segunda-feira, 22 de março de 2010

Violência sexual

A Igreja leva a sério aquela história de que Jesus, ao ser indagado sobre quantas vezes alguém deveria perdoar outrém, ele respondeu que 70x7. No entanto, a igreja tem abusado desse desígnio cristão ao longo da história.
Foram as atrocidades e absurdos durante a Idade das trevas (como é conhecida a Idade Média), onde por exemplo, qualquer mulher que ousasse lavar suas partes mais de duas vezes ao ano ou usar qualquer erva medicinal, era acusada de bruxaria e tinha a fogueira como destino. Pessoas que ousavam dizer o óbvio: que a terra não era o centro do universo e sim o sol; que a terra era redonda e não plana, etc., etc. recebiam ou a fogueira ou a prisão como resposta da Igreja.

A Igreja foi responsável por imensurável atraso nos avanços do campo do conhecimento. Retrógrada por essência, a Igreja segue se colocando contra o avanço do saber e contribuindo para o avanço do barbarismo moderno, quando se contrapõe por exemplo, ao uso da camisinha ou às pesquisas com células troncos. Sem falar nesses (pedofilia) e tantos outros crimes silenciosos que vem arrebatando com vidas e jogando um tsunami de indignidades sobre as cabeças de crianças e adolescentes mundo afora. Não adianta o Papa fascista vir com esse papo de perdão.

A Igreja só combaterá de fato esse crime, o dia que enfrentar o celibato: causa primeira dos crimes de pedofilia. Os padres e as freiras têm que ter o direito humano ao sexo. Direito ao qual nunca poderiam renunciar. Mas só isso não basta, pois pedófilo existe na Igreja Católica, Universal, Mundial, Internacional da Graça de Deus, Assembléia, Budista, Espírita, etc., e em todo lugar, infelizmente. Mas rompendo a hiprocrisia, já será um grande passo para se combater esse vergonhoso histórico de crimes contra a vida e a dignidade humanas. Na foto, um monsenhor de Alagoas, está fazendo sexo com um garoto (18/19 anos) que era molestado por ele desde os 15.

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Crimes sem punição
Por Alberto Dines em 22/3/2010

O circo está armado: a mídia popular, sobretudo a eletrônica, está excitadíssima com o início do julgamento, na segunda-feira (22/3), em São Paulo, do casal Nardoni-Jatobá, acusado de ter jogado a filha-enteada Isabella do 6º andar do edifício onde moravam.

O julgamento de um dos crimes mais horrendos já praticados no país vai estender-se ao longo de cinco dias. Porém, uma sucessão de crimes escabrosos está há anos mantida longe dos holofotes. No domingo (21), finalmente foi para a primeira página dos jornais do mundo inteiro quando o papa Bento 16 pediu perdão pelas violências cometidas por sacerdotes pedófilos na Irlanda. Lamentou as "falhas graves" mas não falou em punir culpados.
Muito constrangidos, os jornalões brasileiros mencionaram a carta do papa sem grande destaque, na parte inferior da primeira página – como se tivessem combinado. Estão combinados.

Laica e secular

Mas a Irlanda é muito longe. Ninguém falou no caso de Arapiraca, em Alagoas, onde um monsenhor de 82 anos assediava sexualmente há oito anos um jovem ex-coroinha.
Esta brutalidade foi desvendada numa cuidadosa reportagem do repórter Roberto Cabrini no programa Conexão Repórter, do SBT, exibido no dia 11 de março (ver aqui).

Chocante, mas não houve qualquer repercussão, como se o resto da mídia, sobretudo os jornalões, tivessem feito um pacto de silêncio. Quem o quebrou foi a edição de Veja desta semana ("Ferveção em Arapiraca", para assinantes).

Esta onda de violências sexuais praticadas por sacerdotes não é nova, não matou ninguém, mas destrói anualmente centenas de vidas, liquida famílias, ofende os que acreditam em Deus – inclusive o sumo pontífice.

A questão da pedofilia, versão criminosa da pederastia, não pode ficar confinada ao âmbito canônico ou teológico. Numa república secular, laica, como a nossa, sacerdotes não podem ficar acima da lei. Assédio a menores é crime. E todos os crimes devem ser investigados pela polícia e encaminhados ao Judiciário. Sem privilégios. Sem a proteção de pactos de silêncio.

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