Grupo ameaçou invadir a prefeitura e de Belém durante protesto. Manifestantes chegaram a forçar a grade que cerca o prédio Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra
Grupo ameaçou invadir a prefeitura e de Belém durante protesto. Manifestantes chegaram a forçar a grade que cerca o prédio
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra

  • Direto de Belém

Cerca de dez mil pessoas fizeram protesto tenso contra o preço da passagem de ônibus nesta quarta-feira em Belém, no Pará. Os mais alterados ameaçaram ocupar a prefeitura e chegaram a forçar a grade que cerca o prédio. Até as 23h, não houve conflitos, mas sete pessoas foram detidas.
A maioria dos detidos foi flagrada atirando bombas de festa junina na direção do prédio da prefeitura. Quando alguns balançaram as grades fazendo menção de invadir, o cordão de isolamento da policia foi reforçado. Mais de 800 agentes de segurança foram destacados para a missão.
A passeata foi semelhante à realizada na última segunda-feira: o mesmo trajeto, com saída no mesmo horário, às 18h. No começo, eram cerca de 1500 pessoas; o número aumentou durante o trajeto à prefeitura, de mais ou menos 6 quilômetros.
O prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) esperou a chegada do movimento para negociar com uma comissão. Só que, em reunião prévia, os manifestantes haviam decidido que não haveria liderança formal e que ninguém seria representado por eles. Com o impasse, a maior parte do tempo foi com os ativistas em frente à sede da prefeitura gritando palavras de ordem contra temas variados como o valor da passagem de ônibus, corrupção, baixos salários dos professores e violência policial.
Muitos chegaram a gritar para que o prefeito fosse ao encontro dos manifestantes, mas essa opção nem foi cogitada, pois quando Zenaldo fez isso no protesto da última quinta-feira, várias pedras foram atiradas e um guarda municipal ficou ferido.
Sem reunião com o prefeito e sem atritos com a polícia, o ato foi perdendo força até que, por volta das 21h30, já havia mais policiais que manifestantes. Um outro protesto será marcado para a próxima segunda-feira. As reuniões prévias decidirão o trajeto e se existirá uma comissão para se reunir com o prefeito.
Protestos criticam a Copa e pedem melhores condições de vida pelo País

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.



A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.
A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.