Aldeia Kayabi Kururuzinho. Foto: Documento Cultural UHE Teles Pires |
Denúncia
Pessoas que pediram para não ser identificadas me trouxeram denúncias graves sobre conflitos na aldeia Kururuzinho, TI Kayabi, onde trabalhadores estariam mantendo relações sexuais com jovens índias de 12 e 13 anos. Haveria uma revolta generalizada e conflitos nas famílias da aldeia. As meninas estariam sendo assediadas pelos homens da empreiteira.
Por Telma Monteiro, em seu Blog.
Só no rio Teles Pires, estão planejadas as construções de cinco hidrelétricas em sequência: UHE Colíder, UHE Sinop, UHE Teles Pires, UHE São Manoel e UHE Foz do Apiacás. Colíder e Teles Pires já estão sendo construídas.
Os impactos graves não previstos nos estudos socioambientais já estão ocorrendo. O Programa 45 do Projeto Básico Ambiental (PBA) da UHE Teles Pires se refere à construção do prédio do posto de saúde da aldeia Kururuzinho, na terra indígena Kayabi, município de Jacareacanga.
Placa indicadora da obra do Posto de Saúde da aldeia Kururuzinho TI Kayabi |
Os recursos financeiros utilizados para a construção do prédio são da Companhia Hidrelétrica Teles Pires S/A, responsável por construir e operar a UHE Teles Pires, constituída pelas empresas Neoenergia (50,1%), Eletrobras-Eletrosul (24,5%), Eletrobras-Furnas (24,5%) e Odebrecht Energia (0,9%).
O Consórcio Construtor Teles Pires foi contratado para executar o projeto e as obras civis, fornecer e montar os equipamentos eletromecânicos da UHE Teles Pires. Ele é formado pelas empresas: Odebrecht, Voith, Alston, PCE e Intertechne. A Odebrecht é a responsável pelas obras civis.
Para a construção do posto de saúde, a Odebrecht subcontratou a empreiteira Jordão Conceição da Silva ME que enviou, inicialmente, dois trabalhadores que ficaram hospedados na aldeia Kururuzinho. No entanto, os indígenas reclamaram da demora na construção e, para cumprir o cronograma obra, mais 20 homens foram enviados.
Pessoas que pediram para não ser identificadas me trouxeram denúncias graves sobre conflitos na aldeia Kururuzinho, na TI Kayabi, onde trabalhadores estariam mantendo relações sexuais com jovens índias de 12 e 13 anos. Haveria uma revolta generalizada e conflitos nas famílias da aldeia. As meninas estariam sendo assediadas pelos homens da empreiteira.
As relações se deterioraram ao longo desses meses a ponto de os indígenas chamarem a Odebrecht para pedir que os trabalhadores fossem levados para outra base. Por algum tempo eles ficaram em alojamentos na outra margem do rio, mas hoje eles estão de volta na aldeia.
Posto de Saúde na aldeia Kururuzinho, em fase de acabamento Foto: Facebook |
O posto de saúde que deveria ter sido inaugurado em junho está agora em fase de acabamento e será inaugurado no próximo dia 19 de setembro. A obra deve deixar graves sequelas. Como se não bastasse o fato de as índias serem menores, as relações sexuais acontecem sem nenhum tipo de prevenção.
A responsabilidade sobre os fatos é da Odebrecht e da Funai local, em Alta Floresta. O funcionário responsável pela Funai, segundo a denúncia que recebi, tem conhecimento do que se passa na aldeia Kururuzinho.
Na aldeia Kururuzinho vivem cerca de 80 a 100 adolescentes indígenas e os não índios foram "despejados" lá pelo Consórcio Construtor Teles Pires, contrariando a legislação.
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