terça-feira, 20 de abril de 2010

Atingidos por barragens de 10 estados protestam contra Belo Monte


As manifestações serão mantidas, mesmo com a liminar que suspende o leilão

Hoje (20/4) atingidos por barragens de 10 estados protestam contra o leilão da usina hidrelétrica de Belo Monte. Militantes de movimentos sociais, indígenas e ambientalistas, além de trabalhadores urbanos e de pastorais sociais também participam dos protestos. O leilão estava marcado para acontecer neste dia, na sede da Aneel, em Brasília, mas pela segunda vez foi suspenso por uma liminar expedida pela Justiça Federal, que afirma que a obra fere os direitos indígenas.

Manifestações contrárias à obra estão marcadas em diversas capitais, entre elas Fortaleza, Florianópolis, Porto Alegre, Porto Velho, Belo Horizonte, Belém, além de Campina Grande, na Paraíba, e em Altamira, no Pará. Atingidos por barragens de Tocantins e Goiás estarão mobilizados em Brasília. “Nos manteremos alerta em todo o país. O problema de Belo Monte é um problema nacional e internacional, fere o direito à soberania dos povos, fere a dignidade dos indígenas e ribeirinhos e fere a todos os brasileiros que pagarão a conta dessa obra. Esta liminar pode cair a qualquer momento, pois existe muita pressão para a realização do leilão. Estaremos fazendo protestos em diversas capitais para dizer que, se esse leilão acontecer, será um crime de leza-patria”, afirmou Iury Charles, da coordenação do MAB.

Na semana passada, o diretor do filme Avatar, James Cameron, esteve participando de um protesto que aconteceu na capital federal. Cameron declarou ser totalmente contra a construção de Belo Monte e apresentou inúmeros argumentos para reforçar sua posição, desde a necessidade de um novo modelo energético para o Brasil e para o mundo, como também os imensuráveis impactos socioambientais e econômicos que serão causados na região, afetando severamente as comunidades locais.

Dois consórcios se inscreveram para o leilão. Um deles tem participação da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), da Construtora Queiroz Galvão, da Galvão Engenharia e de outras seis empresas. O segundo consórcio tem a construtora Andrade Gutierrez, a Vale, a Neoenergia. Nesse grupo estão duas subsidiárias da Eletrobras: Furnas e Eletrosul.

Sobre a suspensão do leilão, em nota o MAB afirmou que “para as grandes empresas interessadas, o cancelamento da obra significaria a perda de uma oportunidade de alcançar uma enorme taxa de lucro com a venda da energia gerada por Belo Monte. Significaria também deixar de explorar os bens naturais da Amazônia, bens estes que já estão alcançando o esgotamento nos países ricos e desenvolvidos. Portanto, sabendo que as empresas não vão desistir facilmente deste mega-empreendimento, devemos continuar alertas e mobilizados contra a construção de Belo Monte e em defesa da Amazônia”.

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