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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

NOTA DA UIT-QI: Triunfou a esquerda na Grécia

Somente o não pagamento da dívida e a ruptura com a Troika e seu ajuste podem dar uma saída aos trabalhadores e à juventude


Nota da Unidade Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional

Triunfou a esquerda nas eleições gerais de 25 de janeiro na Grécia. Syriza (Coalizão de Esquerda Radical, em grego) e seu dirigente maior, Alexis Tsipras, conseguiram 2.246.064 votos, 36,6% dos votantes. O partido do antigo governo, Nova Democracia, conservador de direita, foi derrotado, conseguindo chegar somente a 27,8% dos votos.

O triunfo da esquerda é um fato muito importante que impacta os trabalhadores e a juventude europeia, e também os povos do mundo que vêm lutando e enfrentando há décadas os ajustes e cortes de direitos promovidos pelos governos patronais – agentes do imperialismo e do Fundo Monetário Internacional (FMI). A vitória é ainda mais significativa quando muitos davam a esquerda por morta e em algumas eleições europeias crescia a extrema direita como Marine Le Pen e a Frente Nacional de França ou mesmo a formação neonazista grega Nova Democracia.

Grécia: um país saqueado pelo FMI e a dívida externa

Estas eleições legislativas para formar um novo governo ocorreram antecipadamente por causa da grande crise política e social que vive Grécia. Crise que vem aumentando ano a ano desde que seus governos vinham aplicando o ajuste e os cortes de direitos que pactuaram com a chamada Troika (União Europeia (EU), Banco Central Europeu (BCE) e o FMI), comandados por Angela Merkel e a os banqueiros internacionais. Estes, juntos às multinacionais, querem que sejam os trabalhadores que paguem as perdas geradas pela crise econômica mundial gerada pelos próprios capitalistas
Grécia é o ponto mais fraco das nações imperialistas europeias, unida à crise aguda de Espanha, Portugal e Itália. Desde muitos anos a Troika vem aplicando planos e planos de ajuste sobre o povo trabalhador e a juventude grega, com a mentira de que só desta forma os credores internacionais podem “ajudar” injetando bilhões na economia.

As consequências estão á vista: um país com 11 milhões de habitantes perdeu, desde 2009, um milhão de empregos. Foram fechadas 30% das empresas, o salário caiu em cerca de 38% e as aposentadorias e pensões em uns 45%. Ao mesmo tempo, mesmo com todos esses cortes para pagar a dívida, a mesma chegou a 175% do Produto Interno Bruto (PIB). Ou seja, quanto mais se paga, mais se deve.

No entanto, a classe trabalhadora e a juventude não ficaram de braços cruzados. Eles vêm resistindo a estes planos de miséria com cerca de 20 greves gerais, greves parciais, por categorias e mobilizações de todo o tipo. Desta forma vem dificultando os planos da Troika e dos governos cúmplices, aumentando a instabilidades política e a crise do regime político.

O triunfo do Syriza mostra que as massas se radicalizam e buscam uma mudança à esquerda
O voto massivo em Syriza mostra que ocorreu um giro eleitoral à esquerda das massas. Temos que ter em conta, também, que este mesmo partido conseguia somente cerca de 4,5% dos votos há alguns anos. Nas últimas eleições, cresceu para 16% e depois logo para 26%, tudo isso ao compasso da aplicação do ajuste, o desprestígio dos velhos partidos e as fortes lutas operárias e populares.
A Syriza tem sua origem na corrente de esquerda Synaspismos, que é essencialmente formada por militantes que abandonaram o Partido Comunista Grego (KKE) numa ruptura de 1991. Muitos assumiram postura reformistas do chamado “eurocomunismo”, e foram se aliando a outros setores e grupos da esquerda grega.

Esta votação expressa a ruptura política de milhões com os velhos políticos e partidos que ajustaram e pactuaram o Memorando (acordo de medidas de austeridade) com a Troika. Por isso a esquerda reformista grega, organizada no PASOK (Partido Socialista Grego, socialdemocrata), que governou por muito tempo com Papandreu (ex-primeiro ministro), nas eleições do domingo (25) teve somente 4,6% dos votos.

A maior parte da base eleitoral do PASOK eram os trabalhadores, os setores populares e a juventude. Papandreu, que rompeu com seu antigo partido e fundou o Movimento Socialista Democrático, chegou somente a 2,4% e acabou fora do parlamento. Os neonazistas do Nova Democracia conseguiram 6,28%, elegendo 17 deputados. O KKE (PC Grego que segue se considerando estalinista) chegou a 5,4%, com 15 deputados.

A Syriza tem sua origem na corrente de esquerda Synaspismos, que é essencialmente formada por militantes que abandonaram o Partido Comunista Grego (KKE) numa ruptura de 1991. Muitos assumiram postura reformistas do chamado “eurocomunismo”, e foram se aliando a outros setores e grupos da esquerda grega.

Os mais de dois milhões de votos conquistados pela Syriza expressam essa bronca com os governos e a Troika, e também a busca de mudanças de fundo, à esquerda, de ruptura com as políticas de ajuste. Neste sentido, o voto na esquerda é um duro chamado de atenção e causa medo no imperialismo e na Troika, que temem que o efeito Syriza se repita em outros países da Europa e mundo.

Sem ruptura com a Troika, a UE e com o pagamento da dívida não haverá solução para os problemas dos trabalhadores e da juventude grega.
O triunfo eleitoral da esquerda e a instalação de um governo encabeçado por Alexis Tsipras abrem uma nova etapa política em Grécia. Milhões de trabalhadores e jovens têm grandes esperanças e expectativas de mudanças. Milhões de trabalhadores em Europa e no mundo também estão esperançosos. Inclusive em Espanha vão ocorrer eleições municipais em maio e há uma expectativa similar com o novo partido Podemos que, segundo várias pesquisas, pode derrotar o PP (direita conservadora) de Rajoy e ao PSOE (socialdemocracia espanhola), ambos aplicadores dos planos de ajuste contra o povo espanhol.

Nós, socialistas revolucionários da Unidade Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI), respeitamos as lógicas expectativas dos trabalhadores e jovens gregos e que estes vejam o Syriza como seu governo. Porém, desde já alertamos que os trabalhadores não podem dar nenhum cheque em branco ao novo governo.

O povo trabalhador grego deve seguir confiando em sua mobilização para impor as mudanças que aspiram, para assim poder acabar com os ajustes e conseguir mudar a situação. Nós somos categóricos em sustentar que a única via para iniciar as mudanças necessárias para melhorar a vida do povo grego passa por um plano de emergência que anule o Memorando da Troika, avance com o não pagamento da dívida de forma imediata e chegue até a ruptura com a Troika, a zona do euro e a União Europeia. Não há espaço para meias medidas. A dívida e os acordos com a EU são a principal causa do drama da Grécia. Se não se começa com medidas de ruptura, não terá solução para resolver os problemas de fundo do povo grego.

Neste sentido não podemos deixar assinalar que esse não deve ser o caminho que vai assumir o novo governo da Syriza. Tsipras se comprometeu a terminar com os ajustes e aumentar os salários, mas em vez de suspender já o pagamento da dívida, ele e alguns dirigentes do Syriza falam, por exemplo, em uma “renegociação” para seguir pagando a ilegítima dívida em melhores condições.
Alex Tsipras declarou ao diário alemão Handelsblatt, no final de dezembro de 2014, que “um governo liderado por Syriza respeitará todas as obrigações que a Grécia assumiu em quanto membro efetivo da zona do euro, buscando alcançar um equilíbrio orçamentário e procurando atender aos objetivos fiscais no âmbito da União Europeia”.

Depois disso, em 20 de janeiro, reafirmou ao jornal britânico Financial Times. “Um futuro governo liderado por Syriza vai manter todos os compromissos que Grécia assumiu anteriormente com a União Europeia em matéria orçamentária, para eliminar o déficit fiscal”. Também, lamentavelmente, Syriza já deixou de lado sua proposta de 2012 de renacionalizar as empresas privatizadas. “A renacionalização será impossível devido à falta de liquidez do Estado”, disse Yannis Varoufakis, ministro de finanças do governo de Tsipras.

Muitos companheiros que têm expectativas em Syriza podem dizer que exageramos, que temos que dar um tempo ao novo governo, ou que estas declarações que citamos são táticas. Não queremos ser estraga-prazeres. Só dizemos que já houve outros governos onde se deram as mesmas propostas e argumentos. Nestas experiências, quando alertávamos, acusavam-nos de “ultraesquerdistas” e “apressados”. No entanto, lamentavelmente, fracassaram esses projetos de conciliação e busca de pactos com os setores patronais.

Agora Syriza faz um acordo com um pequeno partido de direita (Gregos Independentes) que terminou as eleições do domingo (25) em sexto lugar, para poder formar um governo. Já temos experiências dos governos latino-americanos que iniciaram com os mesmos argumentos que hoje fazem o Syriza.

Os casos de Lula e o governo de “esquerda” do PT, de Evo Morales do MAS de Bolívia ou o do chavismo em Venezuela. Nestes países não se tomaram medidas de fundo anticapitalistas e, no caso de Lula-PT, diretamente houve um acordo com o FMI, e os trabalhadores viram perdidas suas expectativas de mudança.

Em Venezuela, onde o chavismo chegou ao poder há 15 anos com grandes expectativas, o país se atola na crise, no desabastecimento de produtos alimentares, demissões de trabalhadores e na inflação mais elevada da América Latina. Por isso, ratificamos que segue colocada a necessidade de que a classe trabalhadora seja independente destes governos e seja protagonista com sua luta, com seus próprios organismos, com suas assembleias, para ajudar a formar uma nova direção socialista revolucionárias nestes processos.

Neste caminho chamamos os trabalhadores gregos, a juventude e a base do Syriza, os seus setores mais combativos, que exijam, com sua mobilização, ao governo de Tsipras e Syriza que assuma a ruptura com o modelo econômico atual, baseado no endividamento e saque dos recursos da classe trabalhadora; que rompa com a Troika e a EU e que deixe pagar a dívida. Propomos também que se elabore uma plano de emergência que inclua medidas de fundo para sair da crise, como a nacionalização dos bancos e a reestatização de todas as empresas e propriedades privatizadas. Daí sairá o dinheiro para dar salários e aposentadorias e pensões justas, trabalho, saúde e educação para o povo trabalhador grego.

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Fonte: Corrente Socialista dos Trabalhadores/PSOL, seção da Unidade Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional (UIT-QI) no Brasil - 27 de janeiro de 2015.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Nota da CST/PSOL: Espetacular triunfo da esquerda na Grécia

Deu sorte: Luciana Genro presenteia Tsipras com bandeira do PSOL em 2012. 
Foto: Divulgação
Uma explosão de alegria sacode o povo grego após ter derrotado o candidato da troika nas eleições de domingo, 25, votando em Syriza. 
Esta alegria percorre o mundo, pois o povo trabalhador e as classes médias dos setores mais empobrecidos, aqueles que estão sentindo nas costas os planos de ajuste iguais ou similares aos impostos ao povo grego, compartilham o sentimento de esperança e confiam reproduzi-lo nos seus países.
Por este motivo é que parabenizamos o povo e os trabalhadores gregos!

Não é para menos. Após anos de crise política e econômica imposta pela UE liderada pela Ângela Merkel junto com os governos subservientes e a grande burguesia grega que levaram à miséria e ao desemprego milhões de pessoas, depois de ter realizado 20 greves gerais e paralisações, mobilizações e atos de todo tipo, os gregos falaram alto para afirmar: BASTA DE AUSTERIDADE! e votaram em Syriza encabeçada por Alexis Tsipras.


Votaram pelo partido que propôs enfrentar o ajuste, aumentar os salários e anular as reformas trabalhistas anti operárias. Foi um claro voto contra a troika, contra o Memorando, o FMI e contra os candidatos e partidos que os representavam: Nova Democracia e os falsos socialistas do Pasok.


Mas o povo tem que se manter alerta e mobilizado. No Brasil temos o triste exemplo do PT e do Lula, que se elegeu em 2002 prometendo acabar com a miséria, a fome, as privatizações, o desemprego, mas governou e seu partido continua governando para os patrões e multinacionais, aplicando agora através da presidente Dilma um feroz plano de ajuste similar aos que aplicou a troika na Grécia.


Por estes antecedentes, não vemos que a burguesia imperialista europeia ou norte americana tentarão uma saída parecida com a que fizeram contra Chávez na Venezuela em 2002. Mas com os exemplos do PT e de outros partidos ou movimentos que foram de esquerda buscará negociar para cooptá-los como fizeram com Lula e o PT, hoje absolutamente domesticados. Por esta razão preocupam algumas declarações de altos dirigentes que falam em “negociar” ou em “respeitar as obrigações assumidas pela Grécia” no âmbito da União Europeia. 


Mais do que nunca, o povo deve continuar com a mesma garra, se mobilizando para impor as saídas de fundo pelas quais anseia e votou! 


Cabe ao novo governo de Syriza honrar o mandato dado pelo pelos trabalhadores e o povo, romper com o pagamento da injusta e imoral dívida externa, o que levará inevitavelmente ao rompimento com a União Europeia e romper com o Memorando para avançar em outras medidas anticapitalistas. Essa e a única garantia para ter emprego e salário digno, saúde aposentadoria e educação de qualidade, caso contrário a experiência histórica e recente demonstra mais uma vez que não existe outro caminho intermediário.


VIVA A LUTA E O TRIUNFO DO POVO GREGO!


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CORRENTE SOCIALISTA DOS TRABALHADORES – CST/PSOL - 26-O1-2015