terça-feira, 1 de setembro de 2015

No mês de outubro

Todo segundo domingo de outubro ocorre o Círio de Nazaré. Milhões de pessoas nas ruas. Com fé ou sem fé. O fato é que todo mundo se vê tocado ou envolvido pela romaria. 

E romaria pode remeter a Maria ou Roma. As duas coisas. E quem tem boca vai à Roma. Quem tem boca ou não se delícia com um número sem fim de gostos, cheiros, cores e sons que acompanham esses festejos. Durante, antes e depois desse dia do senhor de outubro, que em Belém é dedicado à mãe: Maria de Nazaré. 

Quinze dias de festas. Coisas que tem em todo arraial. Roda gigante, maçã do amor, pescaria, frituras, gorduras, comidas típicas, terços, produtos artesanais e religiosos. Mas com milhões de pessoas, casas e hotéis lotados com gente da capital, interior e outras regiões do país e até mesmo do estrangeiro, o que não poderia faltar são motivos para distintas atividades, o outro lado de toda festividade religiosa: o lado profano. 

E que delícia de lado! Auto do Círio, Palhaços Trovadores, Vacas Profanas, Chiquita, Cordão do Peixe Boi, Círio Fluvial, peças, festas, bares e teatros burbulhando em todos os cantos da cidade. 
Afinal, como diria Elói Iglesias (cantor e ícone gay do Pará) no filme As Filhas da Chuiquita: antes de mais nada "o Círio é gente, gente, gente, muita gente". E gente gosta de ser feliz. 

Em busca da felicidade e de mais algumas gotas de bebida, Maria interveio e Jesus fez seu primeiro milagre. Água em vinho. Felicidade. 

O Círio Fluvial sem dúvida é um belo capítulo a parte. Antes dele, na sexta, tinha o baile de Cametá. Geralmente era no Marista ou na sede social do Clube do Remo. Banda Caferana, Banda Halley, Kim Marquês, Mestre Cupijó e Banda. Mestre Cupijó arrebentada com seus mambos, sambas de cacete, siriás. A felicidade era tanta, que quando o Mestre tocava eu já nem mais lembrava. Lembro, isso sim, que sempre tinha meus irmãos, parentes e amigos. 

Certa vez, de lá, fui rolando e quando vi estava no Bar do Parque. Eram umas cinco e meia. Pedi a última. Encontro um primo que mora "pras Zoropa". Pavulagem grande. Estávamos atrasados para pegar o Rodrigues Alves. A romaria fluvial sai as 7 de Icoaraci. A gente as 6 do Palmeiraço.

Hoje, vou no Amazon Norte ou Cidade de Santarém. Tem tudo para todos os gostos. Como no Rodrigues Alves e navios alugados para a arquidiocese e turistas em geral: reza, comida e felicidade. 

No meu caso, ano passado já cheguei feliz. O Círio é fé, corda, romarias, mas também uma cadeia de eventos, curtições, festas, encontros, a "marvada" da felicidade. Estava em alguma festa. Para não chegar em casa e perder horário, resolvi chegar logo cedo. No navio tomei um banho e vesti a camisa do propósito.

Para alguns a romaria fluvial é passeio, para uns fé. Por 30 reais você tem café da manhã, missa e no terceiro andar, felicidade. Muita felicidade. E viva nossa senhora de Nazaré!
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P.S.: Felicidade pode se encontrar na água, no vinho, nas coisas simples da vida. E o Círio é só um capítulo a parte. Um capítulo com milhões de possibilidades. Que o diga a Turma da Mônica e seus criadores, que vieram de outras bandas fazer censura com jornalista paraora. Com censura e intolerância o Círio não combina.

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