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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

A escala 6x1 e a luta histórica da classe trabalhadora por direitos

Nunca foi fácil para a os trabalhadores no Brasil conquistar algum benefício social, econômico ou trabalhista. Desde os combates e resistências dos negros pelo fim da escravidão, passando pelas greves gerais e mobilizações no início do século XX, até as Jornadas de junho e mobilizações da juventude contra o aumento das tarifas e pelo passe livre, em todos esses eventos foi necessário muito espírito de luta, organização e enfrentamento. A burguesia rural e urbana, bem como os meios de comunicação invariavelmente elitistas, sempre fizeram questão de condenar as pautas do proletariado (urbano e rural) e se valer do controle do estado, fosse no Brasil Colônia, Império, Velha e Nova República, para reprimir violentamente e/ou mesmo dar fim a vida de lideranças e ativistas que ousassem mobilizar o conjunto da classe que se levantasse em defesa de seus direitos.


Novamente a história se repete: no início do XX, parafraseando Karl Marx, podemos dizer que foi tragédia; agora no caso da luta pelo fim da jornada de trabalho de 6 dias por 1 de descanso semanal, como farsa. Pois os argumentos se repetem, mas a classe, em que pese ameças do empregador, parece estar mais vacinada. 

É o que você verá nesse vídeo do professor, poeta e historiador Eduardo Protázio.
 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Repudiamos a extradição de Cesare Battisti

Cesare Battisti, na sede da polícia boliviana em Santa Cruz de La Sierra.  AFP
Neste sábado, 12 de janeiro, em Santa Cruz da Serra, Bolívia, foi detido Cesare Battisti. E num processo sumário, como se estivesse em meio de uma guerra ou grave perigo, o governo boliviano encabeçado por Evo Morales o entregou à polícia italiana, ainda que não exista acordo de extradição entre esses dois países.
Cesare Battisti, julgado à revelia, foi condenado a prisão perpetua pela justiça italiana, depois que um ex-companheiro do PAC (Proletários Armados pelo Comunismo) organização na qual militavam, se acolheu à delação premiada e lhe atribuiu os supostos crimes cometidos há mais de 30 anos. Por tanto foi uma condenação sem direito a defesa, sem provas confiáveis e em ausência do acusado.
Na época, lembrada como “anos de chumbo”, temendo pela sua vida, procurou refúgio na França, onde recebeu proteção sob a Doutrina Mitterrand. Derrubada essa doutrina por posteriores governos de direita, Battisti, depois de passagem pelo México, entrou no Brasil onde foi detido em março de 2007. Posteriormente, o governo petista lhe concedeu status de refugiado político. Depois das idas e vindas de diferentes recursos, em 13 de dezembro de 2018, o ministro do STF Luiz Fux, determinou sua prisão e no dia seguinte o ilegítimo presidente de Michel Temer assinou sua extradição.
Mais uma vez, Battisti, que em um de seus livros declarou que desde 1978 tinha abandonado a luta armada, teve de fugir. Desta vez para Bolívia, onde procurava asilo político. Porém, o “progressista” governo Evo Morales, não somente não lhe concedeu asilo, como o entregou de forma sumária às autoridades do direitista governo italiano que ameaça fazer cumprir a condenação de prisão perpetua com “restrição da luz solar” tal como dita a condenação pronunciada em tempos que vigorava uma legislação de exceção questionada por vários juristas italianos.
A CST, como parte de uma corrente internacional se opõe às ações guerrilheiras como política estratégica e à utilização de métodos terroristas isolados das massas trabalhadoras, não compactua com as políticas defendidas pela organização na que militava Cesare. Porém, rejeitamos a condenação da Battisti pelo estado repressor italiano dos “Anos de Chumbo”. É evidente que esse processo foi uma verdadeira fraude. No processo inicial de 1979, quando Battisti foi detido, não lhe foi atribuída qualquer relação com esses crimes cometidos pela sua organização, ainda que fosse condenado a 12 anos de prisão. Porém, 10 anos depois, na sua ausência, sem direito a defesa, todos esses crimes lhe foram atribuídos por um “arrependido” o que derivou na prisão perpetua.
Repudiamos a atuação dos governos de Brasil e Bolívia que se colocam a serviço da justiça de um regime que não oferece garantias de defesa, como o encabeçado pelo Ministro italiano Matteo Salvini. Enquanto não são julgados os graves crimes de estado cometidos durante a ditadura militar, o governo Bolsonaro compactua com Evo Morales na extradição de Cesare Battisti. Não podemos aceitar uma condenação à revelia por supostos crimes narrados por um arrependido que foi premiado por sua delação. Junto às organizações sindicais que assinam o manifesto da CSP-Conlutas, repudiamos a extradição e exigimos amplo direito de defesa para Cesare Battisti!
14/01/2019 - CST/PSOL

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Juca: Handebol masculino brasileiro e a dura fronteira para o sucesso

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Foto: blog do Juca Kfouri

A Croácia, que já foi campeã mundial e bi olímpica, acaba de vencer o Brasil no mundial de handebol, no Catar: 26 a 25!
Depois de vencer o primeiro tempo por dois gols, os brasileiros falharam no fim e não passaram à fronteira para ficar entre as oito melhores seleções do mundo.
É duro mesmo ultrapassar a linha tênue que separa a vitória da derrota entre gigantes.
Seja como for, depois que o handebol feminino chegou ao título mundial, fica a esperança realista de os rapazes também fazerem bonito na Rio-16.
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Fonte: Blog do Juca

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Anistia Internacional lança campanha em defesa de protestos na Copa

Campanha mundial 'Brasil, chega de bola fora' vai coletar assinaturas em defesa do direito de liberdade de manifestação  para serem encaminhadas à presidente Dilma Rousseff e ao presidente do Senado Renan Calheiros

por Roberta Pennafort, para O Estado de S. Paulo

A Anistia Internacional está lançando nesta quinta-feira, 8, em todo o mundo a campanha "Brasil, chega de bola fora", em defesa ao direito de liberdade de manifestação durante a Copa do Mundo e contra a criminalização de manifestantes. Vinte seções da organização em diferentes países irão coletar assinaturas a serem enviadas à presidente Dilma Rousseff e ao presidente do Congresso, Renan Calheiros.

A petição está disponível no site www.cartaoamarelo.org.br. "O governo brasileiro tem o dever de assegurar o direito à liberdade de expressão e manifestação pacífica de todas as pessoas durante a Copa do Mundo", afirma Atila Roque, diretor executivo da Anistia Internacional no Brasil, que está preocupado com a possibilidade de restrição à liberdade de expressão durante o Mundial aventada no Congresso depois das manifestações de rua no ano passado.

"Diante deste contexto, estamos convocando a sociedade mundial a dar um cartão amarelo de advertência para o governo brasileiro, sinalizando que não aceitaremos violações de direitos humanos em nome dos grandes eventos", explica Roque.

"É urgente regulamentar o uso das chamadas armas 'menos letais', que têm sido usadas amplamente, e garantir treinamento adequado das forças de segurança para o policiamento dessas manifestações, além de assegurar mecanismos eficazes de responsabilização nos casos de uso excessivo ou desnecessário da força e outros abusos cometidos por agentes do Estado".

(Estadão)

segunda-feira, 31 de março de 2014

"Hoje fui estuprada. A calcinha, em frangalhos no chão, só não ficou mais arrasada do que eu"


Quem me estuprou


Foto: Marcos Felipe
Por Aline Valek*

Hoje fui estuprada. Subiram em cima de mim, invadiram meu corpo e eu não pude fazer nada. Você não vai querer saber dos detalhes. Eu não quero lembrar dos detalhes. Ele parecia estar gostando e foi até o fim. Não precisou apontar uma arma para a minha cabeça. Eu já estava apavorada. Não precisou me esfolar ou esmurrar. A violência me atingiu por dentro.

A calcinha, em frangalhos no chão, só não ficou mais arrasada do que eu. Depois que ele terminou e foi embora, fiquei alguns minutos com a cara no chão, tentando me lembrar do rosto do agressor. Eu não sei o seu nome, não sei o que faz da vida. Mas eu sei quem me estuprou.

Quem me estuprou foi a pessoa que disse que quando uma mulher diz “não”, na verdade, está querendo dizer “sim”. Não porque esse sujeito, só por dizer isso, seja um estuprador em potencial. Não. Mas porque é esse tipo de pessoa que valida e reforça a ação do cara que abusou do meu corpo.

Então, quem me estuprou também foi o cara que assoviou para mim na rua. Aquele, que mesmo não me conhecendo, achava que tinha o direito de invadir o meu espaço. Quem me estuprou foi quem achou que, se eu estava sozinha na rua, na balada ou em qualquer outro lugar do planeta, é porque eu estava à disposição.
Quem me estuprou foram aqueles que passaram a acreditar que toda mulher, no fundo no fundo, alimenta a fantasia de ser estuprada. Foram aqueles que aprenderam com os filmes pornô que o sexo dá mais tesão quando é degradante pra mulher. Quando ela está claramente sofrendo e sendo humilhada. Quando é feito à força.

Quem me estuprou foi o cara que disse que alguns estupradores merecem um abraço. Foi o comediante que fez graça com mulheres sendo assediadas no transporte público. Foi todo mundo que riu dessa piada. Foi todo mundo que defendeu o direito de fazer piadas sobre esse momento de puro horror.

Quem me estuprou foram as propagandas que disseram que é ok uma mulher ser agarrada e ter a roupa arrancada sem o consentimento dela. Quem me estuprou foram as propagandas que repetidas vezes insinuaram que mulher é mercadoria. Que pode ser consumida e abusada. Que existe somente para satisfazer o apetite sexual do público-alvo.

Quem me estuprou foi o padre que disse que, se isso aconteceu, foi porque eu consenti. Foi também o padre que disse que um estuprador até pode ser perdoado, mas uma mulher que aborta não. Quem me estuprou foi a igreja, que durante séculos se empenhou a me reduzir, a me submeter, a me calar.

Quem me estuprou foram aquelas pessoas que, mesmo depois do ocorrido, insistem que a culpada sou eu. Que eu pedi para isso acontecer. Que eu estava querendo. Que minha roupa era curta demais. Que eu bebi demais. Que eu sou uma vadia.

Ainda sou capaz de sentir o cheiro nauseante do meu agressor. Está por toda parte. E então eu percebo que, mesmo se esse cara não existisse, mesmo se ele nunca tivesse cruzado o meu caminho, eu não estaria a salvo de ter sido destroçada e de ter tido a vagina arrebentada. Porque não foi só aquele cara que me estuprou. Foi uma cultura inteira.

Esse texto é fictício. Eu não fui estuprada hoje. Mas certamente outras mulheres foram.
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*Aline Valek edita o blog Ficções da Aline Valek
Atualizado às 18h, 03/04/2014