terça-feira, 30 de junho de 2009

O desespero humano

Por Marcus Benedito
Belém - Nesta terça-feira os jornais estamparam o que chamaram de 'dia de fúria' em relação às cenas de desespero que ontem percorreram o país, colocando Belém nas páginas e telas nacionais em virtude de sua epidedêmica crise na saúde.
O martírio, a dor, o sofrimento e o descaso com que os governos de Duciomar Costa - PTB, o Dudu (julgado e condenado por ter falsificado diploma de médico, o qual se beneficiou com a demora da instrução da pena) e de Ana Júlia Carepa do PT (governo sob o qual pesa lista sem fim de irregularidades e denúncias por desviar recursos da saúde, obras superfaturadas, mal planejadas, etc.) tem institucionalizado o desespero.

Cena comum no estado: José Tavares de Moura, de 78 anos, teve que ser conduzido devido a um AVC, após uma longa viacrusis dos seus familiares em busca de ambulância que pudesse transferí-lo do município de Inhangapi para a capital paraense. Após seu retorno ao PSM e após o descaso estampado, seus familiares forçaram a porta do Hospital. infelizmente essa é a dura realidade dos que buscam auxílio através do SUS - Sintema Único de Saúde.

Rotina de humilhação


É mais do que conhecida a defiência dos serviços de saúde no interior do Pará. Todos os dias o intenso vai e vem de ambulâncias e de veículos particulares, como carros comuns, táxis, e até boleas de caminhões são desgraçadamente rotineiros nas estradas que conduzem a Belém, na tentativa desses cidadãos encontrarem cura para suas doenças. Talvez pior do quem busque condução à capital pelas péssimas estradas, seja o sofrimento de quem enfrenta a distância e demora nas viagens de embarcação. Um paciente grave, que não tenha condições financeiras (a esmagadora maioria - cerca de 4,4 dos quase 7 milhões de paraenses vive na miséria absoluta) de ser deslocado de avião para Belém, levará dois dias para chegar vindo de Santarém, no oeste do estado, em um navio; por exemplo.
A falta de condições de atendimento e a viagem de 12h (de Breves para Belém) enfrentada por uma dona de casa, é mais um exemplo do sofrimento a que são subemetidos milhares de paraenses. No mes de março, essa dona de casa buscou atendimento no Navio Auxiliar Pará, que a serviço do governo do estado, leva médicos, odontólogos, e os mais "variados" serviços de saúde aos municípios do estado com piores indicadores no IDH - índice de desenvolvimento humano.
Mas apesar de todo estardalhaço e campanha midiática que o governo faz em torno dessa clientelista e inócua ação chamada Rios de Saúde, a mesma não pode sequer considerar-se um paliativo.
O Hospital Regional do Marajó em Breves, em construção desde 2003, ainda não pode salvar vidas devido a incompetência da SESPA e do Governo Ana Júlia (PT/PMDB). A falta de esgoto foi a desculpa utilizada para o retardamento das atividades. Se este hospital de alta e média complexidade já estivesse funcionando, certamente a vida da dona de casa que morreu a caminho de Belém no mês de março/2009 e tantas outras vidas teriam sido poupadas. infelizmente ela foi obrigada a fazer sua última viagem.
Histórias como essa tentam nos dar uma pista do que fez com que pessoas enfrentassem na segunda-feira (29/06) a violência da Guarda Municipal e da PM. É o assombro de quem clama por saúde.
Um filme de terror
Apesar das cenas de terror e das infindáveis histórias, como as já tocadas aqui, nada ou quase nada tem mudado. Na verdade as coisas tem piorado muito. Pensavamos já ter atingido o fundo do poço após as mortes de mais de 150 bebês na principal maternidade pública do estado, a Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará - FSCMPA no ano passaso, todavia as tragédias não pararam por aí.
Em agosto do ano passado parte do telhado do maior pronto socorro de Belém caiu, feriu e matou paciente que aguardava atendimento em virtude de múltiplos AVC's. E no mesmo PSM Humberto Maradei, bairro do Guamá, paciente morreu de fome. Enfim, são enredos da barbárie. Tudo o que preconiza o SUS é pura quimera em Santa Maria do Grão Pará, como na maior parte do Brasil.
histórias de horror não faltam para compor esse enredo, como as péssimas instalações, falta de medicamentos e o fato de que nenhuma máquina de radioterapia esteja funcionando no Hospital Ophir Loyola, que trata de pacientes com câncer.
A empresa Estacom (de propriedade do marido da ex-secretária de saúde do Pará e membra da quadrilha de Jáder Barbalho, Laura Rosseti) está sendo investigada pelo MPF por superfaturamento nas obras de ampliação do Ophir Loyola, por isso o enorme atraso nas obras de uma nova ala, a de oncologia pediátrica.
A ocupação do PSM Humberto Maradei
Cenas que lembram muito os campos de concentração. Pessoas gravíssimas, inclusive com tuberculose (doença contagiosa) são jogadas em macas, deixadas pelos corredores. E fantasticamente a prefeitura, governos e direções de hospitais tentam criminalizar os profissionais de saúde, e muitas vezes ainda entram com representação na polícia os acusando de omissão.
Mas o que fazer sem recursos materiais? e até mesmo humanos?! Há anos não se tem concurso para a área da saúde e educação em Belém e é raro se encontrar algumas especialidades como neurocirurgiões e traumatos nesses estabelecimentos públicos. Os profissionais da saúde sofrem junto com a população o desespero humano de se travar sem condições materiais a luta diária contra a certeza da morte. Crime e omissão cometem Lula, Ana Júlia e Duciomar Costa por gestarem essa situação!
Foi isso que levou os familiares de José de Moura a ocupar o Pronto Socorro Municipal do Guamá, após 12h sem qualquer notícia sobre o estado de saúde do pacienter, o qual estava pela segunda vez no PSM. Fez uma cirurgia no pulmão, retornou para Inhangapi, depois teve que voltar novamente a Belém em virtude de um AVC - Acidente Vascular Cerebral.

Em meio à confusão e o empurra-empurra, a filha de João acabou desmaiando, pois já passava das 11h e eles ainda não haviam recebido o boletim médico que deveria ter saído às 08h. Os familiares se revoltaram porque sabem do caos que são os PSM da cidade. Motivo pelo qual, de forma escabrosa, muitas pessoas de baixa renda e da periferia da cidade não buscam mais atendimento nos prontos-socorros e nas unidades do município. Um estranho fenômeno que é resultante das péssimas condições dessas unidades, onde não há profissionais suficientes, medicamentos e material técnico.

Os trabalhadores da Saúde do município de Belém fizeram importante greve de mais de 20 dias neste semestre, onde foi denunciado o descaso com que o falso médico vem trantando da saúde na capital da "metrópole da Amazônia".

Marx em o 18 Brumário de Luís Bonaparte faz brilhante análise sobre essas figuras grotescas, toscas, rudes e corruptas, que vira e mexe são alçadas pela burguesia de um pântano bem imundo, para servir aos seus propósitos de rapina. E sobre esse ser grotesco, recomendo brilhante matéria do jornalista Lúcio Flávio Pinto em seu Jornal Pessoal.
Só a luta e a organização dos trabalhadores, juventude e povo pobre pode mudar essa realidade

Precisamos seguir mobilizados. Só haverá mudança nesse quadro de tragédias anunciadas se fizermos muita luta. Precisamos desde o PSOL, da Conlutas, Intersindical Nacional coordenar uma jornada de lutas nesse segundo semestre, e que possa chamar a população a se mobilizar. Temos que exigir cadeia para Duciomar e seus sócios majoritários e minoritários. Já basta de corrupção!

Em Belém está em curso uma CPI da saúde. Mas a bandidagem, o clima de impunidade que emana desde Brasília e de seus atos secretos, tem ganhado força na Câmara Municipal. Foi necessário determinação da justiça para que o Presidente da Casa, vereador Walter Arbage, do mesmo partido do prefeito (PTB) e obviamente sócio do mesmo nos saques ao erário, fez de tudo para retardar a instalação da Comissão. Vale lembrar que uma empresa de Arbage, a Transterra Terraplenagem LTDA recebeu, em contrato com dispensa de licitação no ano de 2005, quando então já era vereador, mais de R$ 5 milhões. O que levou o Ministério Público Federal a denunciá-lo, bem como ao prefeito por crime de Responsabilidade.

Mais do que nunca temos que exigir cadeia para esses senhores. Não há como tolerar tanto desrespeito à população pobre e trabalhadora. É preciso unificar as lutas e exigir melhorias na saúde urgente! O que não pode é a prefeitura entrar com representação contra as suas vítimas em virtude de buscarem informações sobre o estado de seus familiares.
Não bastasse a barbárie que pacientes e profissionais da saúde sofrem diariamente na luta em defesa da vida, agora o governo quer qualificá-los de bandidos. O desespero e o medo da perda levou os familiares de José Tavares de Moura a ocupar a recepção do Hospital, e por isso foram presos.
O neto da vítima ao ser indagado sobre o motivo de sua detenção pela Polícia Militar do Pará, respondeu: "fui preso porque tentei salvar minha mãe que caiu nochão".
Tudo isso poderia ser evitado, caso tivéssemos representantes que respeitassem o povo. Mas esse regime gera corrupção e mais corrupção. Dinheiro existe para o povo ser atendido, mas é drenado pelos ricos e poderosos, vide o assombro presente na óbvia constatação da ONU, que diz que só no ano passado os donos de bancos receberam mais do que os pobres receberam em 50 anos. Essa sangria é responsável pelo caos da saúde, da segurança pública, o terror e as péssimas condições das carceragens país afora.
Exemplos de sobra temos para não confiar nessas CPI's que sempre terminam em uma indigesta pizza! Basta olharmos que, afinal os investigadores não tem lá muito interesse e nem são exemplos de ética para condenarem alguém. Por exemplo: um dos investigadores, o ex-senador Ademir Andrade (vereador pelo PSB) saiu pelas portas dos fundos e com algemas no pulso por fraudar licitações quando foi superintentende da Companhia Docas do Pará (já na gestão de Lula da Silva). Só a mobilização popular, os trabalhadores da saúde, usuários e movimentos sociais coordenados podem pressionar para que se puna de fato os responsáveis por esse caos.
Nenhum dinheiro aos banqueiros e empresários!
Suspensão do pagamento das dívidas públicas já!
Pelo fim da Lei de Responsabilidade Fiscal e da Desvinculação das Receitas da União!
Dinheiro para saúde, segurança e educação!!!!

Honduras: Chamado à greve geral em apoio ao presidente deposto Manuel Zelaya


Do sítio http://www.milenio.com/
Dirigentes de centrais sindicais, camponesas e estudantis assinalaram que a suspensão de atividades se manterá ‘até que se restabelessa a democracia e se restitua a Manuel Zelaya’ que foi vítima de um ‘violento golpe de Estado’.

Segunda, 29/06/2009Tegucigalpa – Organizações populares de Honduras declararam hoje uma paralização dos trabalhos indefinidamente a nível nacional em defesa da recondução presidencial de Manuel Zelaya, deposto e expulso do país por militares.

Dirigentes de centrais operárias, camponesas e estudantis anunciaram em entrevista coletiva, em meio a uma vigília em frente a Casa Presidencial, a decisão de uma greve que começará ‘desde este momento’ e de maneira progressiva em todo país.

Afirmaram que a paralização de atividades se manterá ‘até que se restabeleça a democracia e se resconduza o presidente Zelaya’, que foi vítima de ‘um violento golpe de Estado’.
‘Esta é a posição oficial do movimento organizado de Honduras’, anunciou um dos dirigentes que fez leitura da convocatória da greve nacional.

Carlos Reyes, líder máximo do Bloco Popular – integrado por sindicalistas e camponeses – disse a Notimex que se articularão com organizações do interior do país para que se incorporem o quanto antes à greve geral.

Afirmou que ‘o povo hondurenho respalda o presidente Zelaya e está se manifestando, pacificamente, contra os autores do golpe de Estado.
O representante da Central de Cooperativas Cafetaleras de Honduras, Dagoberto Suazo, disse a Notimex que ‘os membros do movimento popular de todo o país se somam ao passar das horas à resistência contra o golpe de Estado.

Destacou que além de apoiar a luta, camponeses de Olancho e outros departamentos (cidades) empreenderam uma viajem nas próximas horas a capital para participar dos prostestos contra o ‘presidente golpista’ Roberto Michetti.

O deputado Michetti foi designado presidente pelos deputados, após a prisão e expulsão do país no último domingo, do mandatário Zelaya, a quem faltava um semestre para completar seu mandato.
A manifestação pacífica e a coletiva à imprensa ocorriam sem novidade em frente à Casa Presidencial até que as forças da ordem se dirigiram contra os seguidores de Zelaya.


Um oficial do Exército que não se identificou disse a jornalistas, que atuavam em cumprimento a uma ‘ordem superior’ para dispersarem os manifestantes presentes às proximidades da entrada principal da sede presidencial.


Tradução: Marcus Benedito

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Solidariedade internacional com a luta do povo iraniano!

No Irã, milhões de pessoas se mobilizaram nas ruas, especialmente na capital, Teerã, para repudiar a fraude eleitoral e exigir eleições livres e democráticas. Milhões tem enfrentado a repressão selvagem do governo de Ahmadinejad, que deixou dezenas de mortos, centenas de feridos e presos.

Os socialistas revolucionários chamamos aos povos do mundo a se solidarizar com o povo iraniano nas ruas e a repudiar a repressão assassina do governo e do regime iraniano. Pode confundir o fato que o governo iraniano e seu líder Ahmadinejad aparecem mundialmente denunciando o imperialismo ianque e inglês como instigadores das mobilizações através da CIA.

O imperialismo pretende se assumir como direção das poderosas mobilizações de milhões de iranianos que exigem respeito ao voto popular, violentado pelo governo iraniano numa fraude escandalosa. Isto tem sido reconhecido até pelas autoridades eleitorais quando afirmaram que ao menos em 25% dos locais de votação os votos superam a quantidade de votantes. Isto é parte da campanha que o imperialismo desenvolve para quebrar a independência e a soberania do povo iraniano. Por isso, ao mesmo tempo em que apoiamos as mobilizações e suas justas reivindicações, rejeitamos qualquer tentativa de intromissão imperialista e do sionismo no Irã. Nem Obama nem nenhum governo imperialista podem se atribuir o papel de defensores das liberdades democráticas quando são os que atacaram e atacam a soberania dos povos do mundo.

Mas rejeitamos a falsa interpretação do governo iraniano, como a do governo venezuelano de Hugo Chávez, de que milhões de pessoas saíram as ruas instrumentalizadas pela CIA e o imperialismo. Isto é falso. Com estes argumentos se pretende ocultar a realidade de mais de dois milhões de jovens, mulheres, trabalhadores e setores populares que saíram às ruas para exigir eleições sem fraude e rejeitaram a repressão.

Estas declarações lembram as do stalinismo quando os povos exigiam suas reivindicações nas ruas e eram esmagados pelos tanques russos com o argumento de ser “um complot da CIA”. Obviamente, o imperialismo e o sionismo querem aproveitar para levar água para seu moinho. Mas em última instancia, é responsabilidade do governo e do regime islâmico iraniano que isto possa ser aproveitado pelo imperialismo seus adeptos no Irã, quando por trás de seus discursos antiimperialistas impede que seu povo se expresse em liberdade e exija e lute pelos seus direitos políticos e sindicais.

Uma mobilização popular revolucionária

Os socialistas revolucionários que, sem dar apoio político ao governo de Ahmadinejad, sempre repudiamos as ameaças políticas e militares imperialistas contra o Irã, convocamos à solidariedade internacionalista com a mobilização popular contra o governo de Ahmadinejad e sua repressão assassina.

No Irã aconteceu uma mobilização revolucionária, com objetivos democráticos: contra a fraude nas eleições presidenciais de 15 de Junho e por eleições democráticas. É uma mobilização progressiva, independentemente que tenha uma condução política burguesa (o candidato Mousavi) porque vai contra um regime e um governo burguês, que vem atacando as reivindicações das massas e suas liberdades para mobilizar e exigir, seja no terreno sindical, estudantil ou popular.

Sem dar nenhum apoio político à direção de Mousavi, devemos estar do lado dos manifestantes contra o governo de Ahmadinejad, que reprime e proíbe as manifestações e ameaçou, junto com o aiatolá Khamenei com um “banho de sangue”.

O Irã demonstra o fracasso dos governos nacionalistas burgueses

Pela primeira vez, após 30 anos do triunfo da revolução islâmica, aconteceu a maior mobilização de massas desde a queda do Xá em 1979. A fraude eleitoral e a proibição às mobilizações canalizaram o descontentamento de milhões que já vinha existindo e se expressava em greves, críticas ao governo pelo desemprego, a queda do salário, exigências estudantis e a luta pela liberdade das mulheres.

Ficou a nu o fracasso do projeto capitalista “independente” do movimento islâmico xiita iraniano. Como antes fracassaram, como “modelos independentes e de igualdade social” o nasserismo, o peronismo e o PRI mexicano. Fracassaram como solução para os povos porque tem sido e são regimes e governos que não saem dos marcos do capitalismo e terminam enfrentando os trabalhadores e os povos com planos de ajuste, apoiando às burocracias sindicais, rejeitando a autonomia sindical, etc., similar por ex., ao que acontece com o governo Chávez na Venezuela ou com Evo Morales na Bolívia.

No Irã, a revolução de 1979 derrubou o regime pró ianque do Xá Reza Palhevi. Desde então se impôs um regime nacionalista burguês, encabeçado pelo aiatolá Khomeini e os religiosos islâmicos xiitas, vinculados à burguesia comercial do Bazar que rompeu relações com os EUA e Israel, o que se mantêm até hoje. O Irã se transformou assim em um país independente das ordens políticas do imperialismo, mas se mantendo nos marcos capitalistas.

As massas e o movimento operário tiveram um papel protagonista nessa revolução. No processo surgiram conselhos ou Shoras operários. Mas, em poucos anos o regime burguês dos aiatolás foi liquidando muitas conquistas democráticas e sociais. As terras foram devolvidas aos latifundiários, os conselhos operários foram dissolvidos, impondo-se conselhos operários “islâmicos” formados pelo governo. Não existe direito à organização estudantil e sindical independente e estão proibidas as greves no setor público. Desde então, este regime autoritário se manteve sob as rédeas do poder. É encabeçado pelo chefe religioso dos xiitas, aiatolá Khamenei, desde 1989 com a morte do aiatolá Khomeini. O poder autoritário mostra-se também no fato de que khamenei designa e controla diretamente a chefia das Forças Armadas, a chefia da Rádio e Televisão, a chefia do poder judiciário e a chefia do Conselho de Discernimento, que por sua vez domina o Conselho dos Guardiães da Revolução. Por votação são eleitos o Presidente e o Parlamento. O que tem variado desde 1979 são os governos, onde distintas alas do movimento islâmico iraniano se sucedem. Por exemplo, os hoje opositores são parte do regime. Mousavi foi primeiro ministro de 81 a 89, sob Khomeini e seu atual aliado, Rafsaniani, foi presidente nos anos 90.

O mal-estar social e as privatizações de Ahmadinejad

Esta rebelião teve sua origem no profundo mal-estar social e político do movimento de massas, que já vem há muito tempo, fruto das políticas antioperárias e antipopulares do governo Ahmadinejad. Esse mal-estar é o que expressa a composição social das marchas, onde se misturam a pequena-burguesia junto com os estudantes, trabalhadores e setores populares.
Desde os anos 90 há um plano de privatizações que se aprofundou no atual governo. Nesse plano entraram empresas de telecomunicações, ferro, cobre, alumínio, aço, setores do petróleo, petroquímica, gás, etc. As inversões estrangeiras são formadas por capitais da França, Suécia, Noruega, China, Rússia, Japão, dentre outros. A única exceção são os capitais norte-americanos. Estas privatizações deixaram um saldo de milhares de desempregados, além da queda do nível salarial.

O ataque aos trabalhadores e ao povo tem sido aprofundado em meio à crise econômica capitalista mundial. Tampouco no Irã houve o “descolamento”. Em primeiro lugar, no Irã também houve uma onda especulativa dos bancos privados nos negócios imobiliários que terminou com a explosão da bolha em maio-junho de 2008, que deixou muitos acionistas falidos e uma forte queda no valor das casas com todas as suas conseqüências sobre a classe média e a queda geral do consumo. Em segundo lugar, existe “desde setembro de 2005 (no ritmo das privatizações) uma forte queda do salário real dos grupos sociais mais desfavorecidos e da classe média”. Em terceiro lugar, a “inflação teve mais uma vez uma tendência ascendente, para situar-se oficialmente, em 25% em 2008...e em mais de 60% no primeiro trimestre de 2009”. E, por último, o desemprego está ao redor de 15% (Dados de Ramine Motamed-Nejad do Le Monde Diplomatique, junho de 2009).

A isto temos que acrescentar a queda nos preços do petróleo, que tem diminuído o bolo para reparti-lo para o estado e para os distintos setores da burguesia iraniana. Também no Irã querem que a crise seja paga pelos trabalhadores.

Há mais de um ano crescem as reclamações sociais, as greves (professores, setor do transporte, trabalhadores do açúcar, de pneumáticos, entre outros); houve uma greve dos comerciantes do Grande Bazar de Teerã contra o aumento do Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) em outubro de 2008 e houve uma luta universitária importante no início deste ano. O governo respondeu. em quase todos os casos, com a repressão.

Crise econômica e crise nas alturas
Os efeitos da crise econômica capitalista e social aprofundaram a divisão burguesa existente no Irã, que se reflete no choque das distintas alas políticas do regime islâmico iraniano. A ala que detém o poder, o aiatolá Khamenei-Ahmadinejad, estaria ligado ao setor que dirige “as empresas estatais, as fundações islâmicas, que controlam quase um terço da economia e os bazares ou mercados tradicionais”. O liderado pelo ex-presidente Hashemi Rafsanjini, que apóia Mousavi, estaria “mais ligado ao capital estrangeiro (bancos, exportadores, setores do petróleo e a construção) – Dados do Clarín, Argentina, 15-06-09. No setor do petróleo há que se levar em conta que não há capitais e empresas yankis, mas sim da União Européia, da Rússia e China, o mesmo que na indústria automobilística (Citroen, peugeot, Reanult, entre outras).

Por isso, a ala de Mousavi expressaria mais o desejo de uma maior abertura negociadora com o Ocidente e uma linha mais moderada com Israel e os EUA. Mas isto não significa que esta ala já seja 100% pró-ianque, já que, por exemplo, continua apoiando o programa nuclear iraniano, tão questionado pelo imperialismo.

Por sua vez, o imperialismo ianque está na expectativa, sem uma intervenção direta, fruto de sua debilidade no Irã e na região. Obama tinha lançado uma proposta de saída negociada com o Irã. Estava articulando isso quando estourou a crise. O imperialismo vai incentivar uma divisão no regime e seu enfraquecimento para obrigá-lo a entrar em uma negociação favorável a ele e ao sionismo. Nesse sentido lhe conviria o triunfo da ala Mousavi. Mas também sabe que brinca com fogo e não pode estimular um processo revolucionário que poderia sair de suas mãos e incentivar outras revoltas populares no já convulsionado Oriente Médio.

Apoiemos a luta do povo iraniano
Apesar de momentaneamente as mobilizações não tenham a força dos primeiros dias se abriu um processo onde até o poder do alto clero religioso dos aiatolás foi confrontado com as massas na rua. Isso não ocorria desde a revolução de 1979.

Produziu-se uma genuína mobilização democrática, que tem à cabeça uma direção burguesa islâmica, que pode leva-la, se triunfar até uma negociação com o imperialismo ianque. Por isso não damos nenhum apoio político à direção encabeçada por Mousavi, mas à mobilização e suas reivindicações democráticas contra o governo de Ahmadinejad. Não à ingerência imperialista e sionista na crise, não a um pacto com o imperialismo e apoio incondicional à luta do povo palestino.

Sabemos que, por enquanto, a ausência de direção revolucionária é um claro obstáculo para que os trabalhadores aproveitem o processo para ir a verdadeira solução, que seria o triunfo de uma revolução operária e popular que terminasse com o regime autoritário dos clérigos xiitas e com o estado burguês e avançassem em direção a um Irã Socialista.

Mas, existe um processo aberto de mobilização popular que pode contribuir para avançar nessa tarefa. A experiência da revolução de 1979, com a greve geral e o surgimento dos Shuras (Conselhos) operários pode ser retomada. Os trabalhadores participaram das mobilizações. Os operários de Khodro, a maior fábrica de automóveis do país fizeram greve de uma hora por turno em apoio à mobilização e reivindicando aumento de salários. E está lançada a idéia de uma possível greve geral. Apoiemos a organização dos trabalhadores, a juventude, o povo pobre para dar uma saída de fundo, que garanta uma democracia para o povo, reestatizar sob o controle operário as empresas privatizadas, independência nacional, controle operário e popular da economia e que isso se conseguirá se os trabalhadores estiverem no poder, em um Irã Socialista.
Nesse sentido, chamamos as organizações políticas, sindicais, estudantis, democráticas, antiimperialistas e de esquerda do mundo a apoiar a mobilização popular, dos jovens, mulheres, trabalhadores e demais setores populares para derrotar a fraude, parar a repressão e conquistar eleições livres e democráticas.

Os socialistas revolucionários organizados na UIT-QI consideramos que seria necessário uma Assembléia Constituinte livre e soberana para debater e resolver sobre tudo: as privatizações, o controle do petróleo, que expulsem as multinacionais, acabar com a corrupção por salário, liberdade e autonomia sindical, o direito das mulheres e da juventude, a necessidade de um estado laico com separação da igreja e do estado, que plano e sistema econômico deveria existir diante da crise; nesse marco, os trabalhadores deveriam defender a necessidade de uma República socialista.

Mas, a luta dever ir mais além porque está colocada a batalha por uma verdadeira ruptura com o imperialismo e com os planos de privatizações e ajuste capitalista. A batalha para conquistar uma verdadeira independência nacional. Existe o perigo de que o imperialismo ianque se aproveite dessa situação. Por isso a tarefa é apoiar a mobilização a partir de uma política independente e desde a perspectiva dos trabalhadores, da juventude e do povo iraniano por uma saída de fundo.

UIT-QI (Unidade Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional)
28 de junho de 2009

Sobre o que está acontecendo no Irã

IRÃ: PROTESTO OU REVOLUÇÃO?
Por JOÃO CARLOS DA SILVA SANTIAGO

Patrick Cockburn, do jornal inglês The Independent, em artigo traduzido pela FSP neste dia 26.06, traz para o debate uma questão importante sobre o processo pós-eleitoral no Irã: está havendo uma revolução ou um simples protesto contra a fraude eleitoral? Ele se pergunta:“terá a revolução terminado antes de começar?”, “será que teria sido uma revolução?” Sua conclusão sobre os fatos é apenas uma: “Nunca chegou a ser provável que as manifestações de massa de iranianos -protestando contra os resultados da eleição presidencial... - se convertessem em uma situação revolucionária”.

O autor tenta fazer uma breve comparação com a “revolução de 1979” que derrubou o Xá Reza Pahlevi, dizendo que na revolução islâmica de 1979 as forças do Estado “foram superadas pelo número de pessoas “ dispostas a morrer, e que hoje o aparato repressivo do Estado iraniano tem os números, a disciplina e o engajamento a seu lado. E que àquela época havia uma rede de clérigos, partidos de esquerda, que podiam continuar promovendo as manifestações, mesmo diante da repressão do Xá Reza Pahlevi.

Em um primeiro momento temos que dar razão a Patrick Cockburn. De fato, entre janeiro de 1978 e fevereiro de 1979, o Irã foi sacudido por grandes manifestações de massas contra o regime do Xá Reza Pahlevi. Em janeiro de 1978 uma greve geral de 2 milhões de trabalhadores propagou-se para Ispahan, Shiraz e também para o santuário de Mashad. Em setembro de 1978, começaria a greve, que, segundo os historiadores Daniel Yergin e Oswaldo Coggiola, mudaria o rumo da historia do país: a greve dos trabalhadores do petróleo. Em 8 de setembro o exército do Xá havia assassinado milhares de manifestantes em Teerã; no dia seguinte os trabalhadores da refinaria petrolífera de Teerã iniciaram uma greve que durou 33 dias.

A greve provocava perdas diárias de 74 milhões de dólares. A greve se espalhou para outras refinarias e começaram as reivindicações políticas como “abaixo o Xá”, “abaixo a Savak”, a terrível polícia política. Novamente, no mês de novembro (25), a greve petroleira recomeçaria na refinaria de Chahr-Rey, perto de Teerã, o que provocaria uma greve geral em 4 de dezembro. Em 12 de dezembro, cerca de 2 milhões de pessoas tomaram as ruas de Teerã para protestar contra o Xá. Outra vez os petroleiros entraram em greve e deixaram de bombear cerca de 6,5 milhões de petróleo por dia. Eram os últimos dias do regime pró-americano.

Finalmente, com a chegada de Khomeini ao Irã em 1º de fevereiro de 1979, recepcionado por 5 milhões de pessoas, a “República Islâmica” será proclamada. A multidão gritava “Alá é grande” – o mesmo slogan adotado na revolução atual e que provoca a ira do regime dos aiatolás – e “Khomeini é nosso chefe”. Os combates finais se deram nos dias 10 e 11 de fevereiro, com a insurreição armada que tomou conta do país, o sangue espalhando-se nas capitais entre os partidários de Khomeini e o Exército imperial, que acabara se dividindo. O primeiro ministro Bakhtiar, alçado para substituir o Xá em 16 de janeiro, renunciava. Começava uma nova fase do desenvolvimento do país, tendo à frente os radicais xiitas, os clérigos da revolução islâmica.

Como vimos, o processo revolucionário, que culminou com a queda do Xá e da instauração da República Islâmica, durou mais de um ano, desde o início dos manifestações de massas em janeiro de 1978, até a derrubada da monarquia em 11 de fevereiro de 1979.A partir de então, perguntamo-nos: o que foi que gerou os protestos atuais, e como foi possível uma mobilização de massas com um milhão de pessoas no dia 17 de junho, a maior desde 1978-79? É aqui que passamos a discordar de Patrick Cockburn. O que Patrick Cockburn não leva em conta na sua caracterização, de que não houve uma revolução ou uma situação revolucionária, é o tempo histórico. Estamos há apenas duas semanas desde o começo das manifestações. Foi preciso um ano de manifestações e greves para derrubar a ditadura de 26 anos do Xá Reza Pahlevi.

Não é justo fechar o tempo histórico em apenas duas semanas, para uma ditadura teocrática dos aitolás que já dura 30 anos! Será necessário um tempo histórico maior para que esse processo de derrubada se consuma. Houve uma primeira manifestação no dia 15/06, com cem mil pessoas e outra no dia 17/06, com um milhão de manifestantes, e a ela se referiu Robert Fisk, do Independent, como “o dia do destino no Irã”. Há outras manifestações dispersas de mil pessoas, de 300, com jovens desafiando a poderosa e facínora Guarda Revolucionária, que conta hoje com 200 mil soldados, e os paramilitares islâmicos da Basij, que é um grupo voluntário paramilitar que está sob ordens da Guarda.

Aparentemente, a causa das mobilizações atuais que sacodem o Irã está no resultado das eleições presidenciais de 12 de junho. De acordo com os resultados oficiais, Ahmadinejad recebeu 24,5 milhões de votos, ou seja, 62,7% do total, contra 13,2 milhões, ou 33%, de Mousavi. A oposição, liderada por Mousavi e outros dois candidatos, se levantou contra a fraude, desencadeando os movimentos de rua. Entretanto, as causas são mais profundas, e tem a ver com a existência de um regime teocrático de 30 anos e a aprofunda crise econômica vivida pelo país, com uma inflação de 35% e mais de 25% da população vivendo abaixo da linha de pobreza, além de 12 milhões de jovens desempregados. Sem contar a privatização desenfreada dos serviços públicos levada a cabo por Ahmadinejad para favorecer seus aliados.

A questão é: seria um simples movimento de protesto à fraude eleitoral, admitida em parte pelo regime, ou o começo da revolução política contra o regime dos aiatolás, que já dura 30 anos? Estamos mais inclinados para a segunda opção. Em outras eleições já houve fraudes, e em 2004, antes da primeira vitória de Ahmadinejad, os conservadores saíram vitoriosos nas eleições depois que o Conselho de Guardiães barrou a candidatura de 2.500 reformistas. Por que as massas não explodiram como agora?É uma fato, maior do que uma montanha: a revolução política está nas ruas. Se vai ser vitoriosa neste momento não podemos prever. Dependerá dos passos que darão Mousavi, o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, aliado de Mousavi e chefe da Assembléia dos Especialistas, que tem o poder legal de depor o aiatolá e dos próprios manifestantes, se acatarão ou não as ordens de fazer manifestações pacíficas. Ao regime só resta a repressão e a censura, suas únicas defesas. Aconteça o que acontecer, a revolução mostrou sua cabeça.

Em 2008, bancos tiveram mais ajuda que pobres em 50 anos



O Além da Frase reproduz texto da Agência Carta Maior, postado no sítio Conversa Afiada de Paulo Henrique Amorim; e a imagem ao lado é de uma fonte supostamente inesgotável, mas a fonte que nunca seca, é a fonte de recursos públicos para os banqueiros.


Redação - Carta Maior
Segundo dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU), enquanto os países pobres receberam, em meio século, cerca de US$ 2 bilhões em doações de países ricos, bancos e outras instituições financeiras ganharam, em apenas um ano, US$ 18 bilhões em ajuda pública. A ONU alertou que a crise econômica mundial piorará ainda mais a situação dos países mais pobres, agravando os problemas da fome, da desnutrição e da pobreza.
Redação – Carta Maior


O setor financeiro internacional recebeu, apenas em 2008, quase dez vezes mais recursos públicos do que todos os países pobres do planeta nos últimos cinqüenta anos. O dado foi divulgado nesta quarta-feira (24) pela campanha da Organização das Nações Unidas (ONU) pelas Metas do Milênio, destinada a combater a fome e a pobreza no mundo. Enquanto os países pobres receberam, em meio século, cerca de US$ 2 bilhões em doações de países ricos, bancos e outras instituições financeiras ganharam, em apenas um ano, US$ 18 bilhões em ajuda pública.


A ONU alertou que a crise econômica mundial piorará ainda mais a situação dos países mais pobres, lembrando que, na semana passada, a Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO) afirmou que a crise deixará cerca de 1 bilhão de pessoas passando fome no mundo.
A revelação foi feita no início de uma conferência entre países ricos e pobres, que ocorre na sede da ONU, em Nova York, para debater o impacto da crise. Segundo o diretor da Campanha pelas Metas do Milênio, Salil Shetty, esses números mostram que a destinação de recursos públicos ao desenvolvimento dos países mais pobres não é uma questão de falta de recursos, mas sim de vontade política.


“Sempre digo que se você fizer uma promessa e não cumprir, é quase um pecado, mas se fizer uma promessa a pessoas pobres e não cumprir, então é praticamente um crime”, disse Shetty à BBC. “O que é ainda mais paradoxal”, acrescentou, “é que esses compromissos (firmados pelos países ricos para ajudar os mais pobres) são voluntários”. “Ninguém os obriga a firmá-los, mas logo eles são renegados”, criticou o funcionário da ONU.


Um dos efeitos desta perversa distorção foi apontado pela FAO: a quantidade de pessoas desnutridas aumentará no mundo em 2009, superando a casa de um bilhão. “Pela primeira vez na história da humanidade, mais de um bilhão de pessoas, concretamente 1,02 bilhão, sofrerão de desnutrição em todo o mundo”, advertiu a entidade. A FAO considera subnutrida a pessoa que ingere menos de 1.800 calorias por dias.


Do total de pessoas subnutridas hoje no mundo, 642 concentram-se na Ásia e na região do Pacífico e outras 265 milhões vivem na África Subsaariana. Na América Latina e Caribe, esse número é de 53 milhões de pessoas. Em 2008, o total de desnutridos tinha caído de 963 milhões para 915 milhões. O motivo foi uma melhor distribuição dos alimentos, Mas com a crise, o quadro de fome no mundo voltará a se agravar. Segundo a estimativa da ONU, um milhão de pessoas deverão passar fome no mundo nos próximos meses.

Abaixo o golpe de Estado em Honduras

Companheiros, publico o texto da Unidade Internacional dos Trabalhadores -Quarta Internacional sobre o golpe de Estado executado pelo Exército hondurenho. Peço desculpas, pois está em espanhol, mas com um esforço se pode entender o conteúdo.
Declaración de la Unidad Internacional de Trabajadores (Cuarta Internacional)
¡Abajo el golpe de Estado en Honduras!


Un nuevo golpe militar se ha producido en nuestro continente. Ahora fue en Honduras, donde el presidente Manuel Zelaya fue secuestrado por efectivos del ejército hondureño y sacado del país con rumbo a Costa Rica.El golpe se produce ante la decisión del gobierno del presidente hondureño Manuel Zelaya de convocar a una simple consulta popular para el domingo 28, para decidir si se convoca o no a una Asamblea Constituyente. En la cual se iba poner en debate el mecanismo de reelección presidencial pero también una serie de reformas para habilitar una reforma agraria y otras medidas sociales.
Todo esto fue rechazado al unísono por los terratenientes, empresarios, medios de comunicación, las Iglesias y las Fuerzas Armadas del país centroamericano. Ante la insistencia de Zelaya de seguir adelante con la consulta, el Alto Mando militar de Honduras decidió dar el golpe de estado con el apoyo de los sectores oligárquicos, de los grandes empresarios y de gran parte de los partidos y políticos patronales.Se está produciendo el primer golpe en la era de Obama, quien hasta ahora no se ha pronunciado contra esta acción antidemocrática.
La OEA habla de reunirse, pero tampoco ha asumido una postura categórica mostrando, de hecho, una complicidad con el golpe militar.El gobierno de Zelaya, aunque de origen liberal, había resuelto ser parte de ALBA, encabezada por Venezuela, negociando mejores precios para recibir el petróleo venezolano. Y buscaba congraciarse con los sectores populares posando con posturas “socialistas” y con ciertas críticas a los EE.UU. Zelaya, al igual que los gobiernos de Venezuela o Bolivia, no tenía ningún proyecto de salir del sistema capitalista, simplemente tenía roces por razones económicas y políticas con el imperialismo y trataba de presionar para negociar acuerdos comerciales en mejores condiciones. Pero esto no podía ser aceptado por la vieja burguesía terrateniente, eterna aliada del imperialismo.
Hay que recordar que Honduras, fue país base para los “contras”, paramilitares financiados por los EE.UU, que actuaban en los 80 contra Nicaragua.Los socialistas revolucionarios no apoyamos políticamente al gobierno de Manuel Zelaya y sostenemos que la verdadera independencia nacional y progreso de los pueblos solo viene de la mano de la expropiación de los terratenientes y la burguesía, o sea un verdadero socialismo. Pero ante este golpe de estado, repudiamos categóricamente el golpe de estado y exigimos que sea respetado el gobierno de Zelaya elegido por el pueblo de Honduras.
El pueblo hondureño ha empezado a movilizarse y salir a las calles repudiando el golpe militar. Desde la Unidad Internacional de los Trabajadores apoyamos esa movilización y la posibilidad de que las organizaciones sindícales y populares convoquen a una Huelga General. Solo la movilización obrera y popular podrá derrotar este golpe, como hizo el pueblo venezolano en abril del 2002.Hay que exigir a los gobiernos que repudien el golpe y no reconozcan al nuevo gobierno.
En Latinoamérica y el mundo hay que sumarse a esta movilización. Llamamos a las organizaciones sindicales, campesinas, indígenas, estudiantiles y populares, así como a las organizaciones políticas que se reclaman democráticas, antiimperialistas y de izquierda, a movilizarse masivamente en cada país, frente a embajadas y consulados, para derrotar el golpe militar.Unidad Internacional de Trabajadores (Cuarta Internacional)¡Fuera el golpe militar de Honduras!¡Solidaridad internacional con el pueblo hondureño!UIT-CI (Unidad Internacional de los Trabajadores- Cuarta Internacional) 28 de junio de 2009.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

É impossível limpar a imagem do Senado!

Nota da CST encaminhada à Executiva Nacional do PSOL

Os fatos expondo os inúmeros escândalos no Senado, entre os quais a nomeação de sete parentes de Sarney via atos secretos, exigem que o PSOL apresente de forma urgente, não só uma contundente denúncia, como também uma política global que ajude a aprofundar o questionamento dessa instituição e do regime do qual é o retrato mais fiel. O PSOL não pode se limitar à impossível tarefa de “limpar a imagem do Senado”, já que este representa a verdadeira natureza de como funciona esta falsa democracia do poder econômico e da corrupção.

A política do partido precisa ter como norte transformar a indignação passiva da população em participação e mobilização, como única forma de impor uma saída do ponto de vista dos interesses da maioria da população trabalhadora. Está errada a lógica de reduzir a discussão a uma “reforma política” e ao voto em lista, como se este Congresso pudesse se autoreformar! A palavra de ordem “Fora Sarney” é uma necessidade da situação que envolve o Presidente do Senado Federal. Contudo, é insuficiente. Pois, no caso hipotético que Sarney caísse, estaria resolvido o problema? Voltaria Calheiros? Collor? Tião Viana? Cabe ao PSOL denunciar que este Senado, além de corrupto, é uma excrescência oligárquica e antidemocrática: 300 mil eleitores elegem a mesma quantidade de senadores que um estado de 28 milhões! É fundamental levantar o conjunto de medidas alternativas, as quais fazem parte do programa do partido.

O PSOL denuncia a cumplicidade de Lula que mais uma vez saiu a público para defender a bandidagem instalada em Brasília. Desta vez, apoiando e “blindando” Sarney, representante do que há de pior das oligarquias que vivem da fraude, do roubo e do crime contra o povo. É inaceitável que o Presidente da República utilize seu alto índice de popularidade para justificar e fazer com que a população “engula” toda essa avalanche de fatos que desnudam a forma de fazer política de sua base aliada.

O PSOL deve estar em sintonia com o sentimento da população, que ainda de forma passiva e sem mobilização, rejeita aos políticos pela prática sistemática de toda sorte de ilícitos contra os cofres públicos, e se sente impotente frente a tanta impunidade. Nossas propostas devem ser uma alternativa para acabar com os privilégios dessa máfia instalada nos poderes da nação.

Chamamos à população a se mobilizar pelo Fora Sarney e todos os corruptos! A impor o fim do Senado, para ser substituído não por esta Câmara de Deputados, igualmente corrupta, mas por uma Câmara Única Proporcional, através de eleições com financiamento público limitado, exclusivo e controlado; a revogação dos mandatos daqueles que não cumprem com seus compromissos ou se utilizam do cargo em benefício pessoal; a abertura dos sigilos, fiscal, telefônico e bancário de todos os cargos políticos eleitos até 5 anos após o mandato para saber se enriqueceram durante a função pública. Por que 580 parlamentares legislam sobre o salário de mais de 100 milhões de brasileiros e estes não podem decidir o salário de seus supostos “representantes” sendo que é do bolso do povo que sai o dinheiro para sustentá-los? Vamos defender em alto e bom som que os salários dos parlamentares e cargos eletivos sejam fixados pela população através de plebiscito. Essas são as medidas que devem estar presentes em nossa resposta à situação, as quais, com certeza, serão bem compreendidas pela população.
Data de Publicação: 21/6/2009 22:45:15 em www.cstpsol.com

A casa da mãe Joana

O descobrimento dos atos secretos revelou algo que não é secreto neste país: a apropriação do público como se fosse privado. A bandidagem, a cara-de-pau dos Sarney's, Tumas, etc é tremenda. Não adianta só a renúncia do Sarney por ter empregado o mordomo de sua filha, a ex-senadora Roseana, ou por ter contratado a empresa de seu neto que é alvo de investigação da Polícia Federal (PF) devido ao esquema do crédito consignado no Senado, que inclui entre seus operadores a empresa de José Adriano Cordeiro Sarney. Ainda tem gente, como Lula, que diga que isso não é nada... Deve ser mesmo se comparado aos esquemas do banqueiro condenado Daniel Dantas.

A podridão do Regime não tem precedentes na história desse país. A Repúblia, seu presidente, e todas as instituições estão pra lá de apodrecidas. E a crise econômica só faz acentuar esse sintoma do parasitismo das eleites brasileiras, que como uma formiga ou gafanhoto, que prevendo o inverno ou um longo período de estiagens, saem a devorar e armazenar tudo que encontram pela frente.

Dizer que os atos secretos são apenas uma vergona não é suficiente. Em um país em que dezenas de milhões de pessoas vivem a miséria absoluta, o sr. Sarney e os diretores da casa tenham autorizado até tratamento de beleza. Cirurgia de estética! Não, isso não é nenhuma vergonha, pois esses senhores e senhoras não sabem o que é isso. Pois todos vivemos as mazelas que não são resultantes diretas desses atos secretos mas de todas as medidas draconianas, neoliberais e antipovo que os senhores e senhoras senadores implementam no Senado da República.

Por isso é mais do que necessário fechar, acabar e se der jogar uma bomba de estrume no Senado, como representação daquilo que desde sempre esses senhores e senhoras vem fazendo contra o povo pobre e trabalhador.

Esses escândalos não poderiam surgir em melhor momento. Como no mês de junho tudo é quadrilha, nada melhor que conhecermos a quadrilha do senador Sarney, e de seu principal advogado: o presidente Lula. Com tanta irregularidade, com tantos privilégios para a família Sarney e quase a totalidade dos senadores, dá pra dizer que o senado é a casa "mãe Joana", ou melhor, do paizinho Sarney.
Última atualização: 02/07/09 - 17h.

Agora é o conteúdo que deve ir além da frase

"A revolução social do século XIX (e do XX ou XXI)* não pode tirar sua poesia do passado, e sim do futuro. Não pode iniciar sua tarefa enquanto não se despojar de toda veneração supersticiosa do passado. As revoluções anteriores tiveram que lançar mão de recordações da história antiga para se iludirem quanto ao próprio conteúdo. A fim de alcançar seu próprio conteúdo, a revolução do século XIX deve deixar que os mortos enterrem seus mortos. Antes a frase ia além do conteúdo; agora é o conteúdo que vai além da frase."
Karl Marx.