Por André de Souza
BRASÍLIA - Nos oito anos de governo do ex-presidente Lula e nos dois
primeiros da presidente Dilma Rousseff, 560 índios foram assassinados no
Brasil — média de 56 por ano. Isso representa um crescimento de 168,3%
em relação à média dos oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002). Os números fazem parte de levantamento do Conselho
Indigenista Missionário (Cimi), ligado à Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB).
Nos dois primeiros anos do governo Dilma, 108
índios foram assassinados no país, uma média de 54 por ano. Foram 51
mortes em 2011 e 57, em 2012. A média fica um pouco abaixo dos 56,5
homicídios anuais registrados nos dois mandatos de Lula, mas está bem
acima do observado nos oitos anos de FH. No governo do tucano, a média
foi de 20,9 assassinatos de índios por ano.
Segundo o Cimi, 167
índios foram mortos no período FH. O número subiu para 452 no governo
Lula (2003-2010), um crescimento de 170,7%. O secretário executivo do
Cimi, Cleber Buzatto, criticou o ritmo de demarcação das terras
indígenas nos governos petistas, menor do que o observado nos governos
tucanos.
— Na nossa avaliação, isso (o aumento das mortes) foi
causado por diferentes fatores, mas principalmente em função da retração
nos procedimentos de demarcação das terras indígenas, somada a uma
expectativa inicial por parte dos povos de que, com o governo Lula,
haveria uma aceleração desses procedimentos — afirmou Buzatto.
Segundo ele, Lula e Dilma se aproximaram do agronegócio, provocando reação dos índios.
Cinco pontos de bloqueio
Agentes da Força Nacional chegaram nesta sexta-feira à tarde a Sidrolândia (MS),
palco de conflitos entre fazendeiros e indígenas pela posse da terra.
Serão montados cinco pontos de bloqueio nas estradas que cruzam as
fazendas da região. A ação não visa a saída dos índios das áreas
ocupadas, mas deve inibir novas invasões.
Desde terça-feira em
Brasília, onde tentam negociar com o governo federal a suspensão da
construção de hidrelétricas na Amazônia, os mundurukus ameaçam fazer novas invasões ao canteiro de obras da usina de Belo Monte,
no Pará. Eles ocuparam a hidrelétrica no mês passado, mas saíram do
local como parte do acordo para serem recebidos em Brasília pelo
governo.
— Se não parar (as obras), com certeza, vamos fazer novas
ocupações. Se não parar, não vamos aceitar as consultas, que deveriam
ter sido feitas antes de qualquer coisa. Já que as obras estão em
andamento, é preciso que elas parem, o governo faça a consulta — disse
nesta sexta-feira Valdenir Munduruku, líder da aldeia Teles Pires, em
Jacareacanga (PA).
Fonte: O Globo.com
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