segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Dilma usa mesmo método da Ditadura Militar e espiona ativistas do Xingu Vivo

Agência Brasileira de Informação (Abin) instruiu funcionário de Belo Monte para infiltrar-se no Movimento Xingu Vivo para Sempre e espioná-los.

Trata-se de grave agressão aos direitos de organização dos movimentos sociais, à Constituição Federal; algo só comparado ao que praticou a nefasta Ditadura Militar (1964-1984) no Brasil.

O mais vergonhoso é que três dias antes, no dia 21/02/2013, em protesto em frente ao CCBM/Belém contra a escravidão sexual na área de utilidade pública de Belo Monte, o presidente da Sociedade Paraense de Direitos Humanos (SDDH/PA), advogado Marco Apolo, denunciou o Governo Federal, que através da Abin e da Polícia Federal, mesmo sabendo da existência de um prostíbulo que escravizadava mulheres e uma menor de idade, nada fizeram. No entanto, de forma criminosa e violenta, movimentos sociais que defendem a vida e os direitos humanos são vigiados, investigados, grampeados e espionados.

A Ditadura já morreu e deve ser enterrada!

Não aceitaremos de forma alguma qualquer tentativa por parte do Governo Dilma de intimidação dos movimentos sociais em geral e do Movimento Xingu Vivo para Sempre em particular. Esta luta é nossa, ela é de todas e de todos que têm a convicção de que çpodemos ter um futuro digno para os poos da Amazônia sem exploração, sem esse desenvolvimentismo da morte, com respeito à biodiversidade e ao planeta.

A presidente da República e o Ministro da Justiça José Eduardo Cardoso são os responsáveis por essa vergonha. O mais espantoso dessa história é que uma ex-guerrilheira, que lutou contra o autoritarismo e a violência, hoje no mais alto posto da Nação, utilize do mesmo grotesco expediente que outrora condenou.

Somos todos Xingu Vivo para Sempre!

Acompanhe notícia retirada do blog Xingu Vivo para Sempre que denuncia a espionagem da Abin, descoberta ontem em Altamira, quando o Movimento fazia seu planejamento anual:

Funcionário de Belo Monte é flagrado espionando reunião do Xingu Vivo para informar ABIN 

Na manhã deste domingo, 24, quando finalizava seu planejamento anual em Altamira (PA), o Movimento Xingu Vivo para Sempre detectou que um dos participantes, Antonio, recém integrado ao movimento, estava gravando a reunião com uma caneta espiã.
 
Na caneta, o advogado do Xingu Vivo, Marco Apolo Santana Leão, encontrou arquivos de falas da reunião, bem como áudios de Antonio sendo instruído sobre o uso do equipamento. Confrontado, ele a principio negou qualquer má intenção, mas logo depois procurou o advogado para confessar sua atividade de espião contratado pelo Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), responsável pelas obras da usina, para levantar informações sobre lideranças e atividades do Xingu vivo.

De livre e espontânea vontade,Antonio se dispôs a relatar os fatos em depoimento gravado em vídeo. Segundo ele, depois de ser demitido pelo CCBM em meados do segundo semestre de 2012, ele foi readmitido em outubro como vigilante, recebendo a proposta de trabalhar como agente infiltrado, primeiramente nos canteiros de obra para detectar lideranças operárias que poderiam organizar greves.
 
Em decorrência de seu trabalho, foram presos cinco acusados de ter comandado a última revolta de trabalhadores nos canteiros de Belo Monte, em novembro do ano passado. Sua atuação também levou à demissão de cerca de 80 trabalhadores.

Em dezembro, segundo o depoente, ele passou a espionar o Xingu Vivo, onde se infiltrou em função da amizade de sua família com a coordenadora do movimento, Antonia Melo. Neste período, acompanhou reuniões e monitorou participantes do movimento, enviando fotos e relatos para o funcionário do CCBM, Peter Tavares.
 
Foi Tavares que, segundo Antonio, lhe deu a caneta para gravar as discussões do planejamento do movimento Xingu Vivo. O espião também relatou que este material seria analisado pela inteligência da CCBM, e que, para isso, contaria com a participação da ABIN (Agencia Brasileira de Inteligência), que estaria mandando um agente para Altamira esta semana.
 
Após gravar este depoimento, Antonio pediu para falar com todos os participantes do encontro do Xingu Vivo, onde voltou a relatar suas atividades de espião, pedindo desculpas e prometendo ir a público para denunciar o Consórcio Construtor Belo Monte.
Em seguida, solicitou ao advogado e à jornalista do movimento que o acompanhassem até sua casa, onde queria acertar os detalhes da delação com a esposa. No local, ele se ofereceu e apresentou seus crachás do CCBM, bem como a carteira profissional onde consta a contratação pela empresa, que foram fotografados.
 
Posteriormente, porém, a esposa comunicou ao advogado do movimento que Antonio tinha mudado de ideia e que não se apresentaria no Ministério Público Federal, como combinado. Mais tarde, ainda enviou um torpedo ameaçador a um membro do Xingu Vivo. No texto, ele disse que “vocês me ameaçaram, fizeram eu entrar no carro, invadiram minha casa sem ordem judicial. Isso é que é crime. Vou processar todos do Xingu vivo. Minha filha menor e minha mulher são minhas testemunhas. Sofri danos morais e violência física. E vocês vão se arrepender do que fizeram comigo”.
 
Em função de sua desistência de cooperar e assumir seu crime, e principalmente em função da ameaça ao movimento, o Xingu Vivo tomou a decisão de divulgar o depoimento gravado em vídeo, inclusive como forma de proteção de seus membros.
 
Apesar da atitude criminosa de Antonio ao se infiltrar no movimento, e apesar de não eximi-lo de sua responsabilidade, o Movimento Xingu Vivo para Sempre entende que o maior criminoso neste caso é o Consórcio Construtor Belo Monte, que usou de seu poder coercitivo e financeiro para transformar um de seus funcionários em alcaguete.
 
Também denunciamos que este esquema é responsabilidade direta do governo federal, maior acionista de Belo Monte. Mais execrável, porém, é a colaboração de agentes da ABIN no ato de espionagem.
 
O Movimento Xingu Vivo para Sempre, violado em seus direitos constitucionais e em sua privacidade, acusa diretamente o governo e o Consórcio de Belo Monte por estes crime, e exige do poder público que sejam tomadas as medidas cabíveis. É inadmissível que estas práticas ocorram em um estado democrático de direito. Exigimos justiça, já!

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