quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Um submarino na ALEPA

O Soldado Tércio (PROS), membro da Polícia Militar do Estado do Pará (PMEPA), eleito nas últimas eleições deputado estadual, entrou como um submarino em comissão de organizações dos direitos humanos na Assembléia Legislativa do Estado do Pará (ALEPA).
Ele solicitou participar junto da Comissão dos movimentos sociais, que na última terça-feira, 11, tomou as ruas do centro da capital paraense e foi até a ALEPA exigir a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias; ao chegar na reunião com seis deputados, os únicos a esperar o movimento, o Soldado disse uma pérola: "Não têm policiais envolvidos em milícias". 

Uma vergonha!

O futuro deputado teve ainda o desplante de dizer que se a gente podia sair de casa e estava ali protestando, era "porque tem a polícia para proteger a população nas ruas". 
Não negamos que haja população na rua, mas semana passada vimos a página da Ronda Tática Ostensiva Metropolitana (ROTAM) no Facebook publicar após o assassinato do Cabo Figueiredo, vulgo Pet, que a tropa estava com "sangue nos olhos e a faca nos dentes". Todos os jornais do país publicaram o print do perfil de um sargento da ROTAM, o qual conclama os amigos de farda a irem às ruas, pois eles só iriam para o velório de seu colega, após fazer "eles [supostos responsáveis pela morte do Pet] chorarem pelos seus mortos".

Em ato nesta última terça-feira (11/11), haviam dezenas de famílias e professores de luto protestando, justamente porque perderam seus entes queridos na mesma noite em que a ROTAM e o sargento convocaram uma "resposta". Essa foi mais uma noite de terror e horror em Belém. Capítulo de uma insana guerra aos pobres, disfarçada de guerra às drogas. 

Relatórios da Organização das Nações Unidas, o Anuário Brasileiro da Violência, relatórios da Ouvidoria Geral do Estado do Pará e da Corregedoria de Polícia são contundentes: a maior parte dessas mortes são praticadas por policiais, os maus, infelizmente.

Sabemos que existem bons policiais (a maioria), nas polícias, mas Soldado Tércio, nunca mais apareça em nossas atividades e protestos para negar o que todo mundo sabe: que há milícias e que elas tem sim, envolvimento de policiais, e acima de tudo: que há um genocídio da população pobre, negra, favela e jovem de nosso estado e do país!

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