser insuficientes as medidas que tentarão preparar a região para receber tal afluxo, além de estar indefinida a responsabilidade de cada agente públicos nas ações necessárias. Um terceiro elemento apresentado no parecer 114/2009 é um elevado grau de incerteza em relação ao prognóstico da qualidade da água, em especial no reservatório dos canais da hidrelétrica.

12. A Licença Prévia nº342/2010, emitida pelo Ibama em 1º de fevereiro de 2010, apresentou quarenta condições para a execução da obra. O cumprimento de várias delas, porém, só poderá ser atestado após a conslusão e pleno funcionamento da obra. É o caso da garantia de qualidade da água, navegação e modos de vida da população da Volta Grande do rio Xingu. A licença também posterga a apresentação das estratégias para garantir a infra-estrutura que antecede as obras. Ela só será definida depois da escolha da empresa que gerará a energia. Estas indefinições estão sendo questionadas por diversos movimentos sociais, ONGs e Ministério Público. Entende-se que não é possível adiar o atendimento destas condicionantes. Após realizado o leilão, a pressão política e econômica do consórcio vencedor para o rápido início dos trabalhos será muito mais forte. Haverá enorme risco de que fiquem à margem do debate fatores importantes para a preservação da vida, e do próprio rio Xingu.

Alternativas: recorrer a fontes limpas, debaternovo paradigma de produção e consumo, reverrelações entre ser humano e natureza

Estes doze pontos, levantados a partir do exame do EIA/RIMA e do relatório do Painel de Especialistas, não esgotam as questões existentes. Uma destas é o perigo iminente de se retomar o projeto original para a construção de hidreléticas no rio Xingu. Ele previa sete represas, número tarde reduzido cinco. As indefinições existentes sobre Belo Monte torna incerta a viabilidade econômica, o que pode despertar a tentação de “completá-la”. O volume de energia entregue pela usina equivalerá a cerca 39% de sua capacidade máxima de geração – enquanto a recomendação técnica é de pelo menos 55%. Nada impede que o governo, no futuro, proponha “otimizar” o empreendimento construindo novas barragens no Xingu.

É interessante também verificar o envolvimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para financiar até 80% de Belo Monte, a instituição precisará se capitalizar, principalmente depois que a EPE reavaliou o custo da obra para R$ 20 bilhões. O banco também financiar o projeto em até trinta anos, dos quais cinco de carência e 25 de amortização. Atualmente, a diretoria do BNDES permite apenas o financiamento em 25 anos, dos quais vinte de amortização. As taxa de juros para o empréstimo ao consorcio ganhador serão as menores do mercado. Vale lembrar que uma das principais fontes de recursos do BNDES é o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), um fundo especial destinado ao custeio do seguro-desemprego, abono salarial e financiamento do desenvolvimento econômico dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil.

Belo Monte é um dos maiores investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Como tal, tem recebido atenção especial. Isto ficou particularmente claro em fevereiro de 2010. A Advocacia-Geral da União (AGU) ameaçou processar membros do MPF que se contrapõem ao licenciamento e construção da usina, alegando que as ações judiciais propostas por eles são “sem fundamento, destinadas exclusivamente a tumultuar a consecução de políticas públicas relevantes para o país”.

Diversas comunidades indígenas já deixaram clara sua oposição à construção de Belo Monte. Uma das mensagens foi expressa em carta enviada em 1º de novembro de 2009, ao presidente Lula, pelos povos indígenas Mebengôkre (Kayapó), Xavante, Yudjá (Juruna), Kawaiwet (Kaiabi), Kisêdjê (Suiá), Kamaiurá, Kuikuro, Ikpeng, Panará, Nafukua, Tapayuna, Yawalapiti, Waurá, Mehinaku e Trumai, habitantes da bacia do Rio Xingu e das regiões circunvizinhas. Reunidos na aldeia Piaraçu (Terra Indígena Capoto/Jarina), afirmaram textualmente: “Caso o governo decida iniciar as obras de construção de Belo Monte, alertamos que haverá uma ação guerreira por parte dos povos indígenas do Xingu. A vida dos operários e indígenas estará em risco e o governo brasileiro será responsabilizado”.

O modelo de desenvolvimento implementado na região amazônica tem sido historicamente pautado nos grandes projetos de exploração vegetal, mineral, e hídrica. Isto pode ser verificado nas hidrelétricas de Tucuruí (PA); Curuá-Una (PA); Balbina (AM); Samuel (RO); nos projetos de exploração de ouro em Serra Pelada, no município de Curionópolis, realizado por uma cooperativa de garimpeiros; na exploração de ferro em Parauapebas, realizado pela Vale; na exploração de bauxita em Juruti, realizado pela Alcoa; exploração de níquel em Ourilândia do Norte, pela Vale; exploração de bauxita em Oriximiná, pela Mineração Rio do Norte/Vale; exploração de Cobre em Canaã dos Carajás (Vale); e exploração de bauxita em Paragominas (mais uma vez, Vale). Todos os projetos citados estão localizados no Pará.

Data do final do século 16 o início da exploração dos recursos naturais da Amazônia. Foi sempre um processo autoritário, que se estendeu na fase “moderna”, a partir do final dos anos 1930. O processo tem demonstrado a insustentabilidade do atual modelo de desenvolvimento e, em especial, a urgência alternativas. Elas incluem um cardápio de transformações. A energia pode ser gerada a partir de fontes limpas: solar, eólica, resíduos da biomassa não-oriundos de monoculturas. Relações humanas sustentáveis não podem sobrepor os elementos econômicos ambientais, sociais ou culturais. O paradigma de desenvolvimento pode perfeitamente estabelecer harmonia entre a natureza e os seres humanos, garantindo a existência primeira do planeta. A insistência no atual padrão ampliará os desastres climáticos e ambientais, já em estágio avançado.

*Dion Márcio C. Monteiro é economista do Instituto Amazônia Solidária e Sustentável (IAMAS), doutorando em Sociologia na Université Paris-Nord (França), e componente do Comitê Metropolitano do Movimento Xingu Vivo para Sempre.

Aneel volta a suspender leilão da hidrelétrica de Belo Monte

19/04/2010 18h50 - Atualizado em 19/04/2010 20h20

Mais cedo, Justiça do Pará concedeu liminar para suspender a disputa.
AGU já protocolou recurso; é a segunda vez que leilão é suspenso.

Do G1, em São Paulo

Rio Xingu, no Pará, onde será construída hidrelétrica de Belo  Monte
Rio Xingu, no Pará, onde será construída usina de Belo Monte (Foto: Mariana Oliveira / G1)

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) suspendeu na noite desta segunda-feira (19) o leilão da hidrelétrica de Belo Monte, prevista para ser construída no rio Xingu, no Pará. O leilão estava marcado para terça (20).

Mais cedo, a Justiça Federal do Pará havia determinado a suspensão após pedido do Ministério Público Federal do estado. O MP alegou falha na licença ambiental concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).

A Advocacia Geral da União informou que espera a reverter a decisão. O Tribunal Regional da 1ª Região (TRF-1) informou, às 19h20, que o recurso já havia sido protocolado. A assessoria de imprensa do tribunal disse que uma decisão só deve ser dada na terça (20).

Veja a série de reportagens especiais do G1 sobre Belo Monte

Na semana passada, a Justiça Federal já havia concedido liminar suspendendo o leilão em outro processo, que afirmava que a obra fere os direitos indígenas. Após a decisão judicial, a disputa também chegou a ser cancelada pela Aneel . O TRF-1, no entanto, suspendeu a liminar e o leilão foi reconfirmado.

Na ação sobre os direitos indígenas, o MPF apresentou nesta segunda recurso contra a cassação da liminar. Os procuradores pediram que seja realizada com urgência uma sessão da Corte Especial, composta pela maioria dos desembargadores do tribunal. O TRF-1, porém, rejeitou rever a decisão.

Novo processo
A segunda ação analisada pela Justiça Federal do Pará questiona a concessão da licença ambiental por parte do IIbama. O MPF entrou com os dois processos no mesmo dia, 8 de abril, mas o primeiro, que se tratava dos direitos indígenas, foi analisado antes.

As duas ações civis públicas foram julgados pelo mesmo juiz, Antonio Carlos Almeida Campelo, de Altamira.

No novo processo, Campelo decidiu que a Aneel deveria pagar multa de R$ 1 milhão se não suspendesse os efeitos do edital que autoriza o leilão.

O leilão
Dois consórcios se inscreveram para o leilão. Um deles, chamado Norte Energia, tem participação da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), subsidiária da Eletrobras, da Construtora Queiroz Galvão, da Galvão Engenharia e de outras seis empresas.

O segundo consórcio, chamado Belo Monte Energia, tem a construtora Andrade Gutierrez, a Vale, a Neoenergia. Nesse grupo estão duas subsidiárias da Eletrobras: Furnas e Eletrosul.

O governo informou que a Eletrobras definiu que a subsidiária Eletronorte será parceiro estratégico, ou seja, atuará ao lado de qualquer consórcio que vencer. Não há informações precisas, no entanto, de como será a parceria.

Duas das construtoras que auxiliaram nos estudos sobre o projeto, a Camargo Corrêa e a Odebrecht, anunciaram logo após a publicação do edital que não participariam do leilão. Elas informaram que "após análise detalhada do edital de licitação da concessão, assim como dos esclarecimentos posteriores fornecidos pela Aneel, as empresas não encontraram condições econômico-financeiras que permitissem sua participação na disputa"

As construtoras vinham reclamando do preço máximo da energia a ser vendida estipulada pelo governo, de R$ 83 por MWh. O governo, no entanto, disse que o valor não seria alterado.


saiba mais

Histórico
A obra, uma das vitrines do governo federal, é alvo de contestações por parte de moradores locais, especialistas e entidades nacionais e internacionais. Eles criticam a viabilidade econômica da obra, o impacto para comunidades indígenas e temem a seca em parte do rio.

O governo, no entanto, diz que os índios não serão afetados e afirma que a obra é fundamental para garantir o abastecimento de energia elétrica nos próximos anos.

A hidrelétrica ocupará parte da área de cinco: Altamira, Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu. Altamira é a mais desenvolvida e tem a maior população dentre essas cidades, com 98 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os demais municípios têm entre 10 mil e 20 mil habitantes.

A região discute há mais de 30 anos a instalação da hidrelétrica no Rio Xingu, mas teve a certeza de que o início da obra se aproximava após a concessão em fevereiro, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), da licença ambiental.

Belo Monte será a segunda maior usina do Brasil, atrás apenas da binacional Itaipu, e custará pelo menos R$ 19 bilhões, segundo o governo federal - há especulações de que a obra custe até R$ 30 milhões. Trata-se da segunda maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das principais bandeiras do governo Lula.

Uma das críticas ao projeto se refere à capacidade de geração de energia. Segundo dados do governo, o rio Xingu perde vazão – quantidade de água - no verão, época de seca. Por conta disso, a expectativa é de que Belo Monte, que terá capacidade instalada de 11.233 MW, tenha uma geração média de 4,5 mil MW. Em época de cheia pode-se operar perto da capacidade e, em tempo de seca, a geração pode ir abaixo de mil MW. Para críticos da obra, isso coloca em xeque a viabilidade econômica do projeto.

sábado, 17 de abril de 2010

Catástrofe ecológica, una consecuencia del capitalismo y sus transnacionales





Agrupación La Protesta ante la
Conferencia Mundial sobre Cambio Climático

Entre los días 19 y 22 de abril se realizará en Cochabamba la “Conferencia Mundial de los Pueblos sobre el Cambio Climático y los Derechos de la Madre Tierra”.

Se anuncia una concurrencia de más de 10.000 personas de 50 países y propuestas del gobierno de Bolivia, que es el convocante, para proponer un referéndum mundial para pronunciarse sobre la necesidad de que los países imperialistas bajen sus emisiones de carbono y apoyen con fondos para que los países del sur puedan hacer lo mismo.

A la conferencia concurrirán indudablemente miles de activistas sociales dispuestos a luchar contra la depredación social y ambiental capitalista. También asistirán representantes de varios gobiernos. Pero existen dos graves problemas, en primer lugar la propia organización del evento que no dio lugar a debates en los que se pudiera cambiar las propuestas, en segundo lugar las propias propuestas que son inconducentes para el supuesto objetivo de detener la destrucción ambiental.

Esto es así, porque el gobierno de Evo Morales denuncia al capitalismo en el norte, pero pacta con las transnacionales en Bolivia, que son las que producen la mayor destrucción ambiental en Bolivia y en el resto del mundo. Entonces no hablar del tema boliviano y sí solo del problema mundial, es escamotear el problema real que no es sólo, ni principalemente, la emisión de CO2.
A continuación los textos del folleto especial que la Agrupación La Protesta publicó frente al evento.
Catástrofe ecológica: Una consecuencia directa del capitalismo

Desde el último siglo, la humanidad ha vivido una explosión demográfica acompañada por una alta tasa de acumulación y concentración de capital, que ha permitido a los países industrializados del norte gozar de un estilo de vida distante al que pueden optar los países del sur.
Este orden mundial, tiene su origen en la revolución industrial que se consolida a partir del aprovechamiento del petróleo, como fuente energética de bajo coste. Los excedentes que resultaron de esta fuente y su aprovechamiento capitalista, permitieron la consolidación del imperialismo moderno cimentado en siglos de conquista, genocidio, saqueo, esclavismo y explotación de las colonias en América Latina, Asia y Africa.
Este sistema ha acumulado consecuencias catastróficas, sobre la base de una explotación desmedida de los suelos, de la emisión de toneladas de CO2 a la atmósfera, de la extracción y contaminación de recursos hídricos, de la erradicación de especies nativas y, sobre todo, de la dominación de pueblos y sociedades enteras al servicio de los dominantes. Hoy día, el planeta Tierra nos pasa la factura por la depredación cometida, que ha beneficiado a unos pocos.

Es el sistema capitalista que basa su modelo de “bienestar” a costa de la mercantilización de la naturaleza y del ser humano, donde todo se traduce en oferta y demanda. Se determina el valor en función a su precio, se invisibiliza el coste del agua para una explotación minera, al mismo tiempo que se privatiza el líquido para el consumo humano.En este modelo económico mundial, normado por la Organización Mundial del Comercio (OMC) se promueve que los países dominados abran sus mercados a la libre competencia, se fomenta tasas arancelarias y subvenciones para proteger a los países imperialistas y se sacrifique la soberanía alimentaria de los pueblos a costa de su dependencia al mercado!

Las demandas de políticas ambientales se minimizan ante el justificante de la “competitividad”. La naturaleza del sistema capitalista le impide atender a esas demandas, cuando mucho, procura adaptarlas en su dinámica mercantilista. Esa es la razón por la que nos encontramos con engañosas propuestas autodenominadas “ecológicas” o de “producción limpia”, cuando en verdad, son un derivado más del capital: los biocombustibles, los mercados internacionales de productos orgánicos, los bonos de carbón, los automóviles eléctricos, al servicio de la ganancia de las transnacionales. ¿Cómo podemos confiar en compañías como Nestlé que comercializa productos ecológicos al tiempo que promueve la venta de transgénicos? ¿Qué criterio nos merece SUMITOMO que acuerda la producción de baterías de litio para vehículos eléctricos a la vez que promueve el desastre ecológico en la Mina de San Cristóbal? ¿Qué confianza nos merecen las nuevas tecnologías alternativas que surgen desde la base de una lógica mercantilista?
Los gobiernos sometidos al capital internacional, proponen modestas soluciones que no se contrapongan con las utilidades que perciben las empresas transnacionales. Los resultados del protocolo de Kioto y el fracaso de Copenhague, son una muestra de quién mueve los hilos en las políticas ambientales: Son las empresas transnacionales los verdugos de esta masacre ambiental, ¡Una verdadera lucha contra el cambio climático, es oponerse a las transnacionales!
¿El capitalismo andino amazónico puede ser una alternativa?

El Vicepresidente Alvaro García Linera, llama a la construcción de un modelo capitalista “andino amazónico”. Pasado un año de estas declaraciones (2007), García Linera, profundiza su propia visión del desarrollo (capitalista) de Bolivia, acudiendo a una metáfora de una locomotora: “Siendo el Estado el que asume la síntesis de la voluntad general… y el primer vagón de la locomotora. El segundo es la inversión privada boliviana; el tercero es la inversión extranjera; el cuarto es la microempresa; el quinto, la economía campesina y el sexto, la economía indígena. Éste es el orden estratégico en el que tiene que estructurarse la economía del país.”
El orden de prioridades muestra su apego hacia el modelo capitalista, más aún, sorprende que haya excluido en esta visión a los trabajadores asalariados urbanos, formales e informales, y a los mineros, que son los que producen la mayor parte de las riquezas del país. Por otra parte, consideramos que el orden de los “vagones” no siempre está tan claro, ni que el Estado sea la “síntesis de la voluntad general”. A juzgar por lo ocurrido en el sector hidrocarburífero, las transnacionales Petrobrás y Repsol mantienen un fuerte control sobre esta actividad; así como en la minería, la empresa San Cristóbal es quien obtiene los mayores dividendos por este negocio; vemos entonces que en la práctica no siempre es el Estado el que está al mando de la locomotora.

Por su parte, Evo Morales desarrolla una perspectiva similar a la de su vicepresidente, considerando las transnacionales como aliadas del Estado, en una alianza de clases que incluya a los “empresarios patriotas” y los “militares nacionalistas” con el fin de construir un “país productivo y moderno”, gracias a los beneficios de los recursos naturales “recuperados por el Estado”. Por un lado llama a la conciliación de clases y a la implementación de un modelo capitalista nacional; y por el otro, defiende a la Pachamama y dice que la solución contra el cambio climático es “acabar con el sistema capitalista” (¿!).

El capitalismo no es un asunto subjetivo, existe y está en vigor en Bolivia, se manifiesta en las actividades de las empresas transnacionales y de la burguesía nacional. Si queremos luchar contra el cambio climático debemos atacar el problema de raíz, y en Bolivia.

Saqueo y destrucción ambiental en Bolivia
Ríos, lagos, lagunas y tierras envenenadas por transnacionales forman parte de la historia de centenares de comunidades. Pero lo peor es que tanto el saqueo como la destrucción ambiental continúan con el actual gobierno. El ejemplo más evidente es la mina San Cristóbal.

Pero, no es el único caso. Proyectos como el de explotación de hierro en El Mutum, entregado a la transnacional Jindall, pueden repetir este esquema de devastación ambiental. El plan IIRSA (Integración de la Infraestructura Regional Sudamericana), cuyo principal objetivo es beneficiar a las transnacionales con grandes carreteras bioceánicas y continuar el saqueo de los recursos naturales de la Amazonia, fue adoptado por el actual gobierno con “generosos” créditos de Brasil y el Banco Mundial, que tendremos que pagar los bolivianos y bolivianas. Las represas del río Madera en el Brasil, y el disparatado proyecto de la represa del Bala, la hidroeléctrica de Cachuela Esperanza, provocarán un desastre ambiental en función de las necesidades energéticas de los patrones de San Pablo.
La deforestación amazónica avanza a un ritmo de 300.000 hectáreas por año, dando paso al monocultivo de soya transgénico y otros productos de exportación.
El gobierno dice que son proyectos necesarios para la industrialización y desarrollo de Bolivia. Pero a la luz de lo ocurrido tantas veces, habría que discutir públicamente, con las organizaciones del pueblo trabajador y especialmente con las poblaciones más afectadas, qué beneficios reales dejarán y las consecuencias ambientales.
La depredación ambiental y social mundiales sólo podrán comenzar a solucionarse con la liquidación del imperialismo y capitalismo con sus transnacionales e instituciones como la OMC, FMI, Banco Mundial, etc, y la instauración de un orden mundial socialista.

Plataforma para terminar con la depredación capitalista imperialista

No habrá soluciones a la depredación ambiental y social que impone el capitalismo global sin cambios de fondo, comenzando por nuestro país.
Por la verdadera nacionalización, confiscación (sin pago), con expulsión de las transnacionales, bajo control y dirección democrática de los trabajadores, campesinos, indígenas, obreros y pueblo oprimido de la ciudad y el campo. Industrialización de Bolivia de estos recursos.
Confiscación de la tierra en manos de los terratenientes y entrega de las mismas a trabajadores del campo y pueblos indígenas. Producción agrícola orientada a la seguridad y soberanía alimentaria de la población y rechazando el monocultivo intensivo para exportación, con el reconocimiento de los saberes y prácticas ancestrales campesino indígenas.
Por el desarrollo, a partir de la universidad estatal con suficiente presupuesto estatal, de la investigación científica orientada a resolver las necesidades populares.
Declarar el agua bien inalienable del pueblo boliviano. Por empresas públicas de distribución de agua controladas por los trabajadores, campesinos e indígenas. .

Se declara propiedad de la humanidad, no sujeta a comercialización mediante patentes, el banco genético procedente de los ecosistemas naturales. Declarar nulas las patentes genéticas. Contra el mercado de bonos de carbono. Que los países imperialistas y empresas transnacionales paguen su deuda ecológica producto de la contaminación acumulada.

El escándalo de "San Cristóbal"
Andrés Soliz RadaEl Ministro de Minería, José Pimentel, reveló que la empresa minera “San Cristóbal” (MSC), genera ganancias por mil millones (MM) de dólares al año y tributa 35 MM. (“La Razón”, 17-03-10). Utiliza 50.000 metros cúbicos de agua por día. MSC está en la casi desértica provincia Nor Lípez de Potosí. Los 35 MM no cubren el costo del agua para uso doméstico en el cercano norte de Chile y mucho menos para uso industrial. Por tanto, la tributación de MSC se reduce a cero, ya que no paga por el agua que utiliza. MSC es uno de los yacimientos de plata, zinc y plomo más grandes del mundo. Comenzó a ser explotado en julio de 2007, en el gobierno de Evo Morales. Es una mina a tajo abierto, es decir se usaron explosivos para abrir boquetes de 1.5 a 2 kilómetros de diámetro y 300 metros de profundidad.

En zonas áridas y desérticas, el agua es el recurso más valioso. En 20 años de contrato, lapso en el que se agotarán las reservas, MSC extraerá 240 MM de toneladas de mineral, mediante el uso de 292 MM de metros cúbicos de agua. Sólo el 18 % de esa agua es reciclada. La reposición de las aguas fósiles (depositadas hace 10.000 años) tardará seis décadas, desde que cese el bombeo, dice Jorge Molina. La contaminación ácida de aguas superficiales y subterráneas arrastra aluminio, arsénico, cadmio, cobalto, cobre, hierro, manganeso, níquel antimonio y zinc. Provoca sequía en fuentes y bojedales, además de la muerte de flamencos, pájaros y otras aves, advierte Robert E. Moran. MSC no quiso entregar a este experto, contratado por entidades campesinas de la zona, datos sobre el agua que consume… La fiscalización estatal es inexistente.

Evo visitó MSC el 06-09. Indicó que se sentía feliz de lo que veía (Iturralde, 2009:1). Anotó que “Bolivia respeta a las empresas extranjeras y dijo estar sorprendido por el trabajo que realiza la empresa...”. Dio todas las garantías en temas de seguridad jurídica. (EFE, 26-06-09). Dos meses antes, El 22-04-09, la ONU declaró a Evo “Héroe y Defensor de la Madre Tierra”, por promover el “Día Mundial de Defensa de la Tierra”. El 22-03-10, recomendó que “el agua sea parte del derecho humano de los pueblos”…
El contrato con MSC se firmó con Appex Silver, compañía registrada en las Islas Caimán. Su inversionista institucional fue George Soros. La “Soros Found Management” financia la Red de Seguridad y Defensa de América Latina (RESDAL), para la que trabajó Juan Ramón Quintana, antes de ser el ministro más influyente de Evo…En enero de 2009, la japonesa Sumitomo compró a la Appex su paquete accionario…

Pimentel indicó que no fue posible aprobar un impuesto a las utilidades mineras, ya que, si ello sucede, las empresas declaran pérdidas, como aconteció en gestión pasada. Explicó que si se aumenta la tributación se perjudicará a las cooperativas, ya que los impuestos deben ser universales (“La Razón”, 17-03-10), como si no fuera posible incluir un artículo que separare a cooperativas de compañías que ganan 1.000 MM de dólares al año y tributan, según el Ministro, 35 MM, además de recibir elevadas subvenciones por el agua, mientras destruyen el medio ambiente.

Argentina: Diputada Liliana Olivero “En Córdoba logramos prohibir la minería a cielo abierto”

En la Legislatura de la Provincia de Córdoba (3.220.000 habitantes), la diputada Liliana Olivero, de Izquierda Socialista, apoyando el proyecto de ley, expresó:
“El sentido de la ley excede a la Provincia de Córdoba. Gran parte de las provincias están siendo esquilmadas por los grandes grupos mineros que utilizan métodos destructivos y contaminantes como una forma de abaratar costos. La grave situación a la que se ha llegado en este terreno es la que ha motivado un gran proceso movilizador popular, que dio origen a la ley que estamos tratando.

“Cada vez que se levanta una denuncia los denunciantes son acusados de querer impedir el desarrollo del país; es una falsa acusación.
“Se puede tener una industria minera sin contaminar, muchas veces no deja ganancias, pero no nos preocupa el bolsillo de Barrik (empresa minera) sino las condiciones de vida de la población.
“No quiero dejar de señalar que un desarrollo minero sustentable no contaminante es viable, que tiene que estar al servicio de la población y sólo puede desenvolverse sobre la base de que sea tomado como una cuestión de Estado, con la nacionalización de la actividad minera, con la colocación bajo el control de los trabajadores y de todas las organizaciones ecologistas, cargando en estas empresas denunciadas el costo de la remediación del medioambiente y el sostenimiento de los trabajadores en cada uno de
los puestos de trabajo.

“No queremos una nacionalización para que hagan negocios los depredadores con indemnizaciones; queremos una nacionalización para desenvolver una industria minera al servicio del conjunto de la población”.

La ley dice: “PROHÍBESE en todo el territorio de la Provincia de Córdoba la actividad minera metalífera en la modalidad a cielo abierto y en todas sus etapas, constituidas por cateo, prospección, exploración, explotación, desarrollo, preparación, extracción y almacenamiento de sustancias minerales… LOS titulares de concesiones y/o de derechos mineros … deberán adecuar todos sus procesos a las previsiones de… la presente Ley en el término de seis meses… bajo apercibimiento de declarar la caducidad de la concesión minera”.
Después de este debate en Córdoba, el pueblo de Andalgalá (Provincia de Catamarca) protagonizó una rebelión, después de años de reclamos pacíficos y después de sufrir una feroz represión, contra la minera Yamana Gold, obligando a la justicia a suspender sus actividades.

Transredes y el río Desaguadero

Uno de los desastres ambientales más graves en Bolivia fue causado por la Shell y la Enron, dueñas de la empresa “capitalizada” Transredes. El 30 de enero del 2000, en el sector de Sica Sica, se produjo la ruptura del ducto que transportaba petróleo de Bolivia a Chile y se derramaron 29.000 barriles de petróleo en el río Desaguadero, afectando gravemente la flora, fauna, suelos y agua de más de un millón de hectáreas y a 127 comunidades de los departamentos de Oruro y La Paz. Transredes hizo trabajos superficiales de limpieza, pero dejó el río y los suelos contaminados con sustancias cancerígenas, que siguen provocando daños.

Cuando la supuesta “nacionalización”, Transredes fue indemnizada por el gobierno Evo Morales con 241 millones de dólares, pagándole por inversiones no realizadas y sin cobrarle el desastre ambiental causado por la empresa. El presidente de YPFB Transportes, Gildo Angulo, que denunció este negociado, fue destituido