terça-feira, 7 de junho de 2011

RJ – Deputada Janira Rocha que estava dentro do quartel dos bombeiros diz que Bope disparou balas de fuzil

Do excelente blog do Coletivo Vamos à Luta:

Integrante da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, a deputada estadual Janira Rocha (PSOL-RJ) passou a madrugada acompanhando o protesto dos bombeiros dentro do Quartel Central do Corpo de Bombeiros, no centro da cidade, e disse que só não houve uma tragédia porque o movimento é pacífico e porque os manifestantes tinham treinamento militar.

“Foi terrível o que aconteceu lá dentro. O Bope [Batalhão de Operações Especiais] invadiu por trás, jogando bombas de gás e disparando balas de verdade. Tem carros dos bombeiros lá dentro arrebentados a bala. Se os bombeiros não estivessem em movimento pacífico e ordeiro poderia ter ocorrido uma tragédia”, afirmou a deputada, exibindo cápsulas deflagradas de fuzil e pedaços de bomba de efeito moral.

“Essas pessoas que estão sendo penalizadas são as mesmas que salvam vidas em incêndios e nas praias do Rio. Ganham o pior salário da categoria no Brasil. Quero saber se o governador (Sérgio) Cabral, responsável por essa operação, consegue se alimentar em Paris com os R$ 950 que são pagos a esses homens e mulheres.”

Durante a entrevista coletiva concedida na tarde deste sábado (4),  o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, admitiu que policiais do Bope entraram no Quartel Central do Corpo de Bombeiros portando armas de fogo, e não apenas de efeito moral.

“Não nos interessava o uso da força, por isso houve extrema negociação. Alguns policiais entraram com armas letais, porque sabíamos que havia pessoas armadas entre os manifestantes”, disse. Duarte informou que foi apreendida uma pistola com um bombeiro que tentava deixar o quartel central.

Crianças feridas

O coronel Íbis Silva Pereira, porta-voz da Polícia Militar, confirmou na manhã deste sábado (4) que uma criança deu entrada no Hospital Municipal Souza Aguiar após a invasão do Bope. Segundo ele, a criança teve um problema por inalação da fumaça, que provalvemente foi provocada pela granada usada pelo Bope para arrombar o portão do quartel, que havia sido trancado pelos manifestantes com uma barreira de carros de bombeiros.

Manifestantes também afirmam que outras pessoas foram feridas, inclusive outras crianças, e a mulher de um cabo passou mal e teria perdido o bebê durante a confusão. A deputada contou que a grávida sofreu um aborto espontâneo.

Segundo funcionários do Hospital Municipal Souza Aguiar, pelo menos cinco crianças deram entrada atordoadas e com ferimentos leves. Elas foram acalmadas, medicadas e liberadas em seguida.

“Pior salário da categoria”

Não houve resistência dos manifestantes, mas durante a ação policial houve confusão e correria. A polícia convocou homens da tropa de elite da corporação, da cavalaria e helicópteros.

Hoje cedo, o Bope invadiu o local pelos fundos, usando uma escada. Eles também jogaram bombas de efeito moral contra os cerca de 2.000 manifestantes, de vários batalhões da cidade, que ocuparam o local na noite de sexta-feira (3), alguns acompanhados por familiares e até por crianças. Eles reivindicam um aumento de R$ 950 para R$ 2.000, além de melhorias em suas condições de trabalho.

“Nós temos o pior salário da categoria no país. Estamos há dois meses tentando negociar com o governo, mas até agora não obtivemos resposta,” disse o porta voz do movimento, o cabo dos bombeiros Benevenuto Daciolo. “Nosso movimento é de paz e estamos em busca da dignidade e precisamos de uma solução”.

A PM informou que cerca os manifestantes foram levados ao Batalhão de Choque e parte deles começou a ser transferida para a Corregedoria da corporação, que fica em São Gonçalo.

Cabral se reuniu durante a manhã, no Palácio da Guanabara, com parte da cúpula do governo do Estado para avaliar o movimento de protesto dos bombeiros. O governador conversa com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame; com o vice-governador Luiz Fernando Pezão; com o secretário da Casa Civil, Regis Velasco Fichtner Pereira, e com o coronel da PM, Mário Sérgio Duarte.

Fonte: Uol Notícias

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