Por Chico Otávio e
Isabel de Luca, correspondente
RIO e NOVA YORK — Documentos colhidos durante os últimos 30 anos anos
pelo jornalista Elio Gaspari, colunista do GLOBO, que serviram de base
para a edição e a reedição de seus livros sobre o governo militar no
Brasil, já estão disponíveis no site “Arquivos da Ditadura”.
De acordo com a editora Intrínseca, responsável pelo projeto, o acervo reúne bilhetes, despachos, discursos, manuscritos, diários de conversas travadas pela cúpula e telegramas do governo americano, somando mais de 15 mil itens sobre a ditadura. São registros que se iniciam nos anos anteriores ao golpe de 1964 e seguem até os últimos dias do regime. Entre eles, há 10 mil provenientes do arquivo do general Golbery do Couto e Silva, como suas apreciações e análises conjunturais redigidas em três momentos distintos, de 1960 a 1968.
Um dos destaques do site é o áudio de uma reunião do presidente americano John F. Kennedy, na qual ele debate a situação do Brasil e do Vietnã na Casa Branca, 46 dias antes de ser assassinado em Dallas, no Texas. Kennedy indagou se os Estados Unidos poderiam “intervir militarmente” no Brasil para depor o então presidente João Goulart.
Para a cientista política Maria Celina D'Araújo, a informação não supreende:
— Os americanos estavam dispostos, mas a ajuda não foi necessária. O golpe foi tramado e aplicado aqui. Made in Brazil mesmo – comentou.
De fato, Washington se preparava para um cenário de guerra civil, mas, como se sabe, não foi preciso oferecer mais do que apoio diplomático aos militares que promoveram o golpe de Estado no Brasil em 31 de março e 1º de abril de 1964. A conversa de Kennedy está na edição revista e ampliada de “A Ditadura Envergonhada".
Intenção não surpreende especialistas
Uma das maiores especialistas em John F. Kennedy dos Estados Unidos, a professora e pesquisadora da Universidade da Virgínia Barbara A. Perry não se surpreende com a revelação de que o ex-presidente chegou a pensar na possibilidade de invadir o Brasil. Segundo a historiadora – autora de livros sobre o próprio Kennedy, a primeira-dama Jacqueline e a matriarca Rose –, trabalhar para remover do poder líderes estrangeiros que contrastam com a política externa americana tem sido uma prática comum no país desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
– Não é novidade que os Estados Unidos se engajaram nesse tipo de comportamento, para evitar que o comunismo se espalhasse pelo mundo. Até hoje os Estados Unidos tiram pessoas do poder em outros países quanto sentem que é importante para os interesses americanos – ela diz. – Veja o que fizemos no Iraque. Os EUA não assassinaram o Saddam Hussein, mas começaram uma guerra para removê-lo do poder.
Barbara lembra o episódio da invasão da Baía dos Porcos, em Cuba.
– Os Estados Unidos nunca foram contra tirar líderes do poder, como o próprio Kennedy tentou fazer com a invasão da Baía dos Porcos, em Cuba. Claro, esse plano não era do Kennedy, mas do Eisenhower e da CIA, o presidente só executou. Ele pensava: por que deveria questionar o supremo comandante doa aliados na Segunda Guerra Mundial? Embora tenha fracassado, Kennedy passou todo o seu tempo no poder tentando fazer de tudo para derrubar Castro.
Segundo a historiadora, o discurso de posse de Kennedy, todo centrado na política externa, já dava indícios da postura a ser adotada diante de um mundo bipolar.
– O principal ponto do discurso não era sobre políticas domésticas, direitos civis, problemas na educação, na saúde pública. Era sobre política externa, alcance, acho até que ele menciona nossos vizinhos do sul e a Guerra Fria. Kennedy diz: “Pagaremos qualquer preço, suportaremos qualquer fardo, para expandir a liberdade pelo mundo.” Ali deixava claro como agiria com aqueles com uma visão de mundo diferente – ela diz. – Somos pela liberdade, mas algumas vezes nos vimos apoiando ditadores de direita simplesmente por não serem comunistas.
E mais:
– Ele estava perguntando, isso é algo que deveríamos fazer?, estava pedindo conselho. O que significa que esse assunto estava na mesa. Mas ele ter levantado o assunto não quer dizer que é o que ele pretendia fazer. Por outro lado, temos que ver no contexto. Se ele não evitou o episódio da Baía dos Porcos, se soubésemos que ele teria dito não a qualquer plano de assassinato de Fidel Castro, se soubéssemos que ele foi contra a retirada de Diem do Vietnam, aí poderíamos pensar que isso é incomum... Mas isso é um procedimento padrão de operação na administração Kennedy e em qualquer outra administração americana.
De acordo com a editora Intrínseca, responsável pelo projeto, o acervo reúne bilhetes, despachos, discursos, manuscritos, diários de conversas travadas pela cúpula e telegramas do governo americano, somando mais de 15 mil itens sobre a ditadura. São registros que se iniciam nos anos anteriores ao golpe de 1964 e seguem até os últimos dias do regime. Entre eles, há 10 mil provenientes do arquivo do general Golbery do Couto e Silva, como suas apreciações e análises conjunturais redigidas em três momentos distintos, de 1960 a 1968.
Um dos destaques do site é o áudio de uma reunião do presidente americano John F. Kennedy, na qual ele debate a situação do Brasil e do Vietnã na Casa Branca, 46 dias antes de ser assassinado em Dallas, no Texas. Kennedy indagou se os Estados Unidos poderiam “intervir militarmente” no Brasil para depor o então presidente João Goulart.
Para a cientista política Maria Celina D'Araújo, a informação não supreende:
— Os americanos estavam dispostos, mas a ajuda não foi necessária. O golpe foi tramado e aplicado aqui. Made in Brazil mesmo – comentou.
De fato, Washington se preparava para um cenário de guerra civil, mas, como se sabe, não foi preciso oferecer mais do que apoio diplomático aos militares que promoveram o golpe de Estado no Brasil em 31 de março e 1º de abril de 1964. A conversa de Kennedy está na edição revista e ampliada de “A Ditadura Envergonhada".
Intenção não surpreende especialistas
Uma das maiores especialistas em John F. Kennedy dos Estados Unidos, a professora e pesquisadora da Universidade da Virgínia Barbara A. Perry não se surpreende com a revelação de que o ex-presidente chegou a pensar na possibilidade de invadir o Brasil. Segundo a historiadora – autora de livros sobre o próprio Kennedy, a primeira-dama Jacqueline e a matriarca Rose –, trabalhar para remover do poder líderes estrangeiros que contrastam com a política externa americana tem sido uma prática comum no país desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
– Não é novidade que os Estados Unidos se engajaram nesse tipo de comportamento, para evitar que o comunismo se espalhasse pelo mundo. Até hoje os Estados Unidos tiram pessoas do poder em outros países quanto sentem que é importante para os interesses americanos – ela diz. – Veja o que fizemos no Iraque. Os EUA não assassinaram o Saddam Hussein, mas começaram uma guerra para removê-lo do poder.
Barbara lembra o episódio da invasão da Baía dos Porcos, em Cuba.
– Os Estados Unidos nunca foram contra tirar líderes do poder, como o próprio Kennedy tentou fazer com a invasão da Baía dos Porcos, em Cuba. Claro, esse plano não era do Kennedy, mas do Eisenhower e da CIA, o presidente só executou. Ele pensava: por que deveria questionar o supremo comandante doa aliados na Segunda Guerra Mundial? Embora tenha fracassado, Kennedy passou todo o seu tempo no poder tentando fazer de tudo para derrubar Castro.
Segundo a historiadora, o discurso de posse de Kennedy, todo centrado na política externa, já dava indícios da postura a ser adotada diante de um mundo bipolar.
– O principal ponto do discurso não era sobre políticas domésticas, direitos civis, problemas na educação, na saúde pública. Era sobre política externa, alcance, acho até que ele menciona nossos vizinhos do sul e a Guerra Fria. Kennedy diz: “Pagaremos qualquer preço, suportaremos qualquer fardo, para expandir a liberdade pelo mundo.” Ali deixava claro como agiria com aqueles com uma visão de mundo diferente – ela diz. – Somos pela liberdade, mas algumas vezes nos vimos apoiando ditadores de direita simplesmente por não serem comunistas.
E mais:
– Ele estava perguntando, isso é algo que deveríamos fazer?, estava pedindo conselho. O que significa que esse assunto estava na mesa. Mas ele ter levantado o assunto não quer dizer que é o que ele pretendia fazer. Por outro lado, temos que ver no contexto. Se ele não evitou o episódio da Baía dos Porcos, se soubésemos que ele teria dito não a qualquer plano de assassinato de Fidel Castro, se soubéssemos que ele foi contra a retirada de Diem do Vietnam, aí poderíamos pensar que isso é incomum... Mas isso é um procedimento padrão de operação na administração Kennedy e em qualquer outra administração americana.
Um comentário:
Agora eles invadem o Brasil com seitas religiosas como a igreja do setimo dias de jsus crsto no Pará já existem mais de 100 igrejas são os maiores latifundiarios de terras disfarçados de empresários, o espirito de dominação está no sangue dos americanos gananciosos e arrogantes controlam as mentes e sentimentos dos brasileiros na cara de pau.
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