Terminal para gringo ver |
Não bastasse o valor da obra, inicialmente orçada em R$ 9 milhões, o governo proibiu que cidadãos transitem por lá vestidos de bermuda, calçando chinelo e portando mochila.
Não, você não está "viajando", realmente há uma normativa no local proibindo o uso de chinelas, bermudas e mochilas.
Um terminal para ribeirinhos. De onde devem partir pessoas de barco ou navio para as localidades que detém as piores posições no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, a região do Arquipélago do Marajó e do Baixo Amazonas. De lá partirá gente para Melgaço, por exemplo, que é o pior IDH do país, portanto, usuários pobres e/ou miseráveis, que agora antes de viajar, têm que comprar calça, sapato e mala. Nada de havaianas (que agora é cara e chiquê), roupa de camelô e mochila.
Uma perseguição nada nova
A medida do governo do Pará nos faz voltar ao final do XIX, início do XX, quando o intendente de Belém, Antônio Lemos, com sua política de higienização social, fez algo muito parecido.
Em 1898, Lemos criou a Guarda Municipal de Belém e no mesmo ano editou o reacionário Código de Postura do Município, que dentre outras coisas, proibia que pessoas sem chinelas transitassem pelo centro, coletassem frutas, como as mangas, e até que cuspissem no chão. A sesta embaixo das mangueiras, muito comum entre os trabalhadores do Centro Histórico, também virou crime. A repressão era tamanha e medonha, principalmente no entorno do antigo Largo da Pólvora, atual Praça da República, onde se construiu no período áureo da Belle Époque, o ostentoso Teatro da Paz.
Em pleno século XXI, nunca imaginei que presenciaria um apartheid desses.
Jatene é sujo, imoral, segregador, nefasto. A mesmíssima coisa foi feita há alguns anos, quando na mesma CDP, o PSDB do então secretário de estado de planejamento Simão Jatene, tomou os galpões 1, 2 e 3 e fez mais uma obra faraônica, segregacionista e para gringo ver. Mesmíssimo modus operandi: orçada inicialmente em R$ 19 milhões, Almir Gabriel/PSDB (governador há época) e Jatene entregaram a Estação das Docas (apelidada pelo povo pobre e trabalhador de Estação das Dondocas), uma obra superfaturada ao valor final de quase 38 milhões de reais.
Desobediência civil
Maquete gráfica. |
Contudo, nós que lutamos contra a Proposta de Emenda Constitucional 37 (#PEC37), porque acreditamos na importância do Ministério Público, esperamos que o MPE/MPF façam algo, pois a sociedade organizada e os movimentos sociais não vamos aceitar essa aberração!
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Veja ERRATA aqui.
Atualizado às 01h23min, dia 26/05/2014
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