quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Uruguai ensinou o caminho: em defesa da vida, legalizou o aborto

Manifestantes em frente ao Senado uruguaio, onde foi aprovada a legalização do aborto
Está aí um grande exemplo que o Brasil precisa seguir urgentemente: o Senado do nosso vizinho Uruguai, aprovou em sua última sessão de 2011 a legalização do aborto, o reconhecendo como direito da mulher e dever do estado.
 
Trata-se de importante passo para a compreensão do procedimento do aborto como questão de saúde pública, de reconhecimento do direito da mulher decidir sobre seu próprio corpo, e para acabar de vez com o vergonhoso moralismo religioso imperante na sociedade burguesa, que impede que se avance nesse importante debate.
 
O aborto é sim uma questão de vida! Não por acaso, foi justamente o estado socialista revolucionário russo, que a partir de 1917, reconheceu esse direito das mulheres e o legalizou.
 
Foram necessárias décadas para que nações capitalistas seguissem esse caminho, e exatos 94 anos para que o senado uruguaio aprovasse a lei que legaliza a prática naquele país.
 
É importante a clareza de que jamais devemos encarar o aborto como método contraceptivo, e sim como o último recurso disponível às mulheres no caminho de decidir se apresentam ou não condições físicas, psicológicas e sociais para permitir que um ser se desenvolva em seu corpo. Além do mais, basta perguntar a qualquer mulher que precisou recorrer a esse procedimento, se ela gostaria de realizá-lo novamente. Todas responderão em uníssono que não.
 
A legalização garantirá qualidade de vida e o seu reconhecimento como direito de todas e dever do estado, o colocará dentro das ações do Sistema Único de Saúde, o que representará um imensurável avanço no sentido de acabar com os açougues humanos (clínicas clandestinas e de fundo de quintal), que por serem realizados sem nenhuma condição técnica, e na grande maioria das vezes por pessoas não capacitadas, acabam por mutilar, esterilizar, e até mesmo levar ao óbito milhares de mulheres no Brasil durante todos os anos.
 
Quem assistiu ao filme nacional Ó Pai ó, ambientado no Pelourinho-Salvador/Ba, sabe muito bem da tragédia que estou falando. Nele é retratada a situação de uma jovem pobre que precisa recorrer ao aborto. O local onde o procedimento é realizado é o mais insalubre possível; um cortiço. Sendo a "técnica" que o realiza uma popular, a qual apresenta ínfimo preparo para tal empresa.

Uma obra de ficção, que mostra bem o estado de calamidade pública que é a situação dos abortos clandestinos no país.

Isso precisa mudar! O Uruguai está dando exemplo. Seu Senado já aprovou e em breve a matéria deverá ser aprovada também pelos deputados.

O Brasil tem que derrubar de vez o muro da hipocrisia e reconhecer às mulheres o direito ao seu próprio corpo!

Se a Igreja Católica quer excomungar os parlamentares que, defendendo a saúde e a vida das mulheres, votaram a favor da lei, que eles antes excomunguem então a Igreja!

Certamente que não terão nada a perder, mas – nas palavras de Karl Marx – um mundo sem o ópio do povo a ganhar!

Nenhum comentário: