(Foto: Mauro Ângelo)
Quando o promotor de justiça militar Armando Brasil pediu prisão preventiva nesta segunda-feira, 07, de 23 policiais militares que estão aquartelados com centenas de outros no 6º Batalhão de Polícia Militar, município de Ananindeua/PA (Região Metropolitana de Belém), surgiu uma questão: acaso a justiça acate despropositado pedido do Ministério Público militar, quem fará cumprir a sentença?
Aquartelados há cinco dias, soldados, cabos, sargentos e subtenentes, as chamadas praças, reivindicam isonomia salarial com os oficiais da corporação, bem como a anistia para todos os "amotinados", compromisso de não punição e de que não haverá assédio moral e retaliações como as mudanças de local de serviço, bem como o fim dos que eles chamam de "mordaça", ou seja, a desmilitarização da Polícia Militar do Pará, com suas arcaicas estruturas e hierarquias.
Como vemos, o que as praças reivindicam está intimamente ligada com os anseios da sociedade e tem estreita relação com o clamor expresso pelas massas durante as Jornadas de Junho (2013). No entanto, o governo Simão Jatene (e sua base na Assembleia Legislativa do Estado do Pará: PSDB/PSD/PSB/DEM/PMN/PV/PTB) demonstram extremada intransigência, revanchismo e nenhuma vontade de política de resolver o impasse.
Entidades se reuniram no 6º BPM na tentativa de evitar derramamento de sangue
Ainda na segunda durante o período da noite, a Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Pará (OAB/PA), Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH/PA), Associação de Soldados e Cabos e Bombeiros Militares do Pará (ADDMIPA), Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado do Pará (SINTSEP/PA), Unidos pra Lutar, Diretório Central dos Estudantes da Universidade da Amazônia (DCE/UNAMA), dentre outras entidades sindicais e esudantis, reuniram-se com as praças e decidiram entrar com duas petições na manhã de hoje, 8.
Segundo a OAB/PA, a entidade entrará com petição junto à Justiça do estado solicitando que os magistrados não acatem o pedido de prisão dos 23 policiais, realizado pelo promotor Armando Brasil. Para a entidade o mais importante é se evitar "um derramamento de sangue". Um outro documento será enviado ao secretário de segurança pública Luis Fernandes Rocha para que este intervenha pela abertura de um canal de negociação entre os aquartelados e o governo do estado.
Até mesmo entre alguns membros do alto escalão da Polícia Militar há um sentimento de solidariedade e apoio às praças amotinadas. Segundo o Major Walber Wolgrand, que também esteve no 6º BPM, "o governo do estado cometeu a lambança de conceder aumento salarial apenas para os oficiais e se esqueceu daqueles que 'carregam o piano' da polícia administrativa do estado do Pará". Ainda de acordo com ele o resultado não poderia ser outro: "manifestações em vários municípios paraenses" que aderiram ao movimento. Há aquartelamentos em Marabá, Tucuruí, Castanhal, Paragominas, etc. Estas, todas com mais de cem mil habitantes, os quais não podem contar com as rondas e serviços policiais.
O Major Wolgrand relatou ainda que o sentimento dos centenas de PMs é o de dar seguimento na luta e que ninguém tem disposição para dar um passo atrás na conquista de seus legítimos direitos. "As praças que estão no Quartel do 6º BPM resistirão com o sacrifício da própria vida se for necessário", disse o oficial, que para ilustrar a tensa situação repetiu o que lhe falou um militar: "se os vagabundos estão matando companheiros nossos a cada dia, pelo menos aqui morreremos com dignidade pelas mãos dos agentes do próprio Estado”.
O Major Wolgrand relatou ainda que o sentimento dos centenas de PMs é o de dar seguimento na luta e que ninguém tem disposição para dar um passo atrás na conquista de seus legítimos direitos. "As praças que estão no Quartel do 6º BPM resistirão com o sacrifício da própria vida se for necessário", disse o oficial, que para ilustrar a tensa situação repetiu o que lhe falou um militar: "se os vagabundos estão matando companheiros nossos a cada dia, pelo menos aqui morreremos com dignidade pelas mãos dos agentes do próprio Estado”.
Segundo eles, ninguém permitirá que nenhum dos 23
policiais sejam presos, nem que para isso, haja uma chacina no 6º BPM. A
responsabilidade pela resolução pacífica desse quadro é estrita do governo do
estado e da justiça. Diferentemente do MP militar, esperamos que as demais
autoridades hajam com bom senso e atendam as reivindicações dos trabalhadores.
Lutar não é crime!
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Com informações do blog http://blogdoluisxiv.blogspot.com.br/2014/04/pracas-aquarteladas-no-6-bpm-resistirao.html e do DOL.
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