Com 600 participantes inscritos, populações atingidas, indígenas, pescadores e movimentos sociais se reúnem até dia 27 para articular a luta contra a construção de Belo Monte.
Começou nesta terça-feira, 25, o seminário “Territórios, ambiente e desenvolvimento na Amazônia: a luta contra os grandes projetos hidrelétricos na bacia do Xingu”, em Altamira (PA).
Com 600 participantes inscritos, populações atingidas, indígenas, pescadores e movimentos sociais se reúnem até dia 27 para articular a luta contra a construção de Belo Monte.
A abertura do seminário foi dedicada à questão indígena. Lideranças dos povos Araweté, Assurini, Kayapó, Kraô, Apinajés, Gavião, Munduruku, Guajajara, Arara, Xipaya e Juruna das regiões de Altamira, Santarém, Sul do Pará, do Tocantins, de Goiás e do Maranhão compartilharam experiências e impactos de grandes empreendimentos em diversas regiões do país, como os projetos de hidrelétricas do Teles Pires, no rio Tapajós, e Tucuruí.
Os indígenas fizeram duras críticas ao governo federal, principalmente à não-realização da consulta prévia, prevista constitucionalmente, o autoritarismo e a manipulação das informações feitas pelo poder público. E fizeram um apelo à imprensa que cobria o evento: que “contasse direito a opinião dos índios” quando publicassem suas matérias. “É mentira que queremos Belo Monte. Nós não queríamos cestas básicas nem hidrelétrica. Os jornais tem que falar a verdade, falar o que a gente fala”, exigiu uma liderança Assurini.
A segunda parte do encontro, que contou com uma análise conjuntural do sociólogo Sérgio Cardoso, professor da Universidade Federal do Pará, discutiu a situação dos pescadores artesanais e ornamentais de Altamira, Senador José Porfírio, Porto de Moz e Vitória do Xingu.
Muitos vieram em suas rabetas, de pequenas comunidades no decurso do rio; outros vieram do perímetro urbano da cidade. “A Norte Energia nunca disse o que vai fazer com os pescadores. E não vai dizer porque não tem o que dizer, porque o que vão fazer é destruir o rio”, enfatizou um representante dos pescadores de Altamira. A tônica era de resistência e de aliança com os demais povos e categorias de trabalho ali presentes.
Os pescadores, em especial os da pesca ornamental criticaram duramente o Ibama . “O Ibama cria um monte de regras para a gente pescar, para preservar os peixes. Agora, para destruir o rio, não tem nenhuma dificuldade”, ponderou. Os impactos da usina sobre a pesca ornamental foi objeto de uma Ação Civil Pública, que recebeu liminar favorável ha um mês.
Na conclusão da mesa, uma liderança de Porto de Moz se dirigindo aos indígenas presentes, disse “iremos lutar até a morte”, arrancando aplausos dos mais de meio milhar de presentes. No fim das atividades em plenária, indígenas e pescadores realizaram uma rodada de conversa para aproximar os dois grupos e detectar pontos de convergência.
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