sábado, 4 de julho de 2015
Lula Mente! Não existe frente de esquerda com corruptos e neoliberais
1- Na última semana Lula criticou aspectos do governo Dilma e propôs mudanças no PT. O diretório do PT-RS deliberou a Frente Política de partidos e movimentos, proposta formulada por Tarso Genro após a derrota eleitoral no estado. Já Roberto Amaral, da ala governista do PSB, defende uma Frente Popular e Democrática depois do seu partido apoiar Aécio. Reuniões e debates pavimentam essas orientações. A movimentação reflete a baixa popularidade que levou Dilma, Lula e o PT ao “volume morto”. A crise (econômica, política e social) avança, preocupando o PT e aliados.
2- Lula e Dilma comandam o país desde 2003 e são responsáveis pelo declínio do nível de vida das massas e pela corrupção federal. O modelo Lulista esgotou-se, como se nota nas explosões sociais e no desejo de mudança que está no ar, principalmente, após a jornada de junho de 2013. A falência do PT se explica por sua própria política, rejeitada nas urnas em outubro. Diante do agravamento da crise geral do país a saída de Lula/Dilma foi aprofundar a guinada à direita com a política neoliberal e alianças com os partidos reacionários. O ajuste fiscal segue as medidas do FMI retirando direitos, arrochando salários e canalizando o orçamento para o pagamento da dívida. Sem falar das contrarreformas, privatizações e outros ataques contra os trabalhadores e o povo. Nada diferente da “era FHC”.
3- Com essas declarações Lula pretende desviar o foco da operação Lava-Jato, cujas delações o afetam junto com Dilma, Mercadante, Dirceu, Ministros, prefeitos, além de políticos do PMDB, PSB e PSDB. Algo devastador para as instituições burguesas da velha republica de 1988. Por outro lado, os Lulistas possuem objetivos eleitorais. Com mais ou menos discursos críticos, o centro é preparar a candidatura de Lula em 2018 por meio de uma “frente”. O objetivo é salvar a própria pele e manter os cargos.
A tarefa da verdadeira esquerda é enterrar a política de Lula e do PT
4- Infelizmente há um setor conciliador da esquerda participando das reuniões da “Frente Popular”. O senador Randolfe Rodrigues informa no seu blog: “líderes como o ex-governador Tarso Genro (PT), o ex-presidente do PSB Roberto Amaral... os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e os deputados Alessandro Molon (PT-RJ) e Glauber Braga (PSB-RJ) decidiram redigir carta-manifesto com os principais pontos da agenda que a frente pretende apresentar à sociedade”. Embora o grupo negue vinculo com Lula, Tarso encontrará o ex-presidente dia 07/07. Pela imprensa soubemos que representantes do mandato de Ivan Valente do PSOL-SP e Leo Lince do PSOL-RJ participaram de reunião articulada por João Pedro Stedile do MST, Rui Falcão presidente do PT, Jandira Feghali e Renato Rabelo do PCdoB.
5- Essa “Frente” não é de esquerda. Visa combater a suposta “onda conservadora”, construir alternativas capitalistas a austeridade radical e é tão ampla que tenta incluir Bresser Pereira, ex-ministro de FHC e Claudio Lembo, ex-governador de São Paulo. É a orientação do congresso do PT: “O programa de reformas estruturais pressupõe a construção de uma frente democrática e popular, de partidos e movimentos sociais, do mundo da cultura e do trabalho”. Tudo para “a constituição de uma nova coalizão, orgânica e plural”, pois a frente burguesa que sustentou Lula e Dilma desintegrou-se. Algo importante é que Lula e o PT-RS têm como programa uma crítica radical contra a operação Lava-Jato. Nuances sobre o papel do PMDB e aspectos da política econômica não mudam o caráter da estratégia: reivindicar os 12 anos “democráticos e populares” e construir uma saída através do modo petista de fazer política. Aí mora a inconsequência de Tarso, do PT, dos dirigentes da CUT, da CTB, e dos políticos da “frente popular” para combater o que eles dizem criticar, a exemplo do ajuste fiscal. Por sua relação com o Planalto e o regime político, todos atuaram para evitar que o dia 29/05 se transformasse numa greve geral contra o ajuste fiscal de Dilma, Aécio, PT e PSDB.
6- Lula e Tarso pretendem se colar na boa imagem da esquerda para se reciclarem. Com orgulho, a página do PT no dia 30/06 noticiava uma “frente de esquerda” agrupando PT, PCdoB, as direções da CUT, UNE e setores do PSOL e do MTST. Uma manobra conservadora que Lula defende desde janeiro para impedir que surjam e/ou se fortaleçam lideranças e organismos políticos e sociais integralmente independentes, vocalizando os interesses dos setores operários e explorados que estão nas ruas, nos piquetes, nas ocupações desde junho de 2013. Para impedir que surjam novos atores políticos de esquerda com peso eleitoral de massas, conforme o que ocorre na Europa diante do declínio da velha socialdemocracia e da direita.
7- Um dos eixos dessa orientação é domesticar a esquerda, em especial o PSOL, partido com peso de massas em algumas cidades, como o Rio de Janeiro. Local onde o PT desapareceu após sua aliança incondicional com o PMDB de Cabral e Eduardo Cunha. Cidade epicentro da greve das universidades e dos servidores federais. No caso da direção do MTST, que lidera um movimento de massas em São Paulo, trata-se de manter uma boa proximidade garantindo que esse movimento não questione radicalmente a totalidade da política e do programa do governo Dilma e dos governistas.
Construir uma verdadeira frente de esquerda, classista e combativa!
8- A executiva do PSOL-RJ acerta ao afirmar que “o discurso em favor de uma suposta frente de esquerda não pode servir para ocultar quem aplica diretamente o ajuste sobre o povo brasileiro: Dilma, o PT e seu maior dirigente, Lula”. Algo que a resolução de conjuntura do Diretório Nacional do PSOL de 16/05 já assinalava: “O PSOL fortalecerá as lutas em curso que acumulem para o fortalecimento de uma alternativa política dos trabalhadores... Essa alternativa, portanto, se constrói como oposição de esquerda programática aos projetos de retorno de Lula e sua estratégia de reciclar o projeto do PT, visando domesticar os setores combativos”.
9- A tarefa da verdadeira esquerda é não cair em nenhuma manobra. Nosso papel é enterrar de vez a traição do PT e seu programa conservador, construindo uma alternativa de massas contra o ajuste fiscal de Dilma e do PSDB. Foi para isso que fundamos o PSOL em 2004, construímos a campanha de Luciana Genro em 2014 combatendo a falsa polarização entre Dilma, Aécio/Marina e lutamos com os educadores em greve contra os governadores Tucanos nos últimos meses. Agora, devemos fortalecer a greve das universidades federais, batalhando pela greve geral do conjunto dos servidores, lutando pela vitória dos trabalhadores. Com esse fim construiremos a unidade na luta com qualquer um, independente da sigla que cada ativista ou organização reivindica.
10- Nós da CST-PSOL defendemos uma verdadeira frente de esquerda, classista e combativa em oposição de esquerda ao governo Dilma e ao PT. Uma frente social e política com o PSTU, PCB, PCR, a CSP-CONLUTAS, a INTERSINDICAL, a esquerda da UNE e ANEL, dentre outros agrupamentos. Entendemos que o MTST deve compor essa frente, abandonado de vez qualquer vínculo com o campo Lulista. Para, nas lutas e nas eleições, apresentar um programa alternativo que barre o ajuste fiscal e lute pelo fim das demissões, por aumento de salários, melhores condições de trabalho e o fim da repressão às lutas. Para suspender o pagamento da dívida, destinando esses recursos para as áreas sociais e um efetivo plano de moradia popular; combater a corrupção com a prisão e expropriação dos bens dos políticos e empreiteiros envolvidos nos esquemas da Lava-Jato e nos esquemas ilícitos do Metro de São Paulo; barrar a contrarreforma política de Eduardo Cunha e impedir a redução da maioridade penal. Por uma Petrobras 100% estatal e sob o controle dos trabalhadores, dentre outras bandeiras.
Fonte: CST-PSOL (Corrente Socialista dos Trabalhadores – Tendência do PSOL)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário