sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Vale é eleita pior empresa do mundo - Eu já sabia!

Após 21 dias de acirrada disputa, a mineradora brasileira Vale foi eleita, nesta quinta, 26, a pior corporação do mundo no Public Eye Awards, conhecido como o “Nobel” da vergonha corporativa mundial. Criado em 2000, o Public Eye é concedido anualmente à empresa vencedora, escolhida por voto popular em função de problemas ambientais, sociais e trabalhistas, durante o Fórum Econômico Mundial, na cidade suíça de Davos. 

Este ano, a Vale concorreu com as empresas BarclaysFreeport,SamsungSyngenta e  Tepco. Nos últimos dias da votação, a Vale e a japonesa Tepco, responsável pelo desastre nuclear de Fukushima, se revesaram no primeiro lugar da disputa, vencida com 25.041 votos pela mineradora brasileira.

De acordo com as entidades que indicaram a Vale para o Public Eye Award 2012 – a Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale (International Network of People Affected by Vale), representada pela organização brasileira Rede Justiça nos Trilhos, e as ONGs Amazon Watch e International Rivers, parceiras do Movimento Xingu Vivo para Sempre, que luta contra a usina de Belo Monte -, o fato de a Vale ser uma multinacional presente em 38 países e com impactos espalhados pelo mundo, ampliou o número de votantes. Já para os organizadores do prêmio, Greenpeace Suíça e Declaração de Berna, a entrada da empresa, em meados de 2010, no Consórcio Norte Energia SA, empreendimento responsável pela construção de Belo Monte, foi um fator determinante para a sua inclusão na lista das seis finalistas do Public Eye deste ano.

A vitória da Vale foi comemorada no Brasil por dezenas de organizações que atuam em regiões afetadas pela Vale. “Para as milhares de pessoas, no Brasil e no mundo, que sofrem com os desmandos desta multinacional, que foram desalojadas, perderam casas e terras, que tiveram amigos e parentes mortos nos trilhos da ferrovia Carajás, que sofreram perseguição política, que foram ameaçadas por capangas e pistoleiros, que ficaram doentes, tiveram filhos e filhas explorados/as, foram demitidas, sofrem com péssimas condições de trabalho e remuneração, e tantos outros impactos, conceder à Vale o titulo de pior corporação do mundo é muito mais que vencer um premio. É a chance de expor aos olhos do planeta seus sofrimentos, e trazer centenas de novos atores e forças para a luta pelos seus direitos e contra os desmandos cometidos pela empresa”, afirmaram as entidades que encabeçaram a campanha contra a mineradora. Em um hotsite(http://xinguvivo.org.br/votevale/) criado para divulgar a candidatura da Vale, forma listados alguns dos principais problemas de empreendimentos da empresa no Brasil e no exterior.

Coletiva

No Brasil, as entidade Rede Justiça nos Trilhos, Núcleo Amigos da Terra Brasil, International Rivers e MST farão uma coletiva de imprensa sobre o premio nesta sexta, 27, ás 12:00 h, na Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre.

Já em Davos, Suíça, também ao meio dia (horário local), os organizadores do Public Eye, Declaração de Berna e Greenpeace Suíça, farão a entrega do premio durante uma coletiva no Fórum Econômico Mundial, que contará com a presença do economista americano e vencedor do Premio Nobel, Joseph Stiglitz.

Ce$ar Pelu$o a portas fechadas

Cé$ar Pelu$o, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e também do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o mesmo que odeia a ética na política e o povo paraense, o que ficou demonstrado quando lançou mão de recurso nunca antes utilizado pela corte Suprema (o voto de Minerva) para tirar do Senado a lutadora Marinor Brito (PSOL/PA) e lá colocar o arqui corrupto Jader Barbalho (PMDB/PA); isso após reunir a portas fechadas com a cúpula do PMDB na noite anterior. 
Voltou a atacar.
Novamente, após reunião reservada, reservadíssima, de portas fechadas para o respeito e o zelo pela coisa pública com Conselheiros igualmente corruptos, desconsideraram o relatório do conselheiro e promotor de Justiça Gilberto Valente Martins, o qual solicitava a realização de nova licitação no caso da contratação de empresa para a compra de software, pois havia claros indícios de irregularidades.
Como vemos, o assalto aos cofres públicos parte de todos lados, inclusive daqueles que deveriam combatê-lo! 
Vergonha!
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Do blog Espaço Aberto:

E quando é a hora de investigar o CNJ, quem o investiga?

Então é assim.
O CNJ, está provado, é uma necessidade.
Precisa ser mantida. E com poderes suficientes para fiscalizar.
Do contrário, melhor acabar mesmo.
Mas vejam bem.
O CNJ é instância fiscalizatória que também não está acima do bem e do mal.
Muito pelo contrário.
Justamente porque está sendo visado, justamente porque está despertando furores incontidos entre segmentos que resistem à transparência total, o CNJ deve ser o primeiro a dar o exemplo. Ou melhor, o bom exemplo.
E assim é que um relatório concluído na última quarta-feira, por membro do CNJ, apontava indícios de irregularidades em licitação de R$ 68 milhões feitas às pressas pelo órgão em dezembro. E pedia a anulação do contrato.
O documento, assinado pelo conselheiro e promotor de Justiça Gilberto Valente Martins, paraense, foi enviado a todos os membros do CNJ, incluindo o seu presidente, Cezar Peluso.
A licitação provocou polêmica em dezembro, quando uma das empresas participantes, a IBM, apontou um possível direcionamento a favor da vencedora, a NTC, representante da Oracle. A concorrência foi feita para a compra de software destinado ao cadastro nacional unificado de processos judiciais do CNJ. O primeiro contrato, no valor de R$ 44,9 milhões, foi assinado no dia 23 de dezembro.
Um grupo de conselheiros decidiu então investigar o caso. Indicado pelo Ministério Público ao CNJ, o promotor Gilberto Valente Martins tomou iniciativa de cuidar de uma apuração informal e preliminar. Ele faz parte da ala de sete membros que quer reduzir os poderes da Presidência do CNJ, incluindo a retirada da prerrogativa que o presidente tem de escolher o secretário-geral.
E aí?
E aí que, ontem, o CNJ reuniu-se.
Reuniu-se a portas fechadas.
Trancou-se.
Isolou-se.
Refugiou-se em suas próprias reservas.
Trancado, decidiu o seguinte, conforme consta de uma nota emitida à tarde: "Após reunião administrativa, realizada nesta quinta-feira (26/1), e com base na análise técnica de todos os questionamentos apresentados em relação ao pregão presencial 49/2011, que trata da implantação da Central Nacional de Informações Processuais (CNIP), os membros do CNJ declaram não ter dúvidas em relação à legalidade e/ou regularidade do processo licitatório em questão, sem prejuízo dos mecanismos legais de controle.”
Perfeito.
E então? Acabou tudo? Tudo acabou?
Nenhuma outra instância se levantará para, digamos, analisar com outros olhos procedimentos que os conselheiros, trancados numa sala, consideraram regulares?
O CNJ investiga - e tem investigado com rigor.
Alvíssaras!
Que continue assim.
Que continue investigando com rigor redobrado.
O CNJ merece a maior força de todos nós.
Mas, e quando chega a vez de o CNJ ser investigado, quem o investiga?
Quem se apresenta?
Quem se habilita?

Especialista da ONU vê 'violação drástica' de direitos em ação no Pinheirinho

O processo de remoção dos moradores da comunidade Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), é uma "violação drástica" do princípio básico da moradia adequada, na avaliação de um alto especialista da ONU para o tema.
Em entrevista à BBC Brasil, o arquiteto brasileiro Cláudio Acioly, coordenador do programa das Nações Unidas para o Direito à Habitação e chefe de política habitacional da ONU-Habitat, criticou a condução da operação e afirmou que, segundo a experiência internacional, remoções forçadas "criam mais problemas (que soluções) para a sociedade".
A intervenção policial no Pinheirinho começou na manhã do último domingo.
A polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar protestos dos moradores.
Durante os confrontos, carros foram incendiados e pelo menos três pessoas ficaram feridas.
O especialista questionou a atuação com base no Estatuto das Cidades e na Constituição, que veem "função social" e protegem propriedades menores de 250 m² que permaneçam ocupadas pacificamente por um período de cinco anos ou mais.
Tanto a Secretaria de Segurança Pública quanto o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo discordam da avaliação de Acioly (veja quadro).
Leia a seguir trechos da entrevista com Acioly, que também já atuou como consultor do Banco Mundial e do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
BBC Brasil – Na sua experiência internacional, quais são os efeitos das remoções forçadas nas cidades onde ocorrem?
Cláudio Acioly – O que a gente vê em outras cidades é que essas remoções criam mais problemas para sociedade e principalmente para as famílias diretamente afetadas. Nessas áreas vivem pessoas que trabalham, pagam aluguel, têm uma renda e vivem aí decentemente, por pura falta de opção. Para onde vai essa população depois do desalojo? Vai alugar casa mais caro em outro lugar, muitas vezes em situação de superpopulação, morando e vivendo uns em cima dos outros. Ou então vai promover ocupações irregulares em outros locais: embaixo da ponte, na rua, de maneira fragmentada. Recentemente encontramos uma figura morando em uma árvore no centro da cidade na Tanzânia.
BBC Brasil – O senhor crê que houve cuidados no caso do Pinheirinho para evitar isso? Por exemplo, só agora o governo começou a cadastrar as famílias afetadas.
Acioly – Houve uma série de erros graves no processo. Eu já trabalhei no Brasil com urbanização de favelas e programas de reassentamento em Brasília. A gente tinha como ponto de partida o cadastramento das famílias, a numeração das casas, a documentação dos moradores, havia um banco de dados. E havia uma data a partir da qual quem chegasse não teria direito a uma moradia alternativa. Brasília sempre foi notória pela maneira de realizar seus desalojos e reassentamentos, porque era uma cidade planejada.
BBC Brasil – Qual é a maneira correta de se fazer remoções?
Acioly – Eu queria deixar bem claro que a ONU não promove nem defende essas políticas. Nós reconhecemos a realização do direito à habitação adequada, tal qual definem os instrumentos internacionais. Mas se remoção for necessária e inevitável, é preciso seguir o devido processo: informar e comunicar suficiente e antecipadamente a população afetada; promover o envolvimento da comunidade; prover compensação e uma alternativa de habitação que elimine os prejuízos e o impacto físico, econômico e psicológico nas populações; e acompanhar as populações para que as pessoas não sejam colocadas em situação de pobreza por causa da realocação.
Policiais bloqueiam acesso a áreas do Pinheirinho
Cortesia: Claudio Acioly.com
O brasileiro Cláudio Acioly também atuou como consultor do Banco Mundial e PNUD.
BBC Brasil – O senhor acredita que algum desses pontos foi respeitado no caso brasileiro?
Acioly – Você não pode simplesmente botar o trator e desrespeitar os direitos adquiridos a partir do princípio da função social da residência. A ocupação do Pinheirinho começou em 2004. Isso significa que cinco anos já se passaram e muitas pessoas que estão ali já estão estabelecidas. Pelo que tenho lido, está havendo uma violação clara do direito à habitação, que inclui o direito de não ser desalojado forçosamente. Está havendo uma violação drástica do princípio de habitação adequada.
Além disso, a ação de desalojo ocorreu no domingo – você não faz uma ação dessas no domingo, tem de haver uma participação da comunidade. Mesmo sendo uma decisão da Justiça, ela tem de ser aplicada de forma humana. O Estado tem um dever para com essas pessoas e deve reconhecer que possuem direitos como cidadãos brasileiros. Pelo que eu vi isto não está acontecendo.
BBC Brasil – Em abril de 2011, a relatora independente da ONU para o direito à habitação adequada, Raquel Rolnik, criticou formalmente o governo brasileiro pelas evidências que recolheu de “um padrão de falta de transparência, consulta, diálogo, negociação justa e participação das comunidades afetadas” nos processos de remoção relacionados às obras para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Acioly – Há organizações, como a Anistia Internacional, e a própria relatora independente da ONU alertando sobre desalojos no Brasil. Nós não temos como dizer que não pode haver reassentamentos. Mas não pode haver uma remoção forçada, em desrespeito ao princípio de que as pessoas não devem sair dali em situação pior que a que estavam. Se a autoridade olímpica acha que é melhor para a cidade e para a população que haja determinadas realocações, e há uma negociação, uma consulta e um entendimento, é uma situação em que todos ganham. Se não, temos um problema sério.
BBC Brasil – Se os governos agem em desacordo com esses direitos, há maneira de fazê-los prestar contas?
Acioly – A ONU não tem o poder de apontar o dedo para os governos e dizer o que e que eles têm de fazer. Quando temos um diálogo com o governo brasileiro sobre os seus programas, o que costumamos é relembrar esse princípio e os compromissos assumidos internacionalmente com eles. Além disso, a cada cinco anos os governos precisam fazer sua revisão periódica de políticas de direitos humanos no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. Agora, os países têm que prestar com a sua sociedade civil, porque eles firmaram esses convênios e tratados sobre os direitos dos seus cidadãos.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

25 anos sem o grande camarada e mestre Nahuel Moreno

Publicado originalmente em 30/01/2010.

Recordando a Nahuel Moreno

Por Mercedes Petit
Unidade Internacional dos Trabalhadores – UIT-QI

Tradução Denis Vale

Nosso fundador e mestre Nahuel Moreno foi um dos mais conseqüentes e destacados seguidores da luta de León Trotsky em construir a Quarta Internacional. Neste novo aniversário de seu falecimento, reproduzimos uma reportagem de 1985 no que sintetizou o significado do Trotskysmo.


O enfrentamento trotkismo versus estalinismo, é apenas uma antiguidade do século XX? Acreditamos que não. Com novos ou os mesmos términos, e com novos protagonista, segue expressando o debate e o enfrentamento entre os reformistas e os revolucionários que atravessou todo o século passado. Essa disputa deu lugar a que, há quase 70 anos, em agosto de 1940, um agente de José Stalin assassinasse Trotsky.


A queda do Muro de Berlim e a dissolução da outrora poderosa União Soviética marcaram o total fracasso do falso “socialismo” das ditaduras dos partidos comunistas, inauguradas pelo triunfo de Stalin na década de 20, quando derrotou León Trotsky. Este foi não só o principal dirigente, junto com Lenin, da primeira revolução obreira e campesina e do governo dos soviets na Rússia em 1917. Trotsky encabeçou a disputa contra a burocracia que se impôs na URSS e em todos os partidos comunistas do mundo. Foram esses burocratas, essa “sífilis”, quem salvaram ao capitalismo imperialista e abriram caminho ao retorno da burguesia nos países onde se havia expropriado. Desde aí a vigência atual da luta do trotskismo.


Em 1985, numa reportagem, Nahuel Moreno a sintetizou em alguns poucos parágrafos, poucos anos antes que caíssem aqueles burocratas. E os três aspectos que Moreno menciona seguem sendo a chave da luta revolucionária no século XXI: a mobilização até acabar com o capitalismo, a democracia obreira contra todo burocrata e a construção da direção revolucionária em cada país e no mundo, a Quarta Internacional. O reproduzimos.


Ser trotskista hoje
“Comecemos por entender o que significa ser verdadeiramente marxista. Não podemos fazer um culto, como se fez de Mao ou de Stalin. Ser trotskista hoje não significa estar de acordo com tudo aquilo que escreveu ou o que disse Trotsky, mas sim saber fazer-lhe críticas ou superá-lo, como a Marx, a Engels ou Lênin, porque o marxismo pretende ser científico e a ciência ensina que não há verdades absolutas. Em primeiro lugar, ser trotskista é ser crítico, inclusive ao próprio trotskismo.

No aspecto positivo, ser trotskista é responder a três análises e posições programáticas claras. A primeira, que enquanto existir o capitalismo no mundo ou em um país, não há solução de fundo para absolutamente nenhum problema: começando pela educação, a arte, e chegando aos problemas mais gerais da fome, da miséria crescente, etc..
Junto a isso, ainda que não seja exatamente o mesmo, o critério de que é necessária uma luta sem piedade contra o capitalismo até derrotá-lo, para impor uma nova ordem econômica e social no mundo, que não pode ser outra que não o socialismo.

Segundo problema, naqueles lugares onde se há expropriado a burguesia (falo da URSS e de todos os países que se reivindicam socialistas), não há saída se não se impuser a democracia operária. O grande mal, a sífilis do movimento operário mundial é a burocracia, os métodos totalitários que existem nesses países e nas organizações operárias, os sindicatos, os partidos que se reivindicam da classe trabalhadora e que se corromperam pela burocracia. E esse é um grande acerto de Trotsky, que foi o primeiro que empregou essa terminologia, que hoje é universalmente aceita. Todos falam de burocracia, as vezes até os próprios governantes desses estados que nós chamamos de operários. Enquanto não houver a mais ampla democracia, não se começará a construir o socialismo. O socialismo não é só uma construção econômica.

O único que fez essa análise é o trotskismo, e também foi o único que sacou a conclusão de que era necessário fazer uma revolução em todos esses estados e também nos sindicatos para alcançar a democracia operária.

E a terceira questão, decisiva, é que é o único consequente com a realidade econômica e social mundial atual, quando um grupo de companhias transnacionais domina praticamente toda a economia mundial. A este fenômeno sócio-econômico é preciso responder com uma organização e uma política internacional.

Nessa era de movimentos nacionalistas que opinam que tudo se soluciona no próprio país, o trotskismo é o único que diz que só há solução ao nível da economia mundial inaugurando a nova ordem, que é o socialismo. Para isso, é necessário retomar a tradição socialista da existência de uma internacional socialista, que encare a estratégia e a tática para alcançar a derrota das grandes transnacionais que dominam o mundo inteiro, para inaugurar o socialismo mundial, que será mundial ou não será.
Se a economia é mundial, tem que haver uma política mundial e uma organização mundial dos trabalhadores para que toda revolução, toda país que faça sua revolução, a extenda à escala mundial, por um lado; e por outro lado, cada vez mais dê direitos democráticos à classe operária, para que seja ela a que tome seu destino em suas mãos por via da democracia. O socialismo não pode ser nada mais que mundial. Todas as tentativas de se fazer um socialismo nacional fracassaram, porque a economia é mundial e não pode haver solução sócio-econômica dos problemas dentro das estreitas fronteiras nacionais de um país. A quem se deve derrotar são as transnacionais à escala mundial para abrir espaço à organização socialista mundial.


Por isso, a síntese do trotskismo hoje é que os trotskistas são os únicos no mundo inteiro que têm uma organização mundial (pequena, débil, tudo o que se queira dizer), porém a única internacional existente, a Quarta Internacional, que retoma toda a tradição das internacionais anteriores e a atualiza frente aos novos fenômenos, porém com a visão marxista: que é necessária uma luta internacional.

A 25 años del fallecimiento de Nahuel Moreno



Por Mercedes Petit

Nahuel Moreno fue uno de los principales dirigentes del trotskismo latinoamericano y fundador de una corriente de la cual forman parte Izquierda Socialista y la Unidad Internacional de los Trabajadores (UIT-Cuarta Internacional). Son muchos los aspectos que cubrió su intensa actividad militante, en la construcción de partidos y la elaboración teórico-política*. En medio de la crisis capitalista que sacude al mundo y del torbellino de la revolución árabe, hoy tomaremos el internacionalismo, al que definía como la “prioridad número uno”.

La actividad política del joven Moreno (1924-1987) se inició en Buenos Aires a comienzos de la década del cuarenta. Era la época en que el aparato burocrático del Partido Comunista de la Unión Soviética y sus satélites dominaban las organizaciones obreras y de masas. El rechazo a esa “sífilis” lo ligó a quienes la combatían desde la izquierda revolucionaria, los seguidores de León Trotsky (asesinado en 1940 por un agente de Stalin). Así fue conociendo lo que él definía como el “trotskismo bohemio”, cuyas tertulias se desarrollaban en el café Tortoni, lejos del movimiento obrero.

En 1944, con un puñado de jóvenes, comenzaron la construcción del GOM (Grupo Obrero Marxista), en la barriada obrera de Villa Pobladora, en Avellaneda. Desde entonces, y durante más de 40 años, dedicó su vida a la construcción del partido obrero e internacionalista en nuestro país y en muchos otros.

Superar al estalinismo

¿Hay una “razón de ser” del trotskismo? Creemos que sí. En la década del 20, dando continuidad al último combate de Lenin contra Stalin y la creciente burocracia que se apoderaba del partido y los soviets, León Trotsky y la oposición de izquierda enfrentaron a ese engendro. Fueron derrotados, pero continuaron la lucha. La revolución soviética fue traicionada, se impuso una sangrienta represión y el trotskismo, así como todo atisbo de oposición, fue diezmado. Trotsky en 1938 fundó, con unos miles de seguidores, desde el exilio y la clandestinidad, la Cuarta Internacional.

La “razón de ser” del trotskismo es construir una nueva dirección revolucionaria que, encabezando la movilización de los trabajadores y las masas oprimidas, acabe con todos los dirigentes burocráticos, con todos los privilegiados y retome la lucha por el triunfo del socialismo con democracia obrera en todo el mundo.

Esta apretada síntesis fue el motor de la actividad de Moreno: superar la crisis de dirección del movimiento obrero, instalada a partir de la burocratización en la antigua URSS. Por eso su doble obsesión: construir el partido revolucionario en Argentina, pero como parte de la tarea aún más grande y difícil, recuperar una internacional revolucionaria de masas. Por eso, denunciaba que el más grande crimen de Stalin (¡que tantos cometió!) fue la liquidación de la Tercera Internacional en 1943, para dar plenas garantías al imperialismo de que traicionaría absolutamente todas las luchas. En 1948 participó como delegado al Segundo Congreso de la Cuarta Internacional. Desde entonces dedicó gran parte de su actividad al seguimiento de la situación mundial y al acompañamiento directo de sus focos principales de insurrección.

La “oveja negra”

En la posguerra, con sus fuerzas diezmadas y sin contar con la irremplazable experiencia de Trotsky en su dirección, la Cuarta Internacional entró en una larga crisis, de la cual no se ha recuperado. Moreno representó el intento de combatir a las posiciones tanto oportunistas como sectarias que alimentaron la crisis y la dispersión del movimiento trotskista. Por ejemplo, ante el triunfo de la revolución contra Batista en Cuba y el desarrollo de las expropiaciones en el 60-61, se fue ubicando en la primera fila en la defensa de la primera revolución socialista latinoamericana, contra las posiciones sectarias y esquemáticas que la rechazaban o ignoraban. Y al mismo tiempo, combatió el oportunismo de Ernest Mandel y sus seguidores, que capitulaban a la dirección nacionalista pequeñoburguesa del castrismo, con el esquema revisionista de que “el que encabeza una revolución es revolucionario”. Mandel alentaba la concepción de que el papel de los trotskistas sería el de “asesores” de los dirigentes de masas, aunque fuesen burocráticos y conciliadores, como hicieron con Tito en Yugoslavia, Ben Bella en Argelia o Fidel Castro en Cuba. Por el contrario, Moreno llamaba a combatirlos, disputándoles la dirección para construir el partido revolucionario.

Esta ubicación hizo que Moreno en 1979, desde su exilio en Colombia, impulsara la participación de su corriente en la lucha armada del pueblo nicaragüense contra Somoza, encabezada por el Frente Sandinista de Liberación Nacional. Se formó la Brigada Simón Bolívar, que dio combatientes al Frente Sur del FSLN (donde cayeron tres de ellos), y en forma independiente tomó el puerto de Bluefields sobre el Atlántico. Luego del triunfo, cuando el sandinismo formó gobierno con un sector de la burguesía antisomocista y comenzó a disciplinar burocráticamente y desde arriba a las masas movilizadas, la Brigada impulsó la formación de sindicatos independientes. Rápidamente, los sandinistas concretaron su disolución y la expulsión de los combatientes internacionalistas. Desgraciadamente, el sector mandelista (conocido entonces como el Secretariado Unificado-SU) dio su apoyo a ese gobierno y no se solidarizó con los trotskistas detenidos, apaleados y expulsados**.

Construir una organización internacional

Moreno nos dejó su legado teórico y práctico con la obsesión de construir una organización internacional. Decía que una organización internacional, aunque fuese débil y pequeña, era absolutamente imprescindible. En primer lugar, porque no se puede elaborar un análisis lo más acertado posible de la situación internacional desde un partido nacional (lo que denominaba el “nacionaltrotskismo”). Y en segundo lugar, porque en los distintos países la construcción de los grupos y partidos revolucionarios se desarrollará combinando las luchas propias de cada lugar con el acompañamiento de los principales procesos revolucionarios regionales y mundiales. Mantenemos también el combate al sectarismo y al oportunismo. Por ejemplo, los mandelistas actuales son parte de las corrientes cada vez más escépticas sobre el triunfo de las luchas de los trabajadores y la revolución socialista. El caso emblemático es el NPA francés: un partido electoralista, alejado de las movilizaciones obreras y populares, que con la falsa bandera de la “amplitud” rechaza la construcción del partido revolucionario trotskista y vive de crisis en crisis.

Por todo esto, Izquierda Socialista es parte de la construcción de una organización internacional, la UIT-CI, junto a compañeros de otros países. Por ejemplo, los compañeros venezolanos que con la USI y C-Cura defienden la autonomía sindical y la independencia política de clase ante el gobierno de Chávez y su falso discurso del socialismo del siglo XXI. O los compañeros que en Bolivia participan de las movilizaciones contra Evo Morales. Así redoblamos nuestros esfuerzos para darle continuidad a esa tarea titánica pero imprescindible a la que dedicó su vida Nahuel Moreno.

La situación revolucionaria mundial

Uno de los temas recurrentes de Moreno desde los años 70 era insistir en que la crisis histórica del capitalismo imperialista engendraba una “insurrección de masas”, una situación revolucionaria mundial y que se produjeran todo tipo de revoluciones. En medio de un gran ascenso de las masas, desde el fin de la Segunda Guerra y la derrota del nazismo se había producido una relativa “recuperación” de la economía mundial, pero desde mediados de los sesenta se instalaban el fin del boom y las sucesivas oleadas de la crisis crónica capitalista.

En 1985, en el congreso mundial de su corriente, señalaba los principales procesos: la derrota de la dictadura de Somoza en Nicaragua y el ascenso centroamericano, así como la caída de dictaduras en América del Sur, la revolución iraní, y otros procesos. Y decía:

“¿Por qué decimos que hay situación revolucionaria? ¿Por qué creemos que va a haber una revolución de octubre [de 1917 en Rusia, dirigida por los bolcheviques de Lenin y Trotsky y con los Soviets] en algún país del mundo? No. ¿Porque va a haber grandes movilizaciones revolucionarias, guerras civiles, crisis revolucionarias, aunque no triunfen? Sí. Creemos que hay crisis revolucionarias y que las va a seguir habiendo. Que hace cuarenta años [desde 1945] que no deja de haber crisis revolucionarias y situaciones revolucionarias en los países y regiones más dispares del mundo. […] Es lo único que queremos decir.”*

Más de 25 años después de estos debates, la realidad mundial reitera y reitera esta descripción, que tanto se ajusta al tumultuoso inicio del siglo XXI.

* Para conocer más ampliamente la obra de Nahuel Moreno, véase www.nahuelmoreno.org. Algunos de sus principales textos son: El partido y la revolución, Lógica marxista y ciencias modernas, Método de interpretación de la historia argentina, La dictadura revolucionaria del proletariado. También véanse los cuatro tomos de El trotskismo obrero e internacionalista en la Argentina, coordinados por Ernesto González.

** Véase La Brigada Simón Bolívar, Ediciones El Socialista, 2009.

Fonte: uit-ci.org.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Eu nasci e me criei nessa beira de rio

Quem está entrando a partir de hoje aqui no Além da Frase, percebeu esta imagem junto ao título do blog.


Trata-se de foto digitalizada de um jornal da cidade de Abaetetuba/PA, minha terra natal. 

Algo extremamente emblemático para mim, e mais ainda, pois analisando o blog de onde retirei a iconografia (http://ademirhelenorocha.blogspot.com/2010/04/localidades-do-municipio-de_06.html/), percebi que o autor diz se tratar do Rio Maúba (com comunidade do mesmo nome), onde nasceu minha mãe, seus doze irmãos, assim como quase os meus oito manos.

(Meu pai nasceu no Engenho Santa Cruz, na comunidade de Santa Cruz/Igarapé-Miri/Pa, próximo à Vila Maiuatá/Igarapé-Miri/Pa. Eu nasci no Hospital das Irmãs na sede do município.)

A imagem é profunda como a baía onde desemboca o Maúba, a baía do Rio Pará. Também me chamou atenção a legenda: "Nosso desafio é sempre avançar para águas mais profundas".

Com família de pescadores, marítimos e ribeirinhos, nenhuma frase é tão próxima para traduzir a vocação de meus parentes, mas também, espaço comum para toda essa legião de milhões de ribeirinhos amazônidas, que sofrem sem políticas públicas, mas que também não titubeiam em batalhar, em lutar, em enfrentar não só os caudalosos rios da Amazônia, mas se necessário for, dobrar a barra do Maguari, chegar bem logo ali no Suriname, ir de Tefé ao Rio Jari, lançando-se em busca de águas mais profundas para conseguir dignidade: o peixe, a paz, a liberdade!

Animação: Copiar não é Roubo - Copy is not theft

A censura, sim! Ela rouba a liberdade, faculdade essencial de um ser humano plenamente detentor de dignidade.

"Copiar não é roubo", animação de Nina Paley para o projeto questioncopyright.com. Legendas inseridas por www.portaldetonando.com.br.

A polícia a serviço do copyright e a ciberguerra



Por Idelber Avela*
 
Os EUA já haviam desencadeado ações contra o compartilhamento de arquivos antes, mas só a ofensiva contra Julian Assange e o Wikileaks se compara ao que foi feito ontem, tanto em dimensões materiais como simbólicas. Um indiciamento de 72 páginas, de um tribunal federal da Virgínia, levou o FBI a solicitar à polícia neo-zelandesa a prisão de sete pessoas ligadas ao site de compartilhamento de arquivos MegaUpload. Quatro dessas sete pessoas, incluídos os fundadores do site (Kim Dotcom and Mathias Ortman), já estão presas. Entre os indiciados, há não só neo-zelandeses mas alemães, um estoniano, um eslovaco e um holandês.


O caso é singular porque ele não envolve absolutamente nenhum cidadão dos EUA ou hospedagem de site nos EUA. Mesmo assim, o FBI foi capaz de realizar as prisões em território estrangeiro e impor o fechamento. O indiciamento afirma que o “dano” causado pelo MegaUpload é de mais de US$ 500 milhões, segundo a estranha lógica usada pelo lobby do copyright para fazer esses cálculos, ou seja, a de que todos os usuários que baixaram filmes, canções, livros e outros produtos culturais nos sites de compartilhamento pagariam por eles os preços fixados pela indústria, caso esses sites não existissem. O indiciamento é ainda mais surpreendente porque o MegaUpload tinha uma política de retirar imediatamente o conteúdo sempre que notificado pelos detentores do copyright. O site já havia, inclusive, registrado um agente DMCA (Digital Millenium Copyright Act) junto ao governo dos EUA. Como bem colocou Walter Hupsel, mandaram prender o carteiro e, como apontou o advogado espanhol Carlos Sánchez Almeida, são mais de 150 milhões de usuários cuja privacidade na comunicação online poderá ser violada pela polícia federal dos EUA.
Defenderemos o verde
Com arcos e flechas
Tacapes na mão

Entre ativistas online, foi intensa a especulação de que a ofensiva do FBI contra o MegaUpload seria uma possível compensação do governo Obama ao lobby do copyright depois da declaração do presidente contra o SOPA (Stop Online Piracy Act). O SOPA, um draconiano projeto de criminalização do compartilhamento de arquivos que inclui até mesmo a possibilidade de que se impeçam os motores de busca de apontar para sites acusados de violar o copyright, foi objeto de um mega-protesto na internet anteontem. Esses protestos mudaram significativamente o balanço de forças no Congresso, mas o projeto conta com o apoio de Hollywood, tradicional aliado dos Democratas nas eleições presidenciais americanas. Logo depois da declaração de Obama, o Senador democrata e lobista de Hollywood Christopher Dodd ameaçou Obama com o fim das generosas doações hollywoodianas à sua campanha.

No começo da noite, veio a reação. Articuladas pelo coletivo Anonymous, pelo menos 5.635 pessoas usaram LOIC (Low Orbit Ion Cannon) para realizar ataques de negação de serviços a vários sites do governo dos EUA e da indústria do entretenimento. Num intervalo de poucas horas caíram (e, no momento de produção desta matéria, continuavam derrubados), os sites de FBI, Copyright Office, Department of Justice, Warner Music, Universal Music e Recording Industry Association of America. Na Espanha, caía também o site da Sociedad General de Autores y Editores, um dos grandes defensores do lobby do copyright no país ibérico. É uma ação de impacto imediato considerável, que provoca euforia na rede e é bem desmoralizante para as empresas e autoridades visadas. Mas há que se perguntar qual o seu alcance para a continuação da luta.

Acostumados, que talvez já estejamos, à escalada do horror do poder policial dos estados, vale lembrar o ineditismo da ação do FBI ontem. Como afirmou Diego Souto Calazans no Twitter: “Imagine uma imensa biblioteca onde você pode ter acesso não apenas a todos os livros já escritos, mas também às músicas, filmes, ideias … Essa biblioteca total, esse museu vivo da cultura universal, é a Internet. É o que querem incendiar”. Uma declaração da Eletronic Frontier Foundation coloca os pingos nos is: “Este tipo de aplicação de procedimentos criminais internacionais à política para a Internet estabelece um precedente terrorífico. Se os EUA podem capturar um cidadão holandês na Nova Zelândia por causa de um reclamo de copyright, o que falta mesmo? O que vem por aí?”

*Idelber Avelar é colunista da Revista Fórum outro mundo em debate.

Página do FBI é atacada por hacker

Possivelmente em virtude a um ataque de hackers, a página da polícia federal dos Estados Unidos (FBI), ficou fora do ar por cerca de uma hora. Sem a confirmação oficial por parte do governo federal de que realmente sua página na internet tenha sido atacada pelo grupo de hacker Anonymous, o mesmo afirma ser o responsável pela ação em protesto contra a derrubada do site Megaupload.com.

Em seu Twitter oficial, o grupo Anonymous afirmou que “a internet contra-ataca” e que realizaram uma luta pela liberdade da internet. O grupo de hackers ainda ameaçou atacar o site da Casa Branca.

Na real, o protesto é em razão a retirada do ar do site de compartilhamento de arquivos Megaupload, usados por milhares de internautas para downloads; mas tem mais um motivo frente a este protesto. A outra razão é a prisão do fundador da página, que ocorreu na Nova Zelândia, ontem. De acordo com as investigações, além do fundador do site Megaupload, vários executivos estão sendo acusados de violar a legislação antipirataria nos Estados Unidos. A acusação afirma que o site seria o responsável pelo prejuízo de mais de US$ 500 milhões em roubos de direitos autorais e por facilitar a pirataria de filmes e outros tipos de conteúdos.

Fonte: http://www.oficinadanet.com.br/noticias_web/4824/pagina-do-fbi-e-atacada-por-hacker?utm_source=estadao&utm_medium=twitter&utm_campaign=Feed%3A+oficinadanet_rss+%28Oficina+da+Net+-+Feed%29

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Elis para sempre: alegre, viva, cantando a liberdade!

Hoje faz 30 anos que Elis Regina faleceu.
Mas parece que não.
Tenho a impressão de que ela está vivíssima da Silva.
Talvez porque esteja mesmo. Afinal as ondas sonoras nunca morrem.
Ficam por aí reverberando de CD em DVD, nos bites e bytes da internet, para sempre, para eternidade...

Elis, que cantou a luta contra a insanidade e o barbarismo da Ditadura, que embalou a Anistia, continuará alimentando nossa luta por justiça, socialismo e liberdade!

Eu, que nasci, quando ela partia, nunca senti saudades dela, pois sempre tive a impressão de a ter conhecido e tomado uma cachaças por aí.
Mas que bobagem essa minha, claro que a conheci! Na maioria dessas festas, ela era fazendo show particular pra mim.
Diferente do texto abaixo, nunca pensei em Elis representando alguma derrota, mas o contrário disto. Com ela, brindaremos sempre a vitória!

Elis, presente!
(M.B.)
*************

Um “Deus lhe pague” de ódio e revolta!




Por Tania Pacheco

Quando penso em postar algo de Elis, é sempre uma mesma música, de uma mesma apresentação, a que me ocorre. Porque é a que mais me toca. O vídeo acima, entretanto, foi garimpado cuidadosamente, porque tem muito mais a ver com uma Elis pouco conhecida, assim como tem muito mais a ver com meu sentimento neste instante e com a temática subversiva deste blog. E é a partir dele que quero recordar e reverenciar Elis, ao meu jeito.

Era o início da ditadura. Os estudantes estavam nas ruas, assim como a polícia, em geral montada a cavalo. As boles de gude foram a grande “invenção” da época, fazendo escorregar e jogando ao chão cavalos e cavaleiros. Era o início da ditadura. No Rio de Janeiro, como uma “resposta” ao incêndio do prédio da UNE, algo de novo nascia. Nara Leão, a “menina rica da zona sul carioca”, se juntava ao negro favelado Zé Keti e ao negro sem terra maranhense João do Valle para cantar o show que levaria o nome de um novo teatro: Opinião. Depois, viriam as peças: ”Liberdade, liberdade”, “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come” e tantas outras. No Arena, em São Paulo, a chamada turma da Cultura também protestava. “Arena conta Zumbi”, “Arena conta Tiradentes” etc eram formas de autores e atores usarem do Teatro para falar através de metáforas.

Brasil afora e em muitos outros espaços, na maioria universitários, eram comuns shows e peças terminarem com leituras de manifestos. Porque também no que dizia respeito à música, as palavras de ordem eram igualmente os protestos. Das faculdades, surgia gente como Chico Buarque, Edu Lobo e tantos outros, ainda imaturos mas dando início ao seu aprendizado político, paralelo ao seu crescimento musical e artístico. Muitas vezes os shows eram apresentados nos salões das faculdades, com a maioria da platéia sentada no chão, mas todos unidos numa mesma emoção. Foi numa dessas apresentações, no salão da UFRJ na Praia Vermelha, que em dado momento foi apresentada à platéia uma mocinha gaúcha que chegara há pouco ao Rio. Não me recordo o que ela cantou. Mas lembro perfeitamente a emoção que senti. Ao contrário dos outros artistas que se apresentavam, ela não era uma universitária. Vinha, sim, de uma família bem pobre e sem estudos, e buscava seu espaço entre nós, de alguma forma privilegiados.

Durou muitíssimo pouco tempo essa busca. O reconhecimento e o sucesso chegariam logo, mas a mocinha gaúcha percorreria um duro caminho, no seu despreparo para a vida. Ganharia e perderia muitas vezes. De uma criticada apresentação para o Exército, para a qual as mais diversas justificativas já foram apresentadas, à sua decisiva participação na luta pela Anistia, transformando em hino “O bêbado e a equilibrista”, de Aldir Branco e João Bosco. E cantávamos com ela aos berros as menções ao irmão do (maravilhoso e saudoso) Henfil e às Marias e Clarisses - que talvez hoje pouca gente saiba eram, respectivamente, as viúvas do operário Manuel Fiel Filho e do jornalista Wladimir Herzog, ambos assassinados sob tortura no DOI CODI do II Exército, em São Paulo. Se mencioná-los era proibido, felizmente a ignorância dos censores (capazes de mandar prender Bertolt Brecht, não me recordo por qual peça, e Sófocles, por “Antígona”), permitia que eles fosse lembrados e homenageados através dos nomes de suas mulheres.

“Elis Regina de Carvalho Costa” talvez tenha sido o mais belo e emocionante de seus shows. É nele que ela faz a apresentação para mim insuperável de “Atrás da porta”, com uma força e uma dor que, na sua intensidade, prenunciam, talvez, o que estava por vir. Depois de um dos maiores sucessos, a última e definitiva derrota ocorreria, há exatos 30 anos. Até hoje, penso que de alguma forma naquela manhã de 19 de janeiro fomos tod@s também um pouco derrotad@s.

Mas não quero terminar este texto assim, triste. Por isso, recorro a um presente que me foi enviado, também garimpado. Socializo, abaixo, um outro belo momento de Elis, enviado por José Carlos:

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Enriquecimento ilícito: prefeito de Cametá, pego com a boca na Botija, responde a processo no TRF1

NOVO PROCESSO: O PREFEITO TIO VADOCA E SEU IRMÃO SECRETÁRIO DE SAÚDE ESTÃO RESPONDENDO PROCESSO POR ENRIQUECIMENTO ILÍCITO PELO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL!


CONTRA FATOS NÃO  HÁ ARGUMENTOS
VEJAM NO LINK:
Verdadeira MAMATA em Cametá.
 O TIO VADOCA [Valdoli Valente/PSD - Prefeito de Cametá/PA]* E SEU IRMÃO SECRETÁRIO DE SAÚDE DO DESGOVERNO DE CAMETÁ RESPONDEM PROCESSO NO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO, DE CLASSE Nº 64 QUE CORRESPONDE A AÇÃO CIVIL DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, SOB ACUSAÇÃO DE ENRIQUECIMENTO ILÍCITO, NA 5º VARA FEDERAL PELO JUIZA RESPONSÁVEL HIND GHASSAN KAYATH. ONTEM, 13 DE JANEIRO DE 2012 FOI A INTIMAÇÃO/NOTIFICAÇÃO POR OFICIAL MANDADO. 

O PARENTE ESTÁ EM TODO LUGAR, PRINCIPALMENTE AO SEU LADO.




*Grifo do Além da Frase.

Nota de apoio as lutas contra o aumento da passagem em outros estados




As entidades que compõem o Fórum Metropolitano em Defesa do Transporte Público de Qualidade - Belém - expressam através dessa nota seu apoio e solidariedade às mobilizações que ocorrem em outras capitais brasileiras contra o aumento da passagem de ônibus.

Acreditamos que a luta em defesa do transporte de qualidade e contra os aumentos abusivos nos valores das tarifas de ônibus são pautas que nos unem. Nos indignamos com a repressão absurda e a prisão de pessoas durante as recentes mobilizações em Teresina. A coragem dos companheiros dessa cidade, que enfrentam prefeitura e o aparato repressor do governo do Estado, é um exemplo para as mobilizações que queremos construir.

O ano de 2012 começou com aumento nas tarifas, nas mensalidades e nos preços da cesta básica, enquanto vemos o governo federal destinando 47,19% do orçamento de união para pagamento de juros e amortizações da dívida pública. O governo Dilma, os governos estaduais e prefeituras seguem privilegiando banqueiros, empreiteiras e empresários dos transportes enquanto enchentes e alagamentos aprofundam a crise social em nosso país.

Os indignados que sacudiram o planeta do Cairo, passando pela Puerta Del Sol até Wall Street nos mostram que o caminho para derrotar os ajustes e retiradas de direitos é ir as ruas. Os estudantes em Teresina deram o tom de como deve ser a luta esse ano. Os trabalhadores e a juventude devem incendiar esse país em mobilizações contra os aumentos das passagens, que sempre servem para aumentar o lucro dos empresários e não para garantir qualidade.

Começamos nessa sexta-feira, 13/01, as mobilizações em Belém, porém acreditamos que é preciso construir um dia nacional de luta contra o tarifaço que unifique os processos em curso em Vitória, Teresina, Campinas, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Belém. Assim será possível potencializar nossa luta.

Saudações Fraternas
Fórum Metropolitano em Defesa do Transporte de Qualidade - Belém

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Criança indígena de 8 anos é queimada viva por madeireiros

 Blog Conexão Brasília-Maranhão - [Rogério Tomaz Jr.] Quando a bestialidade emerge, fica difícil encontrar palavras para descrever qualquer pensamento ou sentimento que tenta compreender um acontecimento como esse.
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Nota de Diário Liberdade: As dificuldades de apuração no Maranhão, como se sabe, são imensas. O estado em que reina o clã Sarney tem às mãos todas as instituições estatais e controla também toda a imprensa, além de ter bandos armados a serviço dos interesses dos capitalistas deste estado. Ainda assim, duas fontes confirmam a barbaridade ocorrida. Se houver atualizações voltaremos a informar aqui. Para quem se interessa em conhecer melhor a realidade do estado do Maranhão, recomendamos a leitura do livro do jornalista brasileiro Palmério Dória, "Honoráveis Bandidos".
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Na última semana* uma criança de oito anos foi queimada viva por madeireiros em Arame, cidade da região central do Maranhão.

Enquanto a criança – da etnia awa-guajá – agonizava, os carrascos se divertiam com a cena.
O caso não vai ganhar capa da Veja ou da Folha de São Paulo. Não vai aparecer no Jornal Nacional e não vai merecer um “isso é uma vergonha” do Boris Casoy.

Também não vai virar TT no Twitter ou viral no Facebook.

Não vai ser um tema de rodas de boteco, como o cãozinho que foi morto por uma enfermeira.
E, obviamente, não vai gerar qualquer passeata da turma do Cansei ou do Cansei 2 (a turma criada no suco de caranguejo que diz combater a corrupção usando máscara do Guy Fawkes e fazendo carinha de indignada na Avenida Paulista ou na Esplanada dos Ministérios).
Entretanto, se amanhã ou depois um índio der um tapa na cara de um fazendeiro ou madeireiro, em Arame ou em qualquer lugar do Brasil, não faltarão editoriais – em jornais, revistas, rádios, TVs e portais – para falar da “selvageria” e das tribos “não civilizadas” e da ameaça que elas representam para as pessoas de bem e para a democracia.

Mas isso não vai ocorrer.

E as “pessoas de bem” e bem informadas vão continuar achando que existe “muita terra para pouco índio” e, principalmente, que o progresso no campo é o agronegócio. Que modernos são a CNA e a Kátia Abreu.
A área dos awa-guajá em Arame já está demarcada, mas os latifundiários da região não se importam com a lei. A lei, aliás, são eles que fazem. E ai de quem achar ruim.

Os ruralistas brasileiros – aqueles que dizem que o atual Código Florestal representa uma ameaça à “classe produtora” brasileira – matam dois (sem terra ou quilombola ou sindicalista ou indígena ou pequeno pescador) por semana. E o MST (ou os índios ou os quilombolas) é violento. Ou os sindicatos são radicais.

Os madeireiros que cobiçam o território dos awa-guajá em Arame não cessam um dia de ameaçar, intimidade e agredir os índios.

E a situação é a mesma em todos os rincões do Brasil onde há um povo indígena lutando pela demarcação da sua área. Ou onde existe uma comunidade quilombola reivindicando a posse do seu território ou mesmo resistindo ao assédio de latifundiários que não aceitam as decisões do poder público. E o cenário se repete em acampamentos e assentamentos de trabalhadores rurais.

Até quando?
Atualização – 0h16 (06/01)
As informações sobre o episódio foram divulgadas pelo jornal Vias de Fato (www.viasdefato.jor.br), que faz um trabalho muito sério em São Luís, especialmente dedicado à cobertura da atuação dos movimentos sociais. No seu perfil no Facebook, uma das coordenadoras do Vias de Fato publicou a foto e a informação de que se tratava de uma criança queimada. Estamos apurando e reunindo mais informações para publicar assim que possível.

*O crime não ocorreu segunda (3) como informei. No sábado (31) o jornal Vias de Fato foi informado do episódio, mas não diz em que dia ocorreu. O Vias está fora do ar (algum problema técnico, creio), mas o cache do Google ainda permite a visualização da nota publicada na noite do sábado. Clique aqui.

Há mais uma fonte que confirma o fato, clique aqui.