terça-feira, 9 de março de 2010

Cuba: a imperdoável morte de Zapata

Por Mercedes Petit*
Tradução Marcus Benedito

Sabemos que há 50 anos o imperialismo americano tenta varrer do mapa a Revolução Cubana. Que é apoiado por uma direita por uma direita recalcitrante exilada em Miami. Sempre temos impulsionado a defesa de Cuba e a luta para por fim ao bloqueio. É imprescindível reiterar tudo isso, para falar de Orlando Zapata Tamayo, pedreiro de 42 anos de idade, que no dia 23 de fevereiro morreu após 83 dias de greve de fome, protestando contra as péssimas condições de sua carceragem.

Para o povo cubano ( e o resto do mundo), a única informação que surgiu, apenas quatro dias depois, foi através de um artigo o Jornal Granma (veja aqui), porta-voz oficial do Partido Comunista Cubano – PCC. O artigo diz que se tratava de um preso comum, um delinqüente, que havia sido “maquiado” de prisioneiro político que foi utilizado pelos “inimigos externos e internos da revolução”. Seja um preso comum ou um opositor político, é repudiável a atuação do governo - a justiça e o regime castrista – que levou Zapata a morrer nessas condições desumanas.

Lamentavelmente vem à memória o caso do lutador irlandês Bobby Sands, que o governo de Margaret Thatcher deixou morrer em 1981, depois de 66 de greve. Em 2008, o lendário cantor Silvio Rodrigues (insuspeito de opositor), em uma turnê pelas prisões do país junto a outros intérpretes, fez saber que as carceragens são uma das partes mais «dolorosas e incomodas» da realidade cubana.

Também é repudiável o fato de que o povo cubano não possa acessar a uma informação mais completa e verificar as reais circunstâncias e implicações que resultaram nesta morte, e não poder debatê-las livremente. Tudo isso enlameia a causa do socialismo.

A morte de Zapata nos remete ao mais grave dos problemas: que em Cuba existe um Regime de partido único, uma ditadura estalinista. Além do controle monolítico e total de todos os meios de comunicação, os trabalhadores e estudantes não têm nenhum direito a fazer protestos; não têm liberdade para discutir e organizar-se para defender suas conquistas revolucionárias e melhor combater a direita pró-ianque.

2 comentários:

julio miragaia disse...

Estava esperando por um texto como esse quando comecei a acompanhar as notícias sobre a morte de Zapata. Não dá pra tolerar uma atitude tão bárbara como essa seja o governo de direita ou de esquerda. O governo cubano tem nas mãos o sangue de um trabalhador. Um pedreiro. Somos socialistas justamente porque combatemos toda forma de opressão e perseguição e o que o regime de Raul Castro fez é a mesma violência que os EUA fazem com seus presos políticos no Iraque, que Israel faz com o povo palestino. Mercedes Petit está certa, é preciso que o povo cubano tenha liberdade para se organizar e assim defender suas conquistas melhor pra derrotar a direita que hoje tenta restaurar o capitalismo em Cuba.

Marcus Benedito disse...

Você e Mercedes falaram tudo, Júlio. É isso mesmo: não existe socialismo sem liberdade. Não podemos aceitar esses absurdos em pleno século XXI!