terça-feira, 12 de março de 2013

Iva, a diva

Iva Rothe/Divulgação.

Diva Rothe, uma das maiores cantoras e compositoras do Brasil (e do mundo!), merece ter  mais atenção, em primeiro lugar do daqui de Belém e do Pará, e depois claro, do resto do país. Todos devem, mas acima de tudo, merecem conhecer e ouvir o que há de melhor em nosso tempo.

Levando em consideração uma galera de amigos e conhecidos que tenho, os quais podem facilmente serem considerados adeptos ou próximos daquelas correntes que vão do pop ao  kitsch, passando pelo Cult, posso dizer que é uma catástrofe, um verdadeiro exercício da desinformação (em grande parte resultante da ganância e ignorância das elites que controlam os meios de comunicação e a grande indústria fonográfica e do entretenimento) não conhecermos esta obra prima da Amazônia, esta Iara de pele branca, esta voz que é trovão, temporal, rio, riacho e cachoeira: Iva Rothe.


Dizem que o grande acontecimento dos últimos tempos na música brasileira é o que se produz no Pará. Na verdade só agora o Brasil abre os olhos para a música e artistas do Pará. Aqui, não é de agora, se produz obras primas. Devido as riquezas da região, o mundo já nos conhece desde antes de 1500. A Metrópole, durante o Brasil Colônia, sabia milimetricamente cada tipo de e quantidade de mineral, vegetal e animal que haviam por essas paragens. As grandes corporações ainda hoje o sabem e utilizam, tal qual nossos conquistadores, muito bem para a rapina e para a destruição este conhecimento. 


Foram necessários séculos para que o Brasil começasse a se descobrir, a se ver, a se reconhecer. Na verdade os dois Brasis que detinham entre si total autonomia administrativa e respondiam a Portugal durante a colônia: o Grão Pará e Maranhão (conformado pelos sete estados da atual Amazônia Legal) e o restante da Colônia chamada de Brasil. Passados séculos, podemos dizer que novamente o Brasil redescobre a música nortista e paraense, repleta de grandes artistas e de grandes seres humanos. 


Dizem que aqui bubuíam, nascem que nem açaí grandes compositores, produtores, cantores, músicos, etc.. Se você passar meia hora ouvindo ou assistindo o que aqui se produz, não terá nenhuma dúvida de que se trata da mais pura verdade! 

Larga tradição que não vem de agora. Como diria Ruy Barata, no país chamado Pará o que não falta é coisa para se ver, sentir, provar, comer,tocar, ouvir, pegar.

Iva Rothe é a mais clara, viva, límpida, cristalina e bela expressão disso.


Assista ao videoclipe a seguir e você saberá melhor do que eu estou falando. 

Dirigido e produzido por Roger Paes, Montagem e Pós Produção de Robson Fonseca, Fotografia de Samuel Rodrigues e Luz de Luciano Mourão, trata-se de uma das mais belas produções dos últimos dois anos no Estado do Pará. E como disse, é uma desgraça, principalmente para nós paraenses, que somos homens chuvas, homens peixes e sereias e iaras e homens águas, que não conheçamos Iva Rothe. O youtube e o google têm muito a dizer detsa que é uma das grandes divas da Música Popular Brasileira e do mundo.

 
Abaixo, você lerá matéria do iBahia sobre apresentação da artista no Conexão Vivo em agosto de 2011 em Salvador/BA e saiba mais sobre um dos seus mais valorosos e engajados trabalhos:

Conheça Iva Rothe, a paraense que fará dois shows em Salvador

A artista é convidada de Gerônimo, hoje (09), na escadaria do Paço, e será atração do projeto conexão Vivo, na sexta (12) 



Iva Rothe desembarcou hoje na capital baiana e trouxe na bagagem, além do CD ‘Aparecida’ (2010), produzido por Beto Fares, uma agenda de dois shows em Salvador. A artista, uma referência da música contemporânea de Belém do Pará, se apresenta na próxima sexta (12), no projeto Conexão Vivo, na Praça Wilson Martins, na Orla de Pituba, e, também faz uma participação especial, hoje (09), no show do cantor Gerônimo Santana, no Pelourinho. Os dois eventos são gratuitos. 


No palco, Iva se destaca por explorar a feminilidade, extraindo no canto da mulher paraense, com todo seu sotaque e beleza, nuances delicadas que se unem às sonoridades contemporâneas e seus experimentalismos. A cantora toca teclado acompanhada por Felipe Cordeiro (guitarra), Ulysses Moreira (bateria), Príamo Brandão (contrabaixo), Márcio Jardim (percussão) e Lenilson Albuquerque (teclado). 


Iva Rothe

Foi exatamente há uma década, quando Iva ainda fazia faculdade de música, que ela se encantou pela possibilidade de fazer música a partir de sons fora do padrão convencional. Desde então, ela passou a ouvir as vozes femininas de outra forma.  A pesquisa iniciou com mulheres de várias origens e idiomas. Quando em temporada pela Europa, Iva levou junto gravador e microfone e registrou entrevistas com mulheres alemãs, africanas, inglesas e até finlandesas, sempre se guiando por um roteiro de perguntas único. “Pensava em usar mulheres falando em línguas bem diferentes, mas aí foi afunilando e acabei ficando só com as paraenses”, diz.

Apesar de todo o experimentalismo, Iva garante que o disco foi trabalhado como algo para ser ouvido naturalmente, mas encontrar essa dose acertada não foi tarefa fácil. “Apesar do meu trabalho ser experimental, era um disco de música popular pra se ouvir, pra se dançar. A gente tinha que acertar a mão para que a coisa não ficasse embolada e tivesse a fluência da sonoridade de um disco. Para isso foi feito um trabalho de lapidação em estúdio, e o bacana foi que consegui entrar na viagem da fala de forma mais profunda, o que valeu muito pela Valéria Marques, minha parceria, que foi minha professora e orientadora da faculdade e foi quem me introduziu nessa viagem eletroacústica”.

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