A ocupação do canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte foi o começo de um novo momento na luta contra a instalação da barragem na região do Xingu.
O seminário internacional que ocorreu na cidade de Altamira entre os dias 25 e 27/10 levou as tribos, pescadores e ativistas participantes a uma conclusão: esgotou-se o espaço de diálogo com o governo. Dilma já começou as obras da menina dos olhos do PAC e a única saída para o movimento é a mobilização.
No segundo dia do seminário, os participantes decidiram que havia chegado o momento de começar, a partir do evento, um novo método de luta contra o governo. As declarações de muitos ativistas presentes entre índios, pescadores, sindicalistas e estudantes era de que “Já não dá mais para ficar apenas enviando carta ao governo. É preciso pensar novos métodos de luta(intervenção de um ativista no primeiro dia do seminário)”.
Neide Solimões, da Unidos Pra Lutar, que esteve recentemente na Bolívia participando da marcha dos povos indígenas contra a implantação de uma estrada no TIPNIS (Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure) também afirmou: “Temos que seguir o exemplo dos indígenas bolivianos, pois foi só a partir do enfrentamento direto com o governo é que se derrotou o projeto de Evo, que segue a mesma lógica de desenvolvimento do governo Dilma a serviço das empreiteiras e multinacionais”.
A Associação de Sindicatos Unidos Pra Lutar e a Juventude Vamos à Luta enviaram um ônibus de militantes para a atividade, da qual participaram servidores públicos federais, rodoviários e estudantes da UFPA, UNAMA e UEPA. Durante a viagem pela Transamazônica, foram passados vídeos e realizados debates sobre a luta de TIPNIS e a luta contra Belo Monte, evidenciando que fazem parte de um mesmo projeto genocida e de repasse de dinheiro público às empreiteiras que financiaram as campanhas eleitorais do PT.
A ocupação
A decisão pela ocupação do canteiro de obras partiu dos próprios índios e pescadores, durante o segundo dia do seminário. As demais entidades participantes, sindicatos e movimento estudantil, apoiaram e seguiram a decisão do movimento.
Desde a madrugada, centenas de pessoas se deslocaram para a rodovia Transamazônica, em frente ao canteiro de obras de Belo Monte e ocuparam pacificamente, em duas frentes, a estrada e o canteiro de obras. Logo após o início da ocupação, rapidamente, vários meios de comunicação chegaram ao canteiro e a notícia ganhou repercussão internacional com a divulgação do ocorrido na internet em blogs e redes sociais.
A animação e o vigor dos manifestantes foi a marca da mobilização com os índios cantando seus cantos de guerra e os movimentos socais chamando as palavras de ordem. Ao longo do dia houve também debates e assembléias sobre os rumos do movimento.
Após quase 17h de ocupação os índios decidiram finalizar o movimento depois que chegaram dois oficiais de justiça e três advogados do consórcio Norte Energia, que junto com um destacamento da ROTAM, traziam um interdito proibitório ajuizado pela empresa e um mandato de reintegração de posse, dado pela juíza Cristina Collyer Damásio, da 4ª Vara Cível da Comarca de Altamira. A mesma (in)justiça que demora meses, e até anos, para decidir se a obra deve ser paralisada, pelos danos que causará ao meio ambiente e às populações da região, em menos de 12 horas dá uma liminar à empresa que está devastando a floresta para construir o canteiro de obras.
A luta começou pra valer em defesa do Xingu vivo!
A ocupação do canteiro de obras de Belo Monte é o começo pra valer da luta dos indígenas, pescadores e povos da região contra a usina. O Seminário Internacional e a ocupação demonstraram que existe disposição do movimento em partir para ações concretas de enfrentamento com o governo. Outras ocupações provavelmente virão e é preciso o mais amplo apoio dos movimentos sociais, dos sindicatos e de juventude para que a luta avance. A Unidos Pra Lutar e o Vamos à Luta estão a esse serviço, construindo o comitê Metropolitano Xingu Vivo Para Sempre. Viva a ocupação de 27 de outubro! Outros outubros virão para que o rio Xingu viva para sempre!
Belém-PA, 28 de outubro de 2011
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