sábado, 18 de março de 2017

Operação Carne Fraca: Empresários pensam apenas nos lucros, o capitalismo mata!


por Ricardo Wanzeller e Tailson Silva
No dia 17/03 mais um caso de corrupção foi desvendado pela Polícia Federal, esquema que envolve frigoríficos e fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura. A operação carne fraca revela a péssima qualidade dos produtos vendidos por duas gigantes brasileiras do setor de carnes: JBS, dona das marcas Friboi, Seara e Big Frango, e a BRF, dona da Sadia e Perdigão, além de outras empresas 29 companhias frigoríficas que são acusadas de vender carnes estragadas, maquiadas com produtos cancerígenos e de péssima qualidade, tudo em nome do lucro.
Para o esquema funcionar as empresas subornavam fiscais que utilizavam-se do poder fiscalizatório do cargo, mediante pagamento de propina e atuavam para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva. O dinheiro das propinas abasteciam políticos do PP e PMDB que são parte deste esquema criminoso, entre eles o ministro da justiça, Osmar Serraglio, que se elegeu deputado federal em 2014, com meio milhão de reais de financiamento direto do agronegócio.
Mais um capítulo da relação promíscua entre empresas e políticos, que tem no financiamento empresarial de campanha, no caixa dois, no favorecimento de empresas em licitações públicas e nas leis em favorecimento do lucro das empresas o casamento de interesses perfeito entre estes dois elos.
 JBS e BRF: Impérios favorecidos pelo dinheiro público
A JBS é um império do setor de carnes fundada há 54 anos, e teve um boom recente, tornando-se uma grande empresa no mercado global a partir de 2003, durante o Governo Lula (PT), quando o BNDES, passou a conceder empréstimos pesados e até se tornar seu sócio. Parte dos recursos que entravam na JBS acabaram sendo usados para adquirir pequenos e grandes concorrentes. Sendo atualmente um conglomerado internacional que além da produção de carnes, controla fábricas de celulose, biodiesel, um banco e uma emissora de televisão.
Tanto JBS quanto BRF receberam o impulso da política das “campeãs nacionais” dos Governos petistas, que reforçavam financiamento público via BNDES a setores empresariais considerados promissores. O que gerou grandes lucros as duas empresas, por exemplo o lucro líquido divulgado pela JBS em 2015 foi R$ 4,6 bilhões, o dobro do registrado em 2014, quando o resultado foi de R$ 2 bilhões. Já a BRF, também em 2015 anunciou um lucro líquido de R$ 3,1 bilhões, um crescimento de 46% em relação ao registrado em 2014. Favorecimento que foi recompensado com a doação de R$ 5 milhões da Friboi para a campanha da chapa Dilma/Temer em 2014.
Exigimos punição aos responsáveis
Até o momento 38 mandados de prisão estão sendo cumpridos, 33 servidores do ministério da agricultura foram afastados e 3 frigoríficos foram fechados. O que ainda é insuficiente, pois muita gente grande está por trás deste esquema. Os lutadores deste país precisam ir as ruas com um programa concreto contra a corrupção, que defenda a punição para todos os corruptos e corruptores do país, sejam eles empreiteiros, lobistas, doleiros, banqueiros, ruralistas, empresários nacionais e internacionais ou políticos do PT, PMDB, PSDB, DEM, PR, PP e outros, com cadeia, confisco dos seus bens e estatização das empresas envolvidas. Só uma greve geral neste país, para prender todos corruptos e derrotar os ataques aos nossos direitos sociais e trabalhistas, desferidos por estes mesmos corruptos.
Capitalismo: o lucro que mata.
Esquemas criminosos e corruptos como esse não são novidade, são próprios da atual fase do capitalismo, que só destrói as forças produtivas da humanidade. Atualmente para empresários, governos e políticos vale tudo contra o povo pobre e trabalhador do planeta. Pois para os capitalistas uma premissa é básica: o lucro a qualquer custo, inclusive da humanidade.
Esta situação não é apenas um problema do sistema de vigilância da atual política nacional de alimentação e nutrição do Brasil. Precisamos enfrentar mais a fundo a estrutura sobre a qual está organizada a extração, produção e exportação do conjunto da alimentação humana. Defender uma nova estrutura de organização, qualidade e vigilância da nossa alimentação é defender o controle desta política por parte dos agricultores familiares e pequenos produtores rurais que enfrentam o agronegócio na luta pela reforma agrária e pela soberania alimentar.
É preciso que seja feita uma investigação séria e que os envolvidos tenham uma punição severa, mas somente isso não será suficiente, pois este é apenas um caso criminoso dentre tantos que existiram, existem e irão existir, enquanto este corroído sistema econômico vigorar.
A máxima do socialismo ou barbárie está mais concreta do que nunca! Vamos à luta!
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Ricardo Wanzeller é Assistente Social, mestrando pelo ICSA/UFPA e militante da Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST-PSOL).
Tailson Silva é professor de Geografia na rede pública e militante da CST-PSOL.

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