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quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Dia de Revolta, dia de Revolução - Salve o 7 de janeiro!

Capa do Dossiê 9 do Jornal Pessoal. Foto: Marcus Benedito
7 de janeiro, dia especial para Belém e para todo o território que já foi chamado de Grão Pará e Maranhão (atuais Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Rondônia, Acre, Roraima, Amazonas e Pará). 

Em 1619, cerca de 300 guerreiros Tupinambá, respondendo às doenças, ataques e escravidão impostas pelos invasores de além-mar, reduziram a pó todo o entorno do Forte do Presépio, ou seja, a cidade fundada pelos colonizadores portugueses. 
A reação se organizou, reforços foram enviados.

Os 300 guerreiros que ousaram libertar seu povo, foram barbaramente presos e assassinados. Seu líder, o jovem Cacique Guaimiaba (ou Cacique Cabelo de Velha), de apenas 17 anos, assim como as justas lutas dos povos indígenas, seguem como inspiração e incentivo para as nossas atuais lutas, greves e mobilizações, como ora ocorre na Wolkswagem de São Bernardo do Campo/SP.

Povo de lutas

Outro fato importante que explode no dia 7 de janeiro é a Revolução Cabana. 
Sobre esta epopeia, está nas bancas o Dossiê 9 do Jornal Pessoal de Lúcio Flávio Pinto: A guerra de um povo - Cabanagem/180 anos (imagem). 

Trata-se de texto de extremo valor. Texto histórico, porque escrito em 1974 para a coluna de Lúcio em O Liberal. Testo acerca da história da Amazônia, do Brasil e mundial. Assim como trata-se uma obra historiográfica, pois trás importantes debates com textos e historiadores como o grande Vicente Sales e Ernesto Cruz

Como o próprio autor diz: é uma material que "pode servir de introdução ao tema".

Boa leitura!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Tourinho me levou até a Cabanagem

Falo que estou doido pra ver a pororoca da nossa revolução estourar
Domingos "Sapateiro" - Curiboca

Quando acordei nesta terça-feira, 22/03, não imaginava que ao ir para a Universidade Federal do Pará, Campus do Guamá, teria a magnífica sorte de ter, de forma quase exclusiva em minhas mãos, as duas últimas peças teatrais do jornalista, escritor e teatrólogo Nazareno Tourinho: CABANAGEM e QUINTINO BOM DE BRIGA DEFENSOR DOS SEM TERRA.

Li Cabanagem de uma tascada só! Me arrepio só de lembrar cada ato dessa emocinante e vibrante narrativa. A Cabanagem foi o maior movimento revolucionário ocorrido até hoje no Brasil. Uma revolta contra as linhagens coloniais (os portugueses representados no Partido Caramuru) que seguiam castigando e oprimindo a maioria da população do Grão Pará.

Desde a independência do Brasil em 1822, que os ânimos na Província do Grão Pará estavam acirrados. Primeiro porque as elites locais não queriam a adesão da Província à Independência, o que levou o Império a uma série de investidas, até culminar por exemplo no massacre do Brigue Palhaço, e ainda na perseguição, assassnatos e encarceramento da oposição. Aceita a independência pelas elites locais, golpes e novos golpes, colocaram os portugueses no poder do Pará com Brasil já independente.

É nesse processo de enfrentamento e crescente insatisfação da população de negros, tapuios, curibocas, etc. que sob a direção do cônego Batista Campos, dos irmãos: Francisco e Antônio Vinagre; Eduardo "Angelim", Geraldo "Gavião" e Manoel Nogueira, além de Domingos "Onça", Felipe "Mãe da Chuva", Domingos "Sapateiro" e o primo de B. Campos e seu braço direito, João Gonçalves Campos, que os revoltosos organizam a revolução do dia da morte de Batista Campos (31/12/1834) até a execução de todo o alto escalão da província, incluindo o presidente Lobo de Souza, no dia 07 de janeiro de 1835, quando os cabanos assumem o Palácio do Governo.

Foi o companheiro Felipe Puxirum, o Felipe "Maranhão" quem repassou-me as peças, ainda com os manuscritos do grande intelectual e uma invejável dedicatória. Cópia que foi entregue dia 16/03 pelo próprio Tourinho ao companheiro Edmilson Rodrigues (Dep. Estadual/PSOL) no salão vip da Alepa (Assembléia Legislativa do Pará).
Sempre nutri imensa admiração pelo Nazareno Tourinho, e quando percebi que se tratava de textos seus, fiquei mais interessado ainda e queria ali mesmo, nas margens do rio Guamá, consumir a peça. 

Percebi que tinha em minhas mãos um texto extraordinário. Um texto, como o prórpio escritor e músico Alfredo Oliveira, que fez a apresentação, diz: "Embora pudesse ter usado tanto a livre imaginação quanto a memória dos fatos, para construir o espetáculo cênico, preferiu se prender aos registros históricos. A obra adquire portanto um cunho didático. Declaro que gostei dessa orientação. Pois tal atitude revela não apenas um respeito apaixonado pela autenticidade da luta, como desvenda um caminho que não é fácil de percorrer, porque exige pesquisa, estudo, interpretação, tudo de maneira adequada ao aproveitamento teatralizado".

Sinceramente falando, nunca havia estudado tão bem a Cabanagem! Me perdoe minha grande profª. Dra. Magda Ricci, Júlio José Chiavenato, Alfredo Oliveira, o grande Vicente Sales, Di Paolo, Caio Prado Jr. etc, mas foi com essa peça-história, que saiu daquela mente brilhante, porque resistente e revolucionária, que mergulhei pela primeira vez nesse grande movimento que foi a Revolução Cabana!

Uma história de luta e libertação das masssas contra a tirania, a vilania e a maldade que sempre emana das elites nefastas no poder.
Aguardarei ansiosíssimo para ver essa peça encenada nos palcos!

Essa lição tem que ser dada nas ruas, praças, escolas, campos e construções: a Cabanagem mostrou que a maioria pode e deve governar seus destinos! Foram cinco anos de lutas e resitências. A contra-revolução imperial conseguiu a peso da dizimação de um terço dos moradores do Grão Pará, sufocar esse sonho de justiça, igualdade e liberdade.

A data do triunfo da Revolução, diz uma das personagens, "será lembrada no futuro como um dia de glória, até porque, por feliz coincidência, em 7 de janeiro, do ano de 1619, o índio guerreiro Guaimiaba, da tribo Tupinambás, morreu heroicamente atacando com arco e flechas o Forte do Castelo para expulsar da nossa terra os portugueses". A personagem tinha razão!

Como fala o grande teatrólogo através de sua personagem Angelim: "(...) a História provará para sempre que a nossa revolução foi vitoriosa". Também tem muita razão o escritor! Os ensinamentos dessa epopéia amazônica continuam vivos em nosso sangue caboclo, em nossa pele marcada de sol, em nossa dignidade que abomina a exploração, servindo de inequívoco exemplo de que só a luta pode transformar a sociedade e mudar a vida pra melhor!

Obrigado Mestre Tourinho por mais essa lição!
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Como logo mais é hora de comemorar o enterro definitivo do intento golpista do ex-ministro, ex-governador, ex-senador e ex-deputado federal, Jáder Barbalho/PMDB (o ficha suja) de querer voltar ao Senado; aproveitarei só então para tentar escrever sobre a outra grande peça de Nazareno Tourinho: QUINTINO BOM DE BRIGA DEFENSOR DOS SEM TERRA, pois a mesma tem muito a ver com Jáder e sua política de criminalização dos movimentos sociais no estado.
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Notícia relacionada:

Do blog do Edmilson
Edmilson recebeu peças de Tourinho no salão vip da Assembléia Legislativa do Pará
O teatrólogo Nazareno Tourinho entregou nesta quarta-feira, 16, o texto de duas peças teatrais em que ele resgata a história do povo do Pará. “Cabanagem” e “Quintino bom de briga defensor dos sem terra” foram escritas por Tourinho a partir de um trabalho amplo de pesquisa. “Eu faço questão de ter a opinião de Edmilson sobre essas duas peças porque me identifico com a forma dele de pensar a história sob a ótica do povo”, disse o autor, durante o encontro que foi realizado, por volta das 10 horas, na sala vip da Assembléia Legislativa do Estado do Pará (Alepa).

O deputado Edmilson Rodrigues fez referência, em plenário, à presença de Nazareno Tourinho, a quem definiu como “um dos maiores intelectuais vivos do país”. “É uma honra poder receber a visita, nesta casa, de um dos maiores intelectuais vivos desse país, que me trouxe duas peças escritas, recentemente, por ele, após ter enfrentado problemas graves de saúde. E quero declarar que farei todo o esforço que puder para que essas obras sejam publicadas e divulgadas”, destacou Edmilson, fazendo referência também à dedicação do autor ao Espiritismo.

Foto: Assessoria de Imprensa