por Marcus Benedito
Cheiro de pipoca. Fila pra entrar no Teatro. Sino da igreja de São Sebastião. No boteco, lá embaixo, o cara canta em inglês. Entre aqui e lá, fileiras de bancos de praça. Conservados. Tudo ocupado. Crianças. Responsáveis. Casais de jovens. Crianças.
Tem até uma obra de arte em forma de bola que elas adoram se pendurar. Tipo globo da morte. Pequenozinhos ainda bem gititos. Nem falam como a gente, mas seus buan, buãns, correndo, apontando, famoso toquinho de amarrar onça, sabe conquistar. Quem não chora?... Ora senão...
Gente pra lá e prá cá. De todo tipo e qualidade. Da desqualidade, por exemplo, de Amazonino. Ele é 12. Partido de Ciro, o Gomes. Slogan desse velho safado era "Ama" acompanhado de um coração. Só se for a sujeirada. A roubalheira. A sacanagem. Tá explicado.
O bom é que a gente daqui, o povo mesmo, esse tem cor de chuva. Ainda que o vento esteja parado. Sensação de breado. A tal da cara de pupunha. O cheiro da pipoca... Minérios delas. Lá embaixo e em cima. Perto da fila do Teatro Amazonas. Que aumentou. Curioso por saber quem se apresenta aqui. Mas a vista quer apreender tudo. Nos encanta o não visto. O desconhecido.
O bom é que aqui quase não tem esses horrorosos espigões que arranham o meio ambiente, estressando a gente, atravancando a paisagem. Aqui tem um mundo cercado de água. Tem também gente de todo o mundo. É gringo pra todo lado. Hotéis sempre ocupados. Gente bonita e feia. Como em qualquer canto. Mas pessoas que gostam de viver a poesia. Da dor, olor, sofrimento. Se vive com certa calma. Até pras ondas mais bravas. Mas uma hora esse rio, de raivas, como o Teatro, vira Amazonas. Pororoca de energia e mudança. De vida que se renova. Rebenta lá pras bandas do Amapá com Pará.
Como diria Chico de Holanda, enchente amazônica. Explosão atlântica. E com uma hora adiantado.
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