terça-feira, 27 de outubro de 2015

Chacina deixa 62 mortos em três dias

Barbárie total às vésperas do aniversário de um ano da última chacina em Belém. Esta, maior e mais perversa. 61 mortos em um único sangrento final de semana. 

As mortes são fruto de provável ação de milicianos, que reagiram em represália ao assassinato do soldado Pedroso, que era da Ronda Tática Metropolitana (ROTAM/PM).
Caçada levou a execução de suposto assassino de PM

Na noite de hoje, um dos supostos envolvidos (imagem) no assassinato do PM, que se encontrava sob custódia da polícia na UNIMED Belém da Domingos Marreiros, bairro de Fátima e que respondia pelo apelido de "Pocotó", foi executado. Inclusive a imagem que circula pelo WatshApp, tem os dizeres "Assassino do sd.pedroso." e "VULGO POCOTO". O que sugere a vingança pela morte do soldado, a caça e por fim a execução de "Pocotó".

Resta a pergunta: quais os responsáveis por essas mortes? 
Ao se considerar o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias e Grupos de Extermínio com atuação no interior da Polícia Militar, realizada pela Assembleia Legislativa do Pará, a motivação da CPI fora a chacina de cerca de 11 pessoas inocentes em novembro de 2014 em Belém, e o texto é categórico: " A cultura organizacional da Polícia Militar favorece a formação de milícias e grupos criminosos".

A chacina de novembro ocorreu horas depois do assassinato do Cabo Pet (que estava afastado da PM). Segundo a CPI das Milícias, a morte dele foi em decorrência da disputa por aéreas de influência entre grupos criminosos. A chacina deste final de semana e as 62 mortes até aqui registradas pela Polícia Civil, ocorreram logo depois da morte do soldado da ROTAM. E isso não é mera coincidência.

Alô, governador!

O terror está espalhado na capital do Pará e Região Metropolitana de Belém. No Zap Zap circulam áudios e mensagens, supostamente de policiais militares, falando para a população não sair às ruas.

Enquanto a violência está generalizada e a matança e genocídio de inocentes e moradores das periferias seguem a todo torpe vapor, o governador Simão Jatene (PSDB) e a cúpula tucana da segurança pública do estado, estão inoperantes e de bicos calados.

Basta de genocídio de pobres e de negros!
Basta de chacinas em Belém!

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Pastor Raul é 10

Raul Batista de Souza, pastor da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), vereador da capital do estado, nascido no município de Acará, com sede do município distante a duas horas de carro (cinco de barco) de Belém do Pará, dirigente do Partido Republicano Brasileiro (PRB), daqui a dois dias fará 52 anos. Recebeu um grande presente de aniversário: foi preso na manhã de hoje, 22, pela Polícia Federal. 

Em verdade, os presenteados fomos todos nós contribuintes e trabalhadores explorados por essa quadrilha. Desta vez, o escândalo diz respeito a fraudes cometidas na concessão do seguro defeso. Mecanismo extraordinário que deveria manter a subsistência dos pescadores artesanais e garantir o período em que as espécies de peixes, como o delicioso mapará, pudessem se reproduzir. Contudo, algo cheirava muito mal, e não era o pitiú dos peixes. Aliás, o peixe, linha, tarrafa e anzol passavam muito longe dessas tenebrosas tramas, cujo um dos principais líderes era o nada nobre pastor e vereador Raul. 

A Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Arapaima e saiu à caça de peixes graúdos e médios, servidores públicos e associados, de um milionário esquema de fraudes no benefício do seguro defeso. Foram 18 mandados de prisão, incluso o do vereador, e 17 de busca e apreensão.

Arapaima

O nome científico de um dos maiores peixes de água doce da Amazônia é Arapaima gigas, o ameaçado e apreciado pirarucu. Certamente que é sugestivo que tenha sido o nome da operação, pois igualmente opulento e grandioso são os esquemas de fraudes, que há um ano, a Polícia Federal têm investigado. Estavam no foco das investidas da polícia judiciária a Superintendência Federal da Pesca no Pará (SFPA), à qual Raul Batista é ligado, Postos do Sistema Nacional de Emprego (SINE/MTE) e as agências da Caixa Econômica Federal em Belém.

70 agentes estiveram envolvidos na operação Arapaima. Ela ocorreu em  Ananindeua, Belém e Santa Isabel - Região Metropolitana de Belém (RMB); Altamira - região do rio Xingu (oeste do Pará); Cametá e Mocajuba - baixo Tocantis (nordeste do estado), e Soure - Arquipélago do Marajó. 

Engorda

Poderemos dizer que o defeso é o período da reprodução e da engorda (desenvolvimento) dos peixes. Nesse intervalo de tempo, os pescadores artesanais deveriam usufruir do benefício social do seguro-defeso. Contudo, poucos são os que de fato estavam engordando. E muito. Para a maioria da população, os pescadores, geralmente gente muito simples ou analfabeta, estava a miséria e/ou o caos. 

Lembro de uma ação de saúde do governo do estado em 2009 nas Ilhas de Paquetá, Jutuba e Cotijuba em Belém. Ana Júlia Carepa (PT) ainda era a governadora. Fui para realizar palestras e ações de mobilização social e educação em saúde no que se refere ao combate aos acidentes de motor com escalpelamento. 

O que de fato chamou-me a atenção foi perceber que nas comunidades havia um número expressivo de pescadoras e pescadores que enfrentavam problemas para conseguir o benefício do seguro-defeso. 
Gente simples, trabalhadora. Olhares profundos e gritos de lamento. Cansaço e temor pela fome. Diante da tamanha necessidade, vence a timidez e o medo e ousam pedir alguma ajuda para as "autoridades" ali presentes. 

Queriam saber como fazer para vencer as barreiras da burocracia e entender porque eles, sendo trabalhadores do ramo da pesca artesanal, só conheciam o estado através do peso da repressão ee da polícia, acaso ousassem pescar no período de defeso. 

"Mas a gente faz o quê, senhor? Se não pesca, não tem o que comer.", lamentou um dos membros da comunidade que atentamente assistira nossa conversa. 

A gente faz o quê?! Essas palavras me engasgavam como uma espinha de sarda até hoje. Lembro que o orientei a voltar novamente na Colônia de Pescadores Z10 de Icoaraci, e caso não fosse resolvido a questão, que ele procurasse a Defensoria Pública do Estado ou Ministério Público Federal. 

Uma das respostas para esses tantos pescadores artesanais lesados, bem como para toda a sociedade começou a ser dada hoje. Eles não recebiam seus direitos porque havia políticos, cargos comissionados (DAS's) e asseclas se dando muito bem em cima da dor, sofrimento e miséria alheias do povo amazônida.

Pastor Raul é 10

Após prestar depoimento na Superintendência da Polícia Federal e de fazer exame de corpo de delito no Instituto de Perícias Médico Legal Renato Chaves, o pastor e vereador Raul Batista de Souza foi levado para o Centro de Recuperação Especial Coronel Anastácio das Neves, no complexo de Americano, em Santa Isabel. Ele lá já chegou e está em cela especial.

O 10 na vida do abençoado pastor não é mera coincidência. Segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Raul Batista obteve em 2012, quando se reelegeu vereador de Belém dentre os mais votados, 10.733 votos. Passados apenas dois anos, nas eleições de 2014, ele recebeu 104.356 votos para o cargo de deputado federal. Seu partido, o PRB, fez coligação com o Solidariedade (SD) de Wladimir Costa. O único que elegeu-se pela coligação. Batista é 1º suplente. Multiplicou os votos da eleição anterior por 10. Meteórica e espantosa ascenção, não?!  

E por quê? 
Justamente porque é desse período a ida para a Superintendência Federal da Pesca no Pará de seu amigo e também pastor, Eduardo Lopes. Igualmente filiado ao PRB. 

Cem mil apreendidos na casa do Pastor Raul

A utilização política do seguro-defeso não é de hoje e já ajudou a eleger deputados federias, estaduais e até prefeitos. Que o digam Chico da Pesca, Miriquinho Batista e o prefeito de Cametá Iracy (PT), cuja a profissão é de pescador artesanal.

Não foram só votos que o Pastor Raul levou nessa trama. Suas contas e de seus apaniguados também obtiveram vertiginoso incremento para Eduardo Cunha nenhum botar defeito.

Os agentes encontraram em sua residência nada mais, nada menos que R$ 100.000,00. E como ele gosta de um dez, ninguém duvida que não exista pelo menos 2x10 dessa quantia toda.

Traíra arisca

Nem todos os mandados de prisão foram cumpridos, segundo o redator do Além da Frase apurou. Ainda tem uns peixes graúdos a serem fisgados, como é o caso do vereador de Cametá, Cleidinho Teles (PT). Teles estaria sendo investigado por envolvimento nas fraudes do seguro-defeso através da Associação dos Pescadores Artesanais do Município de Cametá (APAMUC). 

Outro possível foragido é cidadão que responde pelo nome de "Zé" Fernandes, presidente da Colônia de Pescadores Z-16 de Cametá. Filiado ao PDT, Zé Fernandes está, ou pelo menos estava, sendo cotado para assumir, pasmem, a Secretaria Municipal de Educação de Cametá. 

O presidente da APAMUC, Amilton Alho, já estaria preso pela PF.
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Atualizado às 19h42 - 23/10/2015

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Preconceito de classe e ódio contra trabalhadores "informais"


por José Emilio Almeida

A postagem é de mais um entorpecido jornalista tucano. Desses que não conseguem enxergar além do que veem os seus olhos embaçados pelas benesses que o o poder lhes têm concedido. E isso há décadas - porque este mal existe desde que Almir Gabriel, por oito anos, espoliou o nosso estado.

Na postagem, o insensível jornalista amarelo condena, de forma implacável, uma trabalhadora que vende alimentos no centro comercial de Belém. Para ele, "essa coisa" e "aberração" (como classifica a atividade produtiva e de sustento familiar desenvolvida pela pobre senhora), fere o Código de Postura e deveria ser proibida pela Prefeitura de Belém, cujo titular, o seu amigo Zenaldo Coutinho (PSDB), tem o gabinete há apenas 200 do local.

Não vêem - ou não querem ver - esses desapiedados, que a taxa de desemprego geral da economia no Brasil, que fechou o segundo trimestre com 8,3%, foi de 4,8% em 2014. Quando o Brasil era governado pelo PSDB, em 2001, a taxa anual foi de 12,1%. E ao que tudo indica, essa taxa poderá chega a 10%, no final deste ano.

Na postagem, o inclemente tucano, mais preocupado em vomitar a sua indignação, sequer propõe uma solução civilizada para tratar o que ele considera um problema "sério para a cidade". Que se dane a pobre mulher.

É preciso que a população pobre e lutadora, da qual faz parte a mulher ultrajada por este inepto, derrube do trono estes arrogantes.

Somos estudantes e trabalhadores, muitos de nós desempregados ou tentando sobreviver na economia informal e não merecemos esta provocação.

Moradores de Barcarena denunciam uso político de cestas básicas e cobram salário prometido por Helder

por Carlos Mendes

Depois que o secretário dos Portos, Helder Barbalho, apareceu em Barcarena, anunciando que seriam entregues 5 mil cestas básicas e também o pagamento de 1 salário mínimo para cada família atingida pelas consequências do naufrágio do navio Haidar e a morte de pelo menos 4.800 bois, parece que a demagogia e a exploração política passaram a tripudiar sobre as carências da população pobre daquele município.

As cestas começaram a ser distribuídas, é verdade - não se sabe se todas as cinco mil foram efetivamente entregues às famílias necessitadas -, mas até uma ex-candidata a prefeito pelo PMDB, Luziane Cravo, provável candidata ao cargo na sucessão do prefeito Vilaça, além dos deputados desse partido, Scaff e Chicão, resolveram aparecer no meio da tragédia como salvadores da pátria. O Ministério Público precisa averiguar essa denúncia feita ao blog. Os deputados citados e Luziane não foram localizados pelo blog para dizer o que estavam fazendo no meio da distribuição dos alimentos. 

Helder, segundo um vídeo em poder do blog Ver-o-Fato, declarou, no porto de Vila do Conde, que 10 mil cestas básicas seriam distribuídas.  Se eram 10 mil, como anunciou Helder, onde estão as outras cinco mil cestas? Quem as recebeu? Onde estão estocadas? Os boatos em Barcarena se espalham como rastilho de pólvora. Algumas comunidades impactadas pela tragédia reclamam que até agora não receberam sequer um quilo de arroz dessas cestas que a elas seriam destinadas. O que os moradores estão cobrando, além de transparência na distribuição das cestas, é como fica o pagamento de uma salário mínimo anunciado por Helder com pompa em sua meteórica passagem por Barcarena.

Foi para fazer essa cobrança que hoje pela manhã um grupo de moradores de Vila do Conde realizou um protesto em frente ao porto da Companhia Docas do Pará (CDP). A assessoria de comunicação da CDP informou que vai conceder o subsídio de um salário mínimo às famílias cadastradas pela Defesa Civil e listadas pelo Ministério Público Federal na ação ajuizada contra a CDP na última sexta-feira (16).

Ainda de acordo com a assessoria, a ajuda financeira deve ser concedida enquanto durar o problema social e ambiental em Vila do Conde. O Laboratório Central do Pará, por outro lado, aguarda o resultado de análises de amostras coletadas da água na última quarta-feira (14). Os resultados devem indicar se há contaminação do meio ambiente e riscos para o consumo humano.

Os primeiros resultados de análises da água coletada no dia 8 de outubro indicaram que as amostras não apresentavam riscos de contaminação por bactéria. Na última quinta-feira (15), foram coletadas mais cinco amostras de água e os resultados devem ser liberados na próxima semana.

 
Os moradores fecharam a frente da CDP de Vila do Conde e exigem que promessas sejam cumpridas
 
O deputado Chicão, do PMDB, posa ao lado das cestas, na companhia de Luziane

Outro deputado do PMDB, Scaff, ao lado de Luziane Cravo, entrega cesta a um morador


Fonte: http://ver-o-fato.blogspot.com.br/2015/10/moradores-de-barcarena-denunciam-uso.html