Movimento grevista durou uma semana (Foto: Tarso Sarraf) |
Na primeira reunião na casa do
Elias, realizada a cerca de duas semanas antes da greve, o brilho nos olhos de
cada um já anunciava. A gente queria mais. Queria dar um basta na opressão
vivida diariamente no jornal de um milhão de leitores. Queria provar que assim
como nos relatos bíblicos, poderíamos sim vencer um gigante. Encarar o desafio,
ir para a luta, ocupar as ruas, exigir os nossos direitos.
Jornalistas do Diário do Pará e Dol em greve (Foto: Tarso Sarraf) |
Éramos todos Leonardo Fernandes. Éramos
todos Rafaela Colin. Éramos muito mais que “meia dúzia de gatos pingados”, como
ironizou o diretor comercial do Diário do Pará, nas redes sociais, horas antes de
a greve ser deflagrada. Aliás, o
comentário do diretor foi um grande exemplo da máxima que o feitiço pode virar
contra o feiticeiro. E virou. A ironia do pobre homem se tornou o hino do nosso
movimento. “Nós gatos já nascemos pobres. Porém, já nascemos livres...”.
Fechamos rua, brincamos de
ciranda, choramos, gritamos aos quatro cantos do mundo que queríamos respeito.
Erramos, aprendemos uns com os outros, fizemos da rua uma grande sala de aula,
declamamos poesias. Mostramos que é possível sim fazer um novo jornalismo.
Provamos que os nossos sonhos ainda não morreram. Ainda não vencemos a guerra,
isso é verdade. Mas quem se atreve a
dizer que não ganhamos essa batalha?
Ciranda dos gatos pingados (Foto: Tarso Sarraf) |
Obtivemos 50% de aumento em seis meses,
ganhamos estabilidade, conseguimos equipamentos de segurança para equipes que
cobrem a editoria de policia e, principalmente, não abaixamos a cabeça para o
patrão. Ainda falta muita coisa para ser conquistada, claro. Mas isso é apenas
o início, apenas a primeira batalha dos gatos pingados. Ou como diria o poeta e
jornalista de formação Renato Russo, “Temos muito ainda por fazer /Não olhe pra
trás / Apenas começamos”.
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