segunda-feira, 11 de março de 2013

A Visita de Yaoni Sanchez e o triste papel da direção majoritária da UNE

Por Danilo Bianchi

A blogueira Yaoni Sánchez visitou o Brasil, depois de muitos anos tentando conseguir permissão do regime cubano para sair da ilha. Longe de querer abrir um debate sobre a situação em Cuba, o PT e PCdoB organizaram protestos contra a presença de Yaoni no Brasil, abafando assim qualquer discussão a respeito.

Yaoni Sánchez enfrenta o governo cubano no terreno das liberdades, mas converge quando se trata da abertura econômica, política que defende e que é aplicada pelos irmãos Castro. Desde os anos 90, quando entraram as multinacionais, a restauração capitalista anda a passos largos em Cuba (Em 20 anos o trabalhador perdeu o equivalente a 70% do valor do salário). No último congresso do PC (abril/2012) foram ratificadas as medidas de abertura econômica ao capital estrangeiro e foram anunciados mais ataques aos trabalhadores: demissões de servidores públicos, fim da carteira de alimentos e continuação das empresas mistas.

Agora frente à crise mundial, a receita dos “socialistas” é tipicamente capitalista: benesses para as multinacionais e ataques para os trabalhadores. Por isso, além da luta contra o bloqueio, é necessária a luta para reverter o rumo capitalista imposto pelo governo.

A questão das liberdades não é um problema menor, pois deixa sem defesa o trabalhador cubano, que sofre com os ajustes. Não existe o direito de se organizar, discordar ou de fazer assembleias que debatam livremente a realidade de Cuba, oprimindo qualquer iniciativa de enfrentar as demissões e os baixos salários. Com o argumento mentiroso de “não fazer o jogo do inimigo” se impede a democracia para o povo. O acesso à internet é quase nulo, apenas em hotéis e a um alto custo.

No Brasil, enquanto abafam os escândalos de corrupção como o mensalão e se omitem na luta contra Renan Calheiros, os dirigentes governistas da UNE e UBES (PT/PCdoB) impediram qualquer discussão ou livre debate, pois têm dificuldade em defender publicamente que exista partido único em Cuba, que não exista direito a fazer sindicatos ou partidos, que não exista direito a ter internet, enfim, que não exista o mínimo de democracia para o povo enquanto se escancaram as fronteiras para as multinacionais. Quem está ao lado de corruptos, é financiado por multinacionais e pelo agronegócio não tem moral para dizer que defendem o socialismo em Cuba.

Fonte: cstpsol.com.

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