sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O Haiti precisa de comida, não de armas! De médicos, e não de mais soldados!


Fonte: CST - TENDÊNCIA INTERNA DO PSOL
A magnitude da tragédia haitiana, como consequência do terrível terremoto acontecido no dia 12 de janeiro, comoveu a humanidade. São mais de cem mil os mortos. Praticamente toda a infraestrutura de Porto Príncipe desabou ou foi afetada de alguma forma.

Três milhões de irmãos haitianos perambulam pelas ruas tentando achar, resgatar ou enterrar seus familiares ou amigos. A fome e as epidemias, que já eram signo distintivo do regime da MINUSTAH (nome da missão de ocupação da ONU), se exacerbaram, ainda mais.

É que, aos efeitos devastadores do terremoto, se combinaram centenas de anos de colonialismo e saque imperialista, deixando o país sem condições de resposta, multiplicando, sobre o povo, as infelizes consequências. Este é o preço que os donos do capital impuseram a este povo digno por ter sido o primeiro país latino-americano a conquistar sua independência, em 1804, após uma sangrenta rebelião de escravos negros que expulsaram os escravocratas franceses.

“O que o Brasil e a ONU fizeram em seis anos de ocupação no Haiti? As casas feitas de areia, a falta de hospitais, a falta de escolas, o lixo. Alguns desses problemas foram resolvidos com a presença de milhares de militares de todo mundo”? (carta de Otávio Calegari Jorge – pesquisador da UNICAMP em Porto Príncipe)

O Haiti está sob ocupação militar desde fevereiro de 2004, quando os marines americanos sequestraram o presidente Jean-Bertrand Aristide e o enviaram para o exílio.

Em que pese sua extrema pobreza, o Haiti se abastecia, de forma autossuficiente, em 90% dos alimentos que consumia como o arroz e a carne de porco, mas, os camponeses produtores foram arruinados pelo arroz enviado pelos EUA e, as criações de porcos, exterminados para prevenir uma suposta peste.

Hoje, o oje ..Haiti importa alimentos e tem mão de obra industrial barata, pois os operários haitianos são obrigados a trabalhar por salários de fome para as multinacionais. A população se amontoa nas gigantescas favelas de Porto Príncipe onde as pessoas comem terra e bebem água contaminada.

As tropas da ONU, a mando, do Brasil têm entre elas soldados argentinos, bolivianos e chilenos. Não só não resolveram os problemas existentes como os agravaram. Sua missão é defender as multinacionais, a pequena minoria de ricos e reprimir o povo. E 22/12/2006 as tropas da ONU atacaram, à bala, uma mobilização que pedia o retorno de Aristide, assassinando trinta pessoas. Em 2008, frente às mobilizações que pediam aumento de salário - sancionado pelo Congresso, mas vetado pela oligarquia – as tropas reprimiram violentamente o povo.

“A ONU gasta meio bilhão de dólares por ano para fazer do Haiti um teste de guerra. Quando questionado sobre o interesse militar brasileiro na ocupação haitiana, o Coronel Bernardes não titubeou: o Haiti, sem dúvida, serve de laboratório (exatamente, laboratório) para os militares brasileiros conterem as rebeliões nas favelas cariocas.” (O.C.J.)

Nenhuma mulher ou homem do planeta pode ficar insensível frente a esta tragédia. Muito menos podem os trabalhadores, pois, essencialmente, são eles os mais afetados pela tragédia: os que não têm mais que sua força de trabalho, os explorados. Eles precisam nossa ajuda!

Hoje o governo brasileiro tenta mostrar que suas tropas são heroicas, e o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, já declarou que quer que o Brasil fique no Haiti para a “reconstrução” o que significa que as empreiteiras amigas do governo já estão como abutres a disputar os dólares da “ajuda humanitária” para fazer seus sujos negócios. A própria imprensa não pode calar que, enquanto as potencias imperialistas rivalizam no envio de aviões, helicópteros, porta-aviões num “show” de solidariedade, o povo exasperado grita que, nem a comida, nem a água, nem os médicos, estão chegando onde é preciso. Mas as tropas da ONU estão removendo escombros dos hotéis de luxo e a frágil polícia haitiana tentando resguardar os supermercados da população faminta.

Mas se os governos que falam em ajuda humanitária quisessem de verdade ajudar o povo haitiano, converteriam todos os gastos militares em ajuda humanitária. Lula, por exemplo, poderia deixar de pagar bilhões aos agiotas em juros da dívida pública, e enviar esse dinheiro e comida para o povo haitiano. Particularmente, fazemos um chamado aos governos da Venezuela, Cuba, Bolívia e Equador, para que suspendam o pagamento de suas dívidas externas para dedicar esse dinheiro para comida, medicina e ajuda ao povo haitiano.

Chamamos aos trabalhadores, aos lutadores, à juventude, a organizar a solidariedade com o Haiti através da coleta de dinheiro que a Conlutas está realizando. Fazer reuniões, assembléias, montar comitês de solidariedade com o povo haitiano, para explicar o que está acontecendo e pedir a todos que contribuam, com um real se assim for, para fazer uma campanha de massas e, assim, fazer uma verdadeira corrente humana de solidariedade. E nossa ajuda deve ser enviada diretamente para as organizações dos trabalhadores e do povo, e não através dos organismos governamentais que buscam capitalizar com a tragédia e que, em boa parte das vezes, deixam que a solidariedade material se perca nas mãos dos desvios e da corrupção.

Corrente Socialista dos Trabalhadores - CST/PSOL.

18 de janeiro de 2010.
Data de Publicação: 21/1/2010 16:04:24

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