Imagem e texto do Jornal Pessoal
O Pará é o eixo de uma luta pelo controle da maior empresa privada nacional, a Vale do Rio Doce. De um lado, o presidente Lula. De outro, o executivo Roger Agnelli. O empresário permaneceu no seu posto, mas seu poder encurtou. Das negociações pode resultar a primeira grande siderúrgica paraense.
Março de 2010 pode vir a ser uma data histórica para o Pará. É quando o governo federal pretende inaugurar as eclusas da hidrelétrica de Tucuruí, uma das maiores em todo o mundo. A obra se arrasta há três décadas e já consumiu mais de um bilhão de reais, 80% aplicados durante os dois mandatos do presidente Lula. Todos os últimos presidentes deixaram de cumprir a promessa feita de restabelecer a navegação no rio Tocantins. Ela foi interrompida na segunda metade da década de 70, 350 quilômetros a sudoeste de Belém, para a construção da quarta maior hidrelétrica do mundo (a maior de todas inteiramente dentro do território nacional, porque Itaipu é binacional).
Tucuruí começou a operar em 1984, depois de nove anos de obras. As eclusas continuaram na promessa, que, finalmente, será resgatada. Ela permitirá a transposição da enorme parede de concreto da usina de energia, com 70 metros de altura, através de dois “elevadores” hidráulicos e um canal intermediário, com sete quilômetros de extensão. Mas não transformará de imediato em hidrovia para carga de maior porte o Tocantins, o 25º maior rio do planeta, com 2.200 quilômetros de extensão. Logo a 43 quilômetros a montante do reservatório de Tucuruí há uma barreira, o pedral Lourenção, que precisará ser derrocado; 52 quilômetros antes de Marabá, o problema são os bancos de areia do Tauri, que exigem dragagem.
Os orçamentos desses dois serviços são medidos em algumas centenas de milhões de reais, mas sem eles está ameaçada a viabilidade de outro evento também previsto para março do próximo ano: o início da construção da Aços Laminados do Pará, a primeira siderúrgica de grande porte, para verticalizar a produção da mina de Carajás, que tem o minério de ferro mais rico da Terra. A Vale do Rio Doce, a única responsável pela oferta desse minério no Pará, a maior vendedora do produto no mercado internacional e a segunda mineradora mundial, também está à frente da Alpa. Embora tenha lançado o empreendimento em agosto do ano passado, sua implantação ainda não é dada como garantida.
Uma condicionante fundamental é a plena navegabilidade do Tocantins, de Marabá ao porto de Vila do Conde, por uma extensão de mais de 500 quilômetros, com garantia de poder absorver sem interrupções uma grande movimentação de carga. A Alpa deverá importar carvão mineral e exportar 2,5 milhões de toneladas anuais de placas de aço, dentre outras matérias primas e insumos que movimentará. As eclusas, com capacidade para 30 milhões de toneladas nas duas direções, têm condições de absorver a demanda projetada.
Nas condições atuais, a navegação acima da barragem apresentaria dificuldades para a operação da siderúrgica. E a ferrovia de Carajás, também sob o controle exclusivo da Vale, que é a via única de transporte pesado de hoje, estaria com sua capacidade comprometida pela elevação na produção de minério de ferro (para 130 milhões de toneladas anuais) e outros produtos, como manganês, ferro gusa, níquel e cobre, além de carga geral e passageiros. O governo terá que prosseguir os investimentos na hidrovia Tocantins/Araguaia, vencendo resistências internas e a carência de recursos financeiros, para que as eclusas não se tornem obra parcial, limitada.
Mesmo que sejam plenamente realizadas, as derrocagens e dragagens não serão suficientes para permitir que o Pará ingresse na era da grande siderurgia, realizando os sonhos de muitos anos de sair da maldição da especialização na produção de matérias primas. A Vale ainda não parece uma entusiasta do projeto de uma usina de placas de aço no interior do Estado, longe do litoral e fora do pólo econômico principal do país.
Quando a definição da localização dessa usina esquentou, alguns anos atrás, a empresa preferiu instalar a planta industrial na ilha de São Luís, mas parece ter absorvido sem traumas a desistência do sócio estrangeiro e a reação das representações da sociedade civil aos impactos ecológicos do empreendimento na capital maranhense. O projeto saiu de pauta até o recente anúncio da Alpa. Passados 14 meses, porém, a Vale não conseguiu sensibilizar nenhum parceiro, nacional ou internacional, para aplicar na usina de transformação ao lado da mina, a 900 quilômetros do litoral, com investimento de 3,7 bilhões de dólares (ou 6,6 bilhões de reais).
Não é mesmo um negócio atrativo ou há um jogo de interesses ocultos? A Vale se dispôs a elucidar o enigma patrocinando a visita de uma caravana paraense à Cia. Siderúrgica do Atlântico, que está implantando no Rio de Janeiro. É a primeira usina de grande porte que surge no Brasil desde meados da década de 80. Será a maior siderúrgica do país, com cinco milhões de toneladas de placas de aço, o dobro da capacidade da usina paraense.
O principal acionista é a multinacional alemã ThyssenKrupp, mas a Vale aplicou no mês passado o equivalente a 965 milhões de euros para elevar sua participação - de 10% para quase 27% - no capital da CSA. Foi uma clara indicação de que a exigência partiu do sócio estrangeiro (a Vale teria preferido poupar seu capital, não desagradar outros clientes de minério de ferro que concorrem com a Thyssen e se limitar a estimular o consumo de minério). Mesmo assim, não faltam atrativos ao empreendimento, que deverá entrar em atividade na primeira metade do próximo ano.
Já a Alpa está prevista para funcionar em 2013, quando também serão ativadas a usina de Pecém, no Ceará (com capacidade podendo ir de 3 milhões para 6 milhões de toneladas anuais) e de Ubá, no Espírito do Santo, que deverá ser do tamanho da planta da CSA, com 5 milhões de toneladas. Em conjunto, essas quatro novas fábricas, com investimento de R$ 31,2 bilhões, deverão produzir 18,5 milhões de toneladas, acrescentando 50% à atual produção siderúrgica nacional. O Brasil deixaria de ser apenas um vendedor de minério de ferro, tornando-se um importante pólo siderúrgico.
O presidente Lula deveria estar satisfeito com essa perspectiva, mas ele andou resmungando e maquinando intensamente contra a Vale. Chegou a se movimentar para tirar Roger Agnelli da presidência da ex-estatal, cargo que ocupa desde 2001. Nesse período, o executivo, oriundo do sistema financeiro, transformou a Vale numa empresa com valor de mercado de R$ 190 bilhões, a maior empresa privada do continente e a maior exportadora brasileira, das poucas de classe mundial, capaz de competir com vantagens na arena internacional.
Nenhuma outra empresa privada tem investido mais do que a Vale, tratou de proclamar uma massiva campanha publicitária desencadeada empresa na imprensa de todo país. Só neste ano serão R$ 18 bilhões, com a criação de 100 mil empregos. No sudeste do Pará chegarão a mais de US$ 10 bilhões (R$ 18 bilhões) até 2015. São números colossais, nem por isso insuscetíveis a questionamentos. Pelo contrário: justamente essa grandeza prejudica uma percepção mais profunda do significado das estratégias adotadas pela atual direção da Vale, que procura convencer - e impressionar - a opinião pública pelo seu gigantismo.
A irritação de Lula, que evoluiu da antiga fraternidade para uma ira pessoal, porém, se deveu a atos menores de Roger Agnelli. A pretexto da crise internacional, que era real, mas não incontornável ou insuportável, ele demitiu de imediato 1,3 mil funcionários e cortou R$ 3 bilhões em investimentos, os de maiores efeitos no Pará. Entrou na contramão do espírito e da retórica do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a principal arma de Lula para favorecer sua candidata à sucessão, a ministra Dilma Rousseff.
Independentemente da viabilidade intrínseca do empreendimento, o presidente exigiu que a Alpa fosse implantada, tanto para quebrar o círculo vicioso que freia a verticalização do minério de ferro, como para oferecer ao PT do Pará uma ferramenta estupenda para a problemática campanha eleitoral de 2010. Talvez para fazer sentir que não está totalmente destituído de força (nem perdeu a postura arrogante, que não consegue disfarçar em algumas situações), Agnelli convidou a governadora Ana Júlia para a visita à CSA, mas não foi recebê-la nem acompanhou a excursão pela fábrica. Seus assessores disseram que ele estava em São Paulo, cumprindo um compromisso inadiável.
Depois da ação dos bombeiros para apagar a fúria do presidente, de dois encontros pessoais e de novos entendimentos, a cabeça de Roger parece ter sido preservada. Não mais por seus méritos pessoais, mas pela posição assumida pelo Bradesco, que lhe protegeu a retaguarda (reforçada pela sua condição de genro do presidente do banco). O Bradesco rechaçou o assédio de Eike Batista, que, estimulado por Lula e impulsionado por sua volúpia de jogador, ofereceu R$ 9 bilhões para se tornar dono dos 21% do Bradesco na Valepar, o consórcio que, por sua vez, tem 53% do capital votante da Vale. E fez suas gestões políticas junto aos fundos de previdência de empresas estatais, liderados pela Previ, do Banco do Brasil, o principal acionista individual (com os demais parceiros públicos, incluindo o BNDES, soma 62% da Valepar).
Ainda levará tempo para se ter acesso a todas as movimentações de bastidores que mantiveram Agnelli no comando da Vale e afastaram do cargo (ao menos por ora) tanto Eike Batista quanto Sérgio Rosa, o presidente da Previ, o mais afinado de todos com o PT. Mas certamente as coisas não voltaram às mesmas posições de antes na cúpula da maior corporação privada do Brasil, a dona da maior província mineral do mundo. Isto significará que, por bem ou por mal, por critérios predominantemente técnicos ou políticos, o vale do Tocantins-Araguaia começou a desabrochar para a sua vocação de novo vale do Rhur, o núcleo industrial siderúrgico da Alemanha, saindo da fase da mineração para a da industrialização?
Uma resposta satisfatória ainda dependerá do enredo dos próximos capítulos dessa dramática novela. Convém acompanhá-los com a máxima atenção.
Março de 2010 pode vir a ser uma data histórica para o Pará. É quando o governo federal pretende inaugurar as eclusas da hidrelétrica de Tucuruí, uma das maiores em todo o mundo. A obra se arrasta há três décadas e já consumiu mais de um bilhão de reais, 80% aplicados durante os dois mandatos do presidente Lula. Todos os últimos presidentes deixaram de cumprir a promessa feita de restabelecer a navegação no rio Tocantins. Ela foi interrompida na segunda metade da década de 70, 350 quilômetros a sudoeste de Belém, para a construção da quarta maior hidrelétrica do mundo (a maior de todas inteiramente dentro do território nacional, porque Itaipu é binacional).
Tucuruí começou a operar em 1984, depois de nove anos de obras. As eclusas continuaram na promessa, que, finalmente, será resgatada. Ela permitirá a transposição da enorme parede de concreto da usina de energia, com 70 metros de altura, através de dois “elevadores” hidráulicos e um canal intermediário, com sete quilômetros de extensão. Mas não transformará de imediato em hidrovia para carga de maior porte o Tocantins, o 25º maior rio do planeta, com 2.200 quilômetros de extensão. Logo a 43 quilômetros a montante do reservatório de Tucuruí há uma barreira, o pedral Lourenção, que precisará ser derrocado; 52 quilômetros antes de Marabá, o problema são os bancos de areia do Tauri, que exigem dragagem.
Os orçamentos desses dois serviços são medidos em algumas centenas de milhões de reais, mas sem eles está ameaçada a viabilidade de outro evento também previsto para março do próximo ano: o início da construção da Aços Laminados do Pará, a primeira siderúrgica de grande porte, para verticalizar a produção da mina de Carajás, que tem o minério de ferro mais rico da Terra. A Vale do Rio Doce, a única responsável pela oferta desse minério no Pará, a maior vendedora do produto no mercado internacional e a segunda mineradora mundial, também está à frente da Alpa. Embora tenha lançado o empreendimento em agosto do ano passado, sua implantação ainda não é dada como garantida.
Uma condicionante fundamental é a plena navegabilidade do Tocantins, de Marabá ao porto de Vila do Conde, por uma extensão de mais de 500 quilômetros, com garantia de poder absorver sem interrupções uma grande movimentação de carga. A Alpa deverá importar carvão mineral e exportar 2,5 milhões de toneladas anuais de placas de aço, dentre outras matérias primas e insumos que movimentará. As eclusas, com capacidade para 30 milhões de toneladas nas duas direções, têm condições de absorver a demanda projetada.
Nas condições atuais, a navegação acima da barragem apresentaria dificuldades para a operação da siderúrgica. E a ferrovia de Carajás, também sob o controle exclusivo da Vale, que é a via única de transporte pesado de hoje, estaria com sua capacidade comprometida pela elevação na produção de minério de ferro (para 130 milhões de toneladas anuais) e outros produtos, como manganês, ferro gusa, níquel e cobre, além de carga geral e passageiros. O governo terá que prosseguir os investimentos na hidrovia Tocantins/Araguaia, vencendo resistências internas e a carência de recursos financeiros, para que as eclusas não se tornem obra parcial, limitada.
Mesmo que sejam plenamente realizadas, as derrocagens e dragagens não serão suficientes para permitir que o Pará ingresse na era da grande siderurgia, realizando os sonhos de muitos anos de sair da maldição da especialização na produção de matérias primas. A Vale ainda não parece uma entusiasta do projeto de uma usina de placas de aço no interior do Estado, longe do litoral e fora do pólo econômico principal do país.
Quando a definição da localização dessa usina esquentou, alguns anos atrás, a empresa preferiu instalar a planta industrial na ilha de São Luís, mas parece ter absorvido sem traumas a desistência do sócio estrangeiro e a reação das representações da sociedade civil aos impactos ecológicos do empreendimento na capital maranhense. O projeto saiu de pauta até o recente anúncio da Alpa. Passados 14 meses, porém, a Vale não conseguiu sensibilizar nenhum parceiro, nacional ou internacional, para aplicar na usina de transformação ao lado da mina, a 900 quilômetros do litoral, com investimento de 3,7 bilhões de dólares (ou 6,6 bilhões de reais).
Não é mesmo um negócio atrativo ou há um jogo de interesses ocultos? A Vale se dispôs a elucidar o enigma patrocinando a visita de uma caravana paraense à Cia. Siderúrgica do Atlântico, que está implantando no Rio de Janeiro. É a primeira usina de grande porte que surge no Brasil desde meados da década de 80. Será a maior siderúrgica do país, com cinco milhões de toneladas de placas de aço, o dobro da capacidade da usina paraense.
O principal acionista é a multinacional alemã ThyssenKrupp, mas a Vale aplicou no mês passado o equivalente a 965 milhões de euros para elevar sua participação - de 10% para quase 27% - no capital da CSA. Foi uma clara indicação de que a exigência partiu do sócio estrangeiro (a Vale teria preferido poupar seu capital, não desagradar outros clientes de minério de ferro que concorrem com a Thyssen e se limitar a estimular o consumo de minério). Mesmo assim, não faltam atrativos ao empreendimento, que deverá entrar em atividade na primeira metade do próximo ano.
Já a Alpa está prevista para funcionar em 2013, quando também serão ativadas a usina de Pecém, no Ceará (com capacidade podendo ir de 3 milhões para 6 milhões de toneladas anuais) e de Ubá, no Espírito do Santo, que deverá ser do tamanho da planta da CSA, com 5 milhões de toneladas. Em conjunto, essas quatro novas fábricas, com investimento de R$ 31,2 bilhões, deverão produzir 18,5 milhões de toneladas, acrescentando 50% à atual produção siderúrgica nacional. O Brasil deixaria de ser apenas um vendedor de minério de ferro, tornando-se um importante pólo siderúrgico.
O presidente Lula deveria estar satisfeito com essa perspectiva, mas ele andou resmungando e maquinando intensamente contra a Vale. Chegou a se movimentar para tirar Roger Agnelli da presidência da ex-estatal, cargo que ocupa desde 2001. Nesse período, o executivo, oriundo do sistema financeiro, transformou a Vale numa empresa com valor de mercado de R$ 190 bilhões, a maior empresa privada do continente e a maior exportadora brasileira, das poucas de classe mundial, capaz de competir com vantagens na arena internacional.
Nenhuma outra empresa privada tem investido mais do que a Vale, tratou de proclamar uma massiva campanha publicitária desencadeada empresa na imprensa de todo país. Só neste ano serão R$ 18 bilhões, com a criação de 100 mil empregos. No sudeste do Pará chegarão a mais de US$ 10 bilhões (R$ 18 bilhões) até 2015. São números colossais, nem por isso insuscetíveis a questionamentos. Pelo contrário: justamente essa grandeza prejudica uma percepção mais profunda do significado das estratégias adotadas pela atual direção da Vale, que procura convencer - e impressionar - a opinião pública pelo seu gigantismo.
A irritação de Lula, que evoluiu da antiga fraternidade para uma ira pessoal, porém, se deveu a atos menores de Roger Agnelli. A pretexto da crise internacional, que era real, mas não incontornável ou insuportável, ele demitiu de imediato 1,3 mil funcionários e cortou R$ 3 bilhões em investimentos, os de maiores efeitos no Pará. Entrou na contramão do espírito e da retórica do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a principal arma de Lula para favorecer sua candidata à sucessão, a ministra Dilma Rousseff.
Independentemente da viabilidade intrínseca do empreendimento, o presidente exigiu que a Alpa fosse implantada, tanto para quebrar o círculo vicioso que freia a verticalização do minério de ferro, como para oferecer ao PT do Pará uma ferramenta estupenda para a problemática campanha eleitoral de 2010. Talvez para fazer sentir que não está totalmente destituído de força (nem perdeu a postura arrogante, que não consegue disfarçar em algumas situações), Agnelli convidou a governadora Ana Júlia para a visita à CSA, mas não foi recebê-la nem acompanhou a excursão pela fábrica. Seus assessores disseram que ele estava em São Paulo, cumprindo um compromisso inadiável.
Depois da ação dos bombeiros para apagar a fúria do presidente, de dois encontros pessoais e de novos entendimentos, a cabeça de Roger parece ter sido preservada. Não mais por seus méritos pessoais, mas pela posição assumida pelo Bradesco, que lhe protegeu a retaguarda (reforçada pela sua condição de genro do presidente do banco). O Bradesco rechaçou o assédio de Eike Batista, que, estimulado por Lula e impulsionado por sua volúpia de jogador, ofereceu R$ 9 bilhões para se tornar dono dos 21% do Bradesco na Valepar, o consórcio que, por sua vez, tem 53% do capital votante da Vale. E fez suas gestões políticas junto aos fundos de previdência de empresas estatais, liderados pela Previ, do Banco do Brasil, o principal acionista individual (com os demais parceiros públicos, incluindo o BNDES, soma 62% da Valepar).
Ainda levará tempo para se ter acesso a todas as movimentações de bastidores que mantiveram Agnelli no comando da Vale e afastaram do cargo (ao menos por ora) tanto Eike Batista quanto Sérgio Rosa, o presidente da Previ, o mais afinado de todos com o PT. Mas certamente as coisas não voltaram às mesmas posições de antes na cúpula da maior corporação privada do Brasil, a dona da maior província mineral do mundo. Isto significará que, por bem ou por mal, por critérios predominantemente técnicos ou políticos, o vale do Tocantins-Araguaia começou a desabrochar para a sua vocação de novo vale do Rhur, o núcleo industrial siderúrgico da Alemanha, saindo da fase da mineração para a da industrialização?
Uma resposta satisfatória ainda dependerá do enredo dos próximos capítulos dessa dramática novela. Convém acompanhá-los com a máxima atenção.
LFP @ outubro 1, 2009
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