terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Curuçá: doença desconhecida se espalha entre servidores da saúde

Pacientes de Curuçá podem estar com bactéria ou vírus, diz Sespa

Cinco pessoas foram transferidas domingo para o hospital Barros Barreto.

Adolescente que apresentava sintomas da doença morreu no sábado, 1º
Uma doença misteriosa afetou funcionários do Hospital Municipal de Curuçá, no nordeste paraense. Seis pacientes foram transferidos neste domingo (2) para Belém. Cinco estão internados no Hospital Barros Barreto e um seguiu para um hospital particular.

No Hospital Barros Barreto estão internados os pacientes considerados mais graves. No momento, eles estão em observação. Entre os sintomas relatados pelos familiares estão: dores no corpo, irritação nos olhos, cansaço, calafrios, arritmia, glicemia alta, tontura, vômito, febre.

Esses pacientes chegaram a Belém no início da tarde de domingo. Eles foram transferidos de ambulância acompanhados pelos parentes, que estão muito preocupados com a situação, pois até o momento, a doença ainda é um mistério para as autoridades de saúde do estado do Pará.

“Hoje nosso contato é apenas com a parte da assistência social, que informa que os médicos estão analisando os exames que eles trouxeram de Curuçá”, afirma a secretária Edivalne Alves, que tem o tio e a irmã internados. Eles são funcionários do hospital de Curuçá.

Os pacientes transferidos para a capital vão ficar internados na Unidade de Diagnóstico de Meningite (UDM), sob acompanhamento de médicos infectologistas. segundo a Sespa, além dessas cinco pessoas, mais 14 apresentaram sintomas da doença desde o início do surto, sendo que uma jovem de 17 anos morreu na UTI da Santa Casa na noite do último sábado (1º).

O caso da jovem está sendo investigado porque ela era moradora de Curuçá e prima de uma técnica de enfermagem do Hospital Municipal, que também está apresentando sintomas da doença. A jovem estava grávida e perdeu o bebê depois de ser infectada. Apesar de o corpo ter sido liberado para sepultamento e levado para Curuçá, a equipe da Sespa entrou em contato com a família e solicitou autorização para autópsia, que será feita no Centro de Perícias Científicas, em Belém.

As autoridades de saúde continuam investigando os sintomas para tentar identificar a doença que afetou os funcionários do hospital. Nos últimos três dias, técnicos da área de saúde estiveram no hospital em busca de pistas sobre essa doença. A visita mais recente a unidade de saúde aconteceu domingo. Uma equipe da vigilância sanitária da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) foi ao hospital tentar encontrar pistas que possam ajudar a identificar a doença.

A médica infectologista Helena Brígido também visitou o município e depois dessa visita é que surgiu a decisão de transferir alguns pacientes que apresentavam sintomas preocupantes. Profissionais do setor de vigilância epidemiológica também acompanham a situação e segundo nota divulgada pela Sespa, trabalham com duas hipóteses: uma é de que uma bactéria estaria provocando os sintomas e a outra é que os pacientes teriam contraído um vírus respiratório.

“Nós tomamos todas as medidas. A medida inicial foi colocar máscaras em todos os funcionários, em todos os pacientes, em toda a equipe, porque nós não sabíamos até então do que se tratava. E após avaliação dos pacientes, tomamos as medidas necessárias de remoção dos pacientes. Alguns ainda estão lá", afirma Helena Brígida. Com relação as condições sanitárias do hospital, a infectologista afirma que encontrou a unidade limpa na visita.

Quem também esteve no município na sexta-feira para investigar o caso foram os técnicos do Laboratório Central da Sespa. Técnicos da vigilância epidemiológica estiveram no hospital para conversar com os pacientes. No dia seguinte, técnicos da Vigilância Sanitária também estiveram em Curuçá. Todos já haviam sido orientados a tomar medidas de prevenção. Para acessar o hospital, por exemplo, funcionários e visitantes precisavam colocar máscaras de prevenção.

Ainda segundo Helena, a médica que estava de plantão e passou a noite com os pacientes informou que eles estão com quadro estável, estão com um desconforto respiratório, mas não precisam de aparelho para respirar. Sobre o uso do Tamiflu, indicado para H1N1, ela afirma: “No momento em que eu cheguei em Curuçá eles já estavam tomando, mantivemos a medida. Nós ainda não sabíamos o que era e havia um quadro respiratório", conclui.

Entenda o caso

No dia 26 de novembro, uma reportagem da TV Liberal mostrou que dois servidores do Hospital de Curuçá já estavam internados e outros 10 já apresentavam sintomas como dores no corpo, irritação nos olhos e indisposição. Eles denunciaram que se sentiram mal depois do contato com um produto químico usado em aparelhos de raio x. A Secretaria de Saúde do Estado descartou a suspeita de contaminação por material radioativo.

Há relatos de que o material usado para radiografias teria derramado em uma sala, foi feita uma limpeza com um pano e esse mesmo pano teria sido usado em outras alas do hospital. “Esse produto é muito importante, ele contém tiossulfato e tiocianato de amônia, produto corrosivo, tóxico. Ele pode ter causado esse quadro respiratório e hemorrágico", explica a infectologista Helena Brígido.

Três dias depois, cinco técnicas de enfermagem do hospital de Curuçá foram até Belém colher amostras de sangue. As investigações apontavam para a possibilidade de uma contaminação por vírus, entre eles, o H1N1. O resultado dos exames ainda não foi divulgado. *[Hoje, 04 de dezembro de 2012, segundo fontes me informaram na SESPA, o Intituto Evandro Chagas descarta a possibilidade de a doença ser causada pelo vírus H1N1.]

Na última sexta-feira (30), o quadro de alguns pacientes se agravou. Duas pacientes foram transferidas para Belém. Uma delas sentia muitas dores e a outra estava com os dedos atrofiados e dizia que não sentia as pernas. No domingo, o parente de uma dessas pacientes informou que ele recebeu dos médicos a informação de as duas já haviam apresentado melhoras.

*Além da Frase.

Fonte: G1/Pará.

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