Crônica do Xingu: Seminário Mundial contra Belo Monte
Por Marcel Padinha*
Hoje, dia 25 de outubro de 2011, iniciou no coração do Xingu, na cidade de Altamira, um dos eventos mais importantes da história contemporânea desta região, o “Seminário Mundial: territórios, ambiente e desenvolvimento na Amazônia”. O mesmo tem por objetivo a “luta contra os projetos hidrelétricos na bacia do rio Xingu”.
Marcado pela presença dos povos indígenas de diversas etnias e pela presença ...de comunidades ribeirinhas e camponesas, a voz do Xingu, mais autêntica, a de suas populações simples e íntegras, se fez ecoar hoje. A voz das lideranças do corpo social, constituído pelos trabalhadores da Amazônia, um lugar único no planeta, que enfrenta há algumas décadas um modelo de desenvolvimento agressivo do ponto de vista do ecossistema e autoritário socialmente.
A sociedade local – de sangue cabano, somada aos cabanos por opção (pessoas vindas de outras regiões do Brasil e do mundo), solidárias as pessoas que não se vendem e não se rendem, se reuniram hoje para bradar por três dias, em claro e alto som, o seguinte “NÃO QUEREMOS BELO MONTE!”, educação e saúde não são condicionantes, são direitos, direitos humanos.
O primeiro dia fora marcado pelo posicionamento das lideranças de diversas organizações sociais e comunitárias, foi um dia de troca de informações sobre a região e de posicionamentos fortes no que diz respeito aos grandes projetos. Apesar de habitar terrenos acadêmicos, o que me enche os olhos e me arrepia até os neurônios, é fala que expressa à sociabilidade dos homens simples da Amazônia, os verdadeiros conhecedores deste espaço marcado pela diferença, contradição e mudança indelével.
Um salve a Amazônia e viva a seus povos!
*Marcel Ribeiro Padinha é mestre e professor da UFPA no Campus de Altamira.
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