sábado, 22 de maio de 2010

UnB Agência: “Dilma e Serra são a mesma coisa”, diz [pré-]candidato do PSOL

No primeiro debate com os presidenciáveis na UnB, Plínio de Arruda Sampaio criticou os favoritos e defendeu reformas radicais

João Campos – Da Secretaria de Comunicação da UnB

Sampaio diz que há graves problemas por trás da popularidade do presidente Lula / Luana Lleras/UnB Agência

Aos 79 anos, 60 deles dedicados à vida pública, Plínio de Arruda Sampaio. Para o candidato do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), a disputa pelo Palácio do Planalto entre Dilma Roussef (PT) e José Serra (PSDB). “Ambos dizem a mesma coisa. Politicamente as diferenças entre eles são mínimas”, avalia Sampaio.

O advogado paulista, convidado para o primeiro da série de debates com os presidenciáveis na UnB, realizado na quarta-feira no auditório da Faculdade de Estudos Aplicados, faz uma análise do cenário político atual. “O capital estrangeiro entra e a economia está sólida. Tudo aparenta estar bem, mas há graves problemas por trás da popularidade de Lula que precisam ser esclarecidos”.


Marxista declarado, ele usa como exemplo um cidadão comum que não tinha capital para comprar uma geladeira até pouco tempo atrás. Mas que, com o aumento do poder de consumo das classes sociais menos favorecidas, pôde adquirir o eletrodoméstico. “Mas e a escola em que o filho desse cidadão estuda, como está? E quando sua família precisa de atendimento médico, como faz? A saúde e a educação estão precárias”, critica.


Apesar de não ter chances de colocar a faixa amarela e verde no peito em 2011, Sampaio não tem dúvidas do seu papel na disputa presidencial. “Estou aqui para plantar uma semente. Sei que a troca do socialismo pelo capitalismo não ocorre da noite para o dia”, disse. “Meu projeto de governo, de 10, 20 anos, começa com a conscientização de que os problemas brasileiros estão nas relações capitalistas”.

REFORMA

Diante das 250 pessoas que encheram o auditório, Plínio defendeu a necessidade de uma reforma agrária e urbana radicais. “Não é possível uma propriedade com mais de 500 hectares. Nem prédios desocupados à espera da especulação imobiliária. Tudo passa pela distribuição de renda”. Um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), Sampaio também luta pelo fim do financiamento privado da saúde e educação.
Confira abaixo os principais trechos do debate, que contou com a presença do reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior. Organizado pelo grupo Brasil e Desenvolvimento (B&D), em parceria com o Diretório Central dos Estudantes (DCE), o evento tem como próximo convidado a senadora e ex-ministra, Marina Silva, do Partido Verde (PV), que passará pela sabatina em 8 de junho.

DÍVIDA PÚBLICA

“A forma como os últimos governos trataram a dívida pública é absurda e uma das principais causas do atraso nas políticas de educação e saúde do Brasil. Sabemos que a dívida real é bem menor do que divulgada, mas, mesmo que fosse legítima, não é possível fazer uma reforma agrária ou uma melhora nas escolas públicas sem o adiamento dela. Hoje os gastos do governo federal com banqueiros superam em cinco, oito vezes os investimentos em áreas fundamentais como a saúde e a educação.”

HOMOFOBIA

“O preconceito é inadmissível. A repressão sexual é uma forma de dominação e controle do homem sobre outros homens e mulheres. Estou de acordo com o casamento entre pessoas do mesmo sexo, bem como adoção de crianças por casais homossexuais. Toda criança precisa de afeto e amor, e não de pais heterossexuais. Sou um homem religioso. Mas o meu catolicismo é o de Cristo, que é o do amor e respeito. É preciso acabar com todo tipo de preconceito, não só contra homossexuais.”

SOCIALISMO E LIBERDADE

“As experiências históricas – como a antiga União Soviética (URSS) e o regime político Cubano – não tiveram sucesso em unir o socialismo e a liberdade, dois conceitos e práticas indissociáveis. Sei que não é tarefa fácil, mas é possível. O problema surgiu na decisão do bolcheviques (grupo que defendeu uma reforma política radical na URSS, liderado por Vladimir Lênin) de criar um capitalismo de Estado. A necessidade da repressão vem da lógica do capital. Se você exclui, precisa reprimir. A transição passa pelo crescimento espiritual e pela conscientização popular.”

ECONOMIA

“Não há a necessidade da parafernália criada hoje para atender às necessidades materiais das famílias brasileiras. O consumismo atual é abusivo e deve ser combatido. Não estou preocupado com o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), mas em transformar a vida das pessoas para melhor. Me preocupo com a economia do bom senso, responsável com o meio ambiente, sem extravagâncias. Defendo, como Fidel Castro, por exemplo, que não haja cobrança sobre patentes de descobertas nacionais.”

UNIVERSIDADE

“Não acredito no financiamento privado das instituições, principalmente nas de saúde e educação. As universidades públicas brasileiras passam por um processo terrível. Os programas de expansão, financiados pelo Banco Mundial, a terceirização dos serviços e as fundações de apoio que visam lucrar com a educação pública não são bem-vindas. O financiamento de pesquisas é de responsabilidade do Estado. Estar na universidade é mais do que aprender uma técnica ou determinado conhecimento privilegiado. Ser universitário é aprender a capacidade de transformar a realidade.”

http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=3346

http://www.jornaldaimprensa.com.br/editoria_texto.php?id=10795&chave=“Dilma e Serra são a mesma coisa”, diz candidato do PSOL

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