Os professores decidiram pela continuidade da greve que tem adesão de mais 80% da categoria
As principais vias de São Paulo ficaram vazias de automóveis para a passagem de dezenas de milhares de professores, que denunciavam o governo José Serra: “Serra a culpa é sua, a greve continua”.
Em assembléia que ocorreu no vão do Masp na última sexta feira (12), foi votado pela maioria da categoria a continuidade do movimento grevista.
A polícia não conseguiu conter a multidão que ocupou as duas pistas da Avenida Paulista. Após a assembleia, houve uma passeata que reuniu cerca de 40 mil pessoas. Mesmo diante do cordão de isolamento feito pela Polícia Militar para impedir o prosseguimento da mobilização, educadores, pais de alunos, estudantes, com faixas e apitos, venceram este obstáculo e seguiram rumo à Avenida Consolação.
Caravanas vieram de todas as localidades do estado. Em um ato unificado, estiveram presentes centrais sindicais entre elas a Conlutas e a Intersindical, partidos políticos e movimentos estudantis entre os quais a Assembleia Nacional de Estudantes Livre (Anel).
A coordenadora de escola Bruna Rezende, de Piracicaba, Grande São Paulo, mostrou sua indignação se vestindo de palhaça dos pés a cabeça. Segundo ela, Serra é um mentiroso. “A data base da categoria que deveria ser no mês de março nunca é respeitada, Serra diz que o piso salarial do professor é de R$ 1.800, isso é uma grande mentira! Tem muito professor ganhando R$ 800”, disse revoltada, acrescentando ainda que a prova de desempenho é um desrespeito com o magistério. “O governo Serra trata o professor como palhaço, por isso estou vestida desta maneira”.
As principais reivindicações da categoria são de aumento salarial de 34,3%, ou seja, a reposição das perdas de 1998 até 2010, o fim da prova de desempenho imposta pelo governador José Serra (PSDB) junto com ministro da educação Paulo Renato de Souza (PSDB) e contra o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) do presidente Lula (PT). Denunciavam também as políticas destes governos, que retiram direitos da categoria e precarizam a Educação.
O vice-presidente da Apeoesp pela Oposição Alternativa/Conlutas, José Geraldo, o Gegê, alertou no palanque sobre as 10 metas do governo Serra que até agora só prejudicaram os professores. “Não podemos aceitar estas metas e muito menos o PDE de Lula que rebaixa salários e retira o direito de pais e mães verem seus filhos matriculados em escolas públicas de qualidade”, ressaltou Gegê.
O integrante da Conlutas e também diretor do sindicato do metalúrgicos de SJCampos, Luiz Carlos Prates, o Mancha, denunciou as medidas do governo e parabenizou a categoria. “O governo deu bilhões para banqueiros e empresários durante a crise e nada para a educação. Os professores estão dando aula de mobilização à população de São Paulo”, disse.
Governo fala em 1% de adesão mobilização mostra 80%
No palanque o membro da Intersindical, Pedro Paulo, falou que agora o governo terá que admitir os 80% de adesão à greve e não mais os 1% divulgados na imprensa. “Estamos dando a resposta, está provada nossa luta”.
Apesar de a grande mídia apontar que a população reprovou a manifestação por causar transtornos no trânsito de São Paulo, o que se via durante a mobilização eram pessoas aplaudindo, outras observando e dando incentivo à longa caminhada.O final da manifestação foi na Praça da República, local histórico de mobilização dos professores. Muitos manifestantes ainda desciam o começo da Consolação quando o carro de som se aproximava da Praça, o que provou a grandeza do movimento.
A categoria demonstrou que a mobilização é a resposta contra o PDE de Lula e contra as medidas do Governo Serra e seu ministro da educação que retiram direitos.
Próxima assembléia será na Paulista
A próxima assembléia será novamente na Paulista com data marcada para sexta feira (19).
Durante a semana ocorrerão panfletagens, reuniões com pais de alunos, além de carta aberta dirigida a população e aos pais explicando os motivos da continuidade da greve.
A Conlutas faz um chamado a todas as entidades e movimentos que manifestem seu apoio à greve dos professores estaduais de São Paulo. Solicita ainda, que coloquem em seus boletins e jornais a razão da greve e, além das reivindicações, deve constar a necessidade de apoio ao movimento grevista, se contrapondo a política do governo Serra.
Vamos fortalecer esta paralisação rumo à vitória!
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