Na semana passada os mercados de ações foram afetados pelas notícias da moratória da dívida da Dubai World (um interessante eufemismo para inadimplência). Itens de risco desde commodities até o dólar australiano despencaram à medida que os investidores buscaram a segurança dos bonds e do yen. Itens fundamentais, entretanto, não mudaram desde quarta-feira. Os problemas de Dubai podem ter impacto sobre um ou outro banco, mas os ganhos corporativos agregados mal serão afetados. Os consumidores em todo o mundo não podiam se preocupar menos. O problema no Golfo tampouco afeta outros temas influentes do dia como as dívidas dos setores público e privado ocidentais, ou a crescimento na China.
Então por que o pânico? Há algumas explicações razoáveis. A primeira é que depois de uma recuperação rápida demais para ser verdade após a maior crise das últimas gerações, Dubai serve como lembrete de que o mundo não está fora de perigo. Uma grave inadimplência num país distante reforça a sensação de que outro choque pode vir de qualquer lugar. Segundo, as notícias estão sacudindo as crenças tolas dos investidores de que os mercados emergentes merecem prêmios de risco só um pouco acima dos desenvolvidos. Finalmente, Dubai é uma alerta para não assumir que os investimentos são sempre garantidos pelo Estado, mesmo nessa época de generosidade governamental.
Um pouco de areia nas engrenagens também lembrará os investidores de não ignorar as avaliações. Essa recuperação nas ações, por exemplo, levou a maioria dos mercados de uma posição justamente avaliada na melhor das hipóteses para um território supervalorizado em menos de um ano.
Por exemplo, baseado nos dados do último fluxo de fundos do Federal Reserve, o índice S&P 500 está cerca de 40% supervalorizado numa base de rendimentos ciclicamente ajustados, de acordo com a Smithers & Co. Os preços dos commodities ultrapassaram de longe a recuperação na produção industrial global. A World Dubai é um caso único, assim como sua terra natal. Mas isso não significa que os temores sejam infundados.
Tradução: Eloise De Vylder
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