sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Dez de dezembro: por um futuro mais azul e em paz

Foto: Mariana Gomes (revista Vírus Planetário)
Por Marcelo Freixo*

Por que nada vai tudo em paz, nem tudo azul? Por que não vivemos na melhor cidade da América do Sul?
 
Muita coisa mudou no campo dos direitos humanos desde quando Caetano Veloso compôs sua Baby, em plenos 1969 dos Anos de Chumbo. Mas ainda há muito a ser mudado.
Por que a liberdade que se respira neste canto litorâneo privilegiado do mundo ainda é só para alguns e cheira a sangue, a suor e lágrimas de muitos. No Rio de Janeiro, ainda há tortura. Falta escola, hospital, casa, segurança, cultura, lazer. Pessoas ainda desaparecem ou sofrem execução sumária. E quem enfrenta toda essa barbárie é, especialmente, a população pobre, negra e favelada. No alto dos morros, balas traçantes ofuscam o brilho das estrelas.

Mente quem diz que a luta contra a desigualdade, pelos direitos humanos, é ultrapassada. E não será até que se possa afirmar que existe a liberdade com a garantia do acesso livre para todo cidadão aos direitos estabelecidos em comum acordo por muitos países das mais diversas culturas. Faz 62 anos que a humanidade criou num certo 10 de dezembro a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Era uma reação à barbárie representada pelos horrores da Segunda Guerra Mundial.

Eis que em mais um 10 de dezembro, a luta pelos Direitos Humanos nunca foi tão atual. No Rio de Janeiro, nem se fala. Há toda uma geração que nem consegue chegar à vida adulta sem encarar a cadeia ou a morte. Os seus direitos, não. Por isso, é tempo, mais do que nunca, de renovação das nossas forças para insistirmos na luta árdua por igualdade.

Contra o ceticismo, há de se comemorar o acúmulo das conquistas das últimas décadas, a partir da própria assinatura da Declaração. Não foram poucas. Especialmente no que se refere a uma nova compreensão da humanidade em torno do que pode ou não parecer natural.

São muitas as frentes da luta: por moradia digna, contra o trabalho escravo, por educação de qualidade, contra a corrupção na política e governamental. E já provamos do que somos capazes quando conseguimos nos apropriar de um mandato político para torná-lo um instrumento da nossa luta. Para uma ação articulada com os movimentos sociais, com a sociedade organizada. Para fazer a nossa parte na construção, se não do mundo, de um Rio de Janeiro menos sangrento, mais azul e em paz, quem sabe, a melhor cidade da América do Sul, mas para todos, não só para alguns.

*Marcelo Freixo é deputado estadual pelo PSOL/RJ e presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALERJ.

Fonte: http://tdvproducoes.com/virusplanetario/index.php/2010/12/10/dez-de-dezembro-por-um-futuro-mais-azul-e-em-paz/

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