terça-feira, 17 de setembro de 2013

Barbalhismo e condições de escravidão nas redações do Pará


Movimento Jornalista Vale Mais: momento da votação que decide manter fechamento dos portões da TV Record Belém. 12/09/2013

Realmente nunca é demais dizer que desde as jornadas de junho que o Brasil não é o mesmo.

A considerar o protagonismo de categorias que há anos não faziam mobilizações como os trabalhadores de supermercados, os quais após dias de #greve com total adesão dos empregados das maiores redes do estado, conseguiram incontestes vitórias. 

Assim como nas belíssimas e dignas lutas por todo o planeta, das "Arábias" até Altamira/PA. De algum ponto da transamazônica até as fábricas do ABCDOG no estado de São Paulo. Dos protestos pelo Fora Cabral e #CadêOAmarildo até os atos em Paris, Londres ou Washington contra a criminosa, assassina e imperialista guerra de Barak Obama/EUA e aliados contra o rebelde povo Sírio. Dos caminhões e alojamentos da empreiteira pegando fogo no canteiro da usina hidrelétrica de Jirau/RO à luta dos trabalhadores da imprensa no Pará (e a greve dos trabalhadores do Grupo RBA apartir de sexta-feira), é evidente que a Primavera começa a produzir seus revolucionários e libertadores efeitos também aqui no Brasil!

Alguma coisa tem que explicar que uma categoria, como a dos/das jornalistas, que há décadas não fazia uma simples paralisação, hoje esteja produzindo categóricos e bravos piquetes/manifestações, os quais têm desnudado de forma peremptória as condições de moderno esclavagismo nas redações do Grupo RBA (de propriedade do senador ficha suja Jader Barbalho/PMDB-PA), Organizações Maiorana (da famiglia Maiorana) e Rede Record de Televisão (do bispo da Igreja Universal do Reino de Deus Edir Macedo). 

Mas o que também não difere quase em nada do que ocorre na TV SBT e na Fundação de Telecomunicações do Pará-FUNTELPA. Aliás, a única que cobre as manifestações do movimento #JornalistaValeMais do Sindicato dos Jornalistas do Pará (SINJOR-PA). Até as manifestações serem na porta da FUNTELPA, que há séculos não faz concurso público e não melhora as condições de salário e de trabalho na Fundação.

Como todo esclavagista, ou pior dizendo, dono de empresa de comunicação que prima pela exploração, açoite e humilhação de seus empregados, era de se antever que as retaliações iriam começar. 

Numa tentativa, que desnuda o seu DESESPERO com a possibilidade de greve, o Jornal Diário do Pará, que chega a pagar míseros R$ 700,00 para um/uma jornalista, inclusive um pouco mais do que o portal de notícias do grupo (DOL), demitiu ontem, sem qualquer justificativa, o jornalista Leonardo Fernandes. 

Eis o relato dele no Facebook:

"Hoje, às 14h, fui demitido do Diário do Pará. A justificativa? “Nada, só demissão. A empresa pode te demitir a qualquer momento”, disse a Marclúcia do RH. E foi assim, depois de cinco anos trabalhando no jornal, dois deles sem carteira assinada, fui mandado embora sem sequer uma justificativa. Mesmo me sujeitando a passar madrugadas e finais de semana trabalhando, sem ter direito à hora extra. Em um lugar que não tem cadeira pra sentar. Que não tem água mineral, nem papel higiênico.

Mas tudo valeu a pena por um breve momento nesta tarde. Quando fui na redação e gritei que havia sido demitido. Que o Diário do Pará queria nos coagir. E que nada vai parar a greve que está pra estourar. 

Agora, depois de tirar uma tonelada das costas, eu peço a todos os colegas de redação: não esmoreçam, não se deixem abalar. Continuemos até o fim."


Muito barbarismo do barbalhismo, não?! 

Mas ainda tem mais:

O senador Jader Barbalho, que quer eleger Helder Barbalho, seu filho, governador do Estado do Pará em 2014 pelo PMDB, não poupa ninguém.

São exímios em perseguir trabalhadores e funcionários. Por suspeitarem que um contracheque de empregado do Grupo que circulou na Internet fosse da produtora da TV RBA, a jornalista Cristiane Paiva, demitiram-na de forma mesquinha e sumária.

E olha que a Cristiane merecia, como vocês lerão a seguir, ser condecorada por provas de respeito e lealdade para com seus pares!

Do blog da jornalista Franssinete Florenzano:











A manifestação dos jornalistas, hoje, na porta da TV Record Belém, teve piquete, panelaço, apitaço e até um tenso chega pra lá no apresentador do Balanço Geral, René Marcelo, que só entrou na emissora sob a proteção de segurança armado e do diretor de jornalismo, que estava desesperado com a iminência da TV ficar fora do ar.  Como se observa na foto, o segurança enfiou a mão sob o paletó ameaçadoramente.  Mas felizmente nenhuma violência aconteceu. Há muitos anos os jornalistas paraenses não conseguiam ficar mobilizados e unidos em defesa de seus direitos. 

René Marcelo, paulista que foi trazido pela Rede Record para trabalhar em Belém e acabou se tornando um símbolo do desrespeito aos paraenses por falar mal da gente parauara e de seus próprios colegas de redação que lutam por um salário digno, foi vaiado e teve que ler os cartazes de repúdio.
Os jornalistas que trabalham na Record estão há três anos sem reposição de perdas salariais, queixam-se de salários aviltantes e fizeram relatos chocantes de insegurança para equipes externas, desrespeito na redação, assédio moral e humilhações protagonizadas pelo apresentador. Mas a direção da empresa, dando bom exemplo, recebeu a direção do Sinjor-PA e se mostrou aberta à negociação. A conversa foi cordial e considerada produtiva e pode avançar para um acordo coletivo. A campanha é pelo reajuste salarial, estabelecimento de piso da categoria, pagamento de hora extra, segurança profissional e melhores condições de trabalho. Importantíssimo frisar que a luta dos jornalistas não é contra os patrões e sim pela garantia dos seus direitos*.

Durante o ato público, muitos jornalistas usaram o microfone para relatar suas agruras profissionais. Mas o caso da jornalista Cristiane Paiva, sem dúvida, é um verdadeiro escândalo.

Cristiane era assessora de imprensa do Hospital Metropolitano de Belém. Recebia salário de R$1mil, de uma empresa terceirizada. Como se sabe, o hospital é dirigido por uma Organização Social. E, por conta da desavença política entre o senador Jader Barbalho (PMDB), dono do grupo RBA, com o governador Simão Jatene(PSDB), o jornal Diário do Pará e suas emissoras de rádio e TV estão publicando uma série de reportagens a respeito da OS, acusando-a de cometer irregularidades. Sabedor de que Cristiane era produtora da TV RBA, sua chefia passou a assediá-la no sentido de que identificasse e informasse à OS quem eram os jornalistas autores das matérias. Cristiane se negou, a pressão aumentou, ela se manteve irredutível, alegando seu dever ético,  e por sua lealdade aos colegas e à RBA esta semana foi demitida do Hospital Metropolitano. Entretanto, como o movimento "Jornalista Vale Mais" mostrou nas redes sociais na internet um contracheque para ilustrar os baixos salários da categoria, a direção da empresa achou que se tratava do contracheque de Cristiane e ela foi demitida sumariamente, ontem, dia em que a categoria realizou manifestação em frente à emissora. Cristiane agora está desempregada porque ousou reivindicar seus legítimos direitos e porque é uma jornalista ética e leal e não se submeteu à coação moral de um de seus empregadores.
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*Grifo do Além da Frase, pois acreditamos que trata-se de uma luta contra a moderna escravidão a qual os profissionais são submetidos; tratando-se, portanto, de uma luta contra os responsáveis pelas indignas condições de trabalho e de salário.

Atualizado às 17h12min - 17 de setembro de 2013

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