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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Mar de lama: Escândalo ronda Belo Monte

por Lúcio Flávio Pinto, para seu blog
A matéria de capa de Veja desta semana é sobre o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo “tão íntimo de Lula que tinha passe livre no [Palácio do] Planalto”, a sede da presidência da república. Rico, o empresário “até hoje resolve os mais diversos problemas do ex-presidente e de sua família. Poderoso, ele agora também é investigado no escândalo da Petrobrás”.
No meio da matéria, em apenas seis linhas, a revista faz uma citação grave. Diz que Bumlai “foi encarregado de missões complexas – a montagem do consórcio de empresas que construiriam a usina de Belo Monte, uma obra orçada em 25 bilhões de reais, foi trabalho dele. Cumpriu-as com destreza”.
E nada mais disse a revista.
A obra, a maior da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento, já está em R$ 30 bilhões. Deve encarecer ainda mais. O consórcio construtor da hidrelétrica do rio Xingu, no Pará, é controlado pela Andrade Gutierrez (18% do capital), Odebrecht e Camargo Corrêa (16% cada uma), Queiroz Galvão e OAS (11,5%), Conter e Galvão (10%).
Ou seja: as maiores empreiteiras nacionais, todas já acusadas no curso da Operação Lava-Jato da Polícia Federal, amparada pela justiça, ou ao menos referidas. Sendo que Belo Monte é obra de porte muito maior do que a das refinarias da Petrobrás.
Veja devia ter apurado mais e melhor uma informação tão grave antes de divulgá-la – ou o tratamento adequado virá na próxima edição da revista?

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O país e o armário


por Gregório Duvivier

“Todo ano, um milhão de mulheres fazem aborto na França. Eu sou uma dessas mulheres. Eu abortei.” O manifesto foi assinado por 343 mulheres e publicado no Nouvel Observateur, em 1971.

O Estado francês tinha duas opções: prender essas mulheres ou reconhecer que elas não fizeram nada de errado. O Estado não prenderia 343 mulheres. Ou melhor: não essas mulheres. Dentre as assinaturas, estavam as de Ariane Mnouchkine, Catherine Deneuve, Jeanne Moreau, Marguerite Duras. A redatora do manifesto era ninguém menos que Simone de Beauvoir. Não prenderam ninguém.

A esse manifesto, seguiram-se outros: 331 médicos assumiram-se a favor da causa. Na Alemanha, mais 374 mulheres assinaram um manifesto em que diziam: Wie haben abgetrieben. Nós abortamos. Entre as mulheres, Romy Schneider e Senta Berger. Em 1975 o aborto deixa de ser crime na França e passa a ser chamado de “interrupção voluntária de gravidez”. A interrupção passa a ser “livre e gratuita” até a décima semana de gestação.

Estamos muito longe dessa lei por aqui. Nenhum* dos candidatos a presidente parece interessado em discuti-la. [Salvo Luciana Genro, do PSOL.] Tampouco a classe artística está interessada em sair do armário nesse assunto.

O Brasil vai na direção oposta. É constrangedor ver todos os principais candidatos se estapeando pelo eleitorado conservador. Não se trata de propor mudanças, trata-se de vender apego à tradição. “Você me conhece, sabe que eu sou o que mais acredita em Deus, o que mais passou longe de dar a bunda, de cheirar pó, olhem só como a minha filha é virgem, olhem só como o meu filho é hétero.” Todos estão desesperados pelo voto conservador. Estranhamente [a não ser Luciana Genro do PSOL] , ninguém está nem aí pro voto aborteiro.

Se as eleições, como anuncia o plantão da Globo, são a festa da democracia, essa festa, dona Globo, está meio caída – ou fui eu que bebi pouco. Na minha opinião, tem pastor demais e maconha de menos. A maioria dos candidatos não fede nem cheira – a não ser um deles, que cheira. Um amigo gay outro dia disse que “levantar bandeira é cafona e quem sai do armário é porque quer atenção”. Amigo, tudo bem, ninguém é obrigado a sair do armário. Mas você não precisa trancar a porta por dentro.

Sair do armário não é um ato exibicionista. Levantar bandeira também não. O manifesto das 343 vagabundas, como ficou conhecido, não permitiu às manifestantes que elas fizessem um aborto. Elas já tinham feito. Permitiu às suas filhas e netas.

Ateus, maconheiros, vagabundas, pederastas, sapatões e travestis do mundo: uni-vos. Porque o lado de lá tá bem juntinho.
(Folha)
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Gregório Duvivier é ator e escritor, além de ser um dos criadores do grupo de humor Porta dos Fundos.
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*Grifo do AlémdaFrase

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Em convenção eleitoral, PSOL lança Luciana Genro para disputar a Presidência

Nome da ex-deputada foi referendado por integrantes da executiva da sigla. PSOL vai defender legalização da maconha e casamento homoafetivo.


Foto: UOL
Por Felipe Néri, para o G1
O PSOL oficializou neste domingo (22) a candidatura da ex-deputada Luciana Genro (RS) para concorrer pelo partido à Presidência da República nas eleições de outubro. Ficou definido para vice o nome de Jorge Paz, membro do diretório paulista da sigla. O partido realizou convenção nacional em Brasília.
Luciana não tinha concorrentes dentro do PSOL para representar a sigla na eleição presidencial. O nome dela foi referendado por 61 membros do diretório nacional  e 27 representantes de diretórios estaduais do partido.
A candidata passou a ser a escolha do PSOL para a disputa da eleição depois que o senador Randolfe Rodrigues, que cogitava se lançar, teranunciado, no último dia 13, que não iria mais concorrer.
Aos 43 anos, a candidata a presidente do PSOL comanda atualmente a presidência da Fundação Lauro Campos, vinculada ao partido. Ela exerceu mandato de deputada estadual no Rio Grande do Sul entre 1995 e 2002, pelo PT. Em 2002, foi eleita deputada federal, também pelo PT, mas foi expulsa pelo partido em dezembro de 2003, depois de ter votado contra o projeto da reforma na Previdência. Ao lado da ex-senadora Heloísa Helena (AL), é uma das fundadoras do PSOL.
Legalização da maconha, casamento entre homossexuais e aborto
Um dos principais representantes das alas mais radicais da esquerda, o PSOL incluiu em seu plano de governo propostas que têm sido deixadas de lado no discurso dos demais candidatos à presidência da República. De acordo com Luciana Genro, a sua campanha defenderá, por exemplo, a legalização com regulamentação da produção e venda da maconha, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a legalização do aborto.
De acordo com Luciana, a defesa pela descriminalização da maconha, baseada no exemplo uruguaio, busca mudar o atual modelo de combate ao tráfico de drogas e evitar o contato do usuário com o traficante. “Não estamos fazendo apologia à maconha, não fazemos apologia ao rejeitar a guerra às drogas. Estamos fazendo que as drogas sejam discutidas de forma aberta na nossa sociedade. Vamos pautar a descriminalização da maconha e a sua regulamentação”, disse.
Em relação ao aborto, a candidata disse não apoiar o ato em oposição ao uso de contraceptivos, mas propõe a criação de mecanismos de garantir assistência às grávidas que desejam abortar e impedir que elas sejam consideradas criminosas. Já o casamento homoafetivo é considerado uma bandeira da campanha. “Nós vamos defender os direitos de todos que querem amar e ser amados, e não vamos aceitar descriminação e homofobia.”
‘Revolução tributária’
A candidata também defendeu que seja feito o que ela chama de “revolução tributária”, com uma “inversão” do atual modelo de cobrança de impostos. “Esta vai ser a nossa primeira medida. Vamos enfrentar aquele um por cento mais rico da população. A revolução tributária no Brasil é para que não sejam mais trabalhadores, classe média e pobres que sustentem a arrecadação tributária no país. Hoje os bancos quase não pagam imposto”, declarou.
A candidata não detalhou como se dará a mudança, mas disse que se baseará em projetos que tramitam no Congresso Nacional. Assim como é recorrente no discurso do PSOL, Luciana disse, ainda, que o país deve se recusar a pagar dívidas adquiridas com bancos. “Vamos suspender o pagamento dos juros das dívidas aos bancos, aos grandes especuladores. E vamos fazer que seja investido em educação, saúde, transporte público, direito das mulheres […].”
Financiamento de campanha
Além de referendar a candidatura de Luciana Genro e Jorge Paes, a convenção do PSOL neste domingo também discutiu o plano de governo do partido nas próximas eleições. Um dos temas em debate foi o financiamento de campanha, que hoje no PSOL é feito exclusivamente por pessoas físicas.
Os delegados dos diretórios da sigla chegaram a discutir a possibilidade de especificar a exclusão da doação para campanha feita por médias e grandes empresas, o que facilitaria a doação de micro e pequenos empreendedores. No entanto, a maioria preferiu não alterar o estatuto do PSOL.
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sexta-feira, 9 de maio de 2014

Anistia Internacional lança campanha em defesa de protestos na Copa

Campanha mundial 'Brasil, chega de bola fora' vai coletar assinaturas em defesa do direito de liberdade de manifestação  para serem encaminhadas à presidente Dilma Rousseff e ao presidente do Senado Renan Calheiros

por Roberta Pennafort, para O Estado de S. Paulo

A Anistia Internacional está lançando nesta quinta-feira, 8, em todo o mundo a campanha "Brasil, chega de bola fora", em defesa ao direito de liberdade de manifestação durante a Copa do Mundo e contra a criminalização de manifestantes. Vinte seções da organização em diferentes países irão coletar assinaturas a serem enviadas à presidente Dilma Rousseff e ao presidente do Congresso, Renan Calheiros.

A petição está disponível no site www.cartaoamarelo.org.br. "O governo brasileiro tem o dever de assegurar o direito à liberdade de expressão e manifestação pacífica de todas as pessoas durante a Copa do Mundo", afirma Atila Roque, diretor executivo da Anistia Internacional no Brasil, que está preocupado com a possibilidade de restrição à liberdade de expressão durante o Mundial aventada no Congresso depois das manifestações de rua no ano passado.

"Diante deste contexto, estamos convocando a sociedade mundial a dar um cartão amarelo de advertência para o governo brasileiro, sinalizando que não aceitaremos violações de direitos humanos em nome dos grandes eventos", explica Roque.

"É urgente regulamentar o uso das chamadas armas 'menos letais', que têm sido usadas amplamente, e garantir treinamento adequado das forças de segurança para o policiamento dessas manifestações, além de assegurar mecanismos eficazes de responsabilização nos casos de uso excessivo ou desnecessário da força e outros abusos cometidos por agentes do Estado".

(Estadão)