Michel Temer (PMDB) assumiu
provisoriamente a presidência da república. “Eleito” de forma indireta,
por um congresso nacional corrupto, esse novo/velho governo é composto
por inúmeros partidos tradicionais. Um governo ilegítimo que deve ser
derrotado por greves, ocupações e protestos como as jornadas de junho de
2013.
O ministério de Temer é patronal e conservador. Possui a cara da
elite milionária. São exemplos: Blairo Maggi (PP), famoso por ser o
maior plantador de soja do mundo; Alexandre Moraes (PSDB), ex-Secretário
de Segurança de São Paulo, repressor das ocupações de escola, da luta
contra o aumento das passagens e das periferias; Romero Jucá (PMDB), que
deseja liberar a exploração mineral em áreas indígenas; José Serra, que
dispensa apresentação. Henrique Meireles, ex-presidente do Bank off
Boston e Ilan Goldfajn, economista-chefe e sócio do Itaú. Grande parte
desse time está investigada pela operação Lava Jato ou consta na lista
da Odebrecht.
Até agora, o discurso do governo Temer está concentrado na
“pacificação” e na necessidade de “equilibrar as contas”. Eles desejam
reativar os ataques contra conquistas sociais, já que nos últimos 3
meses a crise política dificultou o ajuste. Uma medida é a retomada da
contrarreforma da previdência, que retira direitos, por meio da elevação
da idade mínima para aposentadoria. Não por acaso agora a previdência
integra o Ministério da Fazenda, onde está instalado o núcleo duro da
austeridade a serviço do FMI. Vai ser preciso organização e luta para
barrar essas medidas e derrotar Temer. Nós da CST (Corrente Socialista
dos Trabalhadores), uma ala classista do PSOL, estamos nas greves,
ocupações, campanhas salariais, preparando esse combate!
A traição do PT nos levou a essa situação!
Para entender como chegamos ao governo atual, temos que analisar o
retrocesso que o PT impôs após 13 anos. Temer era vice de Dilma Roussef
desde 2010 e como líder do PMDB apoia o PT desde 2005. São mais de uma
década de parceria, qualificada por Lula e Dilma como estratégica. Não
por acaso o governo federal investiu milhões no Rio de Janeiro,
governado pelo PMDB de Cabral, Cunha, Pezão e Paes. A antiga base aliada
de Lula e Dilma hoje é a base aliada de Temer, incluindo ministros em
comum. Lula e Dilma possuíam representantes do agronegócio, da indústria
e do sistema financeiro na sua equipe. Durante as jornadas de junho
atuaram junto com o PSDB contra os manifestantes. Na Copa estabeleceram
parceria com as Secretaria de Segurança do Rio de janeiro e São Paulo. O
PT atacou as mulheres e LGBT’s ao fazer acordos com os
fundamentalistas. Reprimiu os negros ao colocar o exército na Maré. O
ajuste de Dilma/Levy, foi articulado por Temer. A contrarreforma da
previdência, o PL 257, contingenciamento, privatizações, lei
antiterrorismo de Dilma, Temer quer levar adiante. Fomos contra o
impeachment impulsionado pela FIESP, Vem Pra Rua e MBL, pois se trocou 6
por meia dúzia. Defendemos o Fora Todos! Eles não nos representam,
todos defendem retrocessos trabalhistas, previdenciários, ambientais e
democráticos.
Exigimos da CUT e demais centrais: a unificação das campanhas
salariais, coordenação das lutas e a preparação de uma greve geral de
24 horas!
Um setor da burocracia sindical está apoiando o governo Temer. A
Força Sindical, UGT, CSB e NCST reuniram com o governo e declararam sua
participação num o grupo de trabalho que vai debater a reforma da
previdência. Pretendem que a reforma seja “para os futuros
contribuintes”. Nós repudiamos essas negociatas! Somos contra qualquer
contrarreforma que retire direitos. É preciso que os trabalhadores
exijam assembleias democráticas para discutir a posição das Centrais.
Exigimos que a Força Sindical, UGT e demais Centrais rompam com Temer e
coloquem seus sindicatos a serviço da luta contra os ataques.
As direções da CUT e CTB se negaram a participar de uma reunião com
Temer. Nos últimos meses eles se dedicaram a defesa da Dilma, o que foi
absurdo. Agora é preciso que essas direções rompam os pactos com os
empresários e a linha do “volta Dilma”. Exigimos que a CUT e a CTB
unifiquem as campanhas salariais de maio, as greves e construam um
calendário de lutas por meio de assembleias. É preciso retomar a
proposta que a CUT e demais centrais agitaram até maio de 2015: “greve
geral contra o ajuste”. É preciso que as federações dos servidores
organizem uma campanha contra o PL 257. É preciso passeatas do MPL e do
MTST.
Um plano econômico e social para combater a crise!
Lutamos contra as demissões e o desemprego (que atinge 12 milhões de
pessoas), contra o arrocho salarial e a alta inflação (de 10%), péssimas
condições de trabalho e a retirada de direitos. Não aceitamos o
desmonte e privatização da saúde, educação e transporte. Combatemos a
corrupção. Para solucionar esses problemas propomos um plano econômico e
social alternativo cuja primeira medida é parar de pagar dívida interna
e externa ao sistema financeiro. Dessa forma teremos recursos para
investir nas áreas sociais e nos serviços públicos, implementar um plano
de obras federais que gere emprego, construa casas populares e um
sistema de transporte estatal. Defendemos reposição salarial de acordo
com a inflação e a redução da jornada de trabalho. Exigimos prisão,
confisco dos bens dos políticos e empresários corruptos e estatização
sem indenização das empresas mafiosas.
Construir uma verdadeira oposição de esquerda!
E preciso construir um caminho alternativo a polarização entre
PMDB/PSDB e PT/PCdoB. Uma verdadeira esquerda que batalhe por uma saída
operária e popular, diferente de partidos capitalistas como a REDE.
Infelizmente a maioria da esquerda prefere marchar ao lado de Lula e
Dilma, o que é errado. Por isso exigimos que o campo majoritário do
PSOL, a direção do MTST e a INTERSINDICAL, rompam com o lulismo e ajudem
a construir uma alternativa classista. É fundamental que o Espaço de
Unidade e Ação, impulsionado pela CSP-CONLUTAS, convoque uma nova
manifestação nacional em SP, pelo Fora Todos. Propomos aos sindicatos,
comandos de greve, escolas ocupadas, organizações políticas, movimentos,
a realização de uma plenária sindical, popular e estudantil para
discutir a saída para a crise. Defendemos o fortalecimento das lutas
para batalhar por um governo de Esquerda, dos Trabalhadores e do Povo.
Corrente Socialista dos Trabalhadores – PSOL