domingo, 22 de fevereiro de 2015

Renato Rocha: em outra estação


Negrete, Presente!
por Júlio Miragaia

Tive que parar tudo que estava fazendo para acompanhar as notícias da morte do baixista da Legião Urbana, Renato Rocha. Negrete, como também era conhecido, foi encontrado morto na manhã deste domingo, num quarto de hotel, no Guarujá.

Renato se foi aos 53 anos e fez parte da histórica formação da maior banda de rock do país, junto a Renato Russo, Marcelo Bonfá e Dado Villa Lobos. Participou dos três primeiros discos da banda (Legião Urbana, Dois e Que País é Este?). Depois, por problemas pessoais com os outros membros, acabou abandonando o projeto. Os arranjos de músicas como “Que País é Este?”, “Acrilic on canvas”, “Ainda é Cedo” e “Daniel na Cova dos Leões” estão eternizados nos corações e mentes de milhões de fãs e de várias gerações.

Nos últimos anos, o músico foi notícia novamente pelos problemas que estava tendo com drogas e também por suas dificuldades financeiras. Lembro-me na época da sensação de frustração e de impotência que senti ao assistir e ler as matérias sobre o assunto. Nossos ídolos e heróis são tratados como deuses (mesmo que de forma inconsciente) e vê-los nesse tipo de situação também nos enfraquece de alguma forma.

Eu ouço Legião Urbana desde que me entendo por gente, literalmente. Minha mãe e meus irmãos mais velhos colecionavam os LPs e foi fácil ir decorando as letras e melodias, mesmo sem entender seus significados, quase como se aprendendo um hino de igreja. Na adolescência tive minha camisa do “Música Para Acampamentos” e tudo. Depois, fui absorvendo cada letra para minhas próprias crises diante do mundo, acredito que como muitos.

Não sei bem o que dizer ainda sobre a morte do Renato Rocha, um grande músico e ídolo de várias gerações de legionários, apenas que paira essa tristeza no ar. Assim como Renato Russo com suas letras arrebatadoras e sua voz, fica na eternidade as participações de Rocha nos três primeiros discos e seu olhar sério na direção da câmera (foto) em “Que País é Este?”. O encanto nesse domingo cinza está ausente.
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Júlio Miragaia é escritor, poeta e jornalista.

Um comentário:

rock disse...

Triste pelo fato de um grande musico e esquecido ha muito tempo pela midia, este era o negrete praticamente expulso no disco as 4 estações da grande legião urbana,,,,,🎸