sexta-feira, 9 de abril de 2010

Entre a farsa e a tragédia

“Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”.
Karl Marx (O 18 Brumário)

Não há como negar o papel reacionário, e contra-revolucionário que cumpri a figura de Lula neste país. A desprezar as óbvias diferenças e mudanças ocorridas desde a Era Vargas (1930-1945 /1950-1954) até o governo Lula (2003-2010), e desprezando as origens sociais distintas de Getúlio Vargas (RS) e Luis Inácio Lula da Silva (PE), sobra uma grande igualdade entre os dois, que fora o caráter burguês, portanto, antidemocrático, excçudente, demagógico, falacioso, fascistóide e fundamentalmente populista.

Os dois cumpriram um grande papel à burguesia deste nacional e ao imperialismo: se jogaram ao máximo na luta por impedir o crescimento das mobilizaçõess e a organização indepente da classe trabalhadora; tendo como marcas a repressão e a criminalização dos movimentos sociais, aliada a uma implacável política de cooptação e atrelamento (oficial no caso de Vargas) das entidades sindicais. Na crise política causada pelo mensalão do Lula/PT em 2005, o governo colocou o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Luís Marinho, para ser ministro da Previdência (essencialmente privatizada, através da vergonhosa contra-Reforma da Previdência, em 2003) e colocou o Ministro da Educação para presidir o afundado na lama da corrupção, Partido dos Trabalhadores - PT.

Foram governos que impediram o ascenso da classe trabalhadora. Um nazista próximo a Hitler dizia que uma mentira repetida muitas vezes, virava verdade. Abusando disso, Vargas e Lula se apoiáram na propaganda para falsear a realidade. Um com seu departamento de Imprensa e Propaganda e seus rígidos controles do que se falava e escrevia no país, descobrindo a fórmula mágica da comunicação de massa (rádio) e criando a Hora do Presidente (hoje, A Voz do Brasil), o outro, pisoteando sua história de dirigente sindical, e utilizando todo o seu prestígio para massacrar a classe trabalhadora.

O Vargas apresentou uma Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT, com algo diferente ao seu favor, pela primeira vez na história desse país, um governo assumia o discurso do "social". Mas tanto era demagogia, que o objetivo de sua CLT faz ruir qualquer ilusão no seu apelido de "pai dos pobres". Com essa Lei, controlava ferozmente os sindicatos, impedindo lutas e questionamentos ao regime político, e assim, assegurava o domínio político nas mãos da burguesia. Lula não foi diferente, no ano passado chegou ao displante de dizer que os trabalhadores não tinham que fazer greve. Mais uma vez, utilizando seu prestígio de ex-dirigente operário, para favorecer a burguesia durante a crise interminável do capital.

Os trabalhadores não podem reivindicar melhores salários, mas ao dono do Bradesco, do Itaú, e do sistema financeiro nacional foi doado mais de 200 bilhões de reais em 2008; fora o que abocanharam as montadoras e grandes empresas. O Lula ao chegar lá se tranformou na farsa. Parece povo, fala como o povo, mas tem a mente de um judas, um traidor, um serviçal da burguesia. E também um novo burguês, pois ninguém explica como seu filho, o Lulinha, ficou rico da noite para o dia, e ainda é sócio do banqueiro (condenado pela justiça), Daniel Dantas.

Foi criada uma nova casta burocrática nesse país, que também é uma nova burguesia. Os que acompanharam Lula na troca do macacão pelo terno e gravata:
Luiz Gushiken, Ricardo Berzoini, Antônio Palocci, etc., que caíram do governo, mas não do poder, pois se tornaram sócios em megas fundos de pensão. Por isso a ânsia em privatizar a Previdência Social. Tudo denunciado pelos radicais do PT em 2003: Babá, Luciana Genro e Heloísa Helena (os quais participaram da fundação do PSOL), os quais não sucumbiram ao mar de lama de Lula e foram expulsos por Delúbio Soares, Silvio Pereira, Genoíno e CIA Ltda.

Dentre os milhares que Vargas mandou torturar e encarcerar, encontravam-se Gracialiano Ramos e a paraense Eneida de Moraes, bem como "Sabo" Berger e Olga Benário, as quais foram entregues pro Vargas ao regime nazista de Hitler. Ambas morreram no mesmo campo de concetração, sendo que a primeira de turbeculose e a segunda na câmara de gás. O Lula mandou prender centenas de trabalhadores rurais e condena a inanição outros milhares ao não realizar a Reforma Agrária nesse país. Lula dá a miséria da Bolsa Família a 11 milhões de pessoas, mas descarrega 51% do PIB (Produto Interno Bruto) para amortizações e juros da dívida pública nacional. Um verdadeiro crime contra o povo. Os "pais dos pobres" são, na verdade, as mães da burguesia.

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