Entre as vítimas está Ali Mousavi, sobrinho do líder oposicionista e candidato derrotado em junho Mir Hossein Mousavi Polícia confirma as mortes, mas nega autoria, e anuncia a prisão de 300 opositores; policiais atiraram contra os manifestantes, dizem sites.
DA REDAÇÃO - Pelo menos cinco manifestantes antirregime morreram ontem no Irã nos mais violentos confrontos com forças de segurança desde a contestada reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, em junho, estopim dos maiores protestos desde a Revolução de 1979.
Entre os mortos está Ali Mousavi, sobrinho do líder reformista e candidato oposicionista derrotado no pleito presidencial Mir Hossein Mousavi. Segundo relatos de sites ligados à oposição, os manifestantes foram mortos quando policiais abriram fogo, ante a incapacidade de conter a multidão, que se dirigia para o centro de Teerã, com bombas de gás lacrimogêneo e tiros de alerta.
As cinco mortes registradas na capital foram confirmadas pela polícia, que negou porém sua autoria. Mas outros veículos relataram também outras quatro mortes em Tabriz (noroeste). Confrontos foram registrados, além disso, em ao menos seis outras cidades.
"Nos confrontos de hoje, cinco pessoas morreram de maneira suspeita. A polícia está investigando a questão", disse a polícia em comunicado, segundo a agência semioficial Irna.
Ainda de acordo com a polícia, "uma das vítimas morreu ao cair de uma ponte, duas delas em um acidente e uma quarta devido a um disparo". Já o sobrinho de Mousavi foi morto por "atacantes desconhecidos".
Segundo os relatos dos sites opositores, Ali Mousavi, 35, morreu com um tiro no peito. A polícia iraniana negou a autoria das mortes pelos disparos alegando que seus membros não portavam armas de fogo. Além dos pelo menos cinco mortos, cerca de 300 manifestantes antirregime foram presos, segundo a polícia, e "dezenas de membros das forças de segurança ficaram feridos".
Data sagrada
Os milhares de opositores aproveitaram a data de Ashura, sagrada para os muçulmanos xiitas, para ir às ruas e retomar as palavras de ordem contra Ahmadinejad e o regime.
A data coincidiu ainda com o tradicional sétimo dia da morte do clérigo Ali Hossein Montazeri, padrinho religioso da oposição cujo funeral mobilizou uma multidão há uma semana. A imprensa estrangeira foi novamente impedida de reportar os confrontos, inviabilizando confirmações independentes das mortes. Mas imagens que circulavam ontem pela internet mostravam a incapacidade das forças de segurança para conter os manifestantes, que enfrentaram policiais e membros da milícia Basij e incendiaram veículos oficiais.
Os manifestantes alternavam cantos sagrados com os gritos de "morte ao ditador", ouvidos desde os primeiros levantes contra a reeleição de Ahmadinejad, considerada fraudulenta pelos opositores. Os protestos pós-pleito foram violentamente reprimidos e resultaram na morte de ao menos 35 manifestantes, segundo Teerã -70, segundo a oposição-, além de centenas de prisões, e motivaram fortes condenações internacionais.
Vídeos amadores flagraram também manifestantes carregando uma das supostas vítimas das forças de segurança cantando "vamos matar, vamos matar quem matou o nosso irmão", além de opositores lançando pedras em policiais e erguendo barricadas em ruas no entorno do centro de Teerã.
As outras cidades em que foram registrados confrontos pelos sites ligados a opositores são Najafabad, Shiraz, Isfahan, Mashhad, Babol, Qom e Arak. O governo americano condenou "a repressão violenta e injusta de civis". A França manifestou "grande preocupação".
Com "New York Times" e agências internacionais.
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