sexta-feira, 10 de julho de 2009

Só a luta muda a vida - polêmica com Lúcio Flávio Pinto



Em seu JP (Jornal Pessoal) da segunda quinzena de maio de 2009, o jornalista Lúcio Flávio Pinto - LFP deixou extravasar uma grande contradição de sua análise. Esse número do JP trouxe como matéria de capa uma extraordinária e profícua análise sobre o nosso intendente municipal, o Duciomal Costa, bem como fez uma boa exposição e discussão do caos na saúde em nosso município e estado.

Com todo respeito à luta e ousadia do jornalista, que coerentemente vem denunciando há anos o saque que empresas (como a Vale do Rio Doce) sob as bênçãos de nossos subservientes mandatários submetem o Pará e sua população; Lúcio Flávio foi infeliz nesse artigo. Ele afirma que os trabalhadores que ocuparam os canteiros de obras de ampliação das eclusas de Tucuruí/PA fizeram um crime, portanto, "A ação tinha clara caracterização como abusiva. Mesmo sujeita a excessos e erros, a ação do governo foi, desta vez, legítima e legal." (JP - 2ª Quinzena de maio).

LFP acha positivo que homens e mulheres que nunca roubaram, mataram, ou desviaram recursos públicos sejam "presos e imediatamente transferidos para Belém e autuados no inquérito policial". Esses homens e mulheres foram tratados com a maior truculência, desrespeito aos Direitos Humanos e jogados em um presídio de segurança máxima no entorno da capital paraense. Pela primeira vez, o governo de Ana júlia foi ao limite, indiciando aqueles que lutam por justiça social. Utilizou a polícia militar do Pará, que mundialmente é reconhecida por sua truculência e intolerância, humilhou, e jogou esses 18 lutadores sociais em Americano.

O jornalista constrói um mixto de contradições nesse artigo. Obviamente que o primeiro deles é reconhecer alguma legalidade na ilegal ação do governo. Segundo, é não problematizar qualquer motivo que possa ter levado o Movimento de Atingidos por Barragens a ocupar as eclusas, mas o pior é a saída apresentada pelo jornalista a esses trabalhadores. Ele os convoca a assumir seu "niilismo": "Parece que, independentemente do objetivo a alcançar e do estado de coisas contra o qual se insurgem, estão enfrentando um governo (ou um establishment) de exceção, ou mesmo uma ditadura, que se movimenta à margem - e acima - da lei". Segundo se pode deduzir da construção desse artigo de LFP é o fato de que contra essa "didadura" nada se pode fazer.

E pior! Lúcio em um vai e vem sem sentido e paradoxal deixa seu conceito de ditadura reinante hoje e convida o movimento paredista a aceitar esse estado de coisas, o qual os relegou a essa condição de desumanidade: "O parâmetro legal precisa ser considerado e respeitado, ainda quando para questioná-lo ou negá-lo. E não esses movimentos partirem do pressuposto errado, de que não há um regime legal e democrático estabelecido no país.". Quanta confusão...

Nós estamos lado a lado com os atingidos de barragens e com todos aqueles que reclama justiça social nesse país. Esse "parámetro legal" que o jornalista tanto reivindica, é o mesmo que o condenou dia 06/07/2009 a pagar uma absurda idenização por danos morais ao milionários Maioranas. Lúcio foi vítima da "ditadura" das elites, e inclusive a justiça serve à esse propósito. E seja onde for, se há ditadura a única altrnativa é a luta. Na história da humanidade nenhuma conquista veio para os trabalhadores sem que esses questionassem e se enfrentassem contra o "establishment". Lúcio fala muito, mas convida a todos a se apaziguarem e aceitar as decisões injustas dos donos do poder. Lúcio reagiu com "estupefação, perplexidade e indignação a sentença que ontem (dia 06/07/2009)[lhe] impôs o juiz Raimundo das Chagas", mas espera que esses homens e mulheres, que desde a construção dessa famigerada usina, aceitam a pobreza e a miséria que dela emanaram... Muita contradição...

Assim como a justiça erraou multando o nobre jornalista por ter a valentia de emitir sua opinião e tentar furar o cerco da ditadura da informação nesse estado e país. Assim também agiram certos os ocupantes da eclusa de Tucuruí. Não podemos mais aceitar a criminalização evidente e escancarada que desferem contra os movimentos sociais os governos de Lula e Ana Júlia Carepa. Só a luta muda a vida, e quem luta pela vida não é criminoso. Diferente de LFP não vejo nos 16 homens e nas 02 senhoras presos ndurante a ocupação do canteiro de obras da eclusa, prsos comuns. Foram presos políticos, ameaçados por esse governo da traição e colocados nas selas onde deveriam estar os novos aliados do Partido dos Trabalhadores. Na penitenciária de Americano deveria estar Almir Gabriel por ter autorizado em 1996 a Chacina de Eldorado dos Carajás. Lá deveria estar Jáder Barbalho por desviar recuros do Banpará e da Sudam. Lá deveriam estar os que geraram p caos que precisamos viver todos os dias nesse estado e país.



Todo apoio ao MAB!!
Pela não construção de Belo Monte!
Não à criminalização dos movimentos sociais!

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