As terríveis cenas de violência produzidas na Universidade Bandeirantes (UNIBAN), nada mais são, senão a expressão de uma educação mercantilizada, que produz a intolerância e o preconceito.
A ditadura militar começou a farra da privatização do ensino superior, quando passou a permitir a concessão pública deste ensino à iniciativa privada (seja ela instituição com fins lucrativos ou não, e as famosas 'pilantrópicas'). Mas sem sombra de dúvidas foram nos governos neoliberais de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e de Lula (PT/PMDB) que a privatização, com tudo o que isso representa de nefasto e improdutivo para os interesses da maioria da população, tomou proporções de epidemia.
Nunca se viu, como durante a década de 1990 e esta primeira década do século XXI, a expansão exorbitante das IPES (Instituições Privadas de Ensino Superior) no Brasil. Apesar de todo esse inchaço, o Brasil ainda apresenta uma das piores taxas no que se refere ao ingresso de jovens ao ensino superior, e desses que conseguem acesso, cerca de 80% é no ensino privado.
Obviamente que os governos não deixariam de incrementar esse absurdo com a falsa ideia de "expansão" do ensino superior, com o demagogo discurso de estar democratizando o acesso da juventude ao 3º grau.
Um verdadeiro crime, pois além de os governos se desobrigarem da formação qualificada, eles repassam enormes cifras de recursos públicos através de finciamentos, isenções e o atual PROUNI (Programa Universidade para Todos) às instituições privadas, sem qualquer política séria de avaliação do que os jovens estão (ou deveriam) estar aprendendo e produzindo nesses estabelecimentos.
A lógica do MEC (Ministério da Educação) de Lula não teve qualquer variação para melhor desde que o famigerado Paulo Renato (criador do Provão, tranformado em Enade* atualmente, um dos maiores empresários da educação) dirigiu na era FHC o MEC. Permaneceu a truculência, a falta de democracia para as universidades públicas e privadas e uma política de reformas draconianas que em nada contribuem para o fortalecimento do ensino público, gratuito e de qualidade refenciada pela sociedade.
É importante demarcar essas questões, pois quando a educação pública, que é de responsabilidade estratégica do estado brasileiro é relegada a terceiros, o resultado não pode ser outro senão as cenas de barbarismo como as que presenciamos na UNIBAN. Nada, nada, nada justifica as agressões, as humilhações e coações sofridas por Geyse Arruda. A essência de uma universidade deve ser a pluralidade de idéias, o sagrado espaço do debate democrático e de criação do saber para o melhoramento da sociedade.
Quando se privatiza a educação as universidades públicas, quando se corta verbas do orçamento da educação, quando não se tem uma política de valorização salarial para os profissionais da educação, quando não se garante a permanêcia do estudante na escola, e por fim, quando o governo dá a concessão sem qualquer critério para surgir uma nova IPES em um fundo de quintal ou esquina desse país, o resultado será igual ou pior ao que vimos na UNIBAN.
O ANDES-SN (Sindicato Nacional dos Professores Universitários), FASUBRA (Federação dos Servidores das Universidades Federais do Brasil), entidades e movimentos estudantis vem há anos denciando e organizando para combater essa política de desmonte dos serviços públicos e de ataques à educação.
Só a mobilização de todos e a luta será capaz de impor uma política de incremento e expansão do ensino superior público, gratuito e estatal. Exemplo disso é a vitória da educação com a aprovação hoje da retirada das contas daEducação da política de cortes de verbas representrada pela Desvinculação das Receitas da União (DRU), que corta 20% de tudo que é orçado para as áreas sociais: como saúde, que absurdamente vai permanecer com esse criminoso assalto. A vitória do fim da DRU para a educação é mais um incentivo às lutas dos movimentos sociais; para que continuemos lutando por expansão de qualidade e avaliação de verdade (contra a farsa que são o ENADE e o ENEM).
Charge do lápis de memória.
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